História HIATUS - Just one more girl - HOSIE - This is a dream?

Josie Narrando

Minha mente ainda estava vagando por Hope Mikaelson, a garota mais difícil de desvendar que eu conheço. Eu nunca entendi muito bem ela. Hope sempre foi conhecida na escola, no começo por seus poderes impressionantes, depois pelo fato dela ser uma rara junção de bruxa e lobisomem, e mais recentemente, por ser uma Mikaelson, além de também ser uma vampira. Eu sempre estive no seleto grupo de pessoas que sabiam sua verdadeira identidade, e acredito que por saber de tudo desde muito cedo, nenhum desses fatores me influenciavam na minha percepção sobre ela.

Hope é poderosa? Sim, isso é claro. Ela tem as melhores notas da turma desde sempre, nunca foi intimidada por ninguém, e sempre foi uma amiga incrível. Desde a morte de seus pais e seu tio, ela se afastou completamente de todos, terminando seu namoro com Landon Kirby (que ainda achávamos ser um garoto normal) e ignorando todos do nosso grupo de amigos. Ela continuou sentando conosco, mas não falava nada além de “bom dia”, apenas se sentava, comia e ia embora. Ela sempre ajuda quando há um problema, mas apenas isso. Ela também teve uma fase onde ela ficava com muitas pessoas da escola, mas essa fase passou.

Eu sinto falta dela, de sua amizade, e da forma como eu conseguia ser honesta com ela. Eu sempre me senti diferente em relação a ela, mas a alguns meses atrás, minha irmã fez uma piada sobre eu estar apaixonada por Hope, e embora eu tenha rido e dito que isso jamais aconteceria, eu sempre me pego pensando nela de outra forma. Comecei a reparar em como seu cabelo ruivo brilha no sol, e como ela sempre parece pronta para defender quem precisa, e como ela franzi a testa enquanto se concentra em algo. Falei com o meu pai sobre suas desaparições repentinas, mas ele não parece preocupado com isso, dizendo que ela teria o tempo que precisasse para se adaptar as suas novas condições. Ela não sai do quarto a 3 dias e isso já está me preocupando.

Minha irmã gêmea Lizzie, que não gosta de Hope, ainda assim insiste que fomos feitas uma para a outra, e que eu devia tentar me aproximar. Eu rio, mas me pego pensando nisso antes de dormir.

- Pensando em mim? – A voz de Hope ecoou pela sala vazia, me fazendo pular do sofá onde eu estava, vendo ela parada, apoiada numa estante de livros perto da entrada. Ela estava usando uma calça jeans e uma blusa vinho de manga comprida que marcava perfeitamente a cintura fina e os seios fartos. Sua pose, os braços cruzados e um sorriso safado no rosto, faziam ela parecer ainda mais linda.

- Oi para você também, Mikaelson. – murmurei, voltando a me ajeitar no sofá e abrindo meu livro, fingindo que sua presença não me incomodava em nada.

- Não respondeu minha pergunta. – a voz dela parecia mais próxima, mas eu ignorei o arrepio que passou pelo meu corpo, tentando ouvir alguma coisa além do meu coração acelerado, que eu sabia que ela também podia ouvir.

- Você é muito convencida.

Tentei voltar a minha leitura, mas ela passou ao meu lado, se sentando no mesmo sofá que eu, puxando meus pés para seu colo e começando uma massagem relaxante neles.

- Sabia que a magia é distorcida nesse livro, não é? – Perguntou, apontando com a cabeça para o livro que eu estava segurando. Marquei a pagina e fechei, observando a ilustração na capa de Harry Potter e as Relíquias da Morte, desesperada para olhar algo além dela.

- Eu não ligo, continuo achando a história genial. – a vi assentir e parar de mexer nos meus pés, se virando de lado para me encarar. Ficamos alguns minutos em silencio, ela olhando pra mim, e eu olhando para a capa do livro, o silencio começando a me irritar.

- Uma rosa pelos seus pensamentos. – Ela disse, me estendendo uma rosa branca que brilhava com a luz da lâmpada, como se fosse mágica, o que provavelmente era, já que apareceu do nada. 

- Eu agradeço a rosa, mas estava pensando na história. Agora, um questionamento necessário é saber o porquê a grande Hope Mikaelson se importa comigo. – Respondi, olhando pra ela com uma determinação que me surpreendeu. Ela se inclinou mais para mim, como se fosse me sussurrar um segredo.

- Porque eu estou doida pra beijar a sua boca. – Respondeu num sussurro. Nossos olhos estavam conectados, e eu me vi perdendo o olhar entre sua boca e seus olhos. Ela sorriu quando percebeu isso e se inclinou mais, me dando liberdade para parar se eu quisesse.

Alguma parte da minha mente me dizia para continuar, mas eu não queria ser apenas mais uma na lista extensa dela, então virei a cara. Respirei fundo por um segundo e então me levantei, pronta para correr, até que senti sua mão na minha cintura, me segurando no lugar. 

- Por que você foge de mim? Sou só eu. 

Implorei mentalmemte para alguém aparecer e me tirasse daquela situação, mas sabia que as chances eram quase nulas graças ao horário. Ela não parecia disposta a me deixar ir, e eu sabia que podia usar feitiços, mas não queria possivelmente machucá-la. Só o que me restava era responder. 

- Eu não quero ser mais uma na sua lista. Já fui mais uma na lista de outra pessoa e não é uma experiência agradável. 

Ela não disse nada, só ficou me segurando por alguns segundos, nossas cinturas juntas e sua respiração no meu pescoço. Ela jogou meu cabelo para o lado esquerdo, e inclinou minha cabeça, dando um beijo no meu pescoço, bem acima da veia acentuada que levava meu sangue para meu cérebro. Sua boca se manteve ali por um segundo, num selinho, e então, tinha acabado. Eu sentia falta da pele dela contra a minha, mesmo que não tivesse sentido direito por causa das roupas.

Achei que ela iria embora, mas ela se sentou de novo no sofá. Pegou o meu livro, que eu nem notei deixar cair e começou a passar o dedo pela ilustração. 

- Por que acha isso de mim? Por que acha você vai ser apenas mais uma?

Eu ri de leve pela pergunta.

- É a fama que você tem, Hope. Você fica afim de alguém e fica com ela. Ou ele. Enfim. Você se interessa, conquista e larga. 

Ela demorou quase um minuto para responder.

- Eu sempre deixo muito claro para todo mundo oque desejo com a pessoa. Se quero só ficar numa festa por diversão, se quero transar, ou se quero mais. Eu sempre fiz questão de ser bem clara em relação a isso.

- E o que você quer de mim?

Eu podia ver nos olhos dela que a pergunta lhe surpreendeu. Ela pareceu perdida nos próprios pensamentos enquanto não respondia, e era quase como se eu pudesse ver as engrenagens em sua cabeça funcionando.

- Eu não sei. 

Ela assumiu. Eu já tinha resposta pronta para aquela frase. Não foi só ela que pensou no que dizer enquanto ninguém dizia nada. 

- Então de um jeito de descobrir.

Eu voltei a me sentar na posição de antes, abrindo meu livro e ignorando sua presença. Ela ficou sentada me olhando por alguns minutos, mas num piscar de olhos, ela tinha sumido e eu estava sozinha, meu corpo arrepiado pensando e ainda formigando e ansiando por seu toque