História Something Just Like This - O Beijo da Banshee

- Eu tenho uma ideia, o que acha de ela fazer parte da nossa guilda? - O sorriso dele era enorme.

Ela encara aquele homem com um sorriso enorme que contagiava. Como assim ele queria que ela, uma Banshee fosse morar entre os humanos??? Sua feição de surpresa começa a se transformar em dúvida.

E se ele queria apenas leva-la como prêmio, de maneira mais fácil? Sem resistência, mas só ir....

...Mas…

“...Por que raios ele parecia ser tão confiável?”

Ela passa o olhar pelos três: o que a convidou parecia animado e sincero. O de cabelo verde parecia surpreso com a ideia, e o moreno…

...parecia indiferente.

- Excelente ideia, por que não levar numa guilda de CAÇADORES, uma entidade PROCURADA e ligada com a MORTE. - retruca o homem moreno.

- Ela te salvou Trao! Ela é de confiança...Eu confio nela!

- E você, não vai dizer nada? - o moreno se dirige ao de cabelo verde.

- Não. Se esse miolo mole já decidiu algo, é impossível argumentar com Luffy…

- Então está decidido, você vem com a gente!!

O homem mais baixo pega a mão dela sorrindo. Ela puxa seu braço pra trás se soltando dele. Encara com cara de desconfiança.

“Tá maluco??? Nem ferrando!”

Por mais que estivesse doida para interagir com a humanidade, com pessoas reais e não apenas animais e seres mágicos, ela não podia se arriscar assim. E muito menos abandonar a floresta. Os animais dependiam dela para protegê-los contra caçadores e outros que ameaçassem a paz dali.

- O que foi??? Vamos, você está segura conosco!!

- Não conte comigo.

- Nem comigo.

- Zoroooo, Traoooo, vocês também a querem como aliada! Ela é uma boa pessoa!

- Isso não quer dizer que vou bancar a babá dela…

- E eu não vou ficar cuidando de ninguém.

Fica com um bico enorme ao ouvir aquilo. Eles acham MESMO que ela era tão indefesa assim??

“Bando de idiotas.”

Ela vai até a porta e mostra para eles. Que fossem de volta para sua guilda e a deixassem em paz. Ela não precisa da proteção de ninguém. Sabia lidar com seus problemas, e se a morte viesse buscá-la era o melhor. Pelo menos se livrava do fardo.

- Quer que a gente vá embora? - pergunta  o que se chama Luffy

Ela gesticula com a cabeça afirmando.

Zoro é o primeiro a sair, acompanhado de Luffy que reluta na porta olhando com grandes olhos para ela. Ela vira o rosto ignorando-o. O último era o talde Trao.

Ele para na porta e a encara. Os olhos se encontram e a cor do olho dele parece oscilar entre o cinza para o roxo.

Ele sente o mesmo com ela, mas os olhos da jovem Banshee variavam entre o castanho e roxo. Eles ficam imóveis até que ambos caem no chão.

♦♦♦ Algum tempo depois.

Ela acorda. Levanta de um salto da cama, e percebe que estava “viva”. Olha com mais calma no lugar e percebe que não estava em sua cabana. Na verdade, estava num lugar bem diferente. Era um quarto com uma enorme cama, onde estava, uma lareira onde o fogo queimava algumas lenhas, uma cadeira no canto, uma mesa e uma bacia com jarro em cima dela. Era simples, mas receptivo.

E não era sua cabana.

"Onde estava afinal??"

Repara numa escultura acima da lareira que continha um símbolo: era o símbolo de uma guilda. Sabia pois procurava ler o máximo de livros sobre história para se atualizar com o passar dos anos.

Ela estava na guilda deles!!

“Ela precisava salvar o homem não é mesmo?? Não podia deixar a morte se encarregar de mais um, ela precisava ter dó de uma jovem alma… Agora taí o resultado: confinada.”

Senta na cama. O que faria? Poderia esperar quem fosse vir para checar ela, e então usar seu grito e fugir… mas não queria matar ninguém.

Ela poderia também sair pela janela.

Vai até a janela e estava destrancada...mas estava no segundo andar e era alto, possivelmente machucaria a perna e não poderia correr.

...Ela poderia checar a porta…

Vai até a porta, certa que estaria trancada.

Gira a maçaneta e a porta se abre.

“A porta abriu???”

Pelo jeito não era uma prisioneira como pensou. Ela então sai do quarto e caminha devagar, olhando para todos os lados. Estava aterrorizada.

- Boa Noite!

Um homem alto e ruivo passa ao lado dela com um caneco em uma mão. O outro braço não existia, apenas um cotoco. Ela da um pulo pro lado com o susto, e ele exibe um sorriso hipnotizador, mesmo com a cicatriz em seu rosto, não conseguia tirar o olho do sorriso...Ela gesticula com a cabeça cumprimentando-o.

Continua sua caminhada até uma escada. Começa a descer, quando escuta  uma voz conhecida.

- Oeeeee Bannns…..OUCH!

Ela olha em direção a voz a tempo de ver o  homem de cabelos verdes conhecido como Zoro, acertar um tapa na cabeça de Luffy. Um pequeno sorriso espontâneo aparece em seus lábios ao ver a cena.

- Por que me bateu??

- Shhh… - Zoro responde baixinho - Quer entregar ela pra todo mundo? Não podemos dizer que ela é uma Banshee.

- Hum...faz sentido, senão o pessoal dos “ Novas” ou dos “Shichibukai” podem querer pega-la pra vender.

- Oe, qual seu nome? - pergunta Zoro ao vê-la sentar na mesa.

Ela encara ele e gesticula como se escrevesse. Precisaria de papel e pena para poder se comunicar com eles. Zoro demora um pouco, mas parece entender, então se levanta e vai até o balcão pegando com Makino um pequeno maço de folhas e uma pena com tinteiro. Volta e entrega para Nami. Ela rapidamente rabisca no papel:

Me chamo Nami. Estamos na guilda que falaram?

- Sim. Você e o Trafalgar desmaiaram do nada, então para cuidar de ambos trouxemos pra cá…

- É, foi sinistro! Vocês dois olharam um pro outro, ai o olho do Trao ficou roxo e então POF!, os dois cairam duros no chão.

E onde ele está? Está bem?

- Está dormindo pra variar…

- HA-HA-HA! Olha quem fala…

- O que está insinuando, Luffy?

- Que você é o que passa 70% do tempo dormindo! O resto fica entre beber e brigar!

- E você não?

- Durmo menos que você!

- Come mais e arranja confusão todo tempo.

Ela não presta atenção a discussão dos dois. Sua mente se distrai, acompanhando seus olhos que passavam pelo salão: era bem rústico, com algumas peles de animais penduradas pelas paredes, possivelmente para aquecer nas noites mais geladas. Pessoas entravam e saiam o tempo todo, algumas falando diretamente com a moça de cabelos verdes do balcão, outras no grande mural, onde tinham diversas folhas presas.

Observava cada pessoa, sentindo um mix de medo e ansiedade: alguém ali saberia sobre ela?

O medo começa a domina-la. Todos poderiam saber, e apenas esperam um momento de distração para prende-la, torturarem, ou pior…

- Você tem poderes bem estranhos.

A voz rouca do moreno a assusta e tras ela de volta de seus pensamentos. Ele senta ao lado dela, bem próximo. Os olhos se encontram e um leve rubor sobe em seu rosto. Ele sorri.

E que sorriso!

Se sente mais a vontade, e tinha a estranha sensação que ele também se sentia assim.

- E então, vai me contar o que fez antes, pra me botar pra dormir?

Encara ele sem entender, ela realmente acreditava que ela teria feito aquilo? Será que ele não sabia que ela..

- Ela também apagou Trao. - Zoro responde.

- É Traooo! Vocês se encaram, ai seu olho ficou roxo, e os dois cairam!!

- E como ela está…

- Na guilda? Ué, ela é uma mulher, não deixaríamos sozinha na desmaiada na floresta. Não sabíamos se ela ia acordar de volta e achamos receber cuidados médicos aqui.

- Entendo… - Trafalgar vira o corpo ficando de frente para ela, buscando as mãos dela. Segura ambas e encara-a nos olhos - Que tal testarmos novamente? Posso?

Um calor alucinante se espalha por seu corpo, principalmente em suas mãos e nas bochechas. O coração começa a acelerar, e a respiração acompanha..

“O QUE RAIOS ESTÁ ACONTECENDO COMIGO?”

- Hum, divertido... Sabia que tinha ouvido sua voz aquele dia…

Ela o encara perplexa sem entender bulhufas!

- Sente algo estranho, diferente?

“Certo, isso tá muito estranho. Melhor soltar as mãos dele, antes que meu coração saia pela boca! “

- Se ele sair, posso devolver facilmente pra você.

“QUE?”

Ela recua, soltando as mãos dele. O encara por um longo minuto, processando a informação. Ele realmente tinha a escutado?

Os olhos deles estavam cinzas, como de costume. O rosto tinha uma expressão de malicia.

Maldito, estava adorando a situação.

Se recompõe.

“Não pra cima de mim, querido.”

Ele permanece em silêncio. Ela sorri de canto. Percebe o que aconteceu.

Pega a pena e o papel:

Acho que sua força está falhando querido. Não consegue mais me ouvir não é?

Entrega o papel para ele que lê atentamente e depois se vira pra ela. Semicerra os olhos, e o ar de vitória dele se desfaz.

Faz um biquinho junto de um sorriso vitorioso.

Agora precisava manter as mãos deles, bem longe dela. O contato físico parecia fazer os dois conectados… Mas aquele dia eles não estavam em contato...Ela trocava a compressa, depois ela toca o peito dele o devolvendo para a cama… mas depois ela não estava mais com as mãos nele...Poderia ser uma conexão que se criou, por ela ter salvo a vida dele?

O véu da Banshee..

Já tinha ouvido falar de uma conexão que poderia ser criada com…

Percebe que todos a encaravam, esperando alguma reação dela. Teria que dividir o que se passava. E também testar sua teoria. Ela segura a mão de Zoro.

“Consegue me ouvir?”

Eles ficam se encarando um tempo. Sem resposta. Próximo. Segura as mãos de Luffy. Novamente, sem resposta.

- O que ela está fazendo Trao?? - Luffy questiona, confuso.

- Tentando se comunicar com vocês...

Senta-se de frente para Trafalgar, que ainda estava de frente pra ela. Revira os olhos e solta um suspiro. Droga, a coisa toda era só com ele. Estende as mãos para frente, e ele as recepciona com as suas. O calor sobe novamente. Que coisa.

“Pelo jeito, a coisa é entre você e eu.”

- Entendo. E sabe o por que?

Respira fundo. Não queria falar sobre o beijo..

“ Hum..Existe uma lenda muito antiga sobre um poder das Banshees. Além do poder destrutivo de nosso berro, e a conexão com a magia, podemos raramente, impedir que a morte leve alguém. É um poder mais complicado de ser utilizado, e muitos acreditavam que nem existia, pois não há registros de Banshees que tenham salvado alguém…”

- E foi o que fez? - ele mostrava estar muito interessado na história.

“ Sim...e..”

Ela vira o rosto.

“...É conhecido como o Beijo da Banshee.”

Consegue sentir seu rosto virar um pimentão de vermelho. Volta o olhar dele desesperada para se explicar.

“ Me desculpe! Não queria fazer nada contra a sua vontade, mas você estava desmaiado, e pude ver o rastro da morte chegando. Achei injusto, e…”

Ele interrompe os pensamentos dela, roubando um beijo. Os lábios deles eram quentes, receptivos e se moviam de uma maneira inesperada. Bom, ela não tinha um paramêtro para dizer que era certo  ou não… Nunca havia recebido um beijo.

“O que deveria fazer??!! “

- Apenas acompanhe. - ele sussurra durante o beijo

Sem reação. Sem ter como discutir. Sem querer na verdade. Só queria continuar aquele contato que parecia tão bom.

Aos poucos ele se separa dela.

- Agora estamos quites.

Ele sorri e se levanta, indo para o mural. Ele observa um pouco e volta com um papel.

- Aqui, esse será nosso novo objetivo. - diz olhando diretamente para ela.

- Finalmente! Um pouco de ação!

- Whoaaa! Trao, você beijou ela!

- Tsc, vê se cresce mugiwara….

- Mas você sabe ela é...POF! - Trao acerta Luffy

- Ela é minha parceira de trabalhos. E não convidei nenhum de vocês dois.

- Não me importo, vou mesmo assim. - Luffy levas as mãos atrás da nuca sorrindo e sai andando na frente. - Makino, estamos partindo!

- Boa viagem! - Makino responde com um sorriso e acenando.

- Tsc…- Trafalgar dá alguns passos, e se virá encarando ela. - Você vem?

Ela ainda estava entendendo o que estava acontecendo. Tudo foi rápido demais.. E intenso.

Ela olha os três a encarando, Luffy sorrindo, Zoro sem mostrar reação, e ele, Trafalgar, exibe um meio sorriso, que a faz sentir segura. Ela afirma com a cabeça e se junta a eles, na caçada pelo Leprechaum.