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História So Numb - Nenhuma lágrima real


Escrita por: Xmoniqu3

Notas do Autor


OI GENTEEEEEE, CHEGUEI (leiam as notas finais)

Capítulo 20 - Nenhuma lágrima real


- Você foge dos seus problemas, como um carteiro foge de um cachorro, Elle. – Disse Shawn, segurando meu braço com força.

- Cada um resolve seus problemas, da maneira que pode. – Soltei meu braço. E segui meu passo.

Fui até a loja de conveniências do posto de gasolina e vi Kaya do outro lado do balcão. Ela pulou do mesmo a me ver, e enroscou seus braços a mim.

- Eu não aguento mais. Não aguento mais. Não aguento mais... Tá tudo caindo em mim, eu estou perdendo todo mundo. Tá tudo desabando em mim, tudo, tudo. Eu não aguento mais, não consigo mais. Não quero mais. – Minhas lágrimas corriam sem rumo pelo meu rosto.

- Calma, Elle. Você aguenta, sabe que aguenta.

- Não é bem assim. Quem dera. Não aguento...

- Pare de ser boba, aguenta sim.

- Aguento... Me dá um maço. Marlboro. – Disse, fazendo-a se afastar e me olhar incrédula.

- Você está matando a si mesma. Elle.

- E daí? – Joguei meus últimos trocados no balcão. Agora últimos mesmo. – Marlboro.

Ela deu um suspiro arrastado e me entregou o maço, saí dali e fui caminhando, sem rumo, totalmente sem rumo.

Já estava escuro quando eu parei em uma rua qualquer, sentei-me no chão e acendi 6 cigarros, de uma vez em minha boca. Tragando-os e sentindo a fumaça entrar excessivamente em mim. Traguei de novo. E de novo. E de novo. Já sentia meu coração acelerado, meu corpo ansiava por mais daquela sensação. Me deitei no chão e fiquei ali. Naquela rua solitária, tentando causar uma overdose de nicotina em mim mesma.

Eu, definitivamente, com todas as minhas forças, odiava minha vida. Eu que estava tão acostumada com a decepção das pessoas sobre mim, fiquei mal por causa de um garoto inútil. Eu senti que ele nunca me quis de verdade. Do nada, estávamos namorando. As coisas não funcionam assim, pelo menos não para mim. Minha vida era uma derrapada no asfalto, era um tombo, uma trilha sem saída, uma estrada esburacada.

Quando penso que as coisas vão se ajeitar, elas só pioram. E eu realmente queria estar morta, queria morrer e voltar para ver a cara de todos em meu funeral. Estariam eles tristes? Ou estariam felizes de terem se livrado de um fardo tão grande?

E por que eu não me mato logo? Quer dizer, é tão rápido, tão fácil, às vezes até indolor. E seria um fato passado em branco com tanta facilidade. As coisas realmente iam ser melhores sem mim. Meu pai não ia ter a quem depositar sua decepção, pois não haveria a mesma, apenas alegria. Minha mãe pararia de beber e fumar escondido. Minha irmã, poderia usar meu quarto para fazer qualquer coisa, ia ter a atenção de Evan 100% para ela, não ia ter seu reflexo do passado (em função de nossa semelhança extensa) versão mal caminho, com tintura no cabelo e um cigarro na boca.

Minha família toda faria festa um ano depois, por ser uma família feliz.

Shawn, que evidentemente garrou nojo de mim por me achar uma drogada fútil, teria sua liberdade de fazer o que quisesse.

O Grupo de apoio, o JNA, teria uma integrante a menos, uma que saiu do mundo das drogas.

A escola seria melhor, sem a louca psicopata que te ameaça com um canivete se mexer com ela.

Isabelle poderia largar da responsabilidade de ter que ficar ao meu lado pelo fato de eu não ter amigos, e poderia passar seu tempo com seus amigos de verdade.

Deixei as lágrimas rolarem pelo meu rosto enquanto eu aguardava algo chegar, algo do qual eu nem sei o que. Esperava por alguma coisa que talvez nem existisse. Esperava pelo meu fim, pela minha morte. Esperava ansiosamente para cruzar a linha que todos têm medo de cruzar, ir desse para um mundo melhor.

Arrastei-me até a rodovia, e esperei que um caminhão apressado passasse por cima de mim, enquanto morreria, teria entre meus lábios sem cor, um cigarro, uma pequena bomba de morte. Morreria fumando meu último e mais saboroso, mais prazeroso cigarro. Morreria tendo minha última dose de nicotina, tendo minha overdose de tabaco. Meu corpo seria encontrado com centenas de tocos de cigarros, isso seria uma piada muito boa para minha família. E para todo mundo. Pois no fim, não morreria daquilo que todos achavam que estava me matando. Morreria de corpo, daquilo que já matou minha alma há tanto tempo... Tristeza.

Ouvi um leve som de trânsito vir de longe, e comecei a rir, por entre meus soluços, por entre minhas lágrimas que tinham gosto de sangue a essa altura. Rodeada da fumaça ardente e sufocante dos meus doces e amados cigarros.

O som se aproximava, se aproximava, então coloquei meu último cigarro entre os lábios, tragando-o com todo meu amor possível. Fechei meus olhos com força, preparando-me para o impacto.

Mas...

Que impacto?

O carro não passou por cima de mim. Passou por mim. E ainda parou.  Não quis nem ver quem estava ali dentro. Levantei meu pescoço e bati minha própria cabeça no chão, com tanta força, que perdi a consciência.

[...]

Eu estava em um lugar claro. Em um lugar bom, em um lugar harmonioso. Estava feliz. Estava bem. Estava muito feliz, sorrindo como nunca. De repente, tudo se despedaçou. Tudo caiu, tudo ficou escuro, as paredes sangravam, o chão pegava fogo. Minha pele queimava, meu rosto desabava, minhas lágrimas viraram sangue, meu corpo carbonizou em chamas. O sorriso virou um grito, virou uma voz, clamando por ajuda, por saída, pelo passado. Estava caindo, estava descendo, estava desmoronando, estava desabando, estava morrendo.

Estava morrendo.

Abri meus olhos em um estalo, com tal rapidez que fez a claridade da luz adentrar minhas retinas como chamas ardentes de fogo. Levei uma de minhas mãos ao rosto e cocei meus olhos, suplicando por um ambiente um pouco mais escuro. Pisquei algumas vezes até sentir que voltei à realidade. Até sentir que. Estava viva.

Meu pai estava à minha frente, ele chorava, ele me olhava, ele sabia que eu já acordava. Mas, ele chorava. Chorava como se estivesse perdido uma parte de si, como se algo estivesse doendo. Eu nunca o vi chorar, esperava não ser por minha causa. Percebi que ele segurava uma de minhas mãos. Ele chorava. Chorava por mim.

Minhas lágrimas começaram a cair também. Caíam com velocidade, com ferocidade, com prazer em meu rosto. Caíam com vontade de se libertar de meu interior. Caíam, escorrendo pela extensão de pele em meu rosto, pausando em meus lábios, se juntando à minha saliva.

Eu cheirava a cigarro. Cheirava à morte, cheirava à dor, a desânimo, à tristeza.

- Não sei mais o que fazer... – Murmurava meu pai, enquanto tentava segurar suas lágrimas.

Ele não chorava por mim. Chorava por eu ser um fracasso. Logo vi minha mãe, saindo do canto da sala, chorando também. Eles não choravam por mim. Ninguém nunca choraria por mim. 


Notas Finais


Então, chegamos ao 20º capítulo, e tudo isso, é graças a vocês, leitores, que acompanham, que se emocionam, que se irritam, que se encantam com cada um dos passos dessa história. Eu me emociono com os comentários que recebo, dos quais afirmam que, vocês estão gostando da história.
E, caro leitor, não importa como você chegou aqui, se foi com a minha mensagem de divulgação, se foi com recomendação de alguém, se foi por uma outra história, ou se apenas achou no site. Você chegou aqui, e obrigada por estar aqui! <3


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