História Solangelo - Paraíso de Verão - Frango frito

Nico on

Precisava calar a boca dele. Amigos? Esquecer tudo aquilo? O que diabos ele estava falando? Essa era uma característica do Will que eu achava insuportável: tirar conclusões precipitadas antes da hora.

Eu tinha planejado tudo: iria me desculpar por ter sido um covarde na noite em que ele se declarou para mim e em seguida ia falar tudo o que sentia.

Se eu já gostava do Will antes daquele dia? Seria mais fácil responder quando eu não havia me apaixonado por ele? Era meio estranho imaginar um filho de Hades com um de Apolo juntos, mas a minha vida já era cheia de ironias então, que mal faria mais uma?

Will sempre foi um mistério para mim. Ele ria de tudo, fazia palhaçadas constantemente e sempre sabia ficar quieto quando era para me ouvir, além também da sua forma persistente em manter contato comigo. Nunca me olhou com desprezo ou medo, nem mesmo quando apareci naquele estado deplorável após a guerra contra Gaia.

A primeira coisa que me lembro quando abri meus olhos na enfermaria foi de ter paralisado ao ver o filho de Apolo na minha frente me examinando. Que permissão ele tinha de fazer aquilo? Abusado.

Meu corpo arrepiava quando recebia cada toque dele... Era suave e firme ao mesmo tempo. Tomava cuidado em cada parte que me tocava e sempre se certificava se eu continuava desacordado.

Confesso que no primeiro toque eu fechei meus olhos fingindo estar dormindo, sabia que se acordasse ele iria parar e definitivamente não queria que ele parasse.

Só depois de três dias pude perceber que estava gostando dele.

O beijo Nico, se concentre no beijo.

Se eu já tinha beijado alguma vez? Confesso que sim. Em algumas das minhas viagens conheci alguns caras e pude experimentar o que era beijar alguém.

Nenhum naqueles beijos se comparava a esse.

Will on

Nico intensificou o beijo pedindo passagem para a língua dele e permiti, agora nossos lábios se movimentavam mais rápido e com mais amor.

Deuses como era bom aquilo. Beijar aquele filho das sombras se tornou viciante.

Involuntariamente ou não direcionei minhas mãos a sua nuca aproximando mais seu rosto do meu e deixando o beijo mais intenso. Em resposta, Nico agora envolvia um de seus braços na minha cintura e a mão do outro braço em meus cabelos.

Era impressão minha ou estava ficando mais quente que o normal?

Logo nossos corpos pediram por ar e tivemos que nos afastar:

- Uoooooou, o que houve aqui? – Olhava para Nico agora tentando recuperar meu fôlego e a razão.

- Will...

– Eu realmente não estou entendendo mais nada. Você foi embora, eu achava que isso não ia acontecer, aí você volta e acontece. Cara, isso está confuso.

- Will, Cala a boca. Vou ter que te beijar de novo? – ele dizia sorrindo da situação.

Sorri em resposta. Ah eu queria aquele beijo de novo. Controle-se.

- Me explica o que foi que aconteceu então. – eu precisava saber a razão daquilo tudo. Era pena ou não?

- Eu te beijei, oras.

Simples e direto. Típico dele.

- E então eu posso concluir que...? – que merda estava acontecendo ali?

- Will, eu gosto de você. Desculpa ter demorado em te falar isso... Eu não sabia como contar isso. É muito confuso. – sim eu sei que era. – O fato que eu te amo raio de Sol.

Ver o rosto do Nico corar com certeza iria entrar na minha lista de maravilhas do mundo:

- Espera... Você gosta de mim. Você gosta de mim?! Deuses isso é verdade? – parecia uma criança que acabara de receber um doce.

- Não seja bobo, é claro que é verdade. Não beijaria alguém assim se não gostasse dela.

Ok... Ok. Ele gostava de mim.

Apolo eu juro que irei beijar seus pés e fazer as melhores oferendas a você, e Afrodite linda deusa, prometo não zoar mais suas filhas e beijarei teus pés também.

- Então o que a gente faz agora? – eu odiava o quão bobo estava sendo, me dêem um desconto.

- Não é meio óbvio? – ele me fitava agora com um olhar de desejo e esperando alguma reação minha, foi então que entendi o que tinha que fazer.

-Ah tá...  Nico Di Angelo, você aceita namorar comigo?- Aquelas palavras saíram da minha boca sem antes mesmo de eu perceber.

- Não.

Estremeci ao ouvir aquelas palavras. Chega de surpresas, por favor. Eu disse algo errado?

Ele se aproximou de mim naquele momento e me beijou novamente.

Existia pessoa mais bipolar que ele? Com certeza não queria conhecer.

Nossos lábios se afastaram novamente antes que ficássemos sem ar:

- É claro que eu aceito Solace. – dizia sorrindo. As suas palavras saíram baixas, mas não precisava que o tom fosse maior. Eu era o único que deveria ouvir aquelas palavras.

Nossas testas ainda estavam grudadas uma na outra em decorrência que não queríamos mais nos afastar. Uma de minhas mãos estava agora em seu rosto para eu poder acariciá-lo. Seus olhos fecharam para que aquele momento pudesse ser apreciado até nos mínimos detalhes.

Após alguns minutos nos olhamos novamente e mais uma vez nos beijamos. Agora era um beijo mais lento, cheio de ternura e paixão.

Nosso beijo foi interrompido pela maré que agora estava molhando os nossos pés... Estávamos muito longe dela, como agora podíamos senti-la?

Percy... Ele deveria estar em algum lugar escondido junto com Annabeth observando tudo. Privacidade? No acampamento jamais.

Reconsiderei que meu violão havia molhado e que agora meus pés também. Essa cena está maravilhosa.

- Apenas vamos ignorá-los certo?- Nico dizia entre seu sorriso.

- Farei isso com o maior prazer. – Beijei-o novamente naquela mesma intensidade de antes.

Poderia ficar naquela posição por horas, dias, meses e até anos. Saborear os lábios do Nico era sem dúvida a melhor coisa desse mundo.

O que aprendi naquela noite? Filhos de Hades são bipolares. Nunca conte ou deixe transparecer seus sentimentos para um filho de Poseidon, mas se mesmo assim ele descobrir deixe seu violão em casa. O céu sem o Sol poderia sim ser bonito. Beijar é tão bom que me lembrava frango frito. E por fim, eu percebi que amava Nico Di Angelo mais do que deveria ou era possível.