História Sonhos - Capítulo Único

 

Yugyeom tomava seu banho calmamente, havia chegado exausto da aula que tivera. Desfrutava da água quente em seu corpo sentindo-se relaxado, a rotina estava puxada e a universidade durante a noite o enlouquecia. Assim que chegou no dormitório, só queria saborear do bom e velho lamen, tomar seu banho e dormir para no outro dia começar tudo novamente.

— Já vai dormir? — Jinyoung perguntou e o mais novo somente assentiu. — Está cansado? Tudo tem estado tão corrido para você.

— Sim! Mas eu já me acostumei, então é normal para mim — deu de ombros. — E amanhã eu só pego a tarde na cafeteria, vou poder dormir até mais tarde.

— Menos mal — sorriu, se ajeitando na cama e checando seu celular logo o travando. — Fim de semana eu vou ficar com Mark, tudo bem para você ficar sozinho?

— Sem problemas! — sorriu, também logo indo para a cama. — Provavelmente eu saia para beber com Jackson, assim podemos conversar e aproveitar.

— Sei o aproveitar — gargalhou, e Yugyeom jogou o travesseiro em direção ao mais velho. — Cai dentro, talvez dê certo.

— Não! Jackson é só um velho amigo para beber — fez um careta assim que pegou o travesseiro no ar. — Vamos dormir, boa noite Jiny.

— Boa Noite Yug.

O mais novo ainda olhou as redes sociais no celular antes de finalmente pegar no sono.

A noite estava quente, Yugyeom mexia-se e suas roupas começavam a encharcar de suor, o corpo cansado se remexia na cama, de novo o sonho que o atormentava a anos. Yugyeom andava por um lugar desconhecido por si, não conseguia saber ao certo, parecia um corredor. Algumas coisas na parede parecia lhe deixar confuso, piscou algumas vezes e percebeu ao longe alguém vindo em seu encontro, caminhava apressado, e como sempre acontecia, tudo escureceu ao breu. O Kim em um susto acordou, sentindo a respiração pesar, algumas lágrimas desceram pelo seu rosto estar tão cansado. Não conseguia lembrar-se quando começou a ter esse tipo de sonho, e ele sequer mudava, sempre ficava no mesmo borrão, sem cores. Estava saturado e nem conseguia entender o sonho idiota.

Passou a mão pelo rosto e levantou-se em direção ao banheiro. Olhou para o espelho frustrado, suspirou e passou a água pelo rosto para se acalmar. Pegou a toalha e passou pelo rosto logo jogando de qualquer jeito no aparador, voltou para o quarto e viu Jinyoung o olhar incerto.

— Sonhou novamente? — perguntou receoso, e Yugyeom assentiu. — Mudou alguma coisa dessa vez?

— Não — suspirou frustrado. — Não mudou nada, nunca muda, desde que eu comecei com isso é a mesma coisa — jogou-se na cama. — Não faço ideia de como mudar isso.

— Se você não sabe imagine eu, Yug.

Novamente suspirou cansado, já sabia tudo do sonho de cor, mesmo desfocado, sabia que ele nunca mudava, Yugyeom perceberia se alguma coisa mudasse. Ajeitou-se direito na cama e tentou dormir novamente, virando-se vez ou outra. Só não queria sonhar com nada novamente.

 

{...}

 

Já havia perdido a conta de quantas pessoas havia atendido, fim de mês era ainda mais corrido. Yugyeom sentou-se de tão cansado, só de pensar que teria que estudar e terminar o relatório para o professor suspirava,  jamais imaginaria que engenharia civil daria tanta dor de cabeça, mas ao mesmo tempo sabia que seria muito bom para o futuro. Gostava, só reclamava por pura pirraça. Independente, seu pai e sua mãe não o ajudava com absolutamente nada, havia saído de casa quando começou a universidade. Estudar e morar no dormitório havia sido um novo passo para a independência.

A cafeteria era bonita, as mesas eram todas de vidro, e do balcão onde estava conseguia ver toda a movimentação do lado de fora por causa dos vidros que separavam separavam da rua, gostava do trabalho.

— Cansado Yug? — Jaebum seu chefe e amigo perguntou. — O movimento está ótimo hoje.

— Sim! — sorriu. — Não parei nenhum momento hoje.

— Se você quiser ir embora descansar, pode ir.

— Acho que não é necessário — gostava quando o amigo tentava ser solidário consigo. — Nem adianta, meu dormitório é muito longe, não vale a pena subir todo a ladeira para depois ter que voltar novamente, já que meu prédio das aulas é aqui do lado. — Sorriu assim que escutou a gargalhada de YoungJae.

— Jaebum reclamava a mesma coisa quando nós estudávamos. — sorriu para o namorado.

— Reclamava mesmo — Im sorriu lembrando-se de tudo. — Bons tempos.

— Como vocês se conheceram? — O mais novo perguntou curioso.

— YoungJae é minha alma gêmea — Yugyeom franziu a testa não entendendo muito. — Quando mais novo eu tinha vários sonhos sem sentido algum, mas quando eu o conheci tudo ficou mais claro para mim.

— Eu também sonhava, Yug. — O mais novo arregalou os olhos tentando processar tudo o que os amigos falavam. — No começo eu não entendia o que era, mas Jaebum era minha alma gêmea. Tive medo mas depois entendi que éramos predestinados a ficar juntos, e agora eu o amo muito mais.

Yugyeom tentou processar novamente as informações, se sentindo perdido. Então os sonhos que tinha eram tudo por causa de alguém que possivelmente sonhava a mesma coisa? Sentiu o sangue correr pelas veias e fechou os olhos para se controlar, odiava aquele tipo de sonho que nunca tinha fundamento algum. Olhou para os amigos e falou apressado que precisaria sair, e logo os dois assentiram, não entendendo nada, viram Yugyeom sair afoito logo depois de pegar os seus pertences.

Correu que nem percebeu como o céu estava lindo todo azul, as árvores de ipê todas floridas, estava tão bonito, mas seu destino era a biblioteca, nessa hora ela era o seu único foco. Entrou na primeira biblioteca do campus, passou o cartão de acesso para passar pela catraca e logo seguiu para o primeiro computador, a respiração pesada por ter corrido rápido demais. Entrou na página de pesquisa, queria saber se aquilo realmente fazia algum sentido.

Colocou no campo de pesquisa "Soulmate". A única coisa que apareceu era sobre amor por outra pessoa, e que é um sentimento forte. Logo clicou para saber mais sobre, as mãos suando frio, tinha um pouco de receio de saber mais sobre, e quando viu que era algo relacionado aos seus sonhos assim como os amigos falaram, ficou apreensivo.

Então a pergunta veio em sua cabeça: e se por acaso nunca encontrasse a sua alma gêmea? Sentia-se perdido, passou a mão pelos cabelos confuso. E se por acaso aqueles sonhos continuassem até não aguentar mais? Eram tantas perguntas que agora nada mais fazia tanto sentido. Desligou o computador a sua frente e saiu frustrado, logo sentindo o celular em seu bolso vibrar, olhou no visor e percebeu que era sua mãe quem o ligava:

— Oi mãe, algum problema? — perguntou aflito, sua mãe quase não o ligava.

— Não meu filho! Só estava com saudades — sorriu. — Como está as coisas?

— Está tudo bem — suspirou, e pensou que conversar com a progenitora sobre os sonhos era uma boa ideia. — Mãe eu posso perguntar algo para a senhora?

— Se tiver ao meu alcance de lhe responder meu filho, pode sim!

— Eu estou tendo alguns sonhos — começou a caminhar para a subida entrou no prédio da universidade e seguiu para sua sala. — Não tem nexo algum, não consigo entender o que é isso.

— Ah, sobre isso, meu filho! Nós nunca conversamos sobre, nunca pensei que você teria esses sonhos — suspirou do outro lado da linha. — Eu também já tive esse tipo de sonho, meu bem — Yugyeom parou de andar, escutando sua mãe atentamente. — Mas eu nunca encontrei minha alma gêmea, filho, eu não tive a oportunidade de conhecer minha metade.

— Então quer dizer que não é meu pai? — levantou uma sobrancelha. — Você ainda sonha?

— Não, meu filho, não é seu pai, e, não, eu não tenho mais sonhos. Pode ser tantas pessoas, dificilmente o encontramos.

— E o que eu faço mãe? — perguntou confuso.

— Não é fácil filho, os sonhos passam com o tempo, mesmo com uma dor grande eles deixam de existir um dia, mas, filho, isso nem irá acontecer com você.

— Mas e se acontecer? — frustrou-se. — Eu já não aguento mais agora.

— Tudo isso logo vai passar Yugyeom.

Conversaram mais um pouco e então logo se despediram, agora conseguia entender que tudo tinha um propósito, sua mãe sonhava e mesmo assim não encontrou sua alma gêmea, talvez na época seu pai tivesse sido um amor verdadeiro para si, mas que muitas vezes poderia não terminar nada bem, e poderia acontecer igual novamente.

Sua aula já estava para começar, segundo a grade da universidade. Teria aula de história. Fora as aulas de engenharia, tinha muita outras aulas pela universidade. Caminhou apressado até o auditório e rumou para a mesa do canto onde sempre ficava, olhou para os outros alunos e percebeu que Jinyoung estava atrasado.

Logo o professor chegou, o amigo estava atrás e um loiro também adentrava a sala de aula, estava bem arrumado, Yugyeom nunca tinha o visto, o rapaz sentou-se na frente, Park logo aproximou-se e sentou junto de si, conversaram algumas coisas e logo o professor se pronunciou:

— Temos um aluno novo — disse apontando para o rapaz que se encontrava lá na frente, este que sorriu fraco, Yugyeom mal percebeu quando o professor falou o nome difícil do rapaz. — Ele é tailandês, vai ter aula aqui, veio para um intercâmbio.

— Olá — falou envergonhado se curvando, e com o coreano arrastado, tirando algumas gargalhadas dos colegas. — Podem me chamar de Bambam.

Todos deram mais risada, e Yugyeom se sentiu furioso, sem ao menos saber o motivo aparente, mas só não queria que todos dessem risada do loiro que tinha acabado de chegar.

— Ei...! Querem parar de rir do tailandês? — falou com a voz grossa, e todos os olharam surpresos. — Não é por quê ele não fala coreano direito que vocês vão ficar com essa palhaçada.

— Yugyeom! — o professor o chamou. — Não precisa defender ninguém.

Suspirou pesado, odiando aquela aula de uma hora para outra, e nem havia sequer começado. Se focou no livro e tentou prestar atenção na aula, Jinyoung e Yugyeom conversaram algumas coisas e quando a aula acabou Jiny se despediu dizendo que passaria o fim de semana no apartamento do namorado.

Yugyeom mandou uma mensagem para Jackson de que estava cansado e não iria sair pois a única coisa que seu corpo desejava era um bom banho e sua cama quentinha. Levantou-se para sair da sala e passou ao lado do garoto novo, pensou em conversar com Bambam, mas só o que fez foi passar reto, deixando o loiro curioso do porque foi defendido mais cedo. Yugyeom não percebeu, mas quando saiu da sala o mais velho ficou o olhando.

Passou no lanche da esquina, comprou um sanduíche e assim que chegou no seu dormitório, aproveitou para comer, colocou um filme no notebook já que no quarto não possuía uma televisão. Ficou entretido no filme e logo após comer foi até o banheiro, tomou um banho e voltou para a cama se arrumando para dormir.

Novamente Yugyeom caminhava para um local até então desconhecido por si, o corredor se encontrava no mesmo modo, estava lá o rapaz na sua frente, mas como das outras vezes nada escureceu, Yugyeom caminhou para fora daquele local, estava dia e o moreno arregalou os olhos olhando o gramado verde da universidade, e atrás de si o mesmo rapaz o olhava com um sorriso bonito, mas tudo ainda continuava embaçado.

Yugyeom acordou assustado, sentou-se em sua cama e respirou pesado, seu sonho havia mudado, não sabia como reagir com aquele fato, nem seu amigo estava ali para que pudesse contar o que tinha acontecido.

Pegou o celular e as horas eram quatro e meia da manhã, a sensação de não ter dormido nada o atingiu em cheio. Mal conseguia acreditar que o sonho tinha mudado, pensou tanto no dia que mudaria, que agora que estava diferente não sabia como reagir.

 

{...}

 

Duas semanas haviam se passado, o sonho havia se estacionado no mesmo momento no gramado da universidade, e como todas as vezes Yugyeom acordava aflito. Acordar chorando era realmente um saco.

O professor passava alguma das inúmeras lições que Yugyeom não fazia ideia do que se tratava, estava com os pensamentos longe, mais precisamente no trabalho que faria mais tarde de história com o rapaz novo, como as aulas na quarta feira também eram na parte da manhã não teria que trabalhar no dia de hoje, sempre tinha folgas e para compensar trabalhava no sábado. Estava se sentindo nervoso, havia conversado muito pouco com o loiro, e lembrar do dia que o defendeu do colegas o deixava apreensivo. Se o outro pergunta-se algo, "Só vamos fazer um trabalho juntos" pensou Yugyeom.

Como das outras vezes, havia sido difícil acordar cedo, e a soneca do celular quase o fez perder a aula, estava acostumado com a rotina, mas era cansativa, então uns bons minutos de sono não fariam mal, não é? A única coisa boa era que a noite não teria aula, estava com folga de tudo e com certeza o sono seria reposto naquela mesma noite, claro, se não houvesse os sonhos para o perturbar.

— Oi Yugyeom. — Bambam foi em sua direção, estava nervoso, era nítido. — Já podemos fazer o trabalho?

— Claro! — sorriu, levantando-se, pegando suas coisas que estavam espalhadas pela mesa e então logo começaram a caminhar para fora da sala de auditório. — Você ainda não me contou o propósito de vir fazer intercâmbio aqui.

— Eu gosto daqui, achei uma boa oportunidade para aprender coisas novas, uma língua nova, essas coisas — sorriu tímido. — Já havia vindo a um tempo a passeio, tenho parentes aqui e resolvi que agora pretendo ficar.

— Ah, entendi! — sorriu, a biblioteca já estava em seu campo de visão. — Eu gosto daqui, faz um ano que moro aqui, me faz bem.

— Legal! — falou sem saber o que dizer de verdade. — Sinto que aqui me faz bem também, e é bonito.

— Sim!

Ambos sorriram tímidos e um absoluto silêncio se estabeleceu no ar logo depois. Yugyeom não conseguia explicar o que sentia perto de Bambam, mas ele o fazia se sentir bem, era ótima a companhia do loiro, Yugyeom se pudesse passaria o tempo todo com ele, mesmo sabendo que não conseguia explicar qual era o propósito daquilo, e Bambam sentia-se completo com o mas novo próximo de si, só não saberia como contar. Ao entrar na biblioteca, fizeram um silêncio maior ainda, Bambam largou as coisas na mesa e rumou para as prateleiras de livros, era sem dúvidas seu local preferido. A biblioteca era enorme, o cheiro dos livros novos, e dos velhos que já ficavam mais amarelados com o tempo, o deixavam relaxado. Gostava de livros e optava por eles em vez de fazer pesquisas na internet.

Mais uma coisa que Yugyeom percebeu que eram parecidos, já que não gostava muito de fazer os seus trabalhos com conteúdo digital, e sorriu ao ver o mais velho voltar com vários livros, história era a única disciplina que ambos tinham em comum já que o mais velho fazia direito, percebeu isso quando Bambam voltou com um livro de advocacia junto dos outros inúmeros livros, e na sua cabeça pensou que o loiro em sua frente seria um ótimo advogado.

A tarde passou rapidamente, o trabalho estava divertido, somente pararam para comer alguma coisa rápida na cafeteria ao lado da biblioteca. Essa era o lado bom de se estudar em uma universidade, tudo estava ao alcance de todos. Yugyeom acabou por perceber que gostava de admirar o outro, e conversavam vez ou outra baixinho para não atrapalhar ninguém. Ambos dividiam o notebook para escrever e nenhum ficar sem participar do trabalho, seria metade da nota na matéria e nenhum dos dois queria fazer muitas outras provas para recuperar e não reprovar numa matéria tão normal já que tinham outras matérias piores para se preocupar.

— Bambam acho que nós terminamos — falou, sentando-se de qualquer jeito no estofado almofadado, se espreguiçou. — Tomou a nossa tarde toda, não achei que iria demorar.

— Sim! Estou até cansado. — sorriu, também se ajeitando no lugar afundando-se no estofado.

— Está com tempo? — perguntou e o outro assentiu. — O que acha da gente ir tomar um café na cafeteria aqui da frente? — era a dos amigos, onde trabalhava, mas não contaria agora. — Se quiser é claro.

— Sim, podemos ir.

Yugyeom olhou animado para o loiro, olhou no celular como sempre fazia já que era um costume e percebeu que as horas eram 17:30, estava sol, pode contatar ao olhar para a janela da biblioteca. Ambos arrumaram suas coisas e Yugyeom colocou o notebook na mochila, logo levantando. Em silêncio começaram a caminhar, desceram a escada rolante que levava para fora e logo pegaram o corredor que dava acesso a saída, depois disso tudo pareceu ficar em câmera lenta.

O corredor com os quadros na parede fizeram Yugyeom ficar extático, os olhos se arregalaram, olhou Bambam mais a sua frente e sentiu-se fraco, o coração falhou uma batida pode perceber pela puxada de ar que acabou sendo mais forte que o normal. Bambam também parou no mesmo momento entendendo tudo o que acontecia na sua frente, sabia exatamente o que Yugyeom sentia no momento, ambos estavam frente a frente, e o sonhos que vinham o perseguindo era a constatação.

Yugyeom sentia-se no próprio sonho, estava com medo não conseguia reagir, havia esperado tanto por esse momento que mal conseguia pensar. Saiu para fora e percebeu o gramado verde, o sol queimando sobre a pele e por um momento fitou Bambam que estava sorrindo para si, e no momento só conseguiu chorar, fazendo Bambam se desesperar ao mesmo tempo, ali percebeu que doía ver o Kim com lágrimas grossas em seu rosto.

Bambam tentou chamar por Yugyeom no minuto seguinte, quando percebeu que o mais novo começou a correr para longe, ignorando todos os seus chamados. Yugyeom aflito e sem saber o que fazer entrou rapidamente em seu dormitório e assim que se jogou em sua cama chorou até pegar no sono. E para sua sorte ou azar, dessa vez não teve nenhum sonho com Bambam, ou "pesadelo" como agora se titulava.
 

{...}
 

Naquela mesma noite Yugyeom acordou e acabou por contar tudo a Jinyoung sobre Bambam ser a pessoa dos seus sonhos. Jinyoung mal conseguia acreditar. Yugyeom havia ficado com medo de se encontrar com Bambam depois disso, e então passou a ignorar as mensagens que o mais velho o mandava, e não atendeu a nenhuma das tentativas de ligação. Para Yugyeom era melhor evitar o mais velho e assim faria, ou melhor tentaria.

Seus sonhos? Já não sonhava com frequência, mas havia mudado totalmente.

— Yugyeom Já faz duas semanas que você evita Bambam e não dá para falar ao professor novamente que está doente. — Jinyoung suspirou olhando para o amigo que estava trabalhando do outro lado do balcão enfiado nas roupas quentinhas pelo frio do inverno recente. — Você está com quatro faltas vai reprovar por causa disso, até seu trabalho eu tive que levar, e Bambam achou estranho.

— Hm... — murmurou, o amigo falava isso fazia dois dias seguidos, o incomodava até no trabalho, não tirava a razão de Jinyoung mas não iria para a aula de jeito nenhum parecia uma criança. — Não me importo.

— Que coisa feia — falou assim que pegou seu pedido de café expresso e agradeceu a moça que estava sorrindo e então fez o mesmo, já que ela parecia ser simpática. — Vai conversar com o Bambam Yug, ele está perdido e tão confuso quanto você.

— Eu sonhei — suspirou ao falar arrastado — Eu sonhei novamente, tudo novo, nós dois conversando e acabou quando me aproximava.

— E isso quer dizer o que exatamente? — perguntou curioso.

— Quer dizer que acontece exatamente como no sonho — praguejou e sentou-se direito arrumando sua postura. — Eu não queria que fosse assim toda vez sabe? Eu vou sonhar com ele toda vez antes de o ver pessoalmente? — suspirou pesado. — Isso vai ser assim sempre antes de poder vê-lo?

— Se você está falando possivelmente aconteça — Jinyoung reforçou — Só vai falar com Bambam, ou responda as mensagens.

— Eu não quero!

— Você é teimoso, só vai falar com ele e se entenda logo, predestinados vocês já estão mesmo. — Yugyeom nada falou. — Vou indo, nos vemos na aula.

Jinyoung pagou seu café e saiu do estabelecimento. Yugyeom só o que fez foi pegar seu celular e viu as inúmeras mensagens, e percebeu que haviam novas mensagens na conversa que havia sido aberta a uns dias atrás.

 

>Bambam<

[15/10-12:14] Bambam: Vamos conversar Yug.
 

[15/10-12:14] Bambam: Yugyeom estou tão assustado quanto você, você saiu correndo aquele dia.
 

[15/10-12:14] Bambam: Fala comigo.
 

~~
 

[17/10-22:20] Bambam: Você não foi na aula, estou preocupado.
 

[17/10-22:40] Bambam: Yugyeom se você não falar comigo eu vou ir aí no seu dormitório.
 

~~
 

[20/10-23:30] Bambam: Você não foi para a aula novamente.
 

 

Yugyeom suspirou, fazia dois dias que Bambam não mandava nada para ele, de certo havia desistido, mas na hora resolveu que iria responder mesmo depois de dois dias para "tranquilizar" o mais velho, estava trabalhando e não fazia mal mexer no celular quando não estava com muito movimento. Se ajeitou novamente onde estava sentado atrás do balcão e então respondeu o mais velho com um "Estava com gripe, desculpe."
 

>Bambam<
 

 

[23/10-15:56] Bambam: Você está mentindo, foi todos os outros dias, eu reparei.

 

[23/10-15:56] Bambam: Você estava me evitando.
 

[23/10-16:00] You: Eu estava tentando colocar as coisas nos lugares. Desculpa tá legal? Eu não iria conseguir olhar para você e não lembrar que desde sempre tenho sonhos com você.
 

[23/10-16:30] Bambam: Eu sei! Também estava assustado, mas por favor vamos nos ver.
 

[23/10-17:40] You: Você sabe o que vai acontecer se nós nos vermos.
 

[23/10-17:52] Bambam: Sim, mas eu preciso te ver Yug.
 

[23/10-18:10] You: 'Ta ok, hoje depois da aula, nos encontramos na entrada do dormitório.

 

~~
 

 

Bambam respondeu com um "Ok, até logo" e Yugyeom voltou a focar no seu trabalho, sentiu-se nervoso, a tarde parecia que as horas passaram lentamente, e todo aquele medo voltou a rondar sua mente. Assim que o expediente acabou, Yugyeom se despediu de Jaebum e YoungJae. Caminhou até o prédio onde teria sua aula, era quinta feira, dia de aula sobre engenharia civil, o professor estava na sala, Jinyoung também estava lá, o prédio das aulas de hoje eram próximas do dormitório, gostava das quintas-feiras, o curso também não demoraria muito para acabar e sendo assim já podia exercer da profissão.

A aula havia acabado, as horas passaram rápido Yugyeom pode reparar, e então começou a caminhar calmante e sozinho para o dormitório, olhou para o céu e a noite estava linda, as estrelas deixavam tudo mais bonito. Yugyeom observou a lua cheia e foi aí que se deu conta que sabia exatamente tudo direitinho o que estava acontecendo, seu novo sonho, era exatamente assim.

Bambam estava em um banco sentado, olhando para a lua esperando o mais novo, dessa vez não ficou assustado como da primeira vez, sonhar na verdade nunca foi um problema, mas tinha medo, medo de que Yugyeom o rejeitasse como havia acontecido, afinal Bambam soube que era Yugyeom em seus sonhos desde que o viu na primeira vez, quando o mais novo tinha o defendido.

Aquilo era novo, mas sempre em seus sonhos as coisas eram mais claras, a silhueta e o semblante de Yugyeom sempre estavam em mais evidência, só não sabia em que momento aconteceria o real encontro.

Yugyeom logo sentou-se ao lado de Bambam e ficou em silêncio, só ouviu a respiração de Bambam, e o vento das árvores que haviam próximo de si.

— O meu sonho acabava aqui — Bambam começou, sua voz estava rouca, Yugyeom pode perceber. — Mas na noite passada eu sonhei novamente e...

— Sabemos bem o que acontece a partir de agora, e como acaba — Yugyeom interrompeu. — Eu só queria entender por que nós dois?

— Não sei! Acho que quem sonha não escolhe sua alma gêmea — suspirou. — Eu queria saber porque me defendeu sem ao menos me conhecer da primeira vez.

— Só achei que deveria — sorriu sincero, olhando para Bambam pela primeira vez. — Na hora senti que deveria defender você, te proteger.

— Mas quando soube que era eu nos seus sonhos, você fugiu.

— Tive medo — confessou envergonhado. — Não foi por mal, eu só não soube reagir.

— Na verdade eu faria o mesmo se fosse você — sorriu. — Meus sonhos eram mais nítidos, sabia que era você quando o vi pela primeira vez.

Yugyeom se surpreendeu, não fazia ideia de que Bambam sabia que era ele nos sonhos, por que só ele não sabia? Se perguntou em pensamento, e com uma curiosidade fora do normal resolveu perguntar algo:

— Você gosta de mim Bam? — perguntou nervoso. — Sei lá, sente algo por mim?

— É mais forte que um gostar, eu não sei, só sei que não é passageiro o sentimento.

— Eu sinto o mesmo. — se sentiu aliviado por um momento. — Quem diria que eu encontraria minha alma gêmea, nem sabia que isso existia.

Ambos ficaram em silêncio, Yugyeom não pensando muito nas consequências entrelaçou a sua mão com a semelhante de Bambam, que se surpreendeu, mas em momento algum se afastou do toque recente. Amão de Yugyeom era quente, gostou da sensação.

— Será que vai ser sempre assim? — Yugyeom perguntou depois de um tempo em silêncio.

— Assim como, meu anjo? — Yugyeom corou, as bochechas ficando vermelha com uma simples palavra carinhosa.

— A gente sonhar antes de se ver — gargalhou.

— Acho que vai parar — ambos já estavam mais próximos no momento. — O que acontece agora? Na verdade eu sei, mas sonhar é diferente do real — comentou  Bambam. — E eu estou com muita vontade de provar do seu beijo agora!

Bambam mesmo se aproximou findando o espaço entre o mais novo e si mesmo, juntando os seus lábios carnudos com os de Yugyeom, que em momento algum se afastou. No começo foi um simples selar, que logo foi aprofundado para um beijo quente, ambos entrelaçaram as línguas uma na outra para aproveitar da sensação gostosa que sentiam, e das tão famosas borboletas no estômago, somente se afastaram por falta de ar.

— Com certeza muito melhor do que no sonho — Bambam confessou sorrindo e logo abraçou Yugyeom pela cintura.

— Eu sei que é recente, vamos nos conhecer mais a partir de agora, mas você... — resolveu dar uma pausa e respirou fundo. — Você quer namorar comigo?

— É claro que eu quero namorar com você Yug!

Yugyeom sentiu que tudo a partir de agora seria intenso, mesmo que tivesse certeza que aquilo seria tão familiar, se sentia tão feliz perto de Bambam, e sabia que não teria nenhuma cobrança, só queria aproveitar cada momento com o mais velho.

Bambam era perfeito, sabia disso, mas também sabia que teriam vários momentos imperfeito com o mais velho, mas pela primeira vez não sentiu medo.

Mesmo morando longe Bambam sempre sentiu que sua alma gêmea não estava próxima de si, e mesmo que se passasse anos quando a encontrasse seria mágico, como se nunca estivessem ficado tanto tempo longe, e de fato aconteceu.

Yugyeom e Bambam trocaram mais alguns beijos e carinho ali mesmo entre sorrisos fáceis, sem se importar com os olhares maldosos que eram direcionados para si.

Foi como se nos corações tivesse acendido uma luzinha de esperança direto na alma, e que dessa vez faria de tudo para nada e ninguém atrapalhar.