História Somos só amigos? (imagine Bakugou e leitora-sn) - Desastre

No fim eu realmente não tive poder de escolha. Mitsuki parecia bem interessada em me ter no jantar. Parece que sou a primeira amiga que Bakugou traz para casa, ou melhor, primeiro ser vivo. 

Nos sentamos na enorme mesa de jantar do primeiro andar enquanto seus pais colocavam as comidas. Eu senti um cheiro maravilhoso de sushi, um dos meus pratos preferidos, mas que quase nunca como por ser algo muito caro. A mesa foi perfeitamente posta, com pratos de jantar e sobremesa, talheres de vários tamanhos junto de hashis e mais de dois copos. Será que isso é o habitual deles ou eles estão fazendo isso só porque eu estou aqui? 

Ao fundo, uma música clássica tocava. Aparentemente seus pais são fãs desse estilo. Tudo isso é tão diferente de quem o Bakugou é, nem imagino na onde ele baseou sua personalidade. 

— Espero que você goste da comida — Masaru sorriu gentilmente — eu adoro cozinhar e estou testando novas receitas  

— O cheiro está ótimo, senhor — sorri sem encara-lo. Olhá-los nos olhos ainda é um desafio para mim  

Bakugou estava sentado em minha frente com uma expressão furiosa. Eu entendo esse sentimento, também estou querendo morrer. 

Masaru pegou o meu prato e colocou peças variadas, algumas de sashimi, hot roll, Nigiri, Hossomaki e tantas outras que eu nem sabia o nome. Também me serviu um pouco de água com gás, eu não gostava, mas não estou em posição de negar ou fazer desfeita. Eu agradeci logo em seguida. 

— Emma, né? — sua mãe voltou a falar comigo — eu sinto que já te conheço — ela falava como quem tentava se lembrar de algo 

— O festival de esportes — Bakugou bufou enquanto brincava com sua comida, sem vontade de comer  

— Tem razão! — ela pareceu feliz quando lembrou, mas logo seu sorriso se desfez — sentimos muito por ele — ela encarou seu filho  

— Tudo bem — eu fiquei sem graça — as melhores lutas são com ele. Seu filho é muito talentoso  

Os dois sorriram ao ouvir o que eu disse. 

— Ficamos felizes de ele ter uma amiga gentil como você — o pai dele completou — apesar de ele ter quase te matado — ele sussurrou a última parte  

— Não somos amigos — o loiro disse sem encarar ninguém  

Ele vai voltar com essa história? 

— Sim, nós vimos em seu quarto — a mãe dele riu sarcástica, me fazendo corar com seu comentário e ter vontade de enfiar minha cabeça num vulcão em erupção. 

— Cala boca, sua velha, já disse que não tem nada a ver — ele voltou a insulta-la — vou dormir — ele se levantou e subiu as escadas, deixando seu prato de comida cheio. Escutei uma porta se batendo no segundo andar. 

Eu realmente deveria ter ido embora. 

— Não liga para ele — sua mãe suspirou — tentamos de tudo para que sua personalidade melhorasse. Não apoiamos esse seu jeito agressivo e arrogante  

— Isso tudo é culpa das pessoas que o endeusaram quando criança — seu pai me explicou — uma criança de 4 anos com individualidade de explosão, é bem impressionante né? 

— Assim, colocaram na cabeça dele que ele era o mais incrível. Ele cresceu se achando imbatível, e hoje está num pedestal que ninguém o tira — sua mãe completou — sentimos muito por isso  

— Tá tudo bem — eu sorri — mesmo com essa personalidade, eu gosto muito do filho de vocês. Ele se tornou um dos meus melhores amigos e, pode não parecer, mas ele é muito gentil  

Os dois sorriram novamente. 

Continuamos conversando e confesso que eu adorei seus pais, eles são muito divertidos e simpáticos. A comida estava maravilhosa e eu fui muito bem tratada. Apesar de Bakugou ter surtado e ido embora, o jantar foi divertido da mesma maneira. 

No fim da noite, Mitsuki me levou de carro para minha casa. 

— Foi muito bom te conhecer, Emma — ela estacionou o carro na frente da minha casa e me encarou no banco de passageiro — volte sempre que quiser, ficaremos felizes com você lá. Sei que você é uma amiga especial para o Katsuki, ele não fala muito, mas conheço meu filho. Você será sempre bem-vinda — ela sorriu e destrancou o carro para que eu pudesse sair — desculpa novamente pelo filho rebelde — ela riu envergonhada  

— Tudo bem, senhora, o jantar foi maravilhoso e vocês são ótimas pessoas — sorri e me despedi, agradecendo pela noite — seu filho é muito importante para mim — disse de fora do carro, pela janela, e depois dei de costas paga entrar em minha casa. 

A semana foi turbulenta, estudamos todos os dias e alguns deles na casa de Bakugou, mas dessa vez não fui deixada sozinha com ele em nenhum dia. Em um dos dias, seus pais convidaram nós três para jantar, eu, Mina e Kirishima. Foi muito divertido, eles ficaram bem felizes em saber que o filho estava fazendo grandes novos amigos. 

Contei para Mina tudo que aconteceu no dia em que ela me abandonou e ela continuou insinuando as mesmas coisas, mesmo eu dizendo que não tinha nada a ver. Eu disse para ela nunca mais fazer isso de novo senão eu a mataria. Ela riu, mas concordou. 

A semana de provas finalmente acabou e posso dizer que... todos passaram em todos os exames!! Eu passei bem na risca, mas o que importa é que passei. Isso foi graças a ajuda do Bakugou, não sei nem como agradecê-lo. 

Agora temos os últimos testes antes das férias: os testes práticos. Boatos na escola dizem que os testes serão os mesmos do exame de entrada para a UA: destruir robôs. Se for isso mesmo, estou feita! O teste é muito fácil e eu preciso passar para ir pro acampamento. 

.｡.:*✧ Dia dos testes ✧*:.｡. 

Todos da sala estavam surpresos com a revelação das provas finais. Estávamos tranquilos por estarmos esperando robôs, mas na verdade, faremos duplas para lutar com um professor que se passará por vilão. TEREMOS QUE LUTAR CONTRA PROFESSORES. Isso não vai dar certo. 

Minha dupla é o Kirishima, vamos lutar contra o Ectoplasm. Não sei como sairemos dessa. 

Os professores estarão usando braceletes que diminuem seu poder, mas mesmo assim isso não muda muita coisa. Nosso objetivo é captura-los com uma algema ou fugir pela porta indicada. Não posso simplesmente usar minha individualidade para me teleportar para o outro lado da porta, isso não seria justo e nem teria graça. Não sei o que fazer, ainda mais contra o Ectoplasm, que pode se multiplicar e também possui uma grande habilidade de combate a curta distância. 

Mas a batalha que eu mais me preocupo é a do Bakugou. Ele está com o Midoriya e lutará conta All Might. Vai ser um desastre. 

Os testes começaram e a maioria passou nas provas. Mina e Kaminari lutaram contra o diretor Nezu e infelizmente perderam. A habilidade do diretor é ser mais inteligente que a maioria dos humanos, e ele lutou logo contra duas pessoas muito burras. Na luta de Sero, ele ficou apagado e não fez nada, portanto só o Mineta passou. 

Chegou a hora da minha luta e do Kirishima.  

— Vai dar tudo certo — ele sorriu e deu uma batida no meu ombro. Estávamos na frente da porta do local da prova, esperando abrir. 

A sala era enorme, em formato de círculo e com vários andares em volta. Ectoplasm já estava se preparando quando entramos. 

Ele logo criou vários clones e Kirishima tentou vence-los no combate corpo a corpo, enquanto eu tentava desviar com minha individualidade. Eu localizei a porta de saída e logo me teleportei para perto. Obviamente havia vários clones na frente, eu poderia muito bem desviar de todos e aparecer do lado de fora sem dificuldades, mas isso seria muito apelão, eu vou lutar. 

Infelizmente, quanto mais lutamos, mais ele se desfaz e cria outros clones. Ele nos vencerá pelo cansaço. 

De repente, ele juntou todos seus clones num enorme e nos pegou, nos jogando para longe da saída. Agora não tem mais jeito. Faltava 20 segundos para o tempo acabar e ele continuava nos jogando longe, mesmo que eu desviasse, ele tampava a passagem de algum modo. 

O tempo acabou. 

Não conseguimos. 

Uma decepção corre pelo meu corpo e meus olhos ameaçam lacrimejar. 

Eu não queria fugir, queria lutar e ganhar pelo meu esforço. 

Kirishima se aproxima e abraça meu ombro. 

— Desculpa — sua voz era de tristeza 

— Você não teve culpa, eu tive — murmurei cabisbaixa, e antes que ele falasse algo, eu o interrompi — vamos — me virei para seguir o caminho da saída  

A próxima e última luta era do Bakugou e do Midoriya, eles já estavam em frente ao seu local de prova, não pude nem desejar boa sorte para os dois. Eles precisam de sorte. Espero que não se matem. 

— Sinto muito por vocês — Mina disse assim que entramos na sala com as câmeras que mostravam as provas dos outros  

— Tudo bem, pelo menos vamos ficar juntos nas férias né? — eu ri entristecida  

— Só não sei onde tá o lado bom disso — Kaminari murmurou do outro lado 

A próxima luta começou. Pelas câmeras, parecia um desastre. Midoriya corria atrás do loiro, mas Bakugou parecia ignora-lo, até que Deku levou um soco desprevenido, não do All Might, mas do seu próprio companheiro de equipe. Bakugou deu um soco bem dado na cara dele, sem mais nem menos. 

— Ah não... o que ele tá fazendo?? — sussurrei para mim mesma 

— Este é o pior trabalho em equipe que já vi na vida — Recovery Girl comentou decepcionada — Eles têm noção contra quem estão lutando? 

Assim que ela falou, All Might socou o ar com tanta força que destruiu todos os arredores, fazendo os meninos voarem. 

Luta vai e luta vem, os dois se socaram várias vezes, sem contar os socos do All Might que os dois também levaram, um deles foi tão forte que fez Bakugou vomitar. Sinto pena dele... me dói vê-lo sofrendo assim. 

Mas num momento os dois finalmente se entenderam e pareciam seguir um plano. Bakugou cuidava do All Might enquanto Midoriya tentava correr para a saída, mas infelizmente o nosso professor é muito rápido e forte, o que dificultava o plano dos dois. 

Bakugou apanhou tanto que chegou a desmaiar no final, mas Midoriya o pegou e graças aos deuses, os dois conseguiram vencer a prova. Foi um completo desastre, os dois estão mais destruídos que o normal e demorou muito para eles se entenderem na luta, pareciam que estavam lutando mais entre si do que contra o vilão. 

Recovery Girl foi rapidamente ao encontro deles e eu fui atrás. Eu estava preocupada com o estado do Bakugou, eu nunca o vi desta maneira, nunca o vi chegar em seu limite a ponto de desmaiar. 

A Recovery os levou para enfermaria, cada um em um quarto. Troquei algumas palavras com o Midoriya, ele disse que estava bem. Bom, não é o que meus olhos dizem. 

Segui a Recovery para o quarto que ela levou o Bakugou. Ela deu seu famoso beijo de cura e conectou uns tubos em seu braço, ela disse que ele precisava de remédio na veia, mas disse que ele estava bem afinal, ele apenas ultrapassou seus limites. Além disso, ele havia quebrado uma costela e deslocado o ombro, sem contar as fibras musculares que foram arrebentadas em seu braço por conta de forçar demais sua individualidade. 

Mesmo com tudo isso, Recovery Girl disse que quando ele acordasse, já estaria bem melhor. Ela saiu da sala e disse que ia cuidar do Midoriya. Ela fechou a porta e eu fiquei sozinha com o loiro no quarto. 

— Droga, Bakugou... Você realmente me preocupa — sentei na poltrona ao lado e abaixei a cabeça sussurrando. 

O tempo passou e Mina e Kirishima vieram ver como ele estava, mas o loiro ainda dormia. os dois disseram que iam embora, mas antes perguntaram se eu precisava de companhia para ficar lá. Neguei com a cabeça e disse que estava tudo bem, eu só queria esperar ele acordar para ir embora. Os dois assentiram e partiram para suas casas. 

Eu aproximei minha poltrona de sua maca e o observei enquanto dormia. Ele é bem bonito... e bem teimoso também. Se ele soubesse trabalhar em equipe, não estaria aqui desmaiado uma hora dessas. 

Eu observava sua expressão de calmaria enquanto cochilava. Ele ainda vestia sua máscara, do traje, que tem aquelas coisas pontudas para trás. Aproximei meus dedos de seu rosto e retirei lentamente sua máscara, revelando toda a parte de seus olhos. Ele estava bem machucado apesar da Recovery já ter feito tudo que podia. 

Suspirei abaixando meu rosto e apoiei minha testa nos lençóis brancos. Acabei cochilando com a cabeça em cima da maca por conta da demora para ele acordar. 

Despertei com um toque em minha nuca e uma voz fraca que eu não entendia o que estava falando. Levantei a cabeça rapidamente e pude ver Bakugou tentando sentar na cama. 

— Sai de cima — consegui escutar sua voz rouca e baixa, que parecia sair de sua boca com dificuldade  

— Você acordou — eu sorri e me levantei para ajudá-lo 

— O que aconteceu? — ele conseguiu sentar-se e observou todo o arredor tentando se lembrar do que aconteceu  

— Você se esforçou demais, acabou desmaiando — eu suspirei — mas vocês conseguiram, passaram na prova. No fim, você e o Midoriya formaram uma boa equipe — eu sorri sincera 

— Cala a boca — ele retrucou — você passou no teste? 

Sua pergunta fez meu sorriso sumir e meu olhar desceu para encarar o chão, sem graça 

— Não — murmurei entristecida — mas não tem problema, quem sabe eu consiga ir pro acampamento no próximo ano — soltei uma pequena risada forçada  

Ele apenas concordou e voltou a encarar seu corpo na maca. 

— Vamos embora — ele jogou o lençol que estava em cima dele para o lado e calçou sua bota do traje que estava no chão  

— Tem certeza que já consegue ir embora? — eu me aproximei preocupada  

— Sim, não sinto mais nada — ele amarrava os enormes cadarços — vou pro vestiário tirar esse traje, me encontra na entrada 

Eu obedeci e fui em direção a porta da UA, logo ele apareceu lá. 

Após longos minutos de caminhada, Bakugou quebrou o silêncio  

— Tá sabendo da I-Expo da I-Island que vai ter semana que vem? — ele perguntou sem me encarar  

— Lógico que sei! — eu o encarei impressionada — é aquela incrível ilha tecnológica que fica isolada de tudo e a exposição revela as múltiplas experiências dos grandes cientistas da ilha, ou melhor, os melhores cientistas do mundo! 

— É, enfim... Como fui vencedor do Festival de Esportes, eu ganhei 3 convites pra lá — ele disse desinteressado — chamei o Kirishima e ele pediu para eu te chamar, quer ir? 

— Não... acredito... — digo ainda tentando processar suas palavras, minha boca se abriu em formato de “o” e após alguns segundos eu pude ter certeza que aquilo era real — É CLARO QUE EU QUERO!! Vai ser a melhor experiência da minha vida! Obrigada!!! — abri meus braços na intenção de pular em seu pescoço, mas o loiro foi mais rápido e me afastou antes que eu o prendesse em um abraço 

— Se encostar em mim eu dou o convite para outra pessoa — ele bufou — aeroporto domingo às 14h00 — disse por fim e deu de costas indo em direção à sua casa 

A próxima semana será inesquecível.