— Vai passar o dia dos namorados com o seu namorado e me deixa em paz como o meu, garoto! — E foi assim que a porta foi fechada na minha cara quando fui expulso da minha própria casa, pela minha própria mãe.
E eu até iria com o maior prazer comemorar o dia dos namorados em qualquer lugar bem longe da minha mãe e seu novo namorado sarnento, se eu não estivesse ridiculamente solteiro e desinteressante. Então, você deve estar se perguntando “por que sua mãe te mandou ir atrás do boy, Jimin?” A resposta era fácil: porque ela não sabia sobre os fatos, e eu meio que contribui com algumas pequenas mentirinhas para com isso.
Veja bem, eu não queria ser um encalhado que nunca namorou. A minha meta para 2019 era arrumar alguém para enxugar minhas lágrimas e meu nariz escorrendo enquanto eu assistia pela milésima vez “Sempre ao seu lado”, tudo porque eu não consigo resistir ao amor de um cachorro pelo seu dono que morreu. Aquilo era demais para o meu pobre coraçãozinho apaixonado por animais, então meu companheiro teria que me apoiar e me amar quando eu parecesse uma melequento chorão, porque aí sim eu teria a confirmação que o nosso lance era amor daqueles de filmes.
Se ao menos Jeongguk estivesse aqui comigo, eu tinha certeza que meu amigo cumpriria a sua promessa de que, quando ficássemos adultos, iriamos namorar e ficaríamos juntos para sempre.
Mas éramos crianças ingênuas, ele um garoto gordinho cheio de sonhos no mundo da fantasia e que acreditava em unicórnios, e eu um ruivo cheio de sardas que amava cuidar dos animaizinhos perdidos na vizinhança. Não é para menos que agora eu seja um estudante de medicina veterinária.
Contudo, eu e Gu nos perdemos no meio do caminho. Eu vim para Seul, e ele continuou sendo um amante de desenhos coloridos e unicórnios em Busan. Sem namoros e "juntos para sempre".
Mas já era o fatídico dia onde os casais trocam presentes e beijos, e eu ainda estava alone na vida, sem ninguém para esquentar o frio em meu coração. Tudo piorou quando Taehyung e até mesmo a minha mãe arrumaram seus novos pares enquanto eu continuava trancado no meu quarto jogando palavras cruzadas e chorando minhas pitangas.
E chegando ali, no shopping center, eu descobri que o meu karma não poderia falhar. Ele vinha decorado com flores, roupas de casais combinando e milhares deles andando para lá e pra cá ao meu redor. Eu me deprimi ainda mais, sentindo a depressão mais forte do que nunca.
Os letreiros anunciavam frases clichês românticas e promoções APENAS para casais, jogando na cara que você, sendo solteiro, não tinha vez. Aquilo me soava como uma afronta, uma zoação. E eu estava encolhido, me amaldiçoado por estar ali logo naquele dia do cão. No entanto, resolvi ser afrontoso quando avistei um filme água com açúcar em cartaz e resolvi comprar o ingresso, afinal, se eu não tinha ninguém para me acompanhar além de mim mesmo, eu iria do mesmo jeito.
Sorri em escárnio ao que alguns casais ficaram me olhando com o cenho franzido depois que deixei a fila da bilheteria e me encaminhei para comprar a pipoca, me surpreendendo ao encontrar um furdunço lá ao que um garoto de sotaque de Busan e roupas integrantes de tão coloridas exigia levar dois baldes de pipoca mais dois copos grandes de refrigerante por metade do preço, afirmando que era seu direito de consumidor.
O seu rosto me era familiar, mas eu não conseguia o lembrar de nenhum outro lugar.
— Senhor, me ouça… — a moça no balcão suspirou, parecendo exausta, diante o garoto irritado à sua frente. — a promoção só é voltada para casais. Se você deseja comprar dois baldes de pipoca mais dois copos de refrigerante, vai ter que pagar por seu preço normal. — Alegou, calma, à medida que o rosado, estressado, batia o pé.
— Ah, mas que martírio! — Exclamou, chacoalhando os braços finos no ar exageradamente. — Você não entendeu que eu namoro comigo mesmo? Eu durmo comigo mesmo, almoço, tomo banho! Eu mereço me mimar desse jeito! E exijo comprar esses caralhinhos pela metade do preço! — Revolta era o nome estampado na testa daquele garoto, e eu riria se não me sentisse especialmente ofendido naquele dia também.
— O senhor está congestionando a fila. É falta de educação exigir por algo pelo o que você não tem direito. Por favor, peço que se reti…
— Amor, e aí, já comprou a nossa pipoca?
O garoto me olhou assustado, a mulher atrás do balcão me olhou assustada, os casais ao meu redor me olharam assustados, e eu quase fraquejei em vergonha com os olhos alheios queimando em mim.
Eu não entendi o que tinha dado em mim para seguir até ali e ter feito aquela cena, sinceramente, e eu quase dei meia volta diante a todo aquele silêncio constrangedor, se o garoto com cara de coelho e nariz grande não tivesse me mostrado os dentinhos proeminentes e as ruguinhas nas extremidades de seus olhos de jabuticabas, me encorajando a ficar ali, ao seu lado.
— Amor, avisa para essa mulher que eu tenho direito sobre a promoção porque eu tenho sim um namorado. — Quando ele jogou comigo, eu mandei o dane-se para as pessoas que nos olhavam torto por sermos dois garotos brincando de casal, e nos encaminhamos para a sala de cinema nos sentindo por cima.
Aquilo era loucura, mas eu me sentia absurdamente satisfeito no final.
Estávamos na metade do filme qual eu nem mesmo lembrava mais o nome, no entanto o garoto “rabbit” — apelido que eu dei por não saber o seu nome e, obviamente, por ele parecer um coelho aos meus olhos — ainda estava ali, sentado ao meu lado se debulhando em lágrimas. Até zoaria dele, se eu não fosse tão patético quanto.
Contudo, provavelmente aquele era o meu dia aleatório no qual acontecem coisas inesperadas para mim, e quando eu inconscientemente apoiei minha mão no encosto da poltrona, simplesmente o rabbit cor de rosa foi lá e entrelaçou nossos dedos com a maior naturalidade do mundo.
Eu o olhei, então ele me fitou de volta, e seria uma cena romântica se minha face não expressasse completa confusão.
— O que foi? Eu estou cumprindo as metas da minha lista de “coisas românticas para o dia dos namorados”. — Falou como se fosse óbvio, virando sua atenção para o filme.
— “Coisas românticas para o dia dos namorados”? — Eu estava mais confuso que antes.
— Eu tenho uma lista para hoje, desejo cumpri-la e você vai me acompanhar. Namorados servem para isso.
Okay, eu não esperava por essa. Eu quebro um galho pra ele, e logo o rabbit cor de rosa quer que eu quebre a árvore inteira. E, como eu não tinha nada pra fazer mesmo, eu entrei na sua…
Na verdade, é que eu gostava de me iludir e fingir que eu finalmente tinha deixado de ser um encalhado ao menos por um dia. Porém me perguntava do porquê dele ter uma lista como aquela sendo solteiro.
— 'Tá okay… não tenho nada pra fazer mesmo. — Dei de ombros, como se aquilo fosse uma completa bobagem para mim, e ele voltou a me olhar, apertando mais a sua mão na minha.
— Somos dois desocupados encalhados pseudo-namorados agora então. Você me ajuda a cumprir minha lista, e eu te dou um dia memorável. Muito melhor do que eu achei que seria. — Ele sorriu em minha direção, e eu me peguei reparando no quão lindo ele era. Foi aí que meu coração disparou no peito com a sensação de familiaridade, mas nada me vinha em mente e assim a frustração chegava.
Porém, afinal, o que um garoto como ele fazia solteiro? Era quase um pecado não ter milhões de caras correndo atrás dele.
No entanto, quando eu percebi que estava o olhando como um drogado, resolvi pigarrear e desviar o olhar assim que ele se deu conta do meu fitar.
— E o que essa lista diz para agora? — Tentei fingir ainda mais desinteresse na voz, assim ele soltou um risinho.
— Que você deve me chamar de amor, segurar minha mão e eventualmente enxugar minhas lágrimas. — Sua voz era branda, leve como uma pluma, e eu tentei não sorrir, optando por uma careta, embora eu também desejasse ter alguém para segurar minha mão e enxugar minhas lágrimas vergonhosas.
— Ew que brega!
— Você não acha isso. — Ele soou com tanta certeza, que eu me senti intrigado.
Ele nem me conhecia, como poderia afirmar isso?
— Apenas seja meu namorado perfeito, amor. — Sua cabeleira rosa fez cócegas em minha bochecha quando ele encostou sua cabeça em meu ombro, e eu suspirei trêmulo.
Por que ele estava começando a mexer comigo daquele jeito?
“Amor”, eu não sabia que gostava de ouvir essa palavra até o momento em que fui chamado daquele jeito por aquele desconhecido que agora era meu namorado de mentirinha. Era de acalentar o meu pobre coração iludido.
(...)
Apelidinhos de casal — Visto.
Roupas de Casal — Visto (Ele realmente me fez usar um macacão de unicórnio de corpo inteiro com ele porque a gente era um casal “maneiro”. Para mim, aquilo estava mais para patético…)
Andar de mãos dadas — Visto (Ainda me era intrigante o sentimento de saudade que eu sentia em relação a sua mão colada na minha)
Beber milk-shake na mesma taça ao mesmo tempo — Visto (Foi vergonhoso aquela ceninha de filme romântico idiota, mas confesso que o meu coração ficou quentinho, exceto do momento em que as minhas bochechas também ficaram).
Naquela altura do campeonato, quando já nos encaminhávamos para a saída do shopping, eu me peguei me perguntando se aquele era o fim da sua lista bobinha, embora o sol brilhasse forte lá fora. Eu tinha que confessar que eu não estava me agradando nenhum pouco com a ideia de que cada um teria que ir para o seu lado.
— Uhmm, sua lista nem foi tão extensa, bem fácil de cumprir. — Joguei o verde para colher maduro, com a mesma cara de desinteresse de sempre.
Ele riu alto assim que cruzamos a entrada principal do shopping.
— Minha lista realmente não é extensa, mas também não acabou por aqui. Eu quero um piquenique no zoológico agora. — Afirmou, me pegando de surpresa.
Em um zoológico?
Eu não consegui evitar sorrir e nem deixar de cumprir o seu desejo. Quando ele abriu um manto sobre a grama verdinha depois de olharmos alguns animais silvestres e aprendermos mais sobre algumas espécies, especialmente quando o rabbit cor de rosa começou a imitar o som de uma arara azul no meio do zoológico enquanto eu morria de vergonha alheia, eu inspirei fundo ao me sentir livre em meio a natureza.
— Você gosta de lugares assim, né? — Ele abraçou suas próprias pernas junto ao tronco e sorriu largo, figuradamente iluminando ainda mais o dia. Eu apenas fechei os olhos a fim de ouvir os sons apurados dos animais, encostando-me ao tronco da árvore na qual estávamos embaixo.
— Sim, muito. Eu amo tudo que envolva os animais. — Sorri caloroso, voltando a abrir os olhos e percebendo que ele estava bem mais perto do que se encontrava antes.
— Eu sei. — o rosado me fitou, cheio de certeza, e eu voltei a ficar intrigado.
— Sabe?
— Você sabia que os dragões eram na verdade uma espécie marítima extinta que não tem nada a ver com aqueles tipos de dragões vistos em desenhos? — Ele mudou completamente o rumo da conversa, e eu ri, esquecendo o questionamento anterior. Aquele garoto era intrigante, e eu gostava dele, embora nem ao menos soubesse o seu nome.
— Não, eu não sabia. Como você sabe? — Arrumei melhor a minha postura, demonstrando total interesse em sua conversa aleatória, então o outro virou completamente o seu corpo em direção do meu. Seus joelhos se encostaram aos meus semelhantes, e eu o sentia quente.
— Ah, é porque, além de eu ter visto em um canal qualquer no YouTube, eu também imagino algo assim, sabe, de um dragão na verdade ter sido um peixe feio e intrigante. Eu amo imaginar várias coisas, afinal. Dar nomes e mudar o conceito de todas as coisas de um modo aleatório e louco. — Ele deu de ombros, e eu sorri. O sentimento de saudade que transbordava o meu peito era angustiante agora. Seus olhos se prenderam ao meu de repente, então eu ofeguei como se um choque elétrico serpenteasse toda a minha espinha, me fazendo perder a consciência por alguns segundos. — Eu também gosto de imaginar que você está louco para me beijar agora, como eu estou.
O modo natural e direto com qual ele dizia o que pensava ou queria, me fez sorrir. E eu não me senti surpreso com a sua fala, apenas absurdamente satisfeito por saber que ele também tinha um interesse em mim, como eu estava começando a nutrir por ele.
— Isso não é apenas uma imaginação sua. — Joguei o foda-se, querendo muito que ele findasse toda a distância entre as nossas bocas, e quando isso veio a acontecer, foi melhor do que eu esperava.
Eu o puxava pela nuca, e suas mãos aquecidas estavam repousadas firmemente em meus ombros, me mantendo junto a si enquanto nossos lábios se envolvia e encontravam-se em movimentos lentos e molhados demais para que se tornasse impossível o barulhinho do ósculo não ecoar em nossos tímpanos. Eu estava ansioso, temia que ele me sentisse tremelicar entre o beijo porque era incrível o modo qual eu estava me entregado e desejando mais do seu gosto a cada vez que chupava os seus lábios entre os meus. Por isso, quando ele findou o beijo com uma mordidinha nada casta em meu lábio inferior, eu ofeguei, extasiado pela sensação deliciosa do seu beijo enquanto me mantinha com os olhos fechados, em profundo torpor.
Sentir suas carícias em meu rosto e um beijo depositado em meu pescoço me faz tremer como um bobo. Quando eu voltei a abrir os olhos, fui capaz de ver o sorriso mais lindo do mundo direcionado apenas a mim e acabei sendo incapaz de não querer mais um pouco dele.
— Eu estou muito a fim de você, garoto. — Aquela foi a primeira vez que eu deixei de agir com desinteresse e mostrei tudo o que eu queria para o agora.
(...)
— Posso te perguntar uma coisa? — Já era noite, sua cabeça repousava em meu ombro enquanto a gente jogava conversa fora e nos beijávamos — muito — eventualmente.
— Quantas você quiser. — Sua voz era tão melódica que, se ele a usasse para cantar, eu dormiria ali mesmo.
Eu brinquei um pouco com os nossos dedos entrelaçados, familiarizado com a sensação de borboletas no estômago, embora isso fosse estranho. Ele era um completo desconhecido e talvez fosse perigoso eu já estar me apegando dessa forma. Eu só entrei naquela brincadeira apenas porque me sentia revoltado sobre esse lance da Coreia idolatrar casais, não só hoje, mas praticamente todos os dias. Entretanto, veja onde estou, o beijando e agindo de fato como o seu namorado de longa data, sentindo tudo tão intensamente que eu achava ser impossível de suportar.
— Você costuma fazer listas como essas e usar com caras aleatórios todo dia dos namorados? — Indaguei, antes de ouvir sua risada gostosa.
— Não, só com caras bonitos e interessantes como você. Mas, se te acalma, você é o primeiro e único dessa minha lista de caras bonitos e interessantes. — Eu me afastei minimamente só para ver se ele estava mesmo tirando uma com a minha cara.
— Eu sou o primeiro e único? — Ele fez uma cara sapeca, então beijou a minha bochecha, a fazendo arder logo em seguida.
Era possível alguém totalmente desconhecido causar isso tão facilmente? Apenas Jeongguk, que também foi meu primeiro e ingênuo amor, me deixava tão bobo nesse nível.
— Uhm, eu preciso te falar uma verdade. — Meu cenho se franziu assim que ele fez uma carinha séria, abaixando a cabeça, me fazendo reparar que ele tinha uma cicatriz na bochecha, o que me assustou um pouco, não por ela ser um pouco visível demais, mas sim por me trazer lembranças do passado. Finalmente eu me dei conta que ele me lembrava exatamente a Gu, arteiro como sempre descendo da árvore e acidentalmente resvalando a bochecha no tronco áspero, que o rendeu uma cicatriz. Ele a odiava. — Quero dizer, algumas verdades…
— Não me diga que você, na verdade, é um ex presidiário com dezenas de mortes no currículo? Por Deus, eu não posso ter beijado um assassino. — Fiz graça, mas tremi na base quando ele não reagiu. Santo Deus, não poderia ser.
— Sua cara assustada agora foi impagável — Ele finalmente riu após um tempo, e aquilo terminou me aliviando. — mas eu não sou um assassino, então deixa eu falar o que eu tenho para dizer.
— Estou ouvindo… — Puxei uma maçã de sua mochila, e ele se ajeitou mais ao meu lado, parecendo sem jeito.
— Então, primeiro que o nome da minha lista não é “Coisas românticas para o dia dos namorados”, ela é bem mais significativa e não tem apenas a ver com metas, e sim com promessas. — Ele suspirou, então eu voltei a o olhar.
— O nome de sua lista ser diferente é um fato preocupante? — Ele resmungou, parecendo impaciente.
— Não, Park Jimin. — Se ele não era um assassino, no mínimo um serial killer ele deveria ser porque, como ele sabia o meu nome?! Eu prendi a respiração pois eu não me lembrava de o ter dito o meu nome em nenhum momento, e sua expressão séria me alertava ainda mais para o provável perigo. — É tudo sobre “Coisas românticas para fazer com Chim, o meu namorado”. Sabe, crianças bobas tendem a fazerem promessas bobas e escreverem coisas bobas. — Ele riu nasalado, e eu soltei todo o ar dos meus pulmões.
Eu o fitava estarrecido à medida que um filme passava em minha cabeça. O sentimento de familiarização, a sensação de apego, as roupas coloridas, a personalidade, a cicatriz, o modo que ele parecia me conhecer de verdade. Tudo era tão óbvio.
— O segundo é que o único apelido pelo qual que eu quero ser chamado por você é “Gu”, Chim. — Eu nem piscava, tudo tinha parado ao meu redor. Meu cérebro estava em pane, mas eu queria o abraçar com todas as minhas forças. — Terceiro é que a única coisa que eu espero que esteja em número um na minha lista agora e que você realize comigo é a meta onde existe eu e você juntos. — Por céus, ele lembrava de tudo mesmo depois de anos.
Ele ainda lembrava do “eu e você juntos”.
— Jeongguk, é você? — Eu estava atordoado, estudando todo o seu rosto e focando em seus olhos como se pudesse ver a sua alma através das íris negras. Agora tudo fazendo sentido.
— Deveria me sentir ofendido por você não ter me reconhecido durante esse tempo todo? — Questionou, sorrindo pequeno, então eu o puxei para um abraço forte. Tudo se resumia a uma saudade incontrolável.
Eu tinha beijado meu primeiro amor e melhor amigo sem ao menos ter me dado conta. O quão plot twist foi isso tudo?
— Como eu iria saber, você está completamente diferente e ainda mais lindo! — Exclamei, me afastado apenas para apertar seu rosto rechonchudo em mãos, completamente em êxtase. Aquele dia estava sendo o mais maluco e aleatório da minha vida.
— Você perdeu toda a sua pancinha charmosa, mas meus olhos de criança apaixonada ainda continuam te reconhecendo à milhas de distância. — Eu ri envergonhado, me denominando a um tapado por não ter o reconhecido antes, enquanto ele já tinha certeza que eu era o seu antigo amigo bobo de infância, o qual esteve junto a si na melhor fase de nossas vidas.
— Me desculpa!
— Tudo bem, Tudo bem! Imaginar que você está solteiro porque me esperou durante esse tempo todo me acalma o coração. — Ele jogou, me fazendo rir. Ele era uma figura, mas eu sabia que ele realmente falou convicto daquilo, embora tivesse soado como uma brincadeira.
— Talvez eu não soubesse, mas vai que no fundo sempre fosse isso mesmo. — Pisquei, parecendo o surpreender.
— Pois eu tenho certeza. Parece que o universo passou a conspirar ao nosso favor a partir do momento que eu fui aceito na maior universidade daqui. Sabe, esse lance de cumprir promessas sempre foi muito importante pra mim, até porque eu nunca fui capaz de me encantar completamente por outro alguém como sempre fui por você. — A seriedade brilhava em seu olhar, então eu me senti encarando o mesmo garotinho de dez ano que desenhava monstros frutos de sua imaginação com a maior ingenuidade do mundo. Gu continuava tão colorido quanto os seus desenhos pintados com as cores mais distintas. Ele era lindo.
— E eu que achava que se apaixonar por uma mesma pessoa por mais de uma vez não fosse possível. — O fitei profundamente, o vendo me retribuir na mesma intensidade.
— Pois, te olhando agora, eu confirmo que é possível sim. — Seu sorriso seria capaz de iluminar uma cidade inteira, se possível, e eu o beijei com o maior amor transbordando em mim, o tomando com total apego em meus braços, matando toda a saudade que pareceu abrir buraco em meu peito, mas que agora era preenchido com a presença e intensidade de Jeongguk.
Eu estava ofegante quando o ósculo se findou, então ele sorriu, sem se afastar completamente, parecendo ainda se recuperar do êxtase do beijo, me fazendo querer tirar uma foto dele daquele jeitinho, entregue às sensações que eu o causava, ainda de olhos fechados com um sorriso tímido brincando em seus lábios úmidos. Daí eu percebi que eu nunca deixei de o amar. Era o mesmo amor puro e singular de sempre.
— Mas, e aí, que tal um almocinho na casa da sua sogra amanhã? — Perguntei, como quem não quer nada, assim que ele voltou a apoiar sua cabeça em meu ombro. Mesmo que houvesse um tom de brincadeira, meu coração tamborilava ansioso no peito.
— Eu irei adorar rever minha sogra amanhã.
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