História Soldiers - Um passos para trás

- Chanyeol! - o chamei pela décima vez e fui completamente ignorado. O seu corpo grande atravessou a porta e eu suspirei.

Sentia vontade de chorar, gritar, enche-lo de tapas, para então beija-lo e dizer os "eu te amo".

Mas dessa vez não era apenas uma briga boba que costumávamos ter por causa de uma toalha molhada na cama ou por causa das meias jogadas pela sala.

Me sentei no sofá ao me sentir tonto e não segurei as lágrimas que persistia em cair dos meus olhos. Joguei minha cabeça para trás e suspirei trêmulo.

Isso tudo é culpa daquele maldito Sehun. Estávamos bem até ele voltar, e voltar a fazer o vendaval que fez na vida do meu marido anos atrás.

- Merda, merda, merda! - praguejei ao sentir mais um enjôo. Eu não posso ter engravidado agora. Não com o meu casamento por um fio.

Olhei às horas no relógio e eu tinha que ir para a escola dá aula para as crianças do primário. Não queria ir e nem me sentia disposto.

Essa merda toda não deveria tá acontecendo. Se não fosse esse meu ciúmes doentio - segundo Chanyeol - estaríamos bem e conversando sobre aonde passaríamos o nosso quinto aniversário de casamento.

Eu sentia cada vez esfriar mais. Parecia que estávamos no inverno, mesmo sendo verão.

- Está chegando? - sorri triste com a empolgação do Baekhyun do outro lado da linha.

- Eu nem sei se vou, não estou me sentindo bem... - apertei meus olhos ao ver tudo girando.

- Você já fez o teste? - eu podia imaginar a cara do meu amigo preocupada roendo as unhas.

- Não... E nem sei se quero. Tudo tá uma merda desde a volta do Sehun.

Desabafei mais uma vez, algo que Baekhyun já sabia.

- Eu realmente não sei como ajudar Kyung. Já tentou conversar com o Chanyeol?

Mordi meu lábio inferior e joguei a cabeça para trás cansado. Conversar com Chanyeol era o que eu mais tentava fazer, mas tudo que saia por aquela boca que amo beijar era que sou louco.

- Já. E como sempre, eu sou o louco da estória. - ri sem humor e me levantei do sofá. - Daqui a pouco estou aí.

Encerrei a chamada e fui para o meu quarto terminar de me arrumar. Olhei para a cama de casal e o lado em que Chanyeol dormia, estava perfeitamente arrumada.

Me pergunto até quando vamos continuar assim. Meu peito se apertou ao cogitar a hipótese de que Chanyeol esteja me traindo e droga. Ele não pode fazer isso comigo!

Abri meu guarda roupa e vesti uma blusa social azul bebê e peguei meus documentos junto com as chaves.

Olhei às horas no relógio pendurado pendurado na parede no final do corredor e arrumei meus ombros.

Hora de sorrir para minhas crianças.

Tranquei a casa e peguei meu carro. O trânsito estava horrível e já perdi a esperança de que só atrasaria dez minutinhos.

Olhei para a janela do carro e vi o outdoor com a propaganda do exército.

Meu peito se apertou e meus olhos rapidamente embaçaram.  Chanyeol não voltaria para casa hoje, nem amanhã e nem depois. Só depois de uma missão do exército.

Toda vez que ele ia para as missões eu sentia meu peito apertar e não dormia às noites em que ele não estava ao meu lado.

Além da preocupação, a cama parecia duplicar de tamanho  e a casa ficava tão silenciosa sem Chanyeol praguejando por ter acertado o mindinho no sofá, ou em outro qualquer móvel pela casa.

Estacionei o carro no estacionamento da escolinha para crianças e peguei meus materiais. A aula ocorreu bem como sempre e aquelas criaturinhas conseguiram arrancar sorrisos e suspiros de mim.

- Então, você quer companhia? - indagou Baekhyun ao parar do meu lado. Olhei para o loiro e essa criatura é linda. Pena que não presta.

- Eu não sei se vou, estou com medo. - apoiei minha cabeça no ombro do meu amigo e ele suspirou.

- Fugir não vai adiar o que você já sabe. Você só vai fazer o teste para ter a certeza de que você sabe muito bem que está esperando um filho daquele porte.

Sorri minimamente. A ideia de ter um filho é maravilhosa, e seria mais ainda se eu e Chanyeol estivéssemos bem.

- Eu sei. Só não sei bem o que fazer. E seria teste de farmácia? Não confio muito neles.

- Então vamos marcar uma consulta e iremos juntos. Tem que ser essa semana mesmo já que o projeto de Dumbo estará fora.

Concordei e fomos almoçar juntos no restaurante que tinha na esquina de baixo perto da escola.

- Você acredita? - Baekhyun parecia não acreditar ainda no que havia acabado de dizer.

- Qual é, ele te chamou para sair e eu sei que você gosta dele. - tomei um gole do meu suco de laranja e voltei a levar a comida para minha boca.

- Eu sei, é que ele é o Zhang Yixing, lembra? Aquele que era um babaca na faculdade!

O loiro parecia irredutível com a possibilidade do chinês babaca da faculdade o ter chamado para sair.

- Lembro, também lembro que vocês se pegaram naquela festa quando os calouros entraram na faculdade.

O lembrei e a tonalidade do rosto do meu amigo mudou para uma avermelhada.

- Vamos ser francos Baek, você gosta dele e ele de você. E vocês tem um rolo há quanto tempo?

- Desde aquela festa dos calouros.

- Então por que isso agora?

- Medo tá legal? É medo de me machucar. Quando a gente estávamos bem na faculdade, ele resolveu bancar o babaca e me magoou. Não quero me magoar de novo.

- Só dê uma chance. Se não dê certo, nós comemos um bote de sorvete, chocolate e mais algumas besteira juntos assistindo algum filme onde a personagem principal não fica com o cara que ela amava.

- Você é o melhor. - o loiro sorriu e apertou minha mão que segurava a faca. - Chanyeol te mandou mensagem?

Encolhi meus ombros com a pergunta e neguei.

- Eu já não sei mais... Me pergunto se ele anda me traindo. Ele tá tão diferente Baek. - me lamentei.

- Ele não é louco!

Resolvemos mudar de assunto enquanto almoçamos e o loiro tinha cada ideia maluca e já havia afirmado que seria o padrinho do bebê.

Depois de um dia longo de trabalho, encarei meu celular e não tinha nenhuma mensagem do Chanyeol.

Boa noite.

Enviei a mensagem e fui tomar um banho. A consulta consegui marcar para amanhã e eu estava mais nervoso do que nunca.

Silenciosamente, sempre imaginei esse momento. Só que nele, Chanyeol estaria comigo, segurando minha mão quando iríamos receber a notícia de que seríamos pais.