História Só mais uma realidade - Clareza

Mandei uma outra mensagem perguntando o por que ele queria me encontrar e sua resposta foi só o dia, local e horário em que ele queria me encontrar.
Não poderia ter me deixado mais ansiosa.  Dei um longo suspiro e me joguei para trás deitando na cama que me é muito familiar.

     – Aconteceu algo? – perguntou Rosa se virando para me olhar.

     – Não. Nada mesmo, só vendo que não faz tanto tempo que sai daqui e parece que faz anos.

Rosalya olhou em volta.

     – É tem razão. Mas é só isso mesmo?

    – Sim é só isso Rosa – sorri – Rosa! Porque você acha que o Lys iria querer se encontrar comigo? – perguntei me sentando na cama e pegando o travesseiro colocando-o em meu colo.

    – Hum!! – bateu com os dedos perto de sua boca – posso imaginar algumas coisas, mas acho que isso você só saberá quando for encontrar com ele. Você irá encontrar com ele né?

Rosa me mandou um olhar de Rosa esperando por minha resposta.  Peguei o celular e olhei novamente a mensagem. Isso me fez lembrar o nosso encontro. Senti meu estomago fazer uma festa de borboletas, minhas bochechas arderem e um sorriso assumir meu rosto.

     – Assumo que por essa cara sua – disse Rosalya apontando para meu rosto – é um sim né?!

Foi então que percebi que ela estava ali esperando a resposta enquanto eu navegava em minhas lembranças.

     – Acho que sim.

Me abaixei para tirar meu all star e assim não ter que olhar a Rosa enquanto meu rosto continuava queimando. Imaginando se seria como aquela vez que estivemos juntos. Quando fui golpeada com a forte verdade – sério! Minha vida tem se baseado em fortes golpes, acho que ela está me confundindo com um saco de pancadas – Não poderia ser como aquela vez, antes ele não sabia sobre o Christian e agora é diferente, ele sabe que sou uma pessoa tão quebrada, quebrada sentimentalmente. A realidade é que sou tão suja.
Parei e encarei minhas mãos.
Sou tão suja, não tenho o que oferecer, Christian tirou tudo de mim e Lysandre é tão doce, ele consegue ter aquele olhar tão puro e quente ao mesmo tempo.  E a única coisa que Christian me deixou foi essa vontade louca de poder arrancar minha pele com minhas mãos, de poder atravessar minha carne e chegar à parte onde se escondem esses sentimentos ruins e poder tira-los de dentro de mim.
Rosa pareceu notar que não estava bem porque quando a vi ela estava do meu lado com uma das mãos em meu ombro me perguntando o que estava acontecendo. Me tirando do meu momento de atormento.

     – Thara responde. O que foi?

     – Rosa quem mais sabe do que realmente Christian fazia comigo? – senti minha voz vacilante.

     – Só aqueles que estavam naquela sala no desfile e o Alexy que juntou todas as peças, mais ninguém. É isso que te preocupa?

Poderia eu falar da vergonha que sinto de encara-los? De como eu realmente me sinto? Thara forte, corajosa que enfrenta o perigo. Ela nunca existiu, o que sempre existiu foi uma garota covarde que se escondeu por trás de várias mascaras.
Assenti com a cabeça, não quis contar a profundezas do que aflige minha mente. 

     – Não se preocupe, jamais falaríamos disso com outras pessoas – e como se pudesse ver através de mim – E você sabe que não tem que ter vergonha de nada disso não é? Thara não esqueça que você não fez nada de errado, você foi vitima de um monstro.

Rosa segurava com força minha mão, como se pudesse transmitir a sinceridade de suas palavras. Eu sorri tentando abafar a vontade de me derramar em lágrimas.

***

O dia poderia ter começado bem. Eu disse que poderia, se não fosse pelo fator AMBRE.
A vaca amarela que estava afastada, quieta na sua – um modo de dizer, pois jamais que ela poderia ficar quieta – resolveu aparecer para quê? Exatamente! Perturbar a Thara.

     – Ora vejam se não é a filha do ladrão do Christian. Fujam meninas sabemos que a fruta não cai longe da arvore – disse ela segurando a bolsa mais perto do seu corpo.

Realmente gostaria de ser daquelas pessoas que respiram fundo e consegue se manter tranquilos, mas não sou desses.

     – Só posso fazer duas observações Ambre – respondi olhando diretamente em seus olhos – Primeiro tem um grande furo nisso que você acabou de dizer, a fruta só pode cair perto da arvore se ela pertencer a essa arvore, que não é meu caso já que não tenho laços sanguíneos com ele –Claro, quero deixar bem claro que se alguém cria a pessoa ela pode sim parecer com ela, mas não é o meu caso –  E segundo você tem tanta convicção  disso pois você não é tão diferente do seu pai não é!

Ela me olhou tão furiosamente que por um momento achei que ela fosse explodir minha cabeça com a força de seus pensamentos. Ela abriu a boca para falar algo mais foi interrompida pela chegada do Nathaniel.

     – Espero que você não esteja arrumando problemas Ambre – disse Nathaniel olhando ela.

Ambre fez seu pequeno teatrinho e depois saiu seguida de suas sombras.

     – Me desculpe por ela. Falta crescer um pouco.

     – Um pouco? Nath realmente admiro seu otimismo – disse com ironia.

    – Mas sua resposta foi ótima garota – disse Sofia aparecendo do nada – Eu sei que ela sua irmã, mas cá entre nós essa garota merece uns tapas na cara.

Sofia deu um grande sorriso, e eu não segurei e soltei uma gargalhada. Nathaniel deu um sorriso tímido.
Meus olhos avistaram Lysandre no corredor então resolvi ir até ele, mas Sofia segurou em meu braço me levando juntamente para sala de aula.
Sentei ao lado da Rosa que ficou encarando a sofia que lhe deu um sorrisinho sentando-se do outro lado.

     – Ela tem grudado em você – disse Rosa.

     – É, ela é bem legal – respondi colocando minha bolsa na mesa.

     – Hum. Entendo – deu nos ombros Rosalya.

***
 

Enquanto estava caminhando pela cidade indo para o lugar marcado pelo Lysandre recebi uma ligação do Lorenzo perguntando se estava tudo bem, falando que era para ter cuidado, não ficar fora até tarde e mais um monte dessas coisas. Acho que ele está exercendo um bom trabalho como responsável. Continuei caminhando distraidamente, quando senti como um arrepio em minha nuca. Olhei para os lados esperando encontrar algum estranho, ou pior o Christian. Parecia que alguém estava me seguindo. Foi quando senti meu coração parar quando alguém se aproximou.  Deixei escapar um grito.

     – Que isso garota. Está louca? – disse Castiel assustado.

     – Porra Castiel quer me matar de susto? – coloquei a mão sobre meu peito acalmando a respiração – Será que terei que colocar um sino em seu pescoço?

      – Eu te assustar? Você quem grita que nem uma louca e eu que te assusto?

      – E o que você esperava? Chegando sorrateiro assim sem avisar nem nada. Poderia me matar do coração homem. O que está fazendo aqui?

    – Trouxe minha moto para limpar – disse ele apontando com a cabeça para um lugar no final da rua – vi você e vim dar um oi. Até que você resolveu dar um grito histérico. E você o que está fazendo por aqui?

     – Já disse a culpa é sua por aparecer do nada – Castiel revira os olhos –  e estou indo encontrar o Lys, ele me mandou uma mensagem para encontrar com ele.  

Castiel ficou quieto por alguns segundos. Me observou e desviou o olhar para algo na rua.

     – Entendi, não irei ficar no seu caminho, vou indo ver como está minha moto.

Ele seguiu seu caminho e eu continuei o meu até chegar perto de uma enorme fonte com algumas estatuas de anjos seminus, algumas pessoas em volta tiravam fotos e outras jogavam moedas fazendo um desejo. Fico me perguntando de onde surgiu isso de jogar uma moeda e fazer um pedido.  Talvez não fosse tão ruim assim. Peguei uma moeda e fiquei parada na frente da fonte pensando em qual desejo poderia fazer.

    – Deseje com cuidado, eles podem se tornar real – disse Lysandre chegando ao meu lado me fazendo quase deixando  minha moeda cair na água sem fazer o pedido.

Segurei a tempo!

     – Te assustei Thara? – perguntou ao ver segurando de mau jeito a moeda.

     – Não. Não – sim – não me assustei. Só sou desastrada mesmo.

     – Bem não quero atrapalhar você, continue e faça seu pedido – sorriu.

Eu olhei para a fonte segurei a moeda em minha mão. Respirei bem fundo.
 

Desejo ser livre desses maus sentimentos.

E PLOC!
A moeda caiu na água afundando rapidamente como se tivesse pressa de chegar ao fundo. Abri os olhos e vi Lys parado de olhos fechados jogando uma moeda na fonte. Tão seguro, seu rosto tão definido, como se fosse esculpido por anjos. Ao redor eu notei as pessoas o olhando, alguns por curiosidade por causa do seu estilo e outras admirando sua beleza. Ao observa-lo fez-me querer ter desejado ser uma pessoa melhor para poder ficar ao lado dele.
E como se cada batida do meu coração fosse socos lançados com força contra um oponente e percebi que não só admirava o Lysandre. Eu gostava dele e não como um amigo, eu realmente gostava dele como uma mulher gosta de um homem.

"Thara acorda! Desce do cavalo, tira-o da chuva. Você não pode gostar do Lysandre."
             "Sim eu sei disso."
             "Então mulher volte a realidade que vocês não podem ficar juntos."

Lysandre abriu os olhos e um largo sorriso.

     – Pronto também fiz meu pedido.

     – Acha que ele irá realizar? – perguntei tentando esconder qualquer pista que mostrasse o que acabei de perceber.

   – Por si só não. Mas eu o farei se realizar – sua voz era tão firme, seu olhar parecia que incendiava segurança. Não aguentei a curiosidade.

    – O que desejou? – perguntei. Minha boca foi mais rápida que meus pensamentos, eu sei que tem aquela lei de não conte o que pediu.

     – Dizem que se contar o que pediu ele não irá realizar –  viu só ai está lei – Mas serei eu quem lutarei para que realize então não vejo problema em dizer – Lysandre sorriu seus olhos se estreitaram por causa do sorriso. Era tão puro e genuíno –  Eu mostrarei o quanto amo você Thara e ai te pedirei em namoro.

Oi? Oi?
Meu coração parou.