História Soldiers - Ruir

Chanyeol não havia vindo atrás de mim, e por um momento, queria que ele tivesse vindo.

Também queria, que a merda da cena que se repete diversas vezes em minha cabeça, fosse apenas um sonho ruim. E eu sabia que não era.

Suspirei pesado e olhei para as malas de Chanyeol que eu havia feito enquanto chorava como um idiota por ser traído.

Coloquei tudo, e quando digo tudo, isso inclui a aliança e a primeira ecografia do nosso filho.

Suspirei pesado e olhei as horas no celular, era segunda e eu tinha que me arrumar para ir para a escola. Mas eu não queria, queria simplesmente ficar deitado e ignorar o mundo.

Tomei um banho frio para afastar esses sentimentos de impotência, mágoa, ressentimento, raiva e dor.

Tudo está uma completa bagunça dentro de mim, e eu não sei o que fazer.

Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, eu havia destrancado a porta do quarto, e Chanyeol estava nele, olhando suas malas.

Tentei não me importar, mas foi difícil ser indiferente com ele. Queria novamente, chorar, esmurra-lo e perguntar o famoso "por que?" Mas não fiz isso.

Caminhei até a cama, onde deixei minhas peças de roupas separadas e comecei a me arrumar.

Me sequei, passei hidratante no corpo e por fim, vesti minhas roupas. Tudo diante dos olhos de Chanyeol.

E ele ficou calado esse tempo todo. Queria poder ouvir sua voz rouca, pelo menos para inventar a desculpa esfarrapada "não é isso que você está pensando", mas não pensei, eu vi.

Vi ele fodendo Sehun no nosso sofá! Nosso... Não existe mais nosso, será que alguma vez existiu?

Droga, estou parecendo um adolescente instável quando é magoado pelo o primeiro amor.

Arrumei meu cabelo, e passei perfume por fim. Estava pronto, agora, só tinha que tomar o café da manhã e tomar as vitaminas.

Passei por Chanyeol, e ele segurou o meu pulso, não tive coragem de olha-lo nos olhos.

Meus olhos arderam, e eu me soltei de Chanyeol, fui para a cozinha e comi o que consegui silenciosamente, tomei minhas vitaminas e segui para a porta da sala, mas antes, olhei para Chanyeol que estava parado no meio da sala, não quis descrever desolado, porque ele não tem esse direito.

- Quero você fora da minha casa antes de eu chegar.

Agradeci por minha voz ter saído firme e fui para o meu carro. Quando entrei nele, finalmente deixei minhas lágrimas caírem. Essa merda de dor, está me corroendo.

Olhei para a janela, e Chanyeol me olhava. Crispei meus lábios e sequei as lágrimas e liguei o veículo, indo para a escola.

O dia passou lentamente junto com os enjoos. Nunca pensei, que gravidez poderia deixar alguém fraco.

Estava colocando o que restava dentro do vaso, quando escutei a voz do Baekhyun. Ainda estamos na escola.

- Você não me contou o que aconteceu.

Dei descarga no vaso, e lavei minha boca na pia. Eu estava horrível, mas o meu coração, estava pior.

- Só peguei o Chanyeol e Sehun transando no meu sofá.

Fiz pouco caso com aquilo. Dói como o inferno falar essa frase... Só queria que essa merda de dor, fosse embora rápido.

- Cretino. - Baekhyun me abraçou por trás e novamente, mais uma vez naquele dia chorei. E pergunto que merda eu estava fazendo por sofrer por alguém que não me deu valor.

Devo ser algum tipo de masoquista, porque mesmo doendo, ainda amo aquele idiota traidor!

Senti raiva de mim por isso, raiva por lembrar dos nossos momentos juntos, de quando transávamos até o dia amanhecer e no outro dia, trabalhar cansados.

Sequei minhas lágrimas e lavei meu rosto ao me afastar dos braços quentes de Baekhyun.

- E o que você fez? Contou que estava grávido?

- Coloquei minha aliança dentro da mala dele que eu arrumei, junto com a ecografia.

Saímos do banheiro em silêncio. Minha cabeça gritava e eu realmente esperava que Chanyeol tivesse ido embora antes de eu chegar em casa.

Me despedi de Baekhyun e fui para o carro, chegando em casa, tudo estava em um completo silêncio e isso me sufocou.

Joguei as chaves no sofá e iria sentar ali, mas lembrei. Lembrei que foi ali, que o que restou do nosso casamento, desmoronou naquele lugar.

Folguei minha camisa social azul, indo para o quarto e quando entrei, meu coração falhou uma batida, minhas pernas ficaram bambas e meus olhos capturaram Chanyeol.

Os meus pulmões imploraram por ar, e eu puxei uma lufada forte, que ardeu. Fiquei em dúvida do que fazer, tratar com indiferença, ou menospreza-lo?

Entrei no quarto e deixei minha mochila na cama. Percebi que a mala de Chanyeol estava aberta e ele tinha em mãos, duas coisas.

- Quando iria me contar? - a voz rouca, soou pelo cômodo e eu amaldiçoei por ter um feito tão grande sob mim.

- Quando você chegasse de viagem, queria fazer uma surpresa, mas quem teve, foi eu.

Tirei meus sapatos, blusa e calça para vestir roupas confortáveis e fui para a cozinha, fazer o meu jantar.

- E mesmo assim, vai me largar?

Respirei fundo, para não pegar a tábua de carne e atacar em Chanyeol.

- Te largar? - sorri amargo e neguei com a cabeça. - O único que me largou, foi você Chanyeol.

Olhei nos olhos do meu - ainda - marido e eu não consegui decifrar, o que eles queriam transmitir.

- Você sabe muito bem que não foi eu! - ele elevou a voz e eu me irritei.

- E foi eu? - ri, o deboche e a amargura mesclando em minha risada sem vida. - Não me lembro de você ter me pego transando com meu ex-namorado no sofá da sala.

Chanyeol se calou por bons minutos, até pensei que ele iria embora depois dessa, mas o filho da mãe fazia eu duvidar das minhas certezas.

- Pelo menos foi o meu ex, não foi com um qualquer que eu... - não sei como cheguei tão rápido em Chanyeol, mas o calei com um tapa na cara.

- Não ouse falar isso! Você sabe muito bem que nunca, nunca em minha vida te traí!

Me vi nervoso e comecei a tremer. Minha pressão do nada, pareceu cair e eu respirei fundo tentando me acalmar.

- Você sabe muito bem que foi ele que me agarrou a força, você viu! E eu não permiti que ele tocasse aqueles lábios imundos em mim!

Gritei e Chanyeol viu que eu estava ficando mais do que alterado. Também não tinha como, ele veio jogar algo na minha cara, algo que não fiz e ele sabe muito bem disso.

- E antes de falar asneiras, veja bem quem errou.

Saí da cozinha as pressas, precisava sair de perto de Chanyeol, precisava esquecer ele.

Preciso que as paredes, parem de ruir, preciso que o chão pare de desabar e preciso diante tudo isso, superar.