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História Sombras do passado - Capítulo VII


Escrita por: CarolMillsHood

Notas do Autor


Olá leitoras queridas 🏹👑

Sim, eu sei que vocês estão mega ansiosas para o beijo, eu também estou, mas algumas coisinhas ainda precisam acontecer então eu peço paciência com a minha pessoa e com a Regina kkkkkkkkkk Lembrem-se que no missing year ela ainda era muito fechada, sozinha e que só sabia vivenciar a perda das coisas, então nosso amado Robin precisa chegar à esse coração machucado com muito cuidado e delicadeza. Um pouquinho mais de calma e tudo vai ficar do jeito que a gente gosta e ama ler, eu prometo!
Obrigada pelos feedbacks incríveis do último capítulo, espero que este também agrade vocês. Boa leitura!

Um suave bater de asas.
Carol Mills Hood 🍎

Capítulo 7 - Capítulo VII


Fanfic / Fanfiction Sombras do passado - Capítulo VII

"Quase nos inspiram o desejo de pecar, os mil e um cuidados para o evitar"

 Molière

Eu me importo com você.

Regina já havia lido aquele bilhete numa quantidade impossível de ser contabilizada. Assim que abriu os olhos ela se deparou com um ramo de margaridas no travesseiro ao seu lado, junto com sua foto com Henry e o bilhete, que ela não conseguia se impedir de ler outra vez. A princípio ela pensou que estava ali por engano, mas ao se lembrar do olhar dele para ela na macieira, enquanto segurava seu rosto e pedia para que ela o deixasse conhecê-la, ela soube que não adiantava mais mentir para si mesma e fingir que não havia nada acontecendo entre eles. Ele deixou claro que estava desenvolvendo sentimentos por ela e como isso pôde acontecer era algo impossível de ser compreendido por ela. É claro que ela se lembra de cada joguinho de palavras, da tensão sexual de cada aproximação perigosa, o desejo reprimido e o principal: ela sente o mesmo, muito mais do que já sentiu com qualquer outra pessoa. Está desenvolvendo sentimentos por ele e não adianta mais ficar negando para si mesma. Faz pouco mais de dois meses que ela tenta, sem sucesso, expulsar o que quer que seja relacionado à ele de sua mente e coração, ou controlar cada desejo que apenas a presença dele lhe causa, e a verdade é que ela não sabe quanto tempo mais poderá suportar caso ele continue a insistir. As vontades estão se manifestando cada dia mais e não são apenas carnais, o que torna tudo muito mais difícil. O tamanho daquela constatação lhe assustava pois, somente por aquele bilhete, seus batimentos cardíacos estavam nas alturas. Ela leva o pequeno pedaço de papel até a altura de seu coração e o pressiona ali, fechando seus olhos e se permitindo sentir, já que estava longe do olhar de todos. Ele não sabe o quanto aquelas simples palavras poderiam mexer com ela e suas emoções. Ele disse que se importa e Regina não se lembra de alguém que tenha dito isso para ela de forma verdadeira alguma vez em sua vida. Ela não sabe explicar o por quê, mas ela sabe que tudo que ele expõe dele para ela, é verdadeiro. A Rainha coloca as flores em um vaso em sua penteadeira, parando um pouco para admirá-las. Ela ama margaridas e agora elas passaram a ser ainda mais especiais. Ela guarda o bilhete juntamente com a foto de Henry antes de ir fazer sua higiene matinal, se permitindo passar um tempo maior no banho pensando em como deveria agir em relação à isso. Começa a considerar os prós e contras de se permitir sentir, mas logo seu lado inseguro à leva direto para o canto obscuro de sua alma, aquele lugar onde ela não pára de ouvir a voz de sua falecida mãe lhe dizendo que o amor é uma fraqueza, ou Rumple jogando em sua cara que tudo que ela toca é destruído. Trazer tudo isso de volta a entristece ainda mais, pois ela jamais poderia arriscar a vida de alguém por conta de ser autodestrutiva, ainda mais alguém que não fez nada além de prestar atenção nela, realmente prestar atenção. Ela se olha no espelho, agora já vestida com suas roupas e também com a personalidade que criou para impressionar a todos, e solta um longo suspiro em descontentamento. A verdade é que ela está cansada do peso de ser quem nunca quis, de sustentar uma imagem para impressionar.

"Mas é isso que você vai continuar fazendo, Regina, principalmente com Robin. Faça com que ele deixe de se importar, isso é fácil para você" diz para seu próprio reflexo, antes de sair de seus aposentos, determinada a afogar qualquer possibilidade ou chance de algo mais entre eles acontecer.

Todos tomam seus cafés da manhã em silêncio enquanto Regina está sendo atentamente observada por Branca. A princesa passou a analisar cada atitude dela e até agora vem obtendo sucesso em manter a discrição. Quando chegaram na Floresta e foram atacados, desde aquele primeiro momento em que Robin ofereceu ajuda, ela vem reparando nos olhares discretos entre eles. Ela pode ver a confusão de sentimentos dentro de Regina através dos olhos. Agora mesmo, por exemplo, a mesma estava parada com o olhar perdido, mastigando o mesmo pedaço de fruta à não se sabe quanto tempo. Mas Branca resolve não intervir diretamente, pois sabe que isso afastaria Regina de vez, e não é isso que ela quer depois do longo caminho que percorreram para chegar até aqui. Então ela vai continuar a observar.

"Ruby já voltou?" Pergunta a Rainha, quebrando o silêncio.

"Ainda não, Granny calcula que até o palácio de Aurora leve pelo menos dois dias de viagem, mesmo para Ruby" responde Belle.

"Me avisem se algo mudar. Estarei na biblioteca e não quero ser incomodada" responde ela já se retirando da mesa.

Regina passa o restante do dia trancada atrás de qualquer informação que possa conseguir. Ela já desistiu de procurar algo sobre seu grau de parentesco com Zelena e agora foca em novas magias para contra atacar a suposta irmã, além de feitiços protetivos também. Havia sido uma boa idéia se ocupar com aquilo, assim ela desviava o foco de seus pensamentos. A cada pausa que ela fazia, os olhos azuis voltavam a dominar sua mente, fazendo seu coração se acelerar ainda mais. Agora seus momentos de suposta paz eram assim, divididos entre pensar em seu filho e o ladrão, a não ser que um pequeno fora da lei viesse procurá-la com doces contrabandeados. Cansada, Regina se levanta da mesa de estudos e se permite deitar no sofá para esticar um pouco as pernas e dar um descanso à coluna, que estava reclamando devido às muitas horas sentada na mesma posição. Logo ela adormece e é agraciada com sonhos repletos de margaridas, um pequeno príncipe e sorrisos de covinhas.

"Olá Robin"

"Princesa?! Que surpresa! A que devo à honra de recebê-la em meu acampamento? Quero dizer, sei que estou dentro do seu castelo, mas..." Ele se interrompe assim que ouve a princesa rir.

"Está tudo bem, Robin. E sim, o castelo é meu mas esse espaço por enquanto é seu, então, o prazer é meu por estar conhecendo seu acampamento" Os dois sorriem um para o outro. Robin convida Branca para se sentar num tronco perto de onde ela supôs que havia acontecido uma fogueira no dia anterior. Os dois se sentam e Branca se pronuncia.

"David já conversou com você?"

"Não encontrei o Príncipe desde que estive ontem na sala do Conselho. Aconteceu alguma coisa?" Pergunta Robin, um tanto preocupado.

"Não, não aconteceu nada, mas já que ele não falou com você, falarei eu. Gostaríamos que você se juntasse a nós como um membro do Conselho Real" diz Branca sem mais delongas. Robin se vira para ela espantado.

"Membro do Conselho Real? Eu? Princesa, eu sou só um ladrão, não me encaixo em nenhum grupo da nobreza. E além do mais, tenho certeza de que a Rainha não permitiria minha presença"

"Por favor me chame de Branca, você é um amigo, Robin, não precisamos de formalidades. E eu não me importo nem um pouco com a sua... vocação" diz ela de forma divertida e Robin não pode evitar de sorrir "lembre-se que nossos cartazes de PROCURADO viveram lado a lado por um longo período pelo mesmo crime: bandidagem" Os dois não aguentam e dão risada juntos "Seria uma honra para nós termos você conosco nessa fase tão importante. Você conhece essa Floresta e esse Reino como ninguém, além do mais é um bom homem...por favor aceite" Robin está tocado com as palavras e voto de amizade e confiança da princesa, mas algo ainda martela em sua cabeça:

"Eu estou muito honrado pelo convite, Branca, de verdade. Mas como disse, creio que a Rainha não irá permitir isso e não quero criar problemas entre vocês agora que parecem estar convivendo bem uma com a outra" Branca sorri para ele e coloca uma mão em seu ombro:

"Eu aprecio muito sua preocupação mas ela é desnecessária. Regina e eu não queremos mais nos matar."

"Por que ela queria te matar anos atrás?" Robin pergunta e Branca abaixa a cabeça, visivelmente envergonhada. Quando ela olha novamente para ele, um sombra de tristeza passa por seu olhar.

"Eu a traí. Essa é a única coisa que irei te dizer sobre isso" Robin concorda com a cabeça sabendo que era um assunto delicado e confirmando parte de suas suspeitas de que algo muito ruim havia acontecido com Regina além de ter perdido seu filho para a própria filha da Princesa.

"Me desculpe, eu não quis ser invasivo" fala ele e Branca volta a sorrir, acalmando-o.

"Você não foi invasivo...apenas é algo que diz respeito à Regina e penso que, se algum dia você vier a saber, foi porque ela decidiu te contar. Já basta a besteira que eu fiz, entende?" Aquilo despertou ainda mais a curiosidade de Robin. Toda história tem outras versões, depende do ponto de vista de quem a conta e de quem a vivencia. Qual seria a versão da Rainha e por quê ela nunca havia sido contada? Branca se levanta, mas não sai. Robin percebe que ela estava esperando por uma resposta sua.

"Perfeitamente"

"Quanto à Regina não lhe aceitar no Conselho, fique despreocupado. Mesmo se ela disser não, nós já somos a maioria. O que me diz, Robin?" Ela o olha com expectativa e as engrenagens de sua cabeça combinadas com a euforia de seu coração apenas pela idéia de poder estar mais perto dela não o deixam exitar em sua resposta:

"Eu aceito" Branca comemora e o puxa para um abraço.

"Ótimo! Nossa próxima reunião será assim que Ruby retornar, acredito que no mais tardar em dois dias. De qualquer forma, você será avisado" Robin acena de forma positiva e espera até não mais poder enxergar a princesa se afastar para voltar a sentar no tronco. Regina não gostaria nada daquilo, ele tinha certeza, mas fazer parte do Conselho o ajudaria a ficar perto dela e dessa forma, protegê-la. Robin sabe que ela não aceitaria nenhum conselho seu, muito menos sua ajuda, então ele teria que agir dessa forma, mesmo contra a vontade dela. Desde que retornou da Floresta com Belle, Robin perde horas de sono em preocupação com a vida de Regina. Zelena quer mata-la e ele não pode permitir que isso aconteça. Se o único jeito de protegê-la for enfrentando sua ira todos os dias, então assim será. A única certeza que ele tinha era que, se Zelena quisesse chegar até Regina, teria que passar por ele primeiro. Ele não tem magia, mas espera que sua coragem valha de alguma coisa ou que pelo menos dê a ela uma chance de escapar caso seja necessário. Ele não dormiu nada essa noite por pensar nela tão indefesa enquanto dormia naquela cama imensa, sozinha, parecendo tão vulnerável e desprotegida. Robin sabe que ela é forte e perfeitamente capaz de se defender, mas isso não altera em nada o sentimento e a necessidade que ele tem de protegê-la. Tudo que ele mais queria era abraça-la e dizer à ela que tudo ficaria bem pois ela não estava mais sozinha e, se dependesse dele, nunca mais estaria.

Robin entra no castelo após sua ronda à procura de Roland. Jhon disse que o garoto havia pedido permissão para ir ver Regina e ele o havia deixado no salão principal.

"Roland?" Chama Robin, mas não obtém resposta. Seu filho só tinha quatro anos e já despistava todo o acampamento. Ele coça a cabeça em preocupação apenas com a possibilidade de imaginar Roland na adolescência. Ele nunca havia sido um bom exemplo de comportamento e, mesmo que não tivesse feito nada de ruim, sabia que havia deixado seus pais de cabelos em pé por conta de suas traquinagens. E pelo andar da carruagem, Roland o faria pagar por cada uma delas.

Ele passa pela porta da biblioteca e vê que ela está fechada. Da outra vez, havia sido aqui que ele os havia encontrado. Robin bate na porta, mas não recebe nenhuma resposta, então ele a abre com cuidado e, assim que espia dentro da sala, a visão de Regina dormindo o pega de surpresa. Sem poder se conter, ele entra e se aproxima, observando a expressão serena e até o esboço de um sorriso, enquanto seu peito subia e descia com fluidez. Ele se abaixa e a observa mais de perto, as mãos coçando para tocá-la.

"Linda..." Ele sussurra, retirando sua capa e a cobrindo com delicadeza, não querendo despertá-la. Do mesmo jeito discreto que ele entrou, ele saiu, e seguiu em direção à outra possibilidade de encontrar seu filho arteiro. Quando se aproxima da cozinha, as gargalhadas de Roland são a primeira coisa que ele ouve, o fazendo já entrar sorrindo e rir junto assim que observa a cena do pequeno sentado na mesa enquanto lambe os dedos cobertos de chocolate.

"Eu vou perder meu filho, estou sentindo" diz ele fazendo Granny e Roland se virarem para ele.

"Papa!" O pequeno desce da mesa numa velocidade absurda para o tamanho de suas pernas e se joga nos braços do pai, o abraçando com as mãos melecadas, fazendo Granny rir.

"Não é comigo que você tem que se preocupar, Robin, outra mulher já roubou o coração dessa criança"

"E do pai dele também" pensou, mas se fez de desentendido enquanto a mais velha continuava falando:

"Ele vem atrás de doces, mas um deles é sempre para a Rainha, e tem que ser o maior pedaço. Não é, mocinho?"

"Gina gosta de doces, Papa" diz Roland empolgado e Robin não condena seu filho por estar encantado por ela, afinal ele melhor do que ninguém o entende. Granny se aproxima e entrega um pedaço de bolo de chocolate com morangos para Roland.

"Esse é o especial que você me pediu" diz ela entregando o pratinho para o pequeno "e esse é para vocês comerem mais tarde" diz Granny entregando o restante do bolo todo à Robin, exceto por duas fatias que ela havia cortado, uma que Roland comeu e a outra que ele havia pedido para ser especial.

"Mas é muita coisa, Granny! Não tem necessidade" diz Robin mas a mais velha já está negando com a cabeça.

"Vocês são muitos no acampamento, tenho certeza de que não é sempre que se aprecia um delicioso bolo de chocolate por lá. Além disso, Roland foi bem específico quando disse que vocês comem muito e tinha que ser um bolo grande"

"ROLAND! Pelo amor de Deus..." diz ele com vergonha, procurando o olhar do filho que o olhava de volta com naturalidade.

"Mas é verdade, Papa!" Granny solta uma gargalhada.

"Por favor, me desculpe por isso, não se deixe cair por esses olhinhos pidões e essas covinhas, Senhora!" A mais velha se abaixa e deixa um beijo nos cachinhos de Roland.

"Tarde demais" ela responde "aproveitem o bolo" Não há nada que Robin possa fazer a não ser agradecer.

"Obrigado, a senhora é muito gentil" Os dois deixam a cozinha juntos e quando chegam à porta da biblioteca, Roland vai entrando.

"Roland? Aonde você vai?" pergunta ele bem baixinho, sabendo que Regina estava dormindo, mas pelo jeito que seu filho estava agindo, ele também sabia disso. Roland se vira e coloca o dedinho indicador nos lábios soltando um discreto:

"Shiiiiiiuuu, Papa" e então ele continua seu caminho, fazendo seu pai ir atrás dele. Robin vê Regina aconchegada em sua capa e sente inveja de sua própria roupa. Ele queria que fossem os seus braços que a estivessem esquentando, que fosse em seu peito que ela estivesse buscando aconchego. Roland se aproxima e deixa o pedaço de bolo na mesa de centro, em frente de onde ela dormia, logo em seguida ele se abaixa e deixa um beijo na ponta do nariz da Rainha. Regina enruga um pouco o nariz de forma adorável e Robin sorri. Roland se vira e diz:

"Dá um beijinho nela também, Papa" Robin engole seco.

"Melhor não, filho. Ela pode acordar e não queremos perturbar a Rainha"

"Mas eu dei e ela não acodou!"

Ok, Robin, saia dessa agora.

Ele deposita o bolo com cuidado na mesa e se aproxima de Regina, se abaixando com cuidado e rezando para todos os deuses viessem em seu auxílio para que ela não acordasse e resolvesse arrancar suas bolas ou queimar seu traseiro novamente. Ele olha para seus lábios entreabertos e apenas por um segundo desejou que Roland não estivesse olhando para que ele fizesse o que realmente desejava fazer...Desviando o olhar e querendo acabar logo com isso, ele pousa seus lábios de maneira casta em sua testa. Regina solta um suspiro e ele se afasta, observando cada traço dela. Após isso, os dois saem discretamente e voltam para o acampamento.

Meia hora depois Regina desperta. Uma sensação de paz a invade e ela se espreguiça de forma demorada, aproveitando os resquícios da soneca. Conforme vai retomando os sentidos, seu olfato identifica algo familiar: o cheiro dele. Abrindo os olhos assustada, Regina se senta num pulo e começa a se situar de onde estava e a procurá-lo, mas ela estava sozinha. Quando olha para baixo, percebe que está coberta, mas não por um cobertor e sim por uma capa verde floresta. A capa dele.

"Robin" Não podendo se conter, ela leva a capa até o nariz e fecha os olhos quando o cheiro dele a invade. Ali, naquele momento, ela se permitiu imaginar como seria ter os braços dele em volta dela, a aquecendo, e seu perfume natural tão único, vindo direto da fonte. Um calor aquece seu coração com essa possibilidade e a vontade de ter isso não passa despercebido por ela. Olhando mais à frente, ela vê o pedaço de bolo de chocolate com uma quantidade exagerada de morangos e então sorri. Só poderia ter sido Roland, pensa com carinho, se lamentando por estar dormindo e não tê-lo visto. Olhando para o relógio, ela viu que já havia passado da hora do jantar e, não se importando em comer algo nada saudável, ela devora o bolo ali mesmo, se deliciando com uma de suas combinações favoritas. Chegando em seus aposentos, Regina toma um banho e se aconchega em sua cama, mesmo sem sono. Ela passa horas rolando de um lado para o outro tentando dormir e falhando miseravelmente, sua cabeça fervilhando com milhões de coisas ao mesmo tempo. Ela deveria estar se preocupando com Zelena e em como derrotá-la, e não em um ladrão que insiste em tirar sua paz mesmo quando não está presente. Olhando para a capa de Robin devidamente dobrada em sua poltrona, ela deixa que ele lhe tome os pensamentos mais uma vez. O que ele havia ido fazer na biblioteca? Por que não a acordou? O fato dele tê-la coberto não estava ajudando em nada seu coração traidor que acelerava só por se lembrar do fato. Primeiro aquela conversa, depois o bilhete e agora isso... Por que diabos ele tinha que ser assim? Por que ela não podia simplesmente ser indiferente à ele como é com todos os outros? Não podendo se conter, ela se levanta e traz a capa com ela até a cama, se livrando de seu cobertor e se cobrindo com ela. Que mal faria apenas se dar ao prazer de dormir com algo dele? O cheiro de Robin atua como um calmante e, com essa sensação de segurança vendo os primeiros indícios da manhã que se aproxima, ela dorme.

Após quatro dias fora, Ruby retorna com Philipe e Aurora ao Castelo. Regina é avisada por Branca logo cedo e trata de se apressar em descer. Ela levanta e guarda cuidadosamente a capa de Robin dentro de seu baú (ela ainda não havia devolvido e estava ignorando o fato de que dormir com ela não ajudaria em nada seu plano de mantê-lo longe, mesmo evitando encontrá-lo). Após um rápido banho, Regina adentra a sala do Conselho com seu habitual mal humor matinal e sem cumprimentar ninguém. Assim que se senta na mesa, ela percebe todos os olhares sobre ela, mas um em particular, bem ao seu lado, lhe chama atenção. Assim que Regina o vê, seu coração acelera e ela prende a respiração.

"Bom dia Majestade" cumprimenta Robin e seu ar de deboche já a tira do sério naquele instante.

"O que você está fazendo aqui?"

"Robin é parte do Conselho agora Regina, nós o convidamos" responde Branca e Regina jura que poderia dar um soco na cara dele por estar olhando para ela com aquele sorrisinho insolente. Se desviando do motivo de sua ira, Regina se vira para Branca:

"EU SOU A RAINHA E NÃO PERMITO QUE ELE FAÇA PARTE DO CONSELHO"

"Você é a Rainha mas esse castelo e esse reino é nosso também. Quando chegamos aqui, concordamos em fazer isso juntos, isso inclui as tomadas de decisões"

"POIS EU ESTOU TOMANDO A DECISÃO DE EXPULSÁ-LO AGORA MESMO. ADEUS LOCKSLEY"

"Ele não vai a lugar nenhum, Regina. Foi uma votação e a maioria ganhou" diz David

"Uma votação onde eu não estava presente! Me digam onde isso é fazer as coisas juntas?" Rebate a Rainha espumando de raiva.

"Muito bem, podemos fazer outra votação agora mesmo" diz David "quem é à favor de que Robin faça parte do Conselho Real levante a mão" Todos levantam suas mãos, inclusive Robin e Regina o olha com tanto ódio que ele chegou a sentir um calafrio passando por ele "Ótimo! Oito votos à favor e um contra, seja bem vindo Robin"

"Obrigada, David" responde ele e olha para Regina que se senta lentamente sem tirar os olhos dele, como uma cascavel pronta para dar o bote a qualquer minuto. A tensão entre eles só é cortada quando Branca desvia a atenção de todos para Philipe e Aurora, que estavam visivelmente desconfortáveis.

"Philipe...Aurora...por favor nos conte o que aconteceu" Aurora então se pronuncia:

"Assim que saímos do castelo de vocês, nós voltamos para nosso reino. A viagem foi tranquila até que Zelena nos pegou na floresta, pouco antes de chegarmos em nosso castelo" diz ela e todos se endireitam ainda mais interessados, principalmente Regina "Ela nos encurralou e nos ameaçou, disse que se não contassemos o que estava acontecendo por aqui, que ela... Que ela iria machucar o meu bebê" e então ela cai num choro, amparada por Branca. Philipe continua:

"Nós resistimos no início, mas ela nos amarrou numa árvore e me forçou a tomar um poção. Achei que estava me envenenando mas não, quando dei por mim estava contando detalhe por detalhe sobre tudo que ela me perguntava. Não podia me controlar, era mais forte do que eu. Eu não tinha domínio sobre minha fala"

"Maldita! Ela usou o soro da verdade em vocês!" Disse Regina, encarando os dois.

"Nos desculpem, por favor. Não queríamos causar problema" disse Aurora ainda sendo consolada por Branca.

"Se vocês não soubessem de nada não teriam causado um problema, não é mesmo?" diz Regina desviando seu olhar do casal para Branca, que abaixa seus olhos, envergonhada.

"O que mais aconteceu?" Pergunta Granny.

"Depois que contamos para ela que vocês sairiam numa missão para encontrar a cápsula e libertarem o Senhor das Trevas, ela pareceu mais animada, murmurou algo como: tudo está acontecendo ao meu favor"

Diz Philipe. Regina estreita os olhos de maneira pensativa:

"Então ela precisa de Rumple. Eu não sei o que ela pretende mas pelo visto não pode fazer acontecer sem ele".

"Tem mais uma coisa" diz Aurora e todos se voltam para ela "Zelena também descobriu que você está grávida, Branca, e ao receber essa notícia ela comemorou como se fosse algo grandioso" Branca arregala os olhos em desespero e David segura em sua mão, também preocupado. Aurora continua:

"Quando ficou sabendo da notícia ela disse que aquele era o momento dela e também que quando tivesse o bebê em suas mãos, nada mais poderia ficar em seu caminho" Branca leva as duas mãos a boca com o espanto da notícia. Todos parecem confusos.

"Ela falou mais alguma coisa sobre isso?" Pergunta Regina, pensativa.

"A última coisa que ouvimos dela foi instruções para que seus macacos alados retornassem ao castelo de Rumplestiltskin. Acho que ela o está mantendo preso lá" responde Philipe.

"Algo mais?" Pergunta Belle, agora mais interessada por conta do paradeiro de Rumple, mas Aurora e Philipe apenas balançam a cabeça de forma negativa.

"Estou um pouco tonta, preciso me deitar" diz Aurora e Philipe a ampara.

"Nosso quarto fica no primeiro andar, última porta à direita. Por favor se acomodem lá" diz David e o casal sai, deixando apenas os membros do Conselho reunidos à mesa. Zangado quebra o silêncio:

"Eu falei novamente com Blue e também com Tinker, mas elas não sabem nada a respeito de Zelena ou como poderíamos derrotá-la"

"Ótimo! Mais uma vez irei dar a luz e outra bruxa quer tirar meu bebê de mim" diz Branca e Regina se pronuncia:

"Em minha defesa, da primeira vez eu estava ameaçando VOCÊ. O resto foi apenas...efeito colateral" diz ela e Robin se sente perdido com tudo, pois não havia sido atingido pela primeira maldição, portanto não sabia de muita coisa, mas continua atento. Zangado se irrita:

"Alguém me lembre porque a perdoamos?" Diz se direcionando a Regina que fecha a cara para ele.

"Porque eu estou ajudando! Isso é frustrante! Branca, pelo que me lembro você teve ajuda para me derrotar da última vez. Quem te ajudou?"

"Nós fomos avisados" diz David

"Por Rumplestiltskin" completa Branca.

"Então talvez tenhamos que tentar fazer com que ele te ajude novamente" sugere Regina e Zangado a olha com descrença:

"Espere aí. Vossa Majestade quer entrar no castelo de Rumplestiltskin onde ele está preso por Zelena? Meu nome é Zangado e não estúpido" Regina rola os olhos.

"Você tem razão, Zangado, é estupidez, mas para proteger nosso filho..." Começa Branca.

"...faremos tudo" completa David e eles se olham com carinho. Regina ri sozinha, como se tivesse contado uma piada para ela mesma e achado graça.

"Que reconfortante! Ele está preso no próprio castelo. Belle..." diz, se virando para encarar a moça que lhe devolve a atenção "Você foi prisioneira lá" Belle parece surpresa mas entende o que Regina sugere.

"Sim, mas invadir? Eu não faço idéia de como poderíamos fazer isso"

"Felizmente eu faço" diz Robin, se manifestando pela primeira vez desde quando aquilo tudo havia começado. Regina se vira para ele com cara de poucos amigos:

"Por que estamos ouvindo ele?" Diz, tirando seus olhos dele por alguns segundos para encarar os demais "Ele é um ladrão, o que significa que não é confiável. Aliás" ela volta sua atenção para ele que não parece nem um pouco surpreso com o pequeno surto de insultos dela "o que você ainda está fazendo aqui?" Robin não exita:

"O que eu estou fazendo aqui é salvando seu traseiro!" Responde ele sem nenhum pudor, causando expressões de espanto em todos os presentes por sua audácia. Ele vê Regina ficar vermelha e já espera por mais um golpe:

"E o que você ganharia com isso?" Ela pergunta.

"Bom, o seu traseiro" Diz ele e na mesma hora percebe a tremenda besteira que falou. David se engasga com a água que estava tomando e é acudido por Belle porque Branca nem pisca encarando a interação fervendo entre eles "Opa! Quer dizer... VOCÊ estaria à salvo, Majestade" finaliza ele e vê o canto da boca de Regina se abrir num pequeno sorriso diabólico.

"Vamos torcer para que você se saia melhor invadindo castelos do que flertando" ela diz. Robin engole seco enquanto o queixo de Branca cai com a resposta vinda de Regina. Isso está muito interessante, pensa a princesa. Robin coça a garganta, visivelmente constrangido:

"Como eu ia dizendo, eu sei como invadi-lo. O castelo tem armadilhas e algumas delas são mortais" diz ele.

"Não mais mortais que minha magia" responde Regina e o olha com desdém. Robin devolve o olhar:

"Elas são, se Vossa Majestade não enxergá-las" rebate ele, dando ênfase ao se referir à ela como se debochasse de sua superioridade.

"Talvez eu queria arriscar!" Continua Regina e os olhos deles estão pegando fogo. Percebendo que nenhum dos dois vai abaixar a guarda, Branca resolve interferir:

"Ok, crianças" e então ela olha para Regina "talvez você queira arriscar, mas nós não. Ele vem." Finaliza o assunto. Robin sorri vitorioso para a Rainha, que nem pisca olhando para ele com fúria.

"Ótimo, partiremos em dois dias. O castelo de Rumple fica a um dia e meio de caminhada daqui, quanto antes formos, mais rápido saberemos o que fazer e como agir" diz David "Quem virá comigo e com Branca?"

"Eu irei. Preciso ver Rumplestiltskin...quem sabe ele não fale comigo mais facilmente" diz Belle e Regina sente enjôo só de imaginar a cena.

"Não perderei a oportunidade de confrontá-lo" fala a Rainha.

"Eu também irei" diz Robin logo em seguida e Regina quase voa para cima dele.

"NÃO, VOCÊ NÃO VAI"  Ela diz alterada e Robin ri.

"Ah, eu irei sim, Majestade" e pedindo licença, se levanta da mesa passando por todos e saindo pela porta. Regina bufa por ser contrariada e vai atrás dele. Todos da mesa olham para a porta, confusos.

"Eu perdi alguma coisa entre esses dois?" Pergunta Ruby. Granny sorri:

"Por enquanto nada, mas creio que isso mudará em breve"

"LOCKSLEY" grita Regina para ele mas Robin apenas continua caminhando "EU ORDENO QUE PARE" e só o que ela escuta é a risada dele, deixando-a ainda mais nervosa. Sabendo que jamais o alcançaria devido suas roupas pesadas e falta de agilidade com elas, Regina desaparece em fumaça e reaparece na frente dele, que leva um susto.

"VOCÊ ESTÁ DOIDA?" pergunta ele mas tudo que ganha é um apertão em seu punho machucado enquanto está sendo arrastado pela Rainha até uma sala vazia. Ela bate a porta assim que ele passa e se vira para ele com a raiva saltando de seus olhos:

"EU ESTOU DOIDA? EU? O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA, LOCKSLEY?" Ela está furiosa. Toda essa raiva só por que ele disse que iria junto? Ele a irritava tanto assim?

"Regina, acalme-se!"

"Você só pode estar de brincadeira!" Diz ela depois que escuta o pedido para que se acalme.

"Me escute! Eu sou o único que sei entrar naquele castelo sem ser pêgo pelas armadilhas, eu posso e vou ajudar. Qual o problema de aceitar ajuda?" Pergunta ele. Regina anda de uma lado para o outro da sala, as mãos na cintura e os olhos vidrados enquanto a respiração acelerada o fazia perceber seu colo subindo e descendo de forma descompassada.

"O problema não é aceitar ajuda, Locksley... O problema é..." Ela o encara mas as palavras simplesmente não saem de sua boca. Robin se aproxima dela e volta a perguntar:

"Me diga qual o problema, Regina" e lá estão eles: os olhos que enxergam sua alma, que a despe de si mesma e de toda camada protetora que ela luta todos os dias para colocar por cima de sua verdadeira personalidade e sentimentos. Ela engole seco e diz:

"O problema é... você" a frase sai numa entonação tão baixa que ele precisa se esforçar para ouvir, mas quando ouve, seu coração acelera. Ele se aproxima ainda mais.

"O problema sou eu? Eu sou tão indesejável à ponto de tirar você do sério apenas por querer ajudar?" Ele diz e parece magoado. Regina viu ali sua oportunidade de acabar de vez com qualquer coisa que ele estivesse pensando em desenvolver em relação à ela e seus sentimentos. Ela sentiu a mágoa em suas palavras e bastava apenas uma jogada para ela acabar com tudo e voltar a ter o foco que precisava: acabar com Zelena e depois desaparecer. Regina olha para ele, realmente olha para ele do mesmo jeito que ele faz com ela, e então, contrariando tudo que havia acabado de pensar, ela diz:

"Você quase morreu" e quando a ouve dizer como se isso doesse nela, Robin deixa a compreensão daquilo lhe atingir diretamente no coração. Ela está preocupada com ele. Não quer que ele vá pois está com medo de que aconteça algo como aconteceu da outra vez. Ele quer beijá-la até ambos perderem os sentidos...

"Regina..." Mas ela o interrompe, voltando a andar para lá e para cá de forma impaciente.

"Você é teimoso e muito inconsequente, Locksley! Você quase morreu e agora quer repetir o erro. Não está pensando em Roland, não está pensando em você... Quantas vezes vamos ter a mesma discussão? Será que não percebe o quanto isso é perigoso? No quanto isso será uma distração para mim? Ela quer ME matar, isso não tem nada a ver com você!"

"Você está enganada" responde ele, também alterado por tudo que ela tinha jogado para cima dele "tem tudo a ver comigo, Regina"

"Só porque você é enxerido! Pare de querer bancar o herói e salvar donzelas em perigo, Locksley! Não compre uma briga que não é sua" joga ela e Robin perde a paciência.

"EU PARO DE BANCAR O HERÓI O DIA QUE VOSSA MAJESTADE PARAR DE BANCAR A INDESTRUTÍVEL, PODE SER? VOCÊ ACHA QUE EU NÃO PENSO EM ROLAND? QUE EU NÃO TENHO JUÍZO? POIS VOCÊ ESTÁ ERRADA! EU PENSO NELE O TEMPO TODO E ESSA ERA MINHA ÚNICA RAZÃO DE ALEGRIA E PREOCUPAÇÃO, MAS AGORA..." ele pára e respira. Está alterado e Regina vê ali mais uma oportunidade de acabar com qualquer coisa, mas agora que ele começou, ela quer que ele vá até o fim.

"AGORA O QUÊ LOCKSLEY?" Robin passa os dedos entre os fios loiros e olha para cima como se pedisse ajuda divina. Ele solta um longo suspiro e quando volta a falar e olhar para ela, sua voz está calma.

"Quer saber? Esqueça. Não adianta tentar explicar nada, você é teimosa demais" O sangue de Regina ferve.

"Então faça um favor a nós dois, Locksley, fique no seu acampamento ridículo e deixe que eu resolvo os meus problemas. Eu não pedi e nem preciso da sua ajuda". Robin responde:

"Isso não quer dizer que você não vá precisar. Eu irei, e nada do que Vossa Majestade disser irá me fazer mudar de opinião" Regina sabe que ele não vai desistir mas ela também não vai facilitar. Ele não diz que ela é teimosa? Então teimosia é o que ele vai ter.

"Não me faça perder a paciência com você, Locksley. Eu não quero que você vá" ele ri, o que a irrita ainda mais.

"Eu não me importo se você não quer que eu vá. Eu irei do mesmo jeito. Não vou deixá-la sozinha, Regina. Não com aquela bruxa à solta querendo te matar"

"Eu sei me defender sozinha, fiz isso a minha vida toda"

"Mas não precisa fazer mais! Que droga, Regina, será que não entende?" Ele diz e isso a desarma um pouco. De repente o bilhete lhe toma os pensamentos e a idéia de que ele está se arriscando por conta dela faz seu peito doer porque ele não deveria fazer isso.

"O que eu não entendo?" Ela pergunta já temendo pela resposta. Robin se encosta na parede e cruza os braços, olhando diretamente para ela:

"Você leu meu bilhete?" Regina pensa em desconversar e fingir que não sabia do que ele estava falando, mas ela não consegue mentir para ele e isso não a ajudava a manter a distância necessária para evitar o perigo. Ela acena de forma positiva com a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa em voz alta. Robin caminha até ela e a Rainha abaixa a cabeça. Ele gentilmente segura seu queixo entre os dedos e a ergue de volta, fazendo seus olhares se encontrarem.

Não! Não! Não! Era tudo que a mente de Regina gritava para ela. Ela estava com medo.

"Eu me importo com você" ele finalmente diz aquilo que ela temia escutar e ela tira forças do além para sustentar seu olhar, suas mãos tremem de nervoso.

"Você não deveria" é a única coisa que ela responde.

"Isso não é uma escolha. Se fosse uma escolha então Vossa Majestade também não deveria se importar comigo e nem se estressar apenas porque irei junto na missão" ele rebate e ela sente suas pernas fraquejarem.

"Eu não me importo com você, eu me importo com Roland" ela responde abaixando a cabeça novamente e corando na mesma hora, fazendo Robin sorrir. Quando ela volta a olhá-lo, já está mais controlada "e é por causa dele que você vai desistir de ir" finaliza ela e se desvencilha de seu toque.

"Regina, nada do que me disser irá me convencer à ficar" ele diz e ela olha para ele com raiva.

"Eu te odeio, sabia?" voltando a ficar nervosa por não conseguir se impor sobre ele do jeito que gostaria. Robin sorri e toma uma das mãos dela na sua. Regina não a puxa de volta e observa com a respiração acelerada enquanto ele a leva até os lábios e beija seus dedos.

"Não...você não me odeia" e sai, deixando a porta aberta.

O dia passa voando enquanto todos do castelo se preparam para sair na parte da manhã seguinte. Como precisavam ser o mais discreto possível, eles descartaram o uso dos cavalos e decidiram ir caminhando. Seria mais trabalhoso, mas muito mais cauteloso. Por prezarem pela segurança de todos, o uso de magia por Regina foi censurado, o que a mesma teve que concordar que foi bem pensado. Zelena poderia rastrear seu uso e isso colocaria todos em perigo. Apesar de estarem no mesmo lugar praticamente todo o dia, Regina ignorou Robin da melhor maneira que pôde, não permitindo que seus olhares se cruzassem e nem mesmo trocaram uma palavra um com o outro. Quando, após um silencioso jantar, ela retornou aos seus aposentos, ainda podia sentir os resquícios de raiva que ferviam dentro dela. Essa missão tinha tudo para dar certo se ela não tivesse sido precipitada e guardado a idéia somente para si. Quando sugeriu ir até o castelo de Rumplestiltskin, Regina não contou com a possibilidade de Robin se oferecer para ir junto, e agora ela vai ter algo para desviar seu foco do objetivo. Como se concentrar quando a vida dele estará em perigo outra vez? E se Zelena o atacar novamente e dessa vez ela não ser capaz de curá-lo? A imagem de Robin ferido na mesa volta a assombrá-la e Regina corre espantá-la, pensando no sorriso doce de Roland ao invés disso. Se algo acontecesse à Robin, Regina jamais se perdoaria...ela jamais conseguiria olhar para Roland de novo. O que custava aquele teimoso entender que o melhor para ele era ficar e cuidar de sua própria vida e do filho? Ela sai do banho e se sente exausta por todo o estresse que o dia e seu psicológico lhe causaram. Ela olha para sua cama bem arrumada, vai até o baú e pega a capa de Robin, levando-a consigo e se cobrindo com ela. O quão hipócrita é ela estar morrendo de raiva dele e mesmo assim buscar seu cheiro para dormir?

"Você é ridícula, Regina" ela diz para si mesma. Quando o cheiro de Robin a abraça, ela se aconchega ainda mais, já incapaz de vencer o sono e o cansaso.

"O que eu faço com você, Locksley?" É seu último pensamento antes de dormir.

"Tudo bem com Roland?" Pergunta Jhon assim que Robin se junta à ele na fogueira. Todos já haviam se recolhido e apenas os dois amigos permaneciam em frente ao fogo, que já perdia suas forças.

"Tudo sim, ficou um pouco triste mas eu disse para ele que serão por poucos dias dessa vez. De qualquer forma, acho que ele ficou pior quando eu disse que Regina também iria e ele não poderia ficar com ela"

"O que essa mulher fez com os Locksley?" pergunta Jhon de forma divertida e Robin ri.

"Roland já é um caso perdido" ele diz.

"E o pai dele?" Pergunta o amigo, agora sério. Robin olha pensativo para o fogo.

"O pai dele também"

"Vocês conversaram mais?" Robin solta um riso frustrado.

"Todas as nossas conversas são na base do ódio e da teimosia, Jhon. Na nossa segunda conversa adulta e civilizada, eu pedi para que ela me deixasse conhecê-la"

"Isso é bom" diz Jhon "e o que ela respondeu?"

"Ela sumiu" responde Robin.

"Isso é mau" rebate Jhon. Robin continua:

"Eu deixei flores para ela...e um bilhete. Estou escalando o muro aos poucos"

"Esse é o meu garoto" diz Jhon e bagunça o cabelo de Robin, fazendo ele rir.

"Ela não é nenhum pouco fácil de se lidar. Teimosa demais. Mas depois de tudo que ouvi e que foi decidido hoje naquele conselho, não tenho mais nenhuma dúvida sobre como me sinto, Jhon"

"Como assim?" Os amigos se olham e Jhon percebe que Robin estava falando sério.

"Se eu estou indo nessa missão amanhã, é por causa dela. Aliás, é só na segurança e bem estar dela que eu penso ultimamente. Somente a idéia de que ela possa estar correndo perigo assusta o inferno dentro de mim. Não existe a mínima possibilidade de eu deixá-la sozinha na floresta ou em qualquer outro lugar enquanto houver essa bruxa tentando matá-la. Ela tem toda essa pose de durona, fria e que não dá a mínima, mas... Essa não é a Regina. Eu sei que ela é poderosa e forte em muitos sentidos, mas quando eu olho nos olhos dela, eu enxergo sua fragilidade. Ela está vulnerável por vários motivos e o fato de ninguém além de mim parecer se preocupar com isso me deixa doido! Não existe a possibilidade dela enfrentar isso sozinha no estado em que se encontra. Ela parece alguém na beira do precipício, prestes a se jogar e eu tenho que me aproximar com cuidado e convencê-la de pegar na minha mão e recuar..."

"Você não pode assustá-la" diz Jhon

"Exatamente! Qualquer descuido meu pode ser fatal. Seria muito fácil perdê-la"

"Você acha que ela...seria capaz?" Pergunta Jhon e Robin se lembra de quando chegaram ao castelo e Regina pretendia dormir eternamente para evitar a dor da perda.

"Eu não acho que ela seja suicida, se é isso que você quis dizer, mas eu já percebi que ela está depressiva, se auto sabota. Tenho meus palpites de que esse estado emocional dela não é de agora e nem somente por causa do filho. Será que ninguém enxerga isso além de mim? Que por debaixo de toda aquela armadura imponente existe uma mulher muito machucada pela vida e pelas pessoas, cansada de se agarrar em algo e depois se decepcionar?"

"E você acha que ela tentaria de novo? Se salvar, eu digo"

"Eu tenho que acreditar que sim, amigo. Eu entendo que ela sinta medo, mesmo ainda não sabendo de tudo que a transformou no que ela foi e no que ela é hoje, mas eu tenho que tentar tirá-la disso. Eu não suporto vê-la sofrer mais"

"Uau" diz Jhon "Isso é mais do que uma simples atração, Robin" Olhando para o céu estrelado, aquilo que ele não sabia nomear combinado com as palavras de Jhon, se torna claro diante de seus olhos.

Ele estava completamente apaixonado por ela.

Após se despedir de Jhon, Robin retorna para sua barraca e encontra Roland dormindo. Ele odiava a dualidade em que seu coração se encontrava agora. Fazia apenas uma semana que havia retornado da missão com Belle que resultou na suposta morte de seu amigo Neal. Ele mesmo quase havia perdido sua vida e agora estava prestes a partir novamente para longe do filho. Enquanto discutia com Regina mais cedo, Robin se deu conta de que apenas estava tranquilo quando tinha Roland e Regina diante de seus olhos e sua proteção. Por mais que não tivesse acontecido nada entre eles, a conexão que os unia era algo que ele não tinha capacidade de explicar. Era um misto de atração, com carinho, cuidado e preocupação, tudo junto fazendo seu coração acelerar e sua vida virar de ponta cabeça. Nunca havia se sentido assim antes por mulher nenhuma e, justo a que seu coração escolheu, era a mais difícil de todas. Foi bom admitir estar apaixonado por ela para si mesmo, isso explicava cada atitude que ele tomou até agora, sensata ou não. Ele odeia deixar Roland mas também não pode deixar Regina. Por mais que saiba que ela não estará sozinha, ele não estará com ela e isso significa não ter um segundo de paz, pensando se aqueles que estariam com ela a ajudariam num momento crítico ou não. Ele não os conhece à fundo para saber e não pode arriscar algo tão valioso quanto à segurança dela dessa forma. Roland estará seguro no castelo com os Merry Men, Granny e Ruby que se voluntariaram a cuidar dele, isso o deixava mais tranquilo. Agora quem cuidaria de Regina se não ele?

Quando estava quase pegando no sono, uma mãozinha o cutuca:

"Papa" Robin se senta imediatamente.

"Oi filho, o que foi?"

"Não cosigo domir" diz ele já fazendo biquinho para chorar. Robin o pega no colo.

"Sonho ruim?" E o pequeno faz que não com a cabeça "deita aqui comigo" Robin aconchega o filho ao peito. Pensando que ele havia dormido, ele se entrega ao sono mais uma vez, mas então a vozinha triste de Roland o desperta novamente.

"Po que não posso ficar com a Gina? Ela cuida de mim" ele questiona e Robin sabe que ele está se referindo à missão.

"Porque a Rainha vai com a gente dessa vez. Só por isso"

"Eu tô com saudade da Gina, Papa..." E seu queixinho começa a tremer indicando o início de um choro sentido. Robin sabia que os dois estavam sem passar um tempo juntos à uns três dias, o único contato que tiveram foi quando deixaram o bolo para ela, mas Regina estava dormindo. Roland está muito apegado e ele não sabe até que ponto isso pode ser bom. Ele tem absoluta certeza de que Regina jamais o machucaria, mas ele não têm como saber o que será de suas vidas depois de todo esse caos. Ele pode suportar sofrer e ser rejeitado por ela, mas não consegue suportar a idéia de Roland sofrendo de saudades por amá-la e não poderem estar mais juntos. Ele era uma criança, como fazê-lo entender? E foi por esse motivo que ele nunca apresentou nenhum de seus casinhos à ele, muitas vezes nem comentando sobre ter um filho. Mas Regina é diferente e tudo aconteceu de forma tão natural, tão fluída. Um dia estavam lutando com macacos voadores e no outro eles já estavam lhe dando flores e bolos especiais de chocolate. Se perguntarem à ele como chegaram à esse ponto, ele não saberia explicar. Robin se levanta e começa a embalar Roland que chora em seu ombro.

"Filho, por favor não chora. Já está tarde e a Rainha já deve estar dormindo. Amanhã você pode se despedir dela antes de partirmos"

"Mas eu queria ver a Gina, Papa..." E chora. Robin está perdido, não quer passar a última noite antes de partirem com Roland assim e muito menos pensar em deixá-lo nesse estado quando saírem amanhã. Seu filho é sempre muito bonzinho e calmo, sabe que ele não faria nada por birra. Seu choro é sentido e seu coração dói por vê-lo triste, então ele toma uma decisão. É uma loucura, mas não seria a primeira e nem a última que ele faria, de qualquer forma.

"Vamos fazer assim: nós vamos até o castelo e batemos na porta de Regina. Se ela não atender é porque está dormindo e não vamos incomodá-la, está certo?"

"E se ela atender?" Diz ele entre um soluço e outro.

"Se ela atender você vai falar com ela rapidinho e depois vamos deixá-la descansar. Todos nós precisamos dormir porque temos que partir cedo amanhã. Estamos combinados?" O pequeno apenas balança a cabeça de forma positiva "de dedinho?" E Robin mostra o dedo mínimo pra ele, que logo entrelaça o seu minúsculo dedo no do pai "muito bem, pegue Balu e vamos"

Os dois caminham silenciosos pelo castelo em direção aos aposentos da Rainha. Robin repetia a cada segundo em sua mente como aquilo que eles estavam fazendo era um absurdo, mas Roland não parava de sorrir e ele se perguntou se uma criança de quatro anos poderia se apaixonar, porque talvez esse seja o caso. Quando chegaram à imponente porta, Robin precisou respirar três vezes antes de criar coragem para bater, e quando o fez, não ouviram nada.

"Ela está dormindo, filho. Vamos voltar" Roland o olha com olhinhos pidões:

"Mas Papa, o senhor bateu faquinho. Tenta só mais uma vezinha" pede ele e Robin jura que estava enxergando Marian na sua frente. No quesito dengo, eles eram iguais.

"Só mais uma vez" ele diz e Roland comemora. Assim que termina de bater, eles escutam:

"Quem é?" Os olhos de Roland se acendem e nem dá tempo de Robin pensar no que responder:

"SOU EU GINA" grita ele. Nem um minuto depois a porta se abre e Regina surge. Ela estava somente com sua camisola preta de seda, que agora dava a Robin uma visão completa dela, percebendo uma fenda que se iniciava no meio de uma das coxas. A parte de cima era toda rendada, o que se misturava com o tom alvo de sua pele e não deixava muito para a imaginação. Robin percebe a preocupação nos olhos dela assim que abriu a porta:

"Roland? O que acontec... LOCKSLEY?!" Diz Regina assustada.

"Majestade...me desculpe o incomodo a essa hora mas Roland..."

"Eu tava com tanta saudade, Gina!" Diz o pequeno e abraça as pernas de Regina. Os dois ainda se olham, ambos constrangidos com a situação, mas então Regina se recompõe e se abaixa para pegar Roland no colo. Quando faz isso, a cascata de cabelos negros cai para frente e Robin fecha os olhos ao sentir seu novo cheiro preferido chegar nele junto com a brisa. Regina vê os olhinhos úmidos e a pontinha do nariz de Roland vermelhos, sinais claros de que estava chorando pouco antes de se encontrarem.

"Querido, eu também estava com muita saudade. Mas isso não são horas de bebês estarem acordados" Diz ela apertando a pontinha do nariz dele, fazendo Roland rir.

"Mas Papa disse que ele e a Gina vão ficar fora e eu não via a Gina faz muito tempo" ele diz e Regina se emociona ao constatar que ele apenas queria vê-la e ficar um pouco com ela antes deles partirem pela manhã. Como resistir?

"Ah, bebê! Não vamos ficar fora por muito tempo, eu prometo que vai ser rápido. A propósito, eu amei o bolo de chocolate. Obrigada" diz ela beijando a testa de Roland.

"E das flores, você gostou?" Pensou Robin, mas só pensou mesmo. Ele estava parado na porta vendo tudo acontecer como um mero espectador, a mudança de atitude dela com Roland, a voz doce, os sorriros trocados, a alegria nos olhos do seu filho...

"Era especial pa você, Gina" diz Roland e Regina o traz para mais um abraço. Robin odeia ter que fazer isso mas ele vê o cansaço dela e ele mesmo estava exausto. Eles tinham uma longa caminhada pela frente e realmente precisavam dormir.

"Roland, se despeça da Rainha e vamos voltar. Já está tarde e precisamos descansar" diz Robin e Regina volta a olhá-lo.

"Mas Papa..."

"Nada de mas Papa, garotinho. Nós fizemos um trato, lembra? Agora que você já viu sua amiga, vamos deixá-la descansar" explica ele em tom autoritário mas doce, fazendo Roland acenar de maneira positiva com a cabeça mas não sendo capaz de esconder o bico descontente.

"Obedeça seu pai, Roland. Quando voltarmos você pode dormir aqui comigo para a gente matar a saudade, o que acha?" O garoto se anima na hora.

"Eu não posso domir hoje? Eu tô com saudade hoje já" diz ele e Regina não sabe o que fazer. Ela olha de Roland para Robin que se dá conta de que aquela batalha, ele já havia perdido. Ele queria passar mais um tempo com ele mas parece que seu filho de quatro anos tinha outros planos. Roland se vira para Robin "po favorzinho Papa"

Como ele negaria?

"Se não for incômodo para Majestade..." Ele diz e Roland passa a olhar para ela de forma pidona.

"Incomodo nenhum" responde ela e um Roland muito feliz corre e abraça o pai.

"Obigado Papa" Robin o pega no colo.

"De nada filho, durma bem" ele beija a cabeça de Roland e o entrega a Regina. Ela o põe no chão e segura em sua mãozinha, levando o garoto para dentro do quarto. Eles trocam mais um olhar antes de Robin lhe dar as costas e sair. Assim que a porta se fecha, Regina se arrepende do que fez, não por estar com Roland, mas ela não pensava que sua idéia daria outra idéia ao bebê, os colocando numa enrascada. Ela sabe que Robin não se importa de deixá-lo com ela, mas dessa vez ele sofreu para fazer isso. Fazia apenas uma semana que ele havia voltado da missão e agora já partiria para outra, ficando sem ver Roland por mais uns dias novamente. Com certeza ele queria dormir com o filho e aproveita-lo enquanto não partiam e ela havia acabado de tirar isso dele, mesmo que sem querer. Ela viu em seu olhar o quanto foi difícil dizer sim, mas que ele o fez mesmo assim para deixar Roland feliz e não ter que partir no outro dia com seu filho triste por mais esse motivo. Se fosse ela, não sabe se abriria mão de ficar com Henry nem que fosse apenas dormindo, e isso mostra o quanto ele se doa por quem ama... Pensar nisso lhe dá um aperto no coração. Se fosse outra pessoa, ela não ligaria, afinal a escolha de ir na missão foi dele, apesar dela insistir de que não era necessário. Mas ele não é qualquer pessoa então, sem pensar, Regina abre a porta:

"Locksley..." Robin já estava um pouco afastado, mas se virou assim que ouviu sua voz, voltando alguns passos "Fique"

"O que disse?" Pergunta ele, agora mais perto. Regina respira fundo e repete.

"Fique...quer dizer, você pode ficar se quiser...digo, por Roland. Você pode ficar se quiser" diz Regina toda enrolada. Robin abre um sorriso para ela e é como se o Sol tivesse nascido mais cedo, mas logo ele volta a ficar sério:

"Eu não poderia, seria errado e também não quero lhe incomodar mais do que já incomodo normalmente" Regina sente suas palavras e sabe que tudo isso é um absurdo, mas sinceramente, nesse momento ela não liga. Eles estavam sozinhos e ninguém ficaria sabendo.

"Não será um incomodo. Entre logo antes que eu mude de idéia" ela diz e Robin sorri.

"Obrigado" agradece ele, enquanto Regina abre caminho para ele passar. Quando Roland o vê dentro do quarto, seu sorriso de covinhas se ilumina ainda mais.

"Eba! Papa vai ficar com a gente, Gina?"

"Ele vai sim, querido!" Responde ela, evitando olhá-lo.

"Ele vai dormir na cama também?" Pergunta Roland e Regina o olha assustada. Robin se adianta.

"Não, filho, papai vai dormir no chão, do seu lado"

"Você pode dormir no sofá" diz ela, agindo como se aquilo não significasse nada. Ela entrega um travesseiro para ele e se dirige para a cama. Robin a acompanha com o olhar e vê sua capa, um tanto revirada, no local onde certamente a Rainha estava deitada antes deles chegarem. Sua boca se abre em choque e quando Regina acompanha seu olhar e vê o que ele viu, ela se amaldiçoa na mesma hora. Por que raios ela não devolveu essa capa para ele? Ela olha para Robin que sorri divertido para ela e Regina rola os olhos, o ignorando em seguida. Pegando a capa dele como se fosse a coisa mais insignificante do mundo, ela se aproxima e lhe entrega:

"Pode se cobrir com isso" mas Robin não pega a capa de sua mão. Ele se aproxima da cama de Regina e pega o cobertor dela, que estava dobrado nos pés do móvel. Ele traz até seu rosto e o cheira, fechando os olhos e absorvendo seu perfume.

"Eu prefiro me cobrir com este aqui, se Vossa Majestade não se importar" diz ele olhando fixamente para ela. Regina sente um calor repentino apenas por vê-lo sentindo o cheiro dela em seu cobertor.

"Tudo bem" é tudo que ela consegue responder. Ela então coloca a capa de Robin de volta na cama e vai ajeitar Roland, que estava sentado brincando com Balu, completamente alheio a qualquer coisa ou tensão entre eles.

"Hora de dormir, bebê" ela diz e Roland se deita conforme ela pede. Mesmo estando de costas para eles enquanto ajeita o sofá, Robin sente seu coração aquecer com o carinho dela com Roland. Ele nunca havia parado para pensar na diferença que poderia haver a presença materna na vida de seu filho. É óbvio que ele sabe que nada suprirá esse lugar, por mais que ele tente ser o melhor pai do mundo. Roland é feliz, ele tem plena certeza disso, mas vê-lo com ela ascendeu um outro nível de desejo de felicidade que ele nem sabia que estava dentro dele, ou melhor, que já havia existido, mas que morreu junto com Marian, e parecia que agora estava ressurgindo da forma mais improvável possível.

Regina cobre Roland, que se ajeita colocando um dos polegares na boca e abraçando Balu com o outro braço. Ela se abaixa e deixa um beijo na cabeça dele.

"Boa noite, querido. Durma bem"

"Boa noite Gina. Boa noite Papa" Robin se aproxima e se abaixa na frente dele:

"Boa noite, meu amor. Eu te amo" e beija Roland também. Regina se levanta e deita ao lado dele. Robin vai se afastando quando Roland diz:

"Papa o senhor não vai dar beijinho de boa noite na Gina?" E Robin paraliza no lugar. Ele se vira e olha do filho para ela, que está com os olhos arregalados o encarando. Ele não podia perder essa oportunidade, não é mesmo?

Caminhando devagar, ele se aproxima da cama de Regina novamente sob os olhares atentos de Roland, a quem ele agradecia mentalmente agora. Ele puxa sua capa e a cobre, do mesmo jeito que fez na biblioteca. Ela mal respira e agradece à Deus por Robin não poder ouvir as batidas de seu coração que quase chegam a fazer seu peito doer. Ela acompanha lentamente enquanto Robin se aproxima dela, seus olhos nunca deixando os seus. Ele acaricia seu rosto com as costas de uma de suas mãos de maneira terna. A maciez da pele da Rainha em contato com sua pele é gritante e Robin sente vontade de mais...muito mais. Regina sente as borboletas em seu estômago baterem suas asas de forma violenta enquanto recebe o carinho dele. A expectativa do que pode acontecer caso eles percam a noção de tudo a atrai...ela quer mais dele e se dá conta disso quando o sente deixar um beijo casto, carinhoso e mais demorado que o normal em sua testa. Assim que os lábios dele entram em contato com sua pele, Regina fecha os olhos e se permite. Ela apenas sente, e aquilo derruba tudo dentro dela, todas as possíveis camadas e discursos que ela havia dito a si mesma em relação à ele se desfazem como dente de leão ao vento... Quando o contato é desfeito, ele sorri para ela:

"Boa noite Regina" e faz um carinho com a ponta do seu nariz na ponta do nariz dela, como ele já havia feito uma vez. Ela nada responde, hipnotizada demais pelo jeito como o nome dela é pronunciado pelos lábios dele, aqueles lábios que ela quer desesperadamente beijar...

Robin volta para o sofá e se ajeita da melhor maneira que pode, o cobertor cheirando à lavanda o faz sorrir assim que se cobre, e ele logo pega no sono imaginando como seria poder tê-la junto de si até adormecer. Regina também adormece com tranquilidade, como se toda aquela bagunça fosse certa. Vê-lo dormir é a última coisa que ela assiste antes de enfim adormecer.

Robin desperta assim que o Sol começa a nascer. Seu corpo reclama de dor quando ele se espreguiça, devido ao local e a posição em que dormiu, mas assim que ele abre os olhos, nada mais importa do que a cena que ele vê: Regina e Roland, bem agarradinhos, dormindo tranquilamente. Roland segura uma mecha dos cabelos de Regina enquanto ela tem uma das mãos em suas costas de forma carinhosa e protetiva. Ele sente seu coração vibrar e naquela hora tem certeza de que acabou de se apaixonar um pouco mais por ela. Com cuidado, ele dobra o cobertor e deixa tudo o mais arrumado possível no sofá, veste suas botas e se aproxima dos dois. Tentando não incomodá-la, Robin pega Roland, o ajeitando em seus braços. Assim que perde o contato com a criança, Regina desperta um pouco assustada. Robin senta na cama e pega uma de suas mãos, tentando acalmá-la.

"Shiiiiiiiii... está tudo bem, Regina" Os olhos dela tentam se acostumar com a claridade do dia que vai nascendo e Robin a acha de tirar o fôlego com os cabelos bagunçados em seu rosto e a cara amassada de sono "é muito cedo ainda, volte a dormir"

"Aonde vocês estão indo?" Pergunta com a voz mole de preguiça.

"Para o acampamento, preciso terminar de ajeitar umas coisas e preparar as de Roland também antes de partirmos" Seus olhos enfim se focam e ela mira os azuis que parecem ainda mais claros ao amanhecer.

"Você ainda pode desistir... ficar com Roland e não se arriscar" ela diz e Robin não pode acreditar que a teimosia dela impera até quando ela acabou de acordar.

"Boa tentativa, Milady, mas você não vai se livrar de mim" responde ele sorrindo e Regina bufa, frustrada. Ela se senta na cama e tira a capa dele de cima de seu corpo.

"Pegue, sei que vai precisar dela" diz lhe oferecendo a capa. Robin sorri e responde:

"Ela não me pertence mais" e dá uma piscadinha para ela, saindo com Roland logo em seguida. Porém, antes de fechar a porta, ele se vira mais uma vez e diz "Você é ainda mais linda quando acorda" Regina fica sem reação vendo-o sorrir enquanto fecha a porta. Assim que ele sai, ela cai para trás soltando um suspiro. A Rainha olha para o início do amanhecer que colore o céu e se envolve mais uma vez na capa de Robin, lembrando das últimas palavras dele antes de sair. Ela sorri. Regina não sabia no que estava se metendo, mas talvez ela quisesse pagar pra ver. 


Notas Finais


E lá vamos nós para uma jornada até o castelo de Rumple. O que será que vai acontecer nesses dias juntos acampando na floresta?
Obrigada por chegarem até aqui! Desculpem se houveram erros, eu li várias vezes e chega uma hora que mal enxergamos mais. Ansiosa pelos feedbacks. Até breve!


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