História Something In The Way - Amor?

- FILHA DA PUTA. - Acertou seu punho cerrado em meu rosto, fazendo meu banco se desiquilibar e eu caí no chão. Limpei o sangue que escorria do meu nariz com as costas da mão.

- Qual é o seu problema, cara ? - Me levantei, apoiando-me no balcão.

- Você é o meu problema.

Ele saiu daquele lugar pela porta de entrada e eu o segui.

Ele se sentou debaixo de uma árvore, usando seu tronco como encosto.

- Porra, me desculpa, cara. Eu não fazia idéia de que você gostava dela. Eu sinto muito. Mesmo. - Tentei consertar a situação.

- Como você pôde fazer isso? Transar com alguém que você só viu uma vez e pouco se importa com ela. Você não tem vergonha na cara?

- Não. Só beleza mesmo. - Ele riu fraco . - Eu...sinto muito pelo que aconteceu...se eu soubesse que você gostava dela...eu nunca teria feito o que fiz. Eu juro.

Sentei-me ao seu lado e vi algumas lágrimas caírem dos seus olhos.

- Eu sou um covarde idiota.- Disse enxugando as lágrimas que ainda estavam em seu rosto.

- Quem chora por amor não é covarde. Covarde é quem não ama por medo de chorar.

- Me desculpa por acertar seu rosto, irmão. Você não tem culpa nenhuma. Eu agi como um imbecil.

- Não esquenta com isso.

- Se importa se eu perguntar sobre...você sabe...Melany e você?

- Nem um pouco. - Eu não estava muito confortável com isso. Mas negar isso à ele não era uma opção.

- Onde aconteceu? Você mencionou que foi em um lugar público...eu não esperava isso dela... eu só...não sei o que pensar.

- Lembra do beco em que nos conhecemos hoje cedo?

- E como esquecer?

- Bom...

- Que romântico. - Ironizou.

- Vamos voltar para dentro? - Sugeri. Eu realmente não queria falar sobre a minha foda com a Melany. Mas era o mínimo que eu poderia fazer por Krist. Porra, eu comi a garota dele. Eu sou um animal. E estava pagando pelos meus atos. Isso já aconteceria quando eu fosse para o inferno, mas parece que eu teria que pagar um pouco aqui também.

- Posso lhe fazer só mais uma pergunta?

- Fique à vontade.- Não questionei. Eu devia isso à ele.

- Você tem algum sentimento por ela?

- Não se preocupe com isso. Ela foi apenas mais uma. Ela não significa nada para mim e essa noite já está no passado. - Ele assentiu com a cabeça. Eu não tinha nada contra a Melany. Mas eu iria precisar ignorá-la. Por Krist. Eu precisava fazer algo para compensá-lo.

Voltamos ao bar e observamos algumas pessoas pularem e dançarem. Krist parecia estar melhor. Eu agradeci mentalmente por isso.

- Sabe o que eu gostaria de fazer nesse final de semana ?

Eu realmente queria ter escutado o que Krist falara, mas minha atenção foi completamente fisgada.

- Quem é ela? - Apontei para a mulher de cabelos negros, e um rosto perfeitamente lindo. Ela dançava sensualmente. Até seu jeito de pular com a multidão era sexy. Eu estava encantado com a perfeição que era aquela mulher.

- Tracy Marander. Ela vem sempre aqui. Se eu fosse você ficava longe, essa mulher é chave de cadeia, só se mete em problemas. E provavelmente você não tem chance, ela é difícil para caralho e não dá muita bola para conquistadores baratos feito você.

- Vai com calma, amigo, eu estou bêbado. Não entendi metade do que você falou. Você ja levou algum fora dela ou algo do tipo? - Saí antes que ele me respondesse.

Me direcionei à pista de dança, eu pulava junto com a multidão para me camuflar ali. Eu não queria que desse na telha o meu esforço para chegar perto dela. Fiz com que parecesse natural.

- Essa música é muito foda. - Falei alto e olhando em seus olhos. - Você gosta de Iron Maiden?

- Eu gosto muito. - Disse próximo ao meu ouvido para que eu escutasse. A música estava muito alta. Aquele gesto fez os pêlos do meu corpo se arrepiarem. Sua voz era tão...sexy. - Eu nunca vi você por aqui.

- É a primeira vez que eu venho aqui.

- Prazer, novato. - Sorriu - Eu sou Tracy.- Estendeu a mão.

- Kurt - Retribui o gesto apertando sua mão.

- Kurt ?! Nome bonito.

Senti alguém tocar meu ombro e olhei para trás. Era Krist.

- Kurt, precisamos ir. São três horas da manhã. Desculpa cortar seu barato, mas...Ryan já está no estacionamento.

. - Tracy, eu vou nessa. A gente se vê por aí?

- Por via das dúvidas eu te dou o número do meu telefone. - Entreguei meu aparelho telefone em sua mão e ela gravou seu número. Ela sorriu e me entregou o celular.

- Eu te ligo.

- Vou esperar. - Dei um beijo no canto de sua boca. Não foi proposital. Ta legal...foi proposital.

Ryan entrou na picape, colocando a chave na ignição. Eu e Krist subimos no bagageiro e ele deu partida .

- Chad e Dave não vão com a gente?

- Não. Eles sempre ficam. Você sabe...motel com alguma garota que se vende por uma bebida paga. Poderiamos ficar também...mas nós temos aula amanhã.

- É uma pena. Eu me amarrei na Tracy...ela é...indescritivel. Eu passaria horas conversando com ela.

- Ou seja... você quer apenas comer ela e depois bye bye.

- Não. Com a Tracy é diferente. Eu quero conhecer cada centímetro dela. E não me refiro apenas ao corpo.

- Porra, Ryan, para o carro, esquecemos o Kurt. Ele deve estar em pleno coito com alguma vadia em uma realidade paralela - Ironizou e os dois riram.

- Muito engraçado.

- Falando em garotas. Com que cara você vai olhar para a Melany amanhã? - Krist insistia no assunto "Melany". Isso era um saco.

- Com a mesma cara de sempre. Você realmente acha que se eu pudesse trocar de cara eu ainda estaria com essa aqui? Eu seria o Elvis. Isso me traria muitas genitálias extras.

- Compra um cérebro novo, cara, porque esse está com defeito. Você fala que odeia uma garota e enfia seus órgãos genitais no ovário dela. Agora pouco você estava todo apaixonadinho pela Tracy e vem dizer que quer genitálias, no plural, chovendo nos seus testículos. Qual é a lógica disso?

- É só para me divertir. Não precisa de lógica para isso. E eu estava brincando sobre as genitálias. E a respeito da Melany...foda-se ela...foi só uma fodida básica.

- Você só iludiu a pobre garota.

- Pobre?! Só se for no quesito amor ao próximo. Ela é tão...não sei bem uma palavra específica. Mas é ruím, isso eu posso alegar.

- Depois do episódio no beco, Melany vai se masturbar pensando em você, cachorrão. Viva com isso.

- Ela só pensa em si mesma. Provavelmente se masturba de frente para um espelho. - Bocejei. Eu precisava pregar meus olhos. Eu não estava conseguindo controlar meu sono.


- Também preciso dormir. - Disse em resposta ao meu bocejo. Krist também estava esgotado.

Eu tirei meu celular portátil do bolso. Ele era de última geração. Ganhei de presente no Natal do ano passado. Eu realmente queria uma guitarra ao invés disso. Mas fiquei feliz ao lembrar que o número de Tracy estava salvo nele.

- O que mais vão inventar?! - Apontou para o meu celular. - Talvez um desenho baseado em uma esponja que mora no mar, dentro de um abacaxi e seu melhor amigo é uma estrela-do-mar rosa.

- Rosa?!

- Sim, só para ser gay.

- Quem assistiria essa porra?

- Eu garanto que uma renca de idiotas veriam. E seria um desenho bem supimpa, ta?!

- Claro...e ele pode caçar águas-vivas com seu animal de estimação. Vamos ver um bem bizarro...um Caracol. - Ironizei.

- Um Caracol?! Isso já passou dos limites da idiotice - Riu alto jogando sua cabeça para trás. - Vai me dizer que o Caracol mia?

- Boa idéia. - Sorri.- Ele poderia fritar hamburgueres em um restaurante comandado por um Siri. Isso sim passaria dos limites de idiotices. Qual seria a lógica desse desenho.

- Para de zuar. E dane-se a lógica. O que importa é o nível de diversão que isso me traria. Eu riria para caralho com esse desenho.

- Vou fingir que não ouvi isso e vou te ignorar completamente. Só porque sou bonito e legal.

- E modesto.- Ironizou.

O carro parou em frente a casa de Krist , peguei minha mochila e nós descemos acenando para Ryan.

- Se acordarmos alguém, a culpa foi sua.

- Minha mãe está em Liverpool com o namorado inglês idiota. Só vai voltar daqui três meses.

- E você mora sozinho desde então?

- Exatamente. Mas ela me liga todos os dias...se ela soubesse que eu chego em casa à essa hora, eu me...

- Você se fode?

- É. - Ele pegou a chave que estava em seu bolso e abriu a porta. Quando ele girou a maçaneta da porta eu consegui ver o que eu poderia chamar de terceira guerra mundial. A casa estava imunda, coisas e comidas espalhadas por todo canto e uma montanha de louças na pia. Uma situação periclitante. Tropecei em uma embalagem de comida, mas logo recuperei o equilíbrio. Aquilo era uma tremenda casa de mendigo, só que com paredes. Tinha até uma cueca pendurada no ventilador de teto.

- Não repare a bagunça. - Senti um imensa vontade de gargalhar, mas me contive.

- Um pouco difícil. Você é muito pouco organizado, cara. - Joguei no chão algumas roupas que estavam no sofá e me joguei no mesmo. Eu vou dormir no sofá?

- Obviamente.

- Que hospitalidagem.

- Cala a boca seu cú de burro. Hoje eu sou o hospedeiro e você o parasita, ou seja, você precisa de mim e da minha casa. Então aqueta esse seu fogo na buceta.

- Sou meu próprio parasita, não preciso de um hospedeiro.

- Todo parasita precisa de um hospedeiro, Kurt. Isso é a lei da natureza.

- Foda-se a lei. Eu sou um parasita independente.

- Fique à vontade para dormir "independentemente" na rua. O banco da praça provavelmente é bem mais confortável que o meu sofá - Ele riu. Krist entrou em um dos quartos e fechou a porta do mesmo. - Boa noite! - Não demorou muito para que eu apagasse completamente.

'' Era ela. Com seu rosto angelical perfeito, sorrindo para mim, um sorriso que me fazia levitar...Melany. Ela segurava algo, não consegui ver o que era, estava muito embaçado. Ela me lançou um sorriso doce e mordeu o lábio inferior. Tão doce que eu estranhava ter vindo dela. Ela beijava meus lábios suavamente e passava suas mãos em meus cabelos. Eu queria acordar, mas ao mesmo tempo, queria estar entre seus braços, o suficiente para amá-la. Eu nunca havia visto alguém tão linda em toda minha vida. À cada toque, meu corpo vibrava de libido. Sua pele era como uma brasa e seu sorriso iluminava tudo à minha volta. Não era mais à gravidade quem me mantinha no chão, era ela.

- Meu amor, preciso te contar uma coisa. Prometa que não vai deixar de me amar, Kurt. Eu quero que o nosso ''nós" dure para sempre. Prometa que vai estar ao meu lado para sempre, independente do que aconteça. Prometa.

- Eu prometo. "