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História Soledad - Translúcido


Escrita por: Yarv

Notas do Autor


E cá estou, como combinado! Espero que tenham sentido minha falta e ficado com gostinho de "quero mais"!

Eu disse a mim mesma que se tivesse pelo menos um favorito nessa fic iria continuar! Então, obrigada a você que não me deixou falando sozinha ^-^

Aproveitem e obrigada por voltarem, de coração! ♡

BJokas e ótima leitura! ♡

Capítulo 2 - Translúcido


Dona Carmem adorava conversar durante as sessões de quimioterapia. As gotas das drogas se transformavam em lágrimas ou risos, dependendo do dia.

Foi breve em lhe perguntar sobre Cinco. Roma cruzou as pernas, nervosa.

— Ele está bem.

A senhora pegou em suas mãos, de um jeito que iria parecer mal educado se não a olhasse nos olhos.

— Não precisa temê-lo. Meu neto jamais machucaria você.

Quis contestá-la. Dizer que aquilo era uma grande mentira. Cinco jamais teria lembrado de sua existência, até o dia que decidiu visitá-lo. Como poderia julgar que não a mataria, se ao menos não lhe reconhecesse?

Mas algo dentro de si, algo estranho e perturbador, a manteve calada. E acreditou nas palavras de dona Carmem, acreditou no neto que ela tanto amava. Havia algo de importante, verdadeiro, irrefreável...

Roma não lhe deu resposta. Apenas breves tapinhas na mão.




Ele não sabia que a avó enfrentava um câncer severo no estômago. Não sabia que já havia alcançado os rins, e seguia seu caminho para o esôfago. Não sabia que, todos os dias, quando despertavam, ela e Roma se preparavam para a tão temida palavra: "metástase". Cinco não sabia de nada...

A própria avó pediu que não lhe contasse. Acreditava na sanidade do neto, mas não poderia garanti-la caso ele descobrisse que sua vida era uma curta e fina linha, pendulando naquela realidade hostil.

Seguiram a rotina: ao chegar do hospital, tiraram os sapatos. Colocaram as roupas na máquina para lavar, e coaram o café. Conversaram um pouco e os olhos de dona Carmem começaram a pesar.

Roma a levou para a cama. Beijou o topo de sua cabeça e ligou para os pais.

O namorado da mãe, Fred, seu único e verdadeiro pai, quem atendera. Ela havia ido ao mercado, mas vê-lo radiante só em ouvir a sua voz já era o suficiente. Estavam com saudades. Nestes dois últimos anos, jamais conseguiram compreender o porquê da filha ter largado tudo (pouco) para cuidar de uma idosa "desconhecida" numa cidade pequena e vizinha.

Roma não lhes havia dito. Que ainda não sabia o que queria e tinha medo de dizer que, talvez, o que quisesse, fosse simples demais.

Por isso fugiu. Como sempre fazia.

Não negou o pedido de ajuda de dona Carmem. Era só uma temporada, mas não se importou de ficar mais...

Um dia teria de encontrar a si mesma.

Um dia. Mas não agora. Não hoje.




Na segunda visita ele se negou a responder ou comentar qualquer coisa que dissesse.

Na terceira, foi sem o pedido de dona Carmem.

Na quarta, Cinco gritou para que sumisse e nunca mais aparecesse.

Na quinta, ele se negou a descer do quarto, deixando-a sozinha na sala de visitas.

Na sexta, aceitou o café da diretora e descobriu seu nome: Marília.

— Está tudo bem em desistir — comentou ela certa tarde, a xícara costumeira de café na mão. — Você fez todo o possível. Foi mais longe do que qualquer um de nós.

Ela lhe deu tapinhas. E lhe deixou.

Roma queria chorar. E desistir. Mas não teve forças para fazer nenhuma das duas coisas.

Ao invés disso, sentou-se no banco enferrujado, olhando os tênis surrados.

Estava fazendo aquilo por dona Carmem... Não era?

O ranger de um carrinho de limpeza interrompeu os pensamentos, mas ela não levantou os olhos. Alguém parou ao seu lado e ascendeu um cigarro.

Então, repentinamente, uma voz ecoou alto o suficiente para que apenas ela pudesse ouvir:

— Ele jamais dispensa uma partida de xadrez.

Roma levantou os olhos, surpresa. Mas a mulher já seguia seu caminho, o carrinho rangendo, e o boné cobrindo a cabeça na roupa folgada de faxineira.


Notas Finais


Logo logo vocês vão descobrir que eu adoro um suspense! XD Fiquem à vontade para deixar suas opiniões! Vou amar ler cada uma delas ♡

Até quinta que vem, mozamores! BJão! ♡


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