História Something In The Way - Consequências

- Você nunca vai estar sozinha. De agora em diante. - Abracei o seu corpo - Eu vou te abraçar até a dor passar.

- Isso começou como uma noite e agora...eu não sei o que se tornou, não sei o que realmente somos. - Sua voz quase não se manifestava, ela se engasgava com as lágrimas e eu à abraçava contra o meu corpo, passando a mão pelo seus cabelos.

- Mesmo que eu tentasse, eu não consiguiria explicar os sentimentos que você me faz sentir. Nem mesmo eu consigo entender, mas sinto que nós dois já estivemos nessa estrada antes. Me ouça...agora nada pode tirar você de mim. - Ela sorriu e limpou as lágrimas que ainda restavam em seu rosto.

- Isso só me faz querer chorar mais. - Ela mordeu minha bochecha.

- Atrapalho? - Morgan nos interrompeu. De imediato escondi o teste de gravidez no bolso da minha calça.

- Não...nós só estavamos conversando. - Melany sorriu.

- Violet está esperando vocês para servir a sobremesa.

- Nós já estamos descendo.

Morgan retornou à sala de jantar e Melany me abraçou.

- Você está bem? - Ela fitou os meus olhos.

- Eu estou ótimo, minha princesa.- As vezes é mais fácil dizer que você está bem à explicar todas as razões de não estar.

Descemos as escadas e todos ainda estavam na mesa, Melany e eu nos sentamos enquanto Violet servia o brownie.

...

- Estava delicioso, Morgan. - Ela sorriu para Andrew.

Todos se retiraram da mesa de jantar e se dirigiram à sala de estar.

- Mel. - Puxei o seu braço.

- Sim?!

- Eu preciso ir. Eu quero colocar os pensamentos no lugar e tentar esfriar um pouco a cabeça.

- Você pode sair pela porta dos fundos. Eu invento alguma desculpa para eles. - Ela me abraçou. - Não está sendo fácil, Kurt. - Uma lágrima escorreu dos seus olhos.

- E nunca é. - Dei um beijo em sua testa. - Eu vou estar ao seu lado. Não se esqueça disso. - Saí pela porta e ela acenou para mim, eu retribuí com um sorriso.

...

Apertei o interfone, com um tanto de incerteza. Receio que ele ainda possa estar zangado comigo.

- Quem é? - Ele respondeu ao toque do interruptor.

- É o Kurt. Krist, nós precisamos conversar.

- Eu não tenho nada para falar.

- Mas tem muito para escutar. Isso não se trata só da Melany. Você precisa me ouvir.

A porta de entrada se abriu e Krist me lançou um olhar frio.

- Não vai me convidar para entrar? - Sorri.

- Seja breve. - Estendeu as mãos, dando-me passagem.

Sentei-me em seu sofá, e ele na poltrona em frente, sua expressão permanecia fria.

- Krist...me desculpa. Me desculpa mesmo...por tudo. - Apertei minha própria mão - Eu não tenho auto-controle, não consigo raciocínar perante situações sensíveis demais.

- Não me faça acreditar que o culpado sou eu.

- A culpa não existe, Krist, o erro sim. - Abaixei a cabeça. - Eu sou jovem demais para deixar o amor partir o meu coração. Mas eu não consegui evitar, não à tempo de descobrir que você à amava. Agora eu também à amo. Eu não quero perder a sua confiança, mas não posso mudar o que eu sinto. Não tem como eu sair impune disso.

- Isso não se trata apenas de mim, não é mesmo? - Eu neguei com a cabeça. - O que está acontecendo?

- Melany está grávida. - Passei as mãos pelo meu rosto.

Ele se levantou e se sentou ao meu lado, colocou as mãos sobre o meu ombro e sorriu fraco.

- Eu estarei ao seu lado, irmão. - Eu sorri fraco. - Eu fui um idiota em pensar que Melany e eu poderíamos dar certo. Foi apenas uma coisa passageira que aconteceu à algum tempo, eu não à amo, sinto algum tipo de atração por ela e apenas isso. Você não foi errado em tentar me alertar sobre isso.

- Você não foi um idiota. Eu fiz coisas estúpidas, e uma delas foi me apaixonar por uma garota da qual não devia.

- Kurt, você à ama. É o que importa. Essa criança é sua e não há nada que eu possa fazer. Só posso te oferecer o apoio que você merece.

- Eu à amo, Krist, só tenho medo de dizer isso à ela.

- Você sabe pelo que vale a pena lutar. O medo só está no nosso sub consciênte nos manipulando a todo custo,Kurt, só faça o que seu coração mandar. Mude essas vozes na sua cabeça, faça elas gostarem de você.

- Eu tento...eu juro que eu tento. Mas as vezes minhas palavras se tornam insuficientes.

Tirei o teste de gravidez do meu bolso e dei em sua mão.

- Eu não sei o que fazer. Eu nunca passei por isso antes. Eu achei que a minha vida inteira estava planejada, que tudo daria certo e nada atrapalharia os meu planos. Mas quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.

- Você não pode fraquejar, se você não estiver ao lado dela, ninguém irá, Kurt.

...

- Até amanhã, Krist. - O Abracei e bati de leve em suas costas.

- Vai dar tudo certo. - Ele sorriu.

Andei, com os pensamentos instáveis, até a minha casa.

Abri a porta e a tranquei já estando dentro da casa.

Fui até a cozinha e abri a geladeira. Peguei um pedaço de pizza amanhecida e o digeri em segundos.

Subi as escadas, sentindo o peso do meu corpo à cada degrau, e me deitei na minha cama.


Como eu posso ganhar, ou ao menos lutar, se estou paralisado?

Meus demônios rastejam na minha cama e enrolam seus dedos em volta da minha garganta.

Ninguém pode me ouvir gritar.

E isso é o que eu recebo pelas escolhas e decisões erradas que eu fiz?

Com essas asas quebradas eu estou caindo e tudo o que eu vejo é você.