História Sorte pra nós - Não vai me abraçar?

P.O.V (Gabie)

Depois de toda aquela confusão do casamento, nós finalmente estávamos curtindo a festa, nós duas não tivemos tempo de conversar sobre ela ter fugido e eu também não sabia se queria ter essa conversa, por isso agradeci internamente por todos os convidados ficarem nos rodeando o tempo inteiro. Estava sentada junto com a minha mãe quando o Emmanuel se aproximou e tocou o meu ombro.

- Já ta na hora de irmos. Vai chamar a Thalita que eu estou esperando no carro. - ele disse e saiu.

O meu coração gelou, agora não teria como fugir ficaríamos 10 dias viajando e estaríamos sozinhas. Respirei fundo e fui à procura da Thalita pelo salão.

P.O.V (Thali)

Ainda não acredito que consegui casar com Gabie, isso tudo parece um sonho. Como eu pensei em desistir disso?  Se eu tivesse feito com certeza seria muito infeliz. Durante toda a festa não tivemos oportunidade de conversamos sozinhas e eu sei que precisamos desse momento, só não sei o que dizer. Estava conversando com o Rizzih e alguns amigos quando a Gabie se aproximou sorridente.

- Pessoal, vou ter que roubar a Thali de vocês ou perderemos o voo. - ela disse e segurou a minha mão.

Nos despedimos do grupo e em silêncio fomos a caminho do carro que estava o irmão dela, ele nos levou até o aeroporto. Nós tínhamos dois destinos, primeiro 6 dias em Machu Picchu e por último  4 dias no nosso paraíso, Fernando de Noronha. Eu já estava exausta desse silêncio perturbador, embarcamos no avião, sentamos lado a lado.

- Ei, Gabie! - falei e a encarei.

- Já sei. - ela respondeu friamente e levantou a mão em busca da minha.

- Não é só isso... - falei sem graça e segurei a sua mão.

- O que foi? Esqueceu algo? - ela me perguntou.

- Não, não! Eu acho que precisamos conversar... – disse e apertei a mão dela.

- Podemos fazer isso depois? Estou tão cansada, estava esperando dormir. - ela respondeu.

Eu sabia que era uma desculpa, mas resolvi ceder ao desejo dela. Recostei a minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos, não demorou muito para que eu adormecesse, afinal também estava muito cansada.

P.O.V (Gabie)

Observei a Thali dormir encostada em meu ombro e o medo da nossa conversa só aumentou. Passei o voo inteiro acordada e torcendo para que conseguisse adiar a discussão, o tempo passou rápido e logo estávamos pousando no Peru. Era finalzinho de tarde quando chegamos ao hotel, sim demoramos quase 24hrs do Brasil até o nosso hotel no Peru. Estávamos nos ajeitando no nosso quarto quando a Thali pulou em meus braços e me lançou um beijo selvagem e desesperado, a segurei com bastante força, a joguei contra parede, parei o beijo e a encarei.

- O que foi isso? - perguntei assustada.

- Eu não sei o que fazer, mas eu não quero ficar nesse clima ruim contigo. Você quer conversar sobre o que aconteceu antes de casarmos ou quer curtir a nossa lua de mel? - ela me perguntou triste.

Não sei se foi a melhor opção, mas decidi não responder aquela pergunta pelo menos não responder verbalmente. A pressionei contra parede e lhe beijei intensamente, nós logo perdemos o fôlego, com certeza transar nesse país não deve ser nada fácil. Estávamos tão cansadas que resolvemos apenas nos deitar agarradinhas e antes de dormir trocamos beijos, carinhos e lindas declarações. Talvez tenha tomado a decisão errada, talvez devêssemos ter uma discussão, mas eu não queria destruir o nosso momento.

P.O.V (Thali)

 A lua de mel com a Gabriela estava sendo incrível, passamos seis dias inesquecíveis no Peru, visitamos Machu Picchu e diversos outros pontos turísticos. Conseguimos viver esses dias sem lembrar o incidente antes do casamento e aquilo me tirou totalmente a culpa, saber que ela realmente tinha me perdoado e que finalmente estávamos bem acalma o meu coração. Agora estamos no aeroporto do Rio de Janeiro, esperando o voo para finalizarmos a lua de mel no nosso paraíso, Noronha. Resolvo ir ao banheiro quando olho para o lado vejo a Gabriela dormindo, decidi não acorda-la. Durante esses dias ela se esforçou muito para participarmos de todos os passeios e também para transarmos, afinal ela sentiu mal estar praticamente todos os dias, devido à mudança de altitude, ela sempre reclamava de ânsia de vomito e falta de ar. Já estava entrando no banheiro quando me esbarrei com uma moça.

- Desculpa eu não tinha te visto. – ela disse, sorriu e saiu apressadamente.

- Tudo bem eu também não estava olhando! – respondi e fiquei travada.

Que mulherão incrível. Alta, cabelos louros escuros, olhos verdes, boca carnuda e vermelha, corpo elegante e perfeito, pele cor de pêssego levemente rosada, quando ela sorriu pude notar covinhas em suas bochechas, aquela mulher parecia um anjo. Depois de alguns segundos recobro a consciência de uma mulher recém-casada e decido utilizar o sanitário.

P.O.V (Gabie)

Poderia facilmente definir esses ultimos dias de lua de mel como os momentos mais incríveis da minha vida, apesar de ter passado muito mal por conta da altitude, juntou com meu problema respiratório e quase destruiu a nossa viagem. Assim que chegamos ao aeroporto do Rio peguei no sono me sentia exausta, isso significava que ficaria doente. Estava dormindo quando senti mãos desesperadas me cutucarem, levantei da poltrona assustada e não pude acreditar nas pessoas que estavam em minha frente.

- Não vai me abraçar? – Alice disse empolgada e me agarrando.

- Amiga, o que tu ta fazendo aqui sua louca? – perguntei retribuindo o abraço e a soltando.

- Minha vez! – Denis berrava e me puxava para um abraço caloroso.

- Que saudade migo! – falei com lágrimas nos olhos.

 Estava muito emocionada com o nosso encontro, Alice e Denis foram meus colegas de quarto durante os dois meses que passei fazendo o curso de teatro na Austrália.

- Nós estamos voltando para casa. Participamos de um curso maneiro aqui no Rio. – Alice me explicou.

-Se prepara Gabriela! – o Denis disse empolgado.

Eu não entendi muito bem o recado dele até que senti mãos quentes me envolver pela cintura e os nossos corpos colados, naquele mesmo instante o meu corpo se arrepiou completamente e eu comecei a recordar todos os momentos que tive com aquela mulher espetacular.

- Não acreditei quando vi de longe a minha ruiva conversando com esses dois energúmenos. – ela disse em meu ouvido, se afastou sorrindo.

De repente a Karina me abraçou forte e ficamos daquela forma por alguns segundos.

- Nem acredito que te encontrei novamente. – ela dizia emocionada.

- É muito bom encontrar todos vocês. – falei e me soltei dos braços dela.

Respirei fundo e sorri para os três, aquele nosso encontro era inacreditável. Eu podia enxergar nos olhos de cada um deles que aquilo também estava sendo especial!

- O que você ta fazendo no Rio? – Alice perguntou.

- Eu estou esperando meu voo para Fernando de Noronha. – falei e sorri orgulhosa.

- Que inveja! – Denis disse enquanto aplaudia.

- Vamos com ela. – Karina soltou e fez todos gargalharem.

- Jamais que eu vou viajar com vocês. Já basta ter suportado vocês duas durante meses com saliência praticamente 24 horas por dia na cama ao lado, respeito com os solteiros faltava. – Denis disse gargalhando.

- O fogo da Karina era eterno. – Alice dizia entre risadas.

- Como que não fica com fogo com a Gabriela na sua frente. – Karina se explicou e arrancou aplausos do Denis e da Alice.

Senti a fisionomia do Denis mudar de alegria para espanto em segundos, não compreendi o motivo até que virei e notei a presença da Thalita. Por quanto tempo ela esteve ali? Alice e Karina nos encararam sem entender o motivo de toda tensão. Afinal nenhuma das duas sabia da existência da Thalita. A Alice não sabia porquê nós não éramos tão próximas a esse ponto de confidências, a Karina não sabia porque ela foi a minha paixão da Austrália. O Denis sabia quem era e reconhecia aquele rosto porque foi ele quem suportou os meus choros desesperados de saudade enquanto olhava uma fotografia nossa. Voltei o meu olhar para a Thalita e pude perceber que ela já tinha ouvido o suficiente. O que eu faço agora?