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História Sol da Meia Noite - johnil - Escolhida


Escrita por: SafiraOpaca e SafiraZen

Notas do Autor


Oi pessoinhas ><
Acharam que fossem se livrar de mim hoje né? Shuehsue
Vou tentar continuar os dias das postagens, só o horário que vai ter que ser mais tarde do que o usual mesmo. Tomem esse restinho de treta.
Faltam um ou dois caps para finalizar a história, ainda não tenho muita certeza, e espero que vocês gostem dessa finalização. Ficou meio corrido pq aqui não é nenhum livro né sheuhsue foi proposital tentar resolver a maior parte das coisas em um cap, mas no próximo tem mais

Boa leitura, perdoem os errinhos e até as NF!

Capítulo 11 - Escolhida


Fanfic / Fanfiction Sol da Meia Noite - johnil - Escolhida

Ser o escolhido é uma honra única.

Foi o que ela cresceu escutando. Aquela simples frase teve o enorme poder de justificar a interrupção de sua infância quando os primeiros sinais de sua individualidade apareceram: a transformação completa em outra espécie.

A primeira vez foi uma simples brincadeira para mostrar para sua amiga sua nova habilidade, sorrindo juntas quando ela se transmutou em um gato. Mas os olhos atentos de sua mãe as vigiava da janela de casa, surpreendendo-se com o novo poder de sua filha. Sabia o que aquilo significava e o que deveria fazer: levá-la para os Antigos.

 Os Antigos a treinaram e moldaram sua individualidade para que pudessem usá-la a seu favor, em nome da vingança que planejavam há tantas primaveras: em nome da retomada daquele reino. Foi assim que, aos sete anos, ela se desvinculou de qualquer contato com sua família ou amigos, sendo criada pelos Antigos de forma fria e autoritária até que começasse a mostrar progressos. O objetivo era claro: ela precisava se tornar uma ômega. Apenas assim geraria o híbrido necessário para que o ritual se completasse e eles envenenassem o reino dos lobos, tornando-os fracos e vulneráveis para que pudessem tomar de volta às terras que chamavam de suas.

 Era um esforço doloroso modelar seu corpo todos os dias em uma espécie tão complexa como os lobos, com a especificidade de ser uma ômega além de tudo. Os anos tiraram dela qualquer ânsia ou sonho, vivia e respirava pelo objetivo dos feiticeiros. Era a escolhida, honraria isso.

 Viajar pelos mares imensos até aquelas terras fora uma aventura deliciosa, e fazer o futuro rei cair por seus encantos e beleza fora uma tarefa simples. Seu corpo e sua mente não lhe pertenciam, sabia disso, por isso não se importava que os usassem. Simulava os cios perfeitamente e escondia os olhos constelados com facilidade, camuflando o cheiro de maresia dos feiticeiros com o doce aroma da baunilha. Ninguém jamais desconfiaria, nada mais poderia se colocar entre os feiticeiros e sua terra de direito.

 Carregou, ansiosa, a vida de Taeil no ventre. Ele era a chave, a peça que faltava para que tivessem tudo o que precisavam para enfraquecerem os lobos e suas terras, ela estava exultante. A primeira vez que temeu foi quando Taeil abriu os olhos em sua direção e a observou com amor. Não se apegaria ao pequeno híbrido, sabia o fim que teria. Mas Taeil não. Por isso a amou da forma pura e inocente das crianças, sincero em cada sorriso e cada abraço, tornando cada vez mais turvos os princípios dela. Taeil a mudava aos poucos, mas quando o eclipse começou a se aproximar, ela foi lembrada do porque estava ali.

 Armou o sequestro dos primogênitos necessários, deixando Jungwoo para o final por saber o quanto significava para Taeil: ele caminharia sozinho para seu destino final.

E lá estava ele, lhe encarando com aqueles olhos confusos e traídos, uma tristeza e incredulidade desmedidas. Com aqueles mesmo olhos que a amaram desde o nascimento.

____

Youngho encarava a tudo em silêncio, calculando quais dos encapuzados seriam os feiticeiros já que estavam entre os primogênitos sequestrados. Os aromas doces, fortes e floridos misturavam-se com o ar carregado de maresia, fazendo sua cabeça latejar pelo esforço de concentrar-se em qual pertencia a quem. Descobrir que a rainha estava por trás dos sequestros não o assombrara tanto quanto a Taeil. Viu nos olhos dele traços das constelações que apenas os feiticeiros deveriam ter quando ele se entregou a si na floresta, juntando isso ao cheiro peculiar e à profecia que estudava com o rei nas últimas semanas, Youngho concluiu que ele era a peça que faltava para aquele ato hediondo. Esse era o motivo de não querer deixá-lo buscar Jungwoo, sabia desde o início que era uma armadilha, foi por isso também que pedira para que ele se protegesse. Se era realmente um híbrido, poderia esconder poderes que todos ali desconheciam.

– Fomos negligenciados por tanto tempo, isolados em uma ilha distante por tanto séculos que o cheiro do mar ainda está entranhado em nossa pele. – a voz que um dia fora acolhedora parecia assustadora para Taeil, que a observava se aproximar estático. Tão confuso estava que não viu a movimentação dos encapuzados por trás da mulher poucos metros a sua frente.

– Foi tudo mentira? – o sussurro do príncipe foi tão fraco que Youngho e a rainha precisaram se esforçar para entenderem. Ainda estava perdido na própria mente e confusão, na decepção de mais uma traição em tão pouco tempo, e a maior delas – Realmente devotou sua vida a esse propósito sombrio? Me criou como um animal para o abate? Fingiu me amar por tantos anos apenas para ter um pedaço de terra de volta?

A rainha não respondeu nenhum dos questionamentos de Taeil, deixou que ele tirasse as próprias conclusões quanto às suas atitudes. Mas sentiu cada uma daquelas palavras penetrarem a armadura de Escolhida que vinha vestindo, atingindo o coração materno que não escolhera ter, mas carregava no peito desde o nascimento do primogênito. Como uma maldição, lembrou-se do primeiro sorriso, dos primeiros passos dele. Balançou a cabeça e espantou as lembranças.

– Fui criada para esse propósito, Taeil. Assim como você – disse, vendo quando os olhos bondosos se encheram, sorriu amarelo – É duro aceitarmos o nosso destino, não é mesmo?

Ela tocaria o rosto dele se o alfa não houvesse se colocado no caminho. Quase rosnou pela atitude e em um gesto tão sutil que nenhum dos dois reparou, os feiticeiros retiraram o capuz e postaram-se atrás daqueles que vinham guiando pelo salão. Foi quando Taeil percebeu que eram os doze sequestrados, cada um contendo uma adaga apontada para o próprio pescoço enquanto os braços dos feiticeiros envolviam seus corpos presos por correntes de prata. Sua atenção foi tomada por um rosto apreensivo no final da fileira.

– Jungwoo. – chamou, vendo o amigo deixar uma lágrima de desespero manchar o rosto bonito, acendendo um furor desmedido em Taeil.

– A lua já se ergue do lado de fora. – a rainha continuou enquanto outros dois de seus feiticeiros carregavam uma estrutura parecida com um cálice gigante, feito das mesmas pedras negras de todo o lugar. Depositaram o estranho objeto no meio do salão e Taeil viu de canto de olho quando um dos feiticeiros empurrou o primeiro primogênito até lá – Devemos nos apressar para que tudo ocorra na hora certa.

Tudo aconteceu rápido demais. Em um levantar de dedos, os olhos de sua mãe tornaram-se em estrelas e todo o poder que Taeil pensou ter sentido provir dela quando entrara ali se concentrou na palma da mão delicada, um emaranhado de luzes verdes como uma fogueira fantasmagórica. Em mais um movimento, Taeil teve seu corpo atado ao chão pelo poder da feiticeira, tendo o plasma verde rodeando seu pescoço, pulsos e tornozelos. Quanto mais se mexia, mais apertavam. Mas não foi isso que o fez estupefato ou amedrontado, que fez seu peito arder e ele sentir seu próprio poder queimar em suas veias. O que despertou a segunda metade de Taeil que ele ainda não conhecia e, ao mesmo tempo, paralisou seu corpo em choque foi ver o feiticeiro empurrar o primogênito da família Park até a borda do objeto enegrecido, encurvando-o até que o peito do beta batesse na extremidade da estrutura e, em um movimento rápido e preciso, cortou sua garganta com a adaga. O fio vermelho pingando no interior do receptáculo fez os lábios de Taeil se separarem em espanto, sentindo seu estômago afundar ao ver os olhos desesperados do beta perderem o brilho enquanto seu corpo desfalecia. Percebeu que aquilo se sucederia com todos os outros lobos dali, lobos que avistava do comércio da cidade, lobos que eram seus amigos, lobos que nem mesmo conhecia, mas eram seu povo. Taeil reuniu todo o ar de seu pulmão para gritar com força.

– NÃO! – e a voz retumbava pelas paredes enquanto o ar não acabava. As veias saltavam na pele delicada e mais uma vez seu olho direito transmutou-se em estrelas.

O grito não findava e parecia estremecer as paredes da caverna, até que repararam que as rochas realmente tremiam. A energia provinda de Taeil foi o suficiente para arrepiar até Youngho, que o olhava com certo espanto. Os fios levantavam-se enquanto as veias saltadas tomavam a tonalidade azul, como se o poder fluísse por seu corpo até sair pela ponta de seus dedos, fazendo o chão rachar em centenas de pedaços e derrubando a maioria das pessoas que ocupavam o recinto. Foi quando o mundo pareceu sair de órbita, com Taeil desabando sobre os joelhos pelo esforço e Youngho saltando na direção dos feiticeiros em sua forma lupina, desviando das rajadas verdes que vinham em sua direção e abocanhando tornozelos, costas ou qualquer músculo que via à sua frente.

Taeil tinha um zumbido incômodo estourando em seu cérebro, fazendo as imagens borrarem e ele não entender bem o que estava acontecendo. Tinha consciência de que Youngho lutava sozinho contra diversos feiticeiros e que deveria ajudá-lo já que a prata das correntes dos outros lobos os impediria de se transformarem. Também tinha a imagem vívida do rosto de Jungwoo lhe implorando por ajuda, imagem que se misturava com o rosto em lágrimas de Yukhei suplicando para que o levasse de volta. Pensando nisso, ergueu o rosto, a impressão de que sua cabeça pesava como uma bigorna e que o mundo rodava tornando difícil até mesmo respirar. Ainda não se acostumara com aquele poder correndo em suas veias.

Sua mãe tentava controlar o caos, ordenando que os feiticeiros continuassem levando os primogênitos até o receptáculo, tendo as ações frustradas pelos ataques de Youngho. Ele parecia tão cansado, Taeil pôde ver a respiração ofegante e os movimentos mais lentos, eram muitos contra apenas um. Viu quando sua mãe franziu a sobrancelha, irritada com a interrupção de seus planos, e com apenas um movimento, lançou Youngho contra a parede escura, acertando a rajada esverdeada no estômago do lobo que caiu inerte no chão.

O príncipe sentiu que o mundo inteiro ficava em silêncio de uma só vez, a visão focou-se nos dedos da rainha ainda erguidos pelo ataque e sua mente clareou como seu houvesse destrancado uma porta. A simples imagem de Youngho jogado contra o chão fora o suficiente para que ele se colocasse em pé novamente, sentindo o poder fluir com pressão por seu corpo e sair mais uma vez pela ponta de seus dedos, estilhaçando as amarras que sua mãe o colocara. Com apenas um movimento do braço direito, derrubou todos os feiticeiros que ainda seguravam os primogênitos, como se uma cortina de fumaça azul os empurrasse para trás. Apressado, aproximou-se deles, tocando corrente por corrente para libertá-los, mas antes que chegasse a Jungwoo, sentiu seu corpo ser erguido e sabia que sua mãe agia novamente. O plasma de poder verde apertava suas costelas e imobilizava seu corpo. Deveria agir rápido, antes que os feiticeiros que derrubara se erguessem novamente, mas sua mãe não era qualquer uma. Era a Escolhida e Taeil podia sentir o que aquilo significava quando as amarras o espremeram ainda mais. O ar não entrava em seus pulmões e a mente não focava para que ele utilizasse de seus poderes.

– Você não entende. – era a voz dela, parecia carregada de mágoa, mesmo que Taeil não a visse posicionada à suas costas – Não entende que é necessário. Nós precisamos disso.

Nós, ela se referia aos feiticeiros, aquele era o povo dela. Ela acreditava no ideal pelo qual lutava, mas aquilo significaria envenenar o povo de Taeil e permitir que fossem subjugados pela magia, e isso ele não poderia permitir.

– Deve haver outro jeito. – tentou se pronunciar, afligindo-se quando viu os feiticeiros se erguerem novamente, tentando encurralar os lobos que Taeil conseguira soltar – Um sem tantas mortes.

– Eu queria que houvesse. – e a forma como a voz dela tremeu ao pronunciar aquilo fez Taeil acreditar que ela realmente queria – Mas não há. Os feiticeiros...

 Ela pretendia dizer que os feiticeiros deveriam ter uma chance de se reerguerem, que tinham o direito de viver em boas terras também e que tirariam tudo dos lobos se fosse o necessário para que dominassem novamente. Mas não concluiu a frase, pois o barulho ensurdecedor de patas pesadas contra o solo chamou a atenção de todos no salão. Em segundos, uma alcateia tomou o espaço da caverna, parando a alguns metros da entrada para entenderem o que acontecia. Precisaram de tempo para enxergarem que a rainha era o alvo que teriam que abater e ninguém teria coragem para aquilo, nem mesmo o gigante lobo cinza que Taeil sabia ser seu pai e rei. O caos se espalhou mais uma vez, feiticeiros e lobos se atracavam e Taeil sentia que sua mãe não prestava mais atenção na magia que envolvia seu corpo. Com um grunhir, conseguiu se livrar do aperto em suas costelas mais uma vez, utilizando de sua metade feiticeiro para quebrar a magia da mãe. Viu um lobo caramelo se aproximar, Jungwoo havia sido libertado afinal. Mas ainda havia muito o que fazer.

As rajadas verdes acertavam troncos peludos e presas afiadas fincavam-se contra musculaturas jovens. Taeil ponderou transformar-se, mas percebeu que não conseguiria atacá-los. Por mais que fossem os responsáveis pelos sequestros em seu reino, ver que todos regulavam idade consigo ou eram ainda mais novos o fez hesitar. Uma parte sua tinha ciência de que, de certa forma, aquele povo era seu também. Não sabia o que fazer e foi em meio a essa indecisão que viu a tragédia acontecer.

Um dos jovens feiticeiros tentava espantar os lobos com os movimentos elegantes de sua mão por onde irradiava o característico poder verde, mas não tinha experiência o suficiente para saber o que fazer quando um deles pulou em sua direção. Rápida como uma flecha, a rainha se colocou entre o jovem feiticeiro e a bocarra do lobo, fechando os olhos quando a mandíbula travou-se em seu ombro e pescoço. A caverna pareceu gritar oco e seco quando o corpo da rainha pendeu ao chão e todas as lutas cessaram; o único que se movia era Taeil, que corria cego em direção à mãe. Ela ainda respirava fracamente quando a ajeitou em seus braços e percebeu que chorava quando a lágrima salgada depositou-se na fronte dela. Observou os lábios rubros tremerem enquanto ela erguia a mão para o seu rosto, manchando-o de sangue.

– Meu príncipe – sussurrou – Deixe que saibam que morri como uma feiticeira.

Taeil queria dizer-lhe para ficar, para ser forte e suportar, mas os soluços travaram sua garganta enquanto observava os olhos castanhos virarem constelações pela última vez enquanto sua mãe deixava escapar o último suspiro. Quando a mão pendeu de seu rosto e Taeil apertou o corpo imóvel contra os braços, havia apenas ódio em seu coração. Ódio dos feiticeiros por terem roubado a vida de sua mãe por objetivos tão supérfluos, ódio dos lobos por terem trancafiado um povo de forma tão cruel que eles devotavam a própria vida em nome de uma vingança. Ódio de sua mãe, por deixá-lo de forma tão egoísta em nome de uma luta que não deveria ser apenas dela. Era a isso que Taeil se resumia naquele momento: ódio e o mais agudo e intenso luto.

 


Notas Finais


É isso, galeris!
Altas tretas rolando e mais algumas que ainda precisam ser resolvidas, mas seguimos shuehsue

Obrigada por lerem até aqui e até o próximo ~
XOXO

Obs.: Fotinha da Tzuyu para vocês verem como imaginei a rainha desde o início ^^


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