História Sobrevivendo em Hogwarts - Quarta Temporada - A porcaria da minha vida está um lixo sem você, Lizzie

A minha vida virou um inferno desde que você terminou comigo, Lizzie. Eu devia ter te escutado, devia ter desconfiado que a Dominique ia aprontar.

Eu sei o que você vai dizer. Que eu conheço Dominique como a palma da minha mão. Que eu já deveria ter imaginado do que ela era capaz. Mas eu quis dar um voto de confiança. Não porque minha mãe pediu, mas porque ela parecia estar sendo sincera. Tá, admito, 87% foi porque minha mãe pediu. OK, é oficial, eu sou um mané. Mas não te traí, tá?

As minhas férias foram um lixo. Passei todos os dias trancado no quarto, sem querer sair de casa. Meu pai até veio falar comigo preocupado.

- E aí, filhão, tá acontecendo alguma coisa?

- Nada, pai, tô bem.

- Mesmo? Tem alguma coisa que você queira me contar?

- Não. Já disse, tô bem.

- OK, Lou. Só não se esqueça que você pode contar com seu pai pra tudo, tá?

Praticamente todo mundo que eu conheço me fez essa mesma pergunta: “Tem alguma coisa que você queira me contar?”, sério, TODO MUNDO! Meu pai, minha mãe, meus avós, meus tios, Vic, Teddy, até o gato da Rosie, todo mundo me olhava com a mesma cara de pena e preocupação.

Só tinha uma pessoa que parecia muito contente em me ver triste, e eu acho que você já sabe quem é. Demonique Capetíslei (nunca fui muito fã desse apelido, mas agora acho que se encaixa perfeitamente).

- Tá gostando, né, sua safada?

- Eu? Do quê?

- De me ver assim, na pior...

- EEEEEEEEEEEEEEEUUUUUUUUUUUUUUUU????????? E por que, Louisinho, eu gostaria de ver você na pior? Logo eu, sua irmãzinha, que só quer o seu bem...

- Quem não te conhece que te compre, Dominique.

Estava sendo horrível ter que aturar aquela lá todos os dias debaixo do mesmo teto. E o pior é que toda vez que eu a confrontava, ela se esquivava de forma cínica.

- Não sei do que você tá falando, maninho...

Que raiva, velho...

Mesma coisa com a Molly, ela está me evitando desde aquele dia. Mas ela não é como a Dominique, eu sinto que a Molly se arrepende de ter feito aquilo, só precisa de um tempinho pra abrir o bico.

Falando em abrir o bico, eu acabei contando tudo pro Teddy, depois dele passar dias me interrogando.

- Olha, cara, se você não traiu mesmo a Lizzie, porque não tenta explicar tudo pra ela?

- Eu tentei, mas ela não quer me ouvir...

- Saquei. Olha, faz o seguinte: espera chegar em Hogwarts. Lá vocês terão muito tempo pra se entender.

E foi o que eu fiz. Tentei falar com ela em Hogwarts, mas fracassei. Ela ainda estava puta comigo.

Meus amigos, é claro, estavam tentando me fazer esquecê-la.

- Pô, cara, parte pra outra, tanta mina gostosa disponível!

- Aquela Heather Monroe mesmo, ela vivia te dando o maior mole ano passado... Agora é a chance!

Heather Monroe é uma garota de dezesseis anos que tem um corpaço. Mas eu não tava nem aí pra ela antes e não tô agora.

- Pode ficar pra você, Lysander.

- UUUUUUUUH, olha o cara! A mina largou ele, mas ele não consegue largar dela!

- Deve estar viciado.

- É um Lizzólatra!

- Ou doente.

- Está com Lizzite aguda!

No fundo, eles tão certos. Estou viciado de amor e doente de carência. E também crise de abstinência de seus beijos e abraços. Preciso dizer mais?

Acho que do meu grupo de amigos, James era o único que me entendia pra valer. Porque ele vivia terminando e voltando com a Mandy, fora que ele já foi vítima das armações da Dominique.

- É impressionante a capacidade que as garotas têm de duvidar do nosso amor por elas...

- Porra! Filisofou agora, hein, Jay?

- Mas não é? A Mandy levou um tempão pra me aceitar de volta, mas mesmo assim volta e meia ela vive brigando comigo de novo...

- Mas você também apronta, seu safado. Você não pegou a Dominique, mas ficou com aquela Stacey da Corvinal numa festa, e você ainda estava com a Mandy...

- Epa, aquele caso era diferente, estávamos dando um tempo!

- Mas ainda estavam namorando...

- Não exatamente, porque tínhamos dado um tempo! Você ainda é muito criança, não manja dessas coisas de namoro, então fique na sua.

James não toma jeito mesmo. Ele apronta sim, mas na maioria das vezes nem tem culpa, as garotas é que se atiram pra cima dele (como a minha irmã), pior é que ele até adora esse tipo de coisa e se gaba disso:

- Normal, mamãe passou açúcar em mim!

Mas eu não sou como James. Nunca tive olhos pra Molly, pra mim ela era como uma sombra da minha irmã, assim como a Roxy. Será que era tão difícil entender isso?

Enquanto eu não resolvia minha situação, decidi continuar com a minha vida. Fiz o teste para goleiro do time de quadribol da Lufa-Lufa e passei. Acho que foram aquelas luvas laranjas que você me deu que deram sorte. Eu fiquei tão feliz que a primeira coisa que eu pensei foi ir correndo te contar. Aí lembrei que a gente tinha terminado, isso me deixou triste.

- Pô, cara, tá chorando por quê?

- Tô chorando não, Lorcan... Isso é só um suor hétero que tá escorrendo dos meus olhos.

Eles não caíram nessa, claro.

- Tá chorando siiiiimmmm!!!

- Bebê chorããããoooo!!! – Lorcan e Lysander ficaram imitando bebês chorarem, fizeram bem feito, até porque a idade mental deles é de uma criança de dois meses.

Mas eu ainda não desisti de você, Lizzie. Naquela época, claro. E nem agora também. Bom, como eu ia dizendo, eu tentei falar com você de novo, várias vezes, mas você resolveu me ignorar. Então, mudei a abordagem. Tentei falar com os seus amigos. Comecei pelo Cameron, porque ele é homem e eu achei que ele fosse me entender melhor. No início, ele me ofendeu pra caralho, mas depois ele foi acreditando em mim. A mesma coisa com a Kendra. Ele falou com ela, conforme eu pedi, e os dois vieram me procurar um dia, após os treinos do time.

- Cameron, Kendra... E então?

- É... – pela cara do Cameron, ele tava com receio de dizer que a conversa que ele teve com você foi um desastre, mas a Kendra o interrompeu pra dizer algo que eu já esperava:

- Louis, quero que saiba que eu acredito em você, tá?

- Valeuzão, Kendra, você não sabe como é importante pra mim que os melhores amigos da Lizzie acreditem na minha história.

- E agora, qual será o próximo passo?

- Não sei, ainda não consegui falar com a Molly, ela ainda está me evitando.

- Podíamos tentar outra pessoa, quem sabe a Roxanne?

- É, né?

- Elas podem ter brigado porque a Roxanne não quis participar da armação.

A teoria da Kendra faria sentido se eu não conhecesse a minha prima. Roxy é um túmulo no que diz respeito a guardar todos os segredos da Dominique. Por mais que elas briguem, Roxy nunca foi desleal nem a entregou a ninguém, por mais recompensas que a oferecessem. Diferente da Molly, que uma vez acabou deixando escapar que Dominique tinha intencionalmente queimado o cabelo da tia Gabrielle por não ter dado o minipufe que ela pediu de presente. Mas aquilo foi quando ela tinha nove anos. Agora Molly tem dezesseis e não vai deixar uma informação tão comprometedora assim escapar facilmente. Teríamos que tentar uma nova tática.