História Só mais uma realidade - Frozen inside

No meio do caminho parei e me virei, pois lembrei que estava junto do Lys, porém ele não estava mais atrás de mim. Continuei correndo até chegar perto do Lorenzo. Em um impulso me joguei em seus braços e o abracei fortemente.

— Como senti sua falta Lorenzo.

Uma de suas mãos encostou em minha testa e jogou meu cabelo para trás, ele aproximou-se e gentilmente beijou-a.

— Também senti sua falta — ele falou me abraçando fortemente.

— Por que está aqui Lorenzo? Por acaso recebeu alguma ligação da escola?

Não é possível que ele esteja aqui por causa da briga, até porque não daria tempo de chegar tão rápido pensei.

— Thara, por que eu receberia uma ligação da escola?

— É que arrumei uma confusãozinha, mas nada de mais.

— Devo me preocupar?
 
Nunca fui um exemplo de estudante, em outras escolas arrumava confusão apenas por arrumar, mas nessa escola estava mesmo tentando ser diferente.

— Não mesmo! — balancei a cabeça de forma negativa.

Ele me lançou um olhar meio desconfiado.

— Juro — falei levantando a mão e fazendo o gesto de juramento de escoteiro, apesar de nunca ter sido uma.

— Vou confiar mocinha — sorriu.

O sorriso do Lorenzo era realmente lindo, não tinha como explicar o quanto amava vê-lo, ele era meu porto seguro confiava cegamente nele.

— Mas Lorenzo você ainda não me disse o por que de estar aqui.

Aquele sorriso que tanto amo sumiu, agora ele estava sério. Não. Estava um pouco triste. E na hora eu entendi, só pode significar uma coisa. 

— Christian? — perguntei olhando para o carro.

— O noivado dele será amanhã nessa cidade. Eu vim te buscar.

— Por que não me ligou para avisar?

— Erro meu, me perdoe Thara.

— Vou arrumar minha bolsa, já volto — falei sem olhar para ele, me virei e fui para o dormitório.

.....

— Thara você não vai acreditar! — Rosalya falou animada.

—  Amanhã tem uma super festa para irmos —  Alexy interrompeu Rosa.

Aquilo me assustou um pouco, não pode ser a mesma festa.

— Que festa?

Rosalya tapou a boca do Alexy com a mão.

— Bia, uma garota insuportável da nossa escola, ela estará dando uma festa.

Alexy tirou a mão da Rosa de sua boca e a empurrou para o lado.

— Ela é insuportável, mas sempre dá ótimas festas.

Que alivio meu segredo ainda está a salvo.

— Pena que não poderei ir. Tenho evento de família — Peguei uma mochila e coloquei algumas roupas dentro dela.

— Não posso acreditar que irá perder — Alexy se jogou em minha cama — Vai voltar para sua cidade?

— Na realidade será aqui.

— Thara de que família você pertence?

— Uma família normal — forçei um sorriso respondendo.

Não queria mentir, mas também não queria contar a verdade. A verdade é que não acreditava em ninguém ali.

— Bem eu vou indo, minha carona já está me esperando. 

— Vai levar só isso com você?

— Sim Rosa não precisa de muito para onde vou.

Acenei para eles e sai do quarto.
.....

Lorenzo estava encostado no carro olhando para baixo. Era nítido em seu rosto que ele não queria me levar para casa, entretanto ele obedecia ao Christian em tudo e eu nunca entendi o porquê e quando perguntava ele só me respondia que era obrigado.  Talvez pudesse ser medo, Christian era realmente um homem muito mau. Ele era a única pessoa na terra que me aterrorizava.

— Podemos ir.

Lorenzo pegou minha mochila e guardou no porta-malas do carro, depois abriu a porta de trás do carro para que eu entrasse. Ele ligou o carro e logo nos afastávamos da escola.
Meu coração apertava, pois não sabia se eu voltaria para aquele lugar.

— Nicole está lá? — perguntei esperançosa.

— Não — a voz do Lorenzo soava pesada. — Ela virá amanhã com o filho.

Meu estômago revirou nessa hora, meus olhos encheram-se de lágrimas, olhei para janela para que Lorenzo não me visse pelo retrovisor assim.
Seguimos em silêncio depois disso, com um clima pesado dentro do carro até paramos em frente ao um apartamento enorme com um designer lindíssimo. Lorenzo abriu a porta para mim e estendeu sua mão para me ajudar a sair do carro.
Inspirava profundamente como se o ar fosse acabar,  e expirava calmamente, segurava a mão do Lorenzo e sai do carro. O porteiro gentilmente sorriu e nos cumprimentou, eu novamente forçava um sorriso.
Entramos no elevador, nem prestava atenção em que andar estávamos indo, a cada minuto ficava mais nervosa, segurava-me para não vomitar ali. O elevador parou no ultimo andar, ao abrir as portas  avistei o interior do apartamento, a decoração era elegante e bem luxuosa. Entrei devagar, realmente não queria ver o Christian, mas em alguns segundo avistei ele na sacada do apartamento com um copo de alguma bebida que não dava para ver.
Lorenzo pegou em minha mão e eu apertei fortemente, e em instante soltei.

— Thara — Christian falou se virando para me ver — Minha pequena boneca, como é bom vê-la — ele veio em minha direção abrindo os braços — Seu pai sentiu saudades.

Ele me abraçou, e eu fiquei imóvel me segurando para não chorar, ele aproximou sua boca  de minha orelha e sussurrou.

— Não sentiu falta de mim?

Em um pequeno movimento com a cabeça ele encostou sua boca no meu pescoço e beijou. Ouvi quando as portas do elevador se abriam.

— Adeus Lorenzo — Christian falou ao me soltar — Não vai me contar sobre sua nova escola?

— É uma escola normal não tem o que contar —  minha voz era seca e fria.

— Não arrumou nenhum namoradinho? — ele perguntou ao sentar no sofá dando uma risada.

— Vou para o quarto — disse ignorando sua pergunta. Sua afronta.

— Segunda porta a esquerda, espero que goste escolhi os moveis pessoalmente para te agradar — ele sorriu ao levar o copo na boca.

Peguei a mochila que Lorenzo havia deixado e subi as escadas, o corredor não era muito grande. Abri a porta e entrei no quarto, ele era espaçoso, porém, bem menor que o da casa. Era bem iluminado, havia portas de vidro que dava na sacada, a visão que eu tive ao me aproximar era das luzes da cidade, pois já havia anoitecido.
Entrei no banheiro, havia uma banheira enorme lá, mas resolvi tomar banho no chuveiro. Eu queria que aquele final de semana acabasse logo. Depois do banho coloquei uma das minhas roupas habitual.
Alguém bateu na porta e anunciava que o jantar estava servido.  Avisei que não iria jantar e sentei na cama. Rezava para todas as entidades possíveis para que Christian não fosse ao meu quarto.

— Thara — ouço sua voz me chamar — Venha aqui.