História Sob a Luz do Luar - Nascer

[Julho 1999]

-Vamos, a senhora consegue! -Disse a parteira.
-Eu não vou conseguir! -Dizia minha mãe gritando de dor.
-Assim não iremos conseguir. -Disse o médico. -Teremos que fazer aquilo.
-Aquilo o quê? -Minha mãe perguntou.

O médico subiu em cima de minha mãe, ela não entendia o que estava acontecendo, e não podia fazee idéia do que estaria por vir. Ela só sabia que a dor de um parto era insuportável, se perguntava o porquê havia feito aquilo porquê havia engravidado, o porque a infeliz havia ido pra cama com um cara dois anos mais velho que ela.

-No meu três. -Disse o médico. -Um, Dois, Três!

O médico que estava em cima dela havia empurrado com suas duas mãos a boca de seu estômago. A dor foi tanta, que ela finalmente deu seu primeiro e único grito, foi tão alto que todo o terceiro andar do hospital havia escutado.

-Filho da puta eu vou te matar! -Ela gritou com ódio do médico, sua dor era tanta que nem força pra olhar pro coitado do homem ela tinha.
-É mas seu filho nasceu. -Ele respondeu.
-Querida se acalme, qual será o nome do bebê? -Perguntou a parteira enquanto secava o suor de sua testa.
-Gabriel. -Disse minha mãe olhando pra o pequeno recém nascidi em seus braços. -O nome dele será, Gabriel.

[Julho 2016]

Estou correndo pela rua a caminho da escola, enquanto uso meus fones de ouvido. O dia já começou caótico, era para eu estar na escola as 7:15 hrs, mas já são 7:25 hrs. Depois de tanto correr finalmente chegou naquele inferno.
O dia vai passando lentamente, chega a dar nos nervos.

Aula de matemática, português, química, física e artes. Bom, ainda não me apresentei ainda, então vamos lá.
Meu nome é Gabriel, tenho dezessete anos, sou moreno, moro no Rio de Janeiro, moro só com minha mãe e minha vida é normal.
Tenho colegas? Sim, tenho colegas. Tenho amigos? Sim, tenho amigos. Tenho melhores amigos? Bom, eu não sei quanto essa parte. Não é porquê sua amiga te conhece à exatamente três meses que quando ela disser que te ama, seja realmente verdade. Na verdade eu nem ligo se tenho muitos ou poucos amigos.
Se eu tenho muitos amigos então acabarei ficando confuso em certos assuntos, e isso já aconteceu comigo e não foi nenhum pouco legal. Já são cinco horas da tarde, finalmente estou saindo da escola.
Caminho em passos largos e apressados afim de chegar logo em casa.
Estou ansioso para falar com Sam, ele tem quinze anos, estuda de manhã e está no ensino médio assim como eu. Somos muito amigos, ele sim eu posso chamar de amigo, ele me escuta sempre quando preciso desabafar e eu faço o mesmo por ele.
Poderíamos estudar juntos, a não ser um pequeno probleminha que não ajuda nenhum pouquinho: Sam, mora em São Paulo. Sigo meu caminho, passo pelo portão e logo de cara sou recebido por um imenso cachorro Pastor-Alemão. Ele me cheira.

-Sou eu. -Digo e ele solta um grunhido afirmando que me reconheceu. -Mãe, cheguei. -Gritei na porta tirando o par de tênis.
-Tira esses sapatos na porta. -Gritou ela de algum lugar da casa.
-São tênis mãe! -Digo rindo.
-Se deixa seus pés secos e protegidos de doenças da rua, então pra mim é a mesma coisa. -Ela diz.

Entro em casa, deixo o pão em cima da mesa, faço minhas higienes e vou direto para o computador, entro no Facebook, a procura de Sam e por sorte ele esta on-line.

@Biel12: Oi
@Sam15: OIIIIE
@Biel12: Tudo bem?
@Sam15: Sim, e você?
@Biel12: Estou bem.

Tento imaginar ele gritando desse jeito do meu lado, e tento me imaginar quase surdo por causa disso.

@Biel12: Hey, vamos conversar pelo Skype.
@Sam15: Vamos sim.

-Pronto, agora está melhor. -Sorri para ele.
-Sim seu bobinho. -Ele sorri.
-Então, como foi seu dia? -Ele pergunta.
-Horrível. -Respondo. -Não suporto português, biologia e muito menos matemática e física.
-Eu também não suporto. -Ele diz.
-E o seu dia como foi? -Pergunto.
-Nada de especial. -Ele diz e em seguida faz uma careta e rimos.

Conversamos sobre coisas aleatórias como música, vídeo game, filmes, séries e tudo mais. Era sempre assim quando nos falávamos pelo Skype. Muitos risos e conversas bobas, e então minha mãe me chama.

-Já volto, minha mãe está me chamando. -Digo me levantando.
-Ok, eu espero. -Ele responde.

Vou até ela e recebo uma carta branca com um selo atrás, e com um endereço que não me é muito estranho, volto para o quarto e me sento na frente de Sam.

-Que cara é essa? -Ele pergunta.
-É uma carta da International Languages, a empresa de intercâmbio que eu havia dito a você. -Respondo.
-E o que diz a carta?
-Ela diz "Olá Senhor Gabriel, nós da International Languages gostaríamos de parabeniza-lo, pois o senhor conseguiu uma vaga conosco. Seus documentos foram aceitos e seu programa começará dia vinte de Agosto de dois mil e dezessete". Fui aceito. -Digo perplexo.
-Aceito? Onde? -Sam estava confuso.
-Meus documentos foram aceitos, e eu vou poder fazer intercâmbio ano que vem.
-Amigo, você vai?
-Sim. -Respondo. -Eu vou para os Estados Unidos no ano que vem.