A sala era exatamente igual a que havia entrado com Nathaniel da ultima vez, pelo menos a parte que estava dentro de minha visão.
Haviam algumas folhas sobre meu cabelo, e ao entender que realmente havia uma passagem secreta, ou um lugar secreto no meio da cidade, olhei assustada pela “porta” de folhas a qual Lysandre havia me puxado.
Ele riu, mas não consegui esconder minha cara de surpresa:
- É uma porta secreta!
Novamente ouvi o canto do pássaro, e me virei
Lysandre segurava em seu braço alguma coisa branca...
Ao perceber o que era, prendi a respiração e não fiz som algum.
Realmente me assustei com aquela visão. Eu nunca havia visto...
- Uma coruja!
A visão de Lysandre, com suas roupas de príncipe, segurando uma coruja branca era muito surreal. E ele... sorria para mim.
- Surpresa. – disse ele calmamente.
Eu não sabia sobre o que falar primeiro...
- É uma coruja...?
- Sim.
- E está de dia...
- Segundo meus entendimentos, sim.
- Então por que ela está acordada?
Ele riu suavemente de novo. Como eu amava essa risada suave.
- A senhorita está com medo da ave? Por isso está tão afastada de nós?
Quando ele falou eu percebi que estava quase espremendo meu corpo contra a parede.
Respirei e tentei relaxar...
- Acho que me assustei sim... Eu nunca havia visto uma coruja...
- Fico feliz que tenha criado mais uma memoria contigo, milady.
- Lysandre... – perguntei aonda cautelosa, observando aqueles grandes olhos pretos da coruja – Ela está no seu braço... Como... Ahm... Quando... Pode me explicar como ela veio parar aqui?
- Eu não sei... – disse Lysandre colocando a coruja branca onde devia ser o ninho dela – Acredito que deva ter sido contrabandeada... Mas escapou. Eu a encontrei juntamente com este lugar. Ela estava com a asa quebrada e seus piados como choro me trouxeram até aqui. Desde então... Cuido dela.
- Desde quando?
- Acho que já faz 2 meses...
Eu não sabia o que falar. A coruja me encarava e obedecia Lysandre levianamente e sem contestar!
- Isso... isso é incrível...
Ele riu e a coruja fez o barulho que eu ouvi antes: O canto de passarinho.
Eu a observei intrigada.
- Ela era filhote quando caiu aqui... Aparentemente aprendeu a reproduzir o único som que ouvia de dia...
- O canto dos pássaros. – completei.
- Kayla... Esta é Mariana. A moça a qual lhe falo quando venho aqui.
Lysandre estava falando com a coruja que era branca como a neve, e por incrível que pareça, quando ele falou a coruja prestou atenção. E quando terminou ela voltou a me encarar.
- E-ela está me encarando...
- Kayla nunca viu mais nada ou ninguém além de mim e esta sala esquecida... desde que caiu aqui. Espero que compreenda a curiosidade dela. – disse Lysandre acariciando a cabeça da ave.
- O-oi Kayla... – disse me aproximando. Ela não se movia.
- Não tenha medo. Ela é muito dócil.
Falando isso, Lysandre estendeu o braço para Kayla que subiu obedientemente.
Eu sorri com aquilo.
Lysandre era cheio de surpresas...
- Você ensinou truques a ela?
- Ela é muito esperta. Foi realmente simples, e nós nos entendemos muito bem. Não é Kayla? – disse ele sorrindo para a coruja.
- Kayla. – sussurrei sorrindo.
Os dois olharam para mim.
- Foi você que deu esse nome?
- Sim, foi. Não gostou?
- Pelo contrário! É lindo! Combina com ela. Você é linda Kayla.
- Se ela fosse macho a chamaria de Jareth.
- Jareth? Como no filme do Labirinto: A magia do tempo?
- Sim – disse ele satisfeito, após um tempo brincando com a coruja ele ficou sério – Mariana... Por que a senhorita não quer cantar no trabalho da escola? Sua voz é linda.
Eu me sentei ao lado dele, um pouco longe de Kayla que ainda me encarava.
- É que eu não... bem... o medo me impede de... e também tem a insegurança... – suspirei – Não consigo.
Ele segurou minha mão com sua mão livre, com a outra ele segurava Kayla.
- Eu sei que consegue.
Apertei a mão dele. Estava fria.
- Não está com frio?
- O quê? Ah, não... Minhas mãos são naturalmente frias.
Fiquei em silencio pensando enquanto segurava a mão fria de Lysandre.
- E sobre o trabalho? – insistiu ele.
- Medo. – resumi.
- E se por acaso... Cantarmos juntos?
Eu ouvi mesmo isso? Lysandre queria cantar comigo? Eu nunca o ouvi cantar, mas apenas falando naturalmente sua voz já era linda.
Apertei a mão dele.
- Estar com você é como entrar em um universo paralelo... Se você estiver comigo... Talvez...
Ele sorriu e colocou Kayla em seu ninho. Depois, tomou minhas mãos entre as dele, e começou a cantar:
- “Há um amor tão triste
Dentro de seus olhos, uma espécie de joia pálida
Aberto e fechado, dentro de seus olhos
Trocarei o céu pela cor do seus olhos”
Que voz é essa? Como ele consegue ser tão perfeito?
Senti que ele apertava minhas mãos em sinal de encorajamento.
Eu sabia o que Lysandre estava fazendo, ele queria que eu cantasse com ele...
- “Há um coração tão enganado
Batendo tão rápido em busca de novos sonhos
Um amor que vai durar dentro de seu coração
Vou colocar a lua dentro de seu coração”
E então cantamos juntos:
- “Como a dor varra a tristeza
Nada faz sentido para você
Toda emoção se foi
Até que não foi tão divertido...
Mas eu vou estar lá para você, se o mundo vier abaixo
Como o mundo cai, caindo, se apaixonando...”
Lysandre sorriu.
E acho que eu sorri também, não sei... Eu estava com a cabeça nas nuvens.
- Mariana? – voltei de meus devaneios. Ele me encarava buscando resposta para uma pergunta que eu não o ouvi fazer.
- Permite-me? – insistiu ele.
- O quê?
De novo aquele sorriso lindo...
- Compor uma musica para você.
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