História Sob a luz da Lua - JiHope - Olá, vamos ser amigos?

Eu caminhava tranquilamente pela mata, observava a natureza, ouvia os bichos, sentia o vento abafado bater em minha pele, sentia o cheiro das flores, brincava de um jeito diferente, do meu jeito. Os dia eram como sempre: eu chegava da escolinha, comia, fazia minhas lições, e corria para a floresta.

Não que eu não tivesse amigos, eu tinha, mas geralmente só brincávamos na escola. Nunca chamei ninguém para vir brincar comigo aqui na mata, é que aqui é um lugar especial. É meu lugar favorito no mundo. Bom, eu nunca fui muito pra dentro da floresta pois tenho medo de me perder - e também porque minha mãe não deixa.

Tudo ia às mil maravilhas até que eu ouvi um fungado e um choro baixinho. Me assustei. Nunca vi ninguém nessa floresta, e olha que eu passo o dia todo aqui de bobeira!

Fui me aproximando de onde vinha o som e me deparei com um menino sentado perto de uma árvore com a cabeça entre os joelhos. Esfreguei os meus olhos pra ter certeza que eu não havia enlouquecido de vez. Não. Ele realmente estava lá. Tomei coragem e fui me aproximando lentamente do garoto para não assustá-lo.

Num descuido eu acabei pisando num galho que se partiu num estalo. O garoto de cabelos castanhos escuros levantou a cabeça com o barulho e me olhou assustado. Seu rosto estava inchado e molhado pelas lágrimas, seus olhos estavam bem vermelhos e esboçavam pânico.

- Calma, eu não vou te machucar! - falei erguendo meus braços em sinal de rendição.

Ele não disse nada, nem se mexeu.

- Meu nome é Jung Hoseok, e o seu? - perguntei-lhe amigavelmente.

Silêncio.

- Você entende o que eu falo? - questionei e ele acenou levemente que sim com a cabeça. - Sabe falar? - novamente ele fez que sim. - Por que não fala então?

- Jimin... - disse baixo.

- Que?

- Sou Jimin. - repetiu uma pouco mais alto.

- E seu sobrenome?

- Só Jimin.

- E então, Jimin... Por que estava chorando? - me agachei na sua frente e ele não recuou.

- E-Eu não sei... - ele pareceu ser sincero.

- Tá perdido? - ele fez que não com a cabeça. - Está machucado? - negativo de novo. - Então não entendo o motivo do choro.

Ele não disse nada.

- Quantos anos você tem, Jimin?

- O-Oito.

- Oito? Tenho nove! - disse orgulhoso. - Isso faz de mim o seu hyung! - sorri amigável.

Ele me olhou confuso.

- Olha, Jimin, somos amigos a partir de agora, ok?

- Amigos?

- Isso! - ele me olhou confuso. - Não tem amigos?

Fez que não com a cabeça.

- Ora, agora mais do que antes serei seu amigo! - me levantei e pus as mãos na cintura. - Você parou de chorar! - ele se deu conta disso depois que eu disse. - Quer brincar?

- Brincar?

- Você não sabe brincar? - o olhei incrédulo. - Vem. - estendi-lhe a mão para ajudá-lo a levantar.

Ele aceitou a ajuda com certo receio, e eu o puxei para ficarmos de pé.

- Sou maior que você, Jimin! - ri.

- Aigo... - disse baixinho.

- Já brincou de pique-esconde? - acenou negativamente. - É assim: um procura e o outro se esconde. O que quer fazer?

- Procurar.

- Procurar? Ok, mas já vou avisando que eu conheço essa floresta na palma da minha mão.

- O que eu faço?

- Ah sim! Aqui, cubra o rosto e conte até... Vinte, ok? Depois me procure, prometo não me esconder muito longe.

- Ok... - tapou o rosto com as mãos. - Um, dois, três...

Ele continuou a contar e eu corri para me esconder atrás de um arbusto, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho que deixasse na cara onde era meu esconderijo. Quando ele chegou no "vinte" fiz um silêncio absoluto, só faltava eu parar até de respirar.

Vi Jimin se aproximar da área em que eu estava, acho que eu tinha feito algum barulho e ele usou isso para se orientar. Do nada senti uma mão no meu ombro e dei um pulo.

- Te achei. - sorriu sapeca timidamente.

Como ele veio parar aqui?

- Verdade. - ri. - Agora vá lá que é a sua vez de se esconder!

~

- Aigo, Jimin-shi! Você é bom em todas as brincadeiras! Nem parece que nunca jogou esses jogos!

- A culpa não é minha se você é ruim. - riu.

- Isso lá é jeito de tratar seu hyung? - falei fingindo irritação. - Nossa, tá ficando tarde, é melhor eu ir. - disse assim que vi o céu começar à ficar alaranjado pelo por do sol.

- Ir? Pra onde?

- Ué... Pra casa.

- Casa? - repetiu baixo. - Ah sim, casa... Eu... Eu também tenho que ir pra minha... Casa.

- Você mora aonde? Nunca te vi aqui pelo bairro.

- Moro por aqui.

- Quer ir lá em casa?

- Não dá.

- Hm... Posso ir na sua um dia então?

- Não dá.

- Ué? Por que não dá? Seus pais não deixam? Não gostam?

- Por ai... É complicado. - fez uma pausa. - É melhor eu ir...

- Espera! Você vai vir aqui amanhã?

- Hm... Vou, vou sim.

- Legal! Te vejo amanhã!

- Certo! - sorriu grande fazendo os olhos sumirem. - Tchau... Hyung.

Sorri e acenei em despedida para o garoto.

~

Hoje fazem exatos sete dias que eu conheço e sou amigo do Jimin, ele é divertido e legal, apesar de tímido. Nos encontramos a semana toda e brincamos durante todas as tardes por horas e horas. Mas sempre que eu chamava ele pra ir lá em casa ele recusava dizendo que não dava.

Tudo bem que nos conhecemos há pouco tempo, mas ele pode confiar em mim. Eu nunca faria mal à ele do mesmo modo que eu nunca faria mal à ninguém. Eu até tentei chamá-lo pra dormir lá em casa pra ver se ele mudava de ideia, mas nada feito.

De qualquer forma eu estou louco pra que a aula acabe para eu poder ir brincar com o Jimin de novo!

~

Quando eu cheguei na floresta depois de almoçar avistei Jimin correndo atrás de uma borboleta e ri da cena. Ao rir fiz com que Jimin me notasse e ele veio até mim correndo.

- Hyung!

- Jimin-shi! Por que toda essa animação?

- Eu não sei, essa borboleta me deixou feliz de repente! - apontou para uma borboleta azul linda que pousou numa flor.

- O que quer fazer hoje?

- Hm... Você quem conhece as brincadeiras, então você quem sabe.

- Vamos conversar um pouco. Eu não sei você, mas eu acabei de almoçar e quero deixar a comida assentar um pouco.

- Mas vamos conversar sobre o que?

- Deixa eu ver... - nos sentamos e nos apoiamos numa grande árvore. - Qual é sua cor favorita?

- Hm... Azul, e a sua? - sorriu.

- Verde. Cidade ou campo?

- Campo.

- Campo. Dia ou noite?

- Os dois.

- Dia. Sol ou lua?

Ele ficou sério de repente.

- Não consigo escolher. - desviou o olhar.

- Por que não?

- Não posso.

- Claro que pode, é só escolher um.

- Não dá.

Ele se levantou e começou a andar, e eu fui atrás dele.

- Ei, Jimin! - chamei pelo garoto, que estava à alguns passos na minha frente. - O que houve?

- Nada.

- Então por que está bravo?

- Não estou bravo.

- Por que está agindo assim então?

- Por que você faz tantas perguntas? - disse irritado.

- Porque sou seu hyung! - alcancei-o e segurei seu braço.

- Me solta, Hoseok!

- Não até me falar o que aconteceu pra você ficar assim do nada.

- Não p-...

- Não pode? Que surpresa!

Olhei para o céu, que há alguns minutos estava ensolarado, e que agora estava coberto por nuvens negras carregadas. Uma tempestade estava a caminho.

Jimin olhou para o céu e se encolheu na hora, ele estava visivelmente com medo.

- Tenho que ir. - disse ele e puxou seu braço, se soltando de mim, e correndo pra longe.

- Espera! - gritei.

- O que quer? - ele parou e se virou pra mim.

- Vai vir aqui amanhã?

- Eu não sei. - se virou e continuou correndo.

Quando ele sumiu de minhas vistas eu corri atrás dele, mas não o encontrei mais. Tomara que ele apareça amanhã... Tenho que pedir desculpas.