1. Spirit Fanfics >
  2. Sobre ele, tudo de mim >
  3. Novo lar, novos pais

História Sobre ele, tudo de mim - Novo lar, novos pais


Escrita por: Hellm

Capítulo 4 - Novo lar, novos pais


- Mas ela disse isso mês Hel? Não estava só falando por impulso?

- Não Vó Leni, eu conheço minha mãe. E ela me deu um prazo e hoje é o último dia!

Ama pensa enquanto enxugo às lágrimas que caíra durante a explicação inteira.

- Olha, faz assim.. eu vou conversar com ela, se não resolver eu vou falar com seu vô Tino e vamos ver como podemos te ajudar, tá bom?

Inspiro com os olhos fechados. Sabia que todas as pessoas nas quais pedi ajuda diriam aquilo, e no final, sempre não resolvida nada. Consenti com a cabeça e me despedi dela cabisbaixo.

...

Abro o portão de casa, vejo Lauren Alegre me recebendo e eu retribuo a atenção lhe fazendo um rápido carinho na cabeça.

- Já tem seu lugar pra morar?

- Me deixe vá.

- Me deixe uma porra! Seu prazo é até hoje! Ou se nã..

- Vou ficar na rua, eu sei. - Concluo de forma impaciente.

Vou para o quarto e me tranco. Desta vez nem olhei para o espelho, e nem fiz questão de que Lauren entrasse. Queria definitivamente está sozinho.

...

- Eu sei dona Leni, mas eu não quero mais não. Esse menino é um inferno na minha vida, eu não quero mais!

- Mas Kézy, você não pode abandona-lo assim. Ele não é um objeto qualquer, ele é um menino.

- É.. e vcs podem ter grandes consequências com essa atitude.

- Olha dona Leni e seu Tino.. Eu sei, tudo que vcs venham me dizer eu sei. Mas ele vai fazer 18 anos em alguns meses, ele pode se virar, ninguém mais me convence do contrário. 

- Se vocês quiserem criar tudo bem. A gente passa a guarda pra vocês até ele concluir os 18..

- Seu Válter, o Sr. Não tem noç..

Escuto o diálogo de ama, papai, e meus pais do meu quarto. Meu coração apertara. Ouvir o meu pai dizendo aquilo.. o meu.. pai.. Tudo bem que ele não se pronunciava nos momentos em que estavam ruins. Mas esperar a primeira reação dele, ser assim.. Aquelas palavras terem vindo dele. De minha mãe eu não me surpreenderia, mas, meu pai.. Àquilo me rasgou de dentro pra fora da alma.

- Tudo bem, ele pode ficar lá em casa. Eu e Leni como cristãos, não podemos ver toda essa situação e fingir que não está vendo nada. Vamos ficar com ele aí.. até ver o que podemos fazer.

- Obrigada Seu Tino, obrigada mesmo. 

Tive a impressão de que papai e meu pai apertaram às mãos. E ali, me sinto realmente como um objeto negociável.

-  E quando ele pode ir? - pergunta papai.

- Agora! Agora mesmo se o Sr. quiser! - Fala minha mãe em tom de euforia.

- Não, agora não. Preciso arrumar as coisas lá para ele e conversar com ele primeiro, por volta da noite já pode manda-lo.

Escuto eles saindo. Não acreditara no que estava acontecendo. Eu realmente iria embora daquela casa, daquela vida. Não sabia o que sentir naquele momento. Estava em estado de transe. Uma felicidade, mas uma tristeza invadia também, e eu queria entender aquele sentimento. Mas logo deixei de mão.  

Escuto a porta sendo arranhada. Lauren! Tinha certeza. Mas não queria abrir. Sabia que agora só tinha algumas horas com ela e nunca fui bom em me despedir. Abafei meus soluços no travesseiro, e tentava desfocar do choro esganiçado de Lauren que invadia aquele quarto.

...

- Oi dona Leni. Ele está lá nos fundos pegando as roupas. 

Elas batiam papo enquanto arrumava minhas coisas. 

Minha mãe super bondosa, havia me dado sacos de lixo limpos para pôr a minha roupa dentro.  Fui pondo devagar, inerte, nem eu mesmo sabia se realmente estava naquele plano.

Acordo do transe com Lauren puxando a roupa que estava por acabar de pôr no saco. - Para Lauren! Solta sua idiota! Sai daqui!

Ela parou e sentou. Inclinou sua cabeça e caiu suas orelhinhas como de costume com um olhar procurando a minha atenção. 

- Não dificulta as coisas Lauren, não faz isso.. Falo abraçando-a e me derramando a chorar sobre ela. - Olha, eu sempre vou passar por aqui pela frente pra você. Tudo bem que não vai ser a mesma coisa, mas eu vou fazer de tudo pra não esquecer de você tá bom? Eu te amo! Obrigada por tudo! Você não sabe o quanto me ajudou em meio a tudo isso..e.. 

- Já está pronto Hélio?

- J..já, q.. quase.. 

- Adiante. Dona Leni não tem todo tempo do mundo pra você não. 

- Oxe! Quê isso Kézy. Não, espero tranquilo, até pq não é tão fácil assim pra ele e..

- Kiiii menina! Isso aí é um alívio até pra ele. Nós dois vamos sair feliz..

- O que é isso Kézy, não fale assim não.

Ela dá de os ombros sem muita importância.

- Acabei.

- Pegou tudo? Tudo mesmo? Confira aí, não quero mais ter que olhar pra essa sua cara..

- Peguei.

Ama põe a mão na boca com expressão de espanto com toda aquela frieza de minha mãe.

- Válteeeer! Venha! Vamos ajudar a levar as coisas da criatura ali na casa de dona Leni.

Tinha em torno de oito sacolas de roupa. Peguei duas em cada mão e fui em direção a porta. 

Estava ventando, já era em torno de umas 7:30 da noite. Tinha alguns vizinhos na porta olhando intrigados com a cena. Mas não dei muita importância. Fechei os olhos e deixei o vento alisar meu rosto e açanhar meus cabelos. Carinho era a única coisa que queria naquele momento. Mesmo que breve de um vento.

- Aqui, tudo aqui!! Vamos.

E sai eu ama, minha mãe e meu pai com sacolas na mão. Vejo Lauren correndo atrás de mim. Mas dessa vez não olhei para ela. Eles haviam soltado ela para nos seguir, achando que eu iria querer me despedir ou algo assim. Mas não. Não iria me destruir daquela maneira, e muito menos dar aquele gostinho a eles.

- Esse foi o melhor presente de dia das mães que você poderia ter me dado. Deixar de ser sua mãe.

Escuto ela atrás de mim enquanto íamos caminhando. 

- Não tem de quê.

Falo sem olhar para ela. Que esta, pela primeira vez estava olhando pra mim e sorrindo, enquanto alcançava meu lado. Mas continuo fixa o olhar para frente, sem nem saber ao mesmo o que estava fitando.

Chegamos e vejo ama conversando com minha mãe. Enquanto meu pai fica segurando Lauren que também quer entrar e vir na minha direção, mas ele a impede. Fico no canto da garagem segurando minha sacola e olhando para a parede, sem nem ao menos saber pq estava fazendo aquilo.

- Ao menos se despessa dele Kézy.

- Não Leni, não gosto de despedidas. E além do mais, não tem pq me despedi. 

Ama consente com a cabeça e se despede deles até suas vozes se distanciarem, escuto os latidos de Lauren distantes também, e o meu queixo treme. Mas me contenho.

- Vou chamar Tino. 

Consenti com a cabeça enquanto sento extasiada.

Passou-se alguns minutos, e logo veio um senhor barbudo e baixinho,  por entre a porta.

- Então menino.. eu só quero te passar algumas coisas.. - Ele começa sem jeito. - Bem.. É que.. como eu posso dizer isso Leni? O que conversamos mais cedo..?

- Ah Tino, você é todo atrapalhado! Ama toma a frente impaciente e continua - É que seus pais me disseram que você era Gay, e aqui somos evangélicos e tudo.. temos doutrinas.. E.. o q..que eu quero d..dizer.. hmm.. A gente te conhece desde menino e.. Você é realmente Gay?

Meu rosto empalideceu. E agora? -pensei. - Não posso dizer a verdade a eles, se eu disser, talvez eles fiquem um tempo comigo e será daqui pra rua.. não, eu não posso falar a verdade.

- Não Vó Leni. Eu não sou gay. - Falei tentando manter um tom sereno.

- ótimo! Já começamos bem! As regras da casa Leni passa pra você, mas o negócio aqui é só andar na linha, que todo mundo são feliz.. aqui não tem essa de briga, ou de responder assim, ou assado. Não, aqui é tudo na paz. O caminho é esse aí .. Beleeza garoto? - Fala papai em tom explicativo e um tanto aliviado.

...

- Aqui Hélio. Esse é o quarto do meu filho Júlio, mas você pode ficar aqui até arrumarmos o seu quarto.

- Seu filho ainda mora aqui? - Perguntei olhando para o meu travesseiro, meio rouco.

- Não, meus filhos já são todos casados. Júlio que às vezes vem aqui passar uns dias com a família, e fica aí. - Ela fala meio carinhosa. 

Arrumo minha cama enquanto ela parecia está parada na porta me olhando.

- Venha aqui Hel. - Ela disse em um tom doce.

Ela me abraçou. Droga! Não era pra ela ter feito aquilo. Qualquer indício de sentimento no momento eu não iria aguentar. Eu iria desabar. 

Então ela continuou me abraçando enquanto levantava os pés para alisar meus cabelos. Mas não retribuí.

Subiu um imenso sentimento no meu peito. Um sentimento tão confuso, e tão intenso.. foi saindo da boca do meu estômago e subindo até que finalmente chegasse à minha boca. E soltei um gruindo. Não aguentara, me vi retribuindo seu abraço e com o outro braço estava pondo a mão na boca, abafando o choro.

Ela ficou ali por alguns instantes, me apertando e alisando meus cabelos de ponta de pé. 

Era um abraço tão gostoso. Tão protetor. Queria morar ali, mais nada, só morar e morrer ali. 

- Escute Hélio - Ela fala afastando o corpo dela contra o meu para olhar meu rosto - A vida que você levava, acabou!  O passado por mais doloroso que chega, vai ficar para trás, e.. Hêy, olhe pra mim - Ela falava enquanto levantava meu queixo que nem repararam que já estava olhando para o chão. Acho que já era o costume. - Você agora não pertence mais ao seu passado. Você vai dar a volta por cima e mostrar pra todo mundo, não só a todo mundo, mas principalmente a você mesmo, que você venceu!

Consenti com a cabeça voltando os olhos para o chão. Acho que já havia perdido o hábito de encarar às pessoas. 

- Você agora é meu menino. E.. olhe pra mim.. 

E eu olhei meio inseguro.

- E agora você não vai se chamar mais Hélio Miguel Correia Martins.. Você agora pertence a família dos Barbosas. Não Martins..Barbosa!

Sorri meio forçado.

Sentei na cama e ela ficou à minha frente alisando meus cabelos, dessa vez sem dificuldade alguma. 

- e Hélio? 

Olhei para ela.

- Se antes você não tinha a quem pudesse recorrer como pessoas que chamasse de pais. Hoje você tem. 

Olhei surpreso pra ela, fitando seus traços sérios.

- Tino e eu não seremos mais os vizinhos que você chama de "avós". Tino e eu seremos seus pais. Você está aqui como nosso filho, e você vai chama-lo de pai, e eu de sua mãe.

...

Já havia algumas horas que ama tinha se despedido de mim. Já era madrugada e meus olhos não haviam nem sequer piscando. Encarava aquele teto com efeitos fluorescentes e me perdia. Minha mente buscou Lauren e soltei um gruindo. Fechei os olhos bem apertados e tapei a boca com as duas mãos. Seria a primeira de muitas noites que iria passar sem ela.




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...