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História Só nós dois - O baile: parte 2


Escrita por: mcoclara

Capítulo 13 - O baile: parte 2


Bruno narrando

 

 

Quando meus olhos bateram em Linda, meu coração acelerou e as famosas borboletas brotaram no meu estômago. Ela estava perfeita. Tinha certeza de que ela seria a mulher mais encantadora daquele baile e que sorte a minha de poder ser o homem a acompanhá-la. No caminho até o local da festa, fomos todos conversando. Estavam me sentindo mais enturmado com Gabi e Pedro. Queria ser amigo deles também. Eram ótimas pessoas. 

Chegando na festa, desci de mãos dada com Linda do carro. A porta estava cheia de fotógrafos. Eu e Linda tiramos várias fotos juntos e também tiramos fotos com os amigos dela. Sua família ainda não tinha chegado. Rapidamente, minha presença na festa se tornou um burburinho. Embora eu estivesse acostumado com a exposição, tinha medo de que aquilo chateasse Linda. À medida que a festa foi enchendo, mais gente vinha até mim pedindo foto. Linda não fez nenhum comentário sobre a situação, apenas saiu para tirar fotos com o resto da sua turma.

A família dela chegou, os primos vieram logo me cumprimentar. A mãe de Linda era muito legal comigo. Tomei coragem e puxei uma conversa mais séria com ela.

- Dona Suzana, posso perguntar uma coisa?

- Oi - ela disse se virando até mim - Claro, querido, pode falar.

- O que a senhora acha de eu pedir sua filha em namoro?

- E você ainda acha que precisa? - ela disse em tom descontraído. - Mas acho sim uma boa ideia oficializar sim o relacionamento de vocês, só acho que hoje não é o dia.

- Verdade. A senhora tem razão, obrigada!

- Por nada, Bruno. E saiba que vocês tem a minha benção.

Eu sorri para ela. Fiquei contente por ela achar que eu sou um bom candidato a namorar sua filha. 

A festa foi ficando cada vez mais cheia, o som já tava ficando alto. Linda retornou das fotos já com um drink na mão. 

- Você tá perfeita. - eu disse e dei um beijo em seu pescoço.

- Obrigada, senhor Bruno Rezende. - ela disse rindo.

Começamos a dançar na pista. Linda estava bebendo bastante, não ficava sem um drink na mão. Estava completamente solta, alegre e dançante. Dançava comigo, seus amigos e algumas pessoas de sua família. Não sou bom dançarino, só me deixei ser levado pelo momento. Ela estava muito engraçada também, nunca a vi dançar daquele jeito. Eu bebi também um pouquinho, mas logo parei. 

Perto da meia noite, os avós de Linda foram para casa. Eles só tinham ido ao baile mais pelas fotos que tirariam com a neta. Não tinham mais paciência para aquele tipo de evento. Suzana foi levá-los e retornou para a festa.

 

Os primos de Linda sumiram na festa. Suzana e Roberto conversavam na mesa. Seus tios também conversavam entre si. 

Tato já tinha arranjado uma garota e desapareceu. Gabi e Pedro também sumiram na pista. Só ficou mesmo eu e Linda dançando juntos.

A banda contratada começou a tocar. A festa ficou ainda mais animada e a pista ainda mais cheia. Estava tudo bem até que o vocalista da banda começou a falar no microfone no meio de uma música.

- É galera, essa formatura tá muito animada mesmo, quero ouvir um grito de todos os doutores! - e os formandos começaram a gritar - Fiquei sabendo também que temos a ilustre presença do capitão da seleção de vôlei, nosso Bruninho está aqui!

 

Eu fiquei completamente sem graça. Eu já sabia que muitas pessoas sabiam da minha presença naquele lugar, mas ter meu nome anunciado no microfone me constrangeu. A noite não era minha, era dos formandos. A noite era de Linda, ela era o centro da minha atenção. Em segundos, todos ao meu redor começaram a olhar para minha cara e eu soltei um sorriso amarelo.

 

- Vem cá, Bruninho! - o cara falou no microfone.

 

Eu não sabia como reagir. Olhei para Linda e ela me olhou de volta com uma cara não tão feliz.

 

- Vai logo - ela disse impaciente.

 

Eu fui contra a minha vontade. Minha vontade era de socar a cara daquele imbecil. Para que merda ele foi avisar para todo mundo que eu estava lá? Qual a necessidade disso? Eu só queria curtir a noite com a minha garota em paz. Já tinha parado várias vezes para tirar foto com as pessoas e agora queria curtir o momento com ela. 

Fui até o palco, acenei pro pessoal e uma gritaria tomou conta do local. O maldito do vocalista ainda me passou a porra do microfone e eu só queria que abrisse um buraco sob meus pés.

 

- Boa noite, pessoal. - eu disse acanhado - E parabéns aos novos doutores!

 

Eu disse isso rapidamente, devolvi o microfone e sai daquele palco. O problema foi que ao descer do palco, um monte de gente queria tirar mais foto comigo. Uns traziam os celulares, outros chamavam os fotógrafos da festa e uma aglomeração nada discreta começou em volta de mim. Tentava tirar as fotos o mais rápido possível, queria voltar para Linda. Porém, quanto mais eu queria me livrar, mais gente aparecia. Comecei a ficar impaciente. 

Procurava por Linda e não a achava com meus olhos. Até que vi Gabriela e chamei-a perguntando pela amiga. Ela apenas disse que da última vez que a viu, ela estava indo ao banheiro.

 

Linda narrando

 

Quando eu vi aquele cara chamar Bruno para o palco e todos olharem para nós dois, fiquei constrangida e percebi que Bruno também. Eu sei que ele não tinha a intenção de se tornar o centro das atenções da festa, mas era inevitável. Todos queriam uma foto com o famoso Bruninho. 

Bruno estava no palco, comecei a sentir meu estômago revirar e fui em direção ao banheiro. No caminho, cruzei com Gabi que me perguntou se estava tudo bem. Eu menti dizendo que sim. Na verdade, eu estava irritada com aquela situação e um pouco enjoada, muito possivelmente porque eu estava tomando muitos drinks. 

Ao chegar chegar no banheiro, liguei a torneira e deixei a água escorrer sobre minhas mãos. Queria muito molhar meu rosto, mas não queria estragar a maquiagem. Molhei um pouco meu pescoço e meu colo, na intenção de diminuir o calor que eu estava sentindo.

Dentro do banheiro, encontrei Camila que fez uma cara assustada ao me ver. Não entendi sua surpresa, só que ela não parecia nada normal. Estava embolando as pernas. Não parecia alcoolizada e sim drogada. Reparei em suas pupilas dilatadas. Eu era mais velha que ela 5 anos, me senti naquele momento como uma irmã mais velha.

 

- Que merda você acha que tá fazendo?

- Não tô fazendo nada - ela me respondeu na cara dura.

- Você acha que eu sou idiota? Eu sei muito bem quando alguém está fora de si. 

- Eu só bebi além da conta, me deixa.

- Você não bebeu apenas. Usou o que mais? Pó? Bala? Doce? Que porra você usou? Fala!

- Não usei nada, me deixa em paz. - eu estava apertando seu braço.

- Não deixo nada. Não vou deixar você ficar se destruindo perto de mim. Deixa eu ver sua bolsa, agora!

 

Eu tinha pouca tolerância para esse negócio de drogas. Principalmente a mistura entre elas e o álcool. Nunca experimentei, nunca tive vontade, mas sempre conheci pessoas que faziam uso dessas porcarias em festa. Eu arranquei a bolsa dela e abri. Eu estava certa. Lá estava um saquinho cheio de MD. “O que essa filha da puta acha que tá fazendo? eu pensei. Ela arrancou a bolsa de minha mão rapidamente.

 

- Me deixa, volta para sua festa. Vai atrás do seu jogador e me deixa em paz.

- Eu não vou te deixar em paz.

 

Saí do banheiro e atravessei a festa inteira em direção à mesa onde estavam meus tios e minha mãe. Assim que me viu, minha mãe sacou que tinha algo errado e percebeu Camila vindo atrás de mim.

 

- Você vai começar a se explicar ou prefere que eu diga aos seus pais o que você estava fazendo? - eu disse lançando um olhar cheio de raiva para ela.

- Para, Linda. Não é nada demais.

- O que tá acontecendo aqui? - meu tio Osvaldo, pai dela, perguntou.

- O que tá acontecendo? Bem, sua filha estava se entupindo de drogas no banheiro da festa.

- Como é que é? - Samantha, mãe de Camila, disse se levantando. 

- Linda, você tem certeza do que está dizendo? - minha mãe se meteu.

- Claro que eu tenho. Essa imbecil tava jogando a vida fora botando MD na língua no banheiro da festa. Olha o tamanho da pupila dela!

 

Nesse momento, vi que Bruno estava retornando do palco e já tinha se livrado das fotos.

 

- Linda, o que tá acontecendo? - Bruno perguntou.

- Essa idiota aqui que tava se drogando e agora não quer que eu conte para todo mundo. - eu falei apontando para Camila que me olhava com ódio.

- Ei, calma. - Bruno disse e passou a mão em minhas costas.

- Calma? Você quer que eu fique calma? Essa menina vem para minha festa se entupir de porcaria e eu devo ficar calma?

 

Bruno ficou em silêncio. 

 

- E você tá querendo o que também me dizendo como devo ficar? Vai lá tirar foto com seus fãs e me deixa aqui resolvendo esse problema com minha família.

 

Bruno não disse nada. Ele me olhou com uma cara de decepção que dizia tudo e na mesma hora eu percebi o tamanho da merda que eu tinha acabado de dizer. Ele não queria ser o centro das atenções da festa, simplesmente aconteceu, apenas por ele ser quem é. Ele não tinha culpa disso, mas a raiva falou mais alto e eu disse aquela besteira.

Não sou boa em lidar com emoções negativas. Ou eu fico calada ou eu saio despejando raiva pelas palavras. 

Bruno saiu de perto de mim. Eu saí correndo atrás dele. Não tava nem aí mais para Camila e sua vida de drogada. Eu apenas queria consertar a besteira que fiz. 

 

 

 

 



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