P.O.V (Gabie)
Após a saída da Thali tentei dormir, mas foi inútil. Passei toda a madrugada conversando com o Rafinha e explicando todo o meu lado da história. Assim que amanheceu implorei para que ele me desse uma carona até a casa da Luiza, apesar de toda a confusão ela era a única pessoa que conseguiria me distrair e acalmar o meu coração. Depois de alguns longos minutos no transito em um silêncio irritante.
- Sério que você tá indo pra casa da pessoa que acabou com seu casamento? – o Rafa falava irritado.
- Ela não acabou com meu casamento, e você não entende que eu realmente preciso dela. – falei firme.
- Ok, mas se a Thalita perguntar eu não vou dizer nada. Estou fora de confusão. – ele falava ainda aborrecido com a situação.
Eu o compreendia, mas pra mim era de grande necessidade ter aquela conversa com a Luiza. O Rafa estacionou o carro na porta dela, agradeci pela carona e corri para a porta de entrada, pressionei a campainha e logo fui autorizada para entrar. Assim que a vi minhas lagrimas foram instantâneas, ela sentou no sofá e eu deitei em seu colo, então contei cada detalhe da maldita confusão e chorei ainda mais.
- Gabie, mas você deveria ter dito a verdade pra ela. – Luiza me disse séria enquanto fazia carinho em meus cabelos. – Até porque naquela noite não aconteceu nada entre nós. – ela falou convicta.
- Como assim? – perguntei assustada.
- Aconteceu um beijo, nós tiramos a roupa, aconteceu outro beijo e você começou a chorar. Então ficamos rindo da situação e acabamos pegando no sono. – ela contou gargalhando.
- Por que nós nunca conversamos sobre isso? – questionei abismada.
- Não sei. Talvez porque não foi um fato importante. – ela disse e sorriu sem graça.
Ótimo, quase destruí meu casamento por uma noite não existente. Enquanto a Luiza fazia um cafuné em meus cabelos eu pensava em uma forma de me explicar e de me ajeitar com a Thalita. Optei por ligar para a mesma, mas o sono me dominou antes mesmo que eu pudesse agir. Era inacreditável o dom que ela tinha de me acalmar e me acolher, aquele era um dos infinitos motivos que eu tinha de não poder perder aquela amizade.
P.O.V (Thali)
Um dia inteiro tinha se passado e nenhuma ligação ou mensagem recebida, a minha saudade já não me deixava mais editar os vídeos, digitei uma mensagem pedindo para nos encontrarmos e antes de enviar pude ouvir a voz da mesma no corredor do estúdio. O meu coração batia descontrolado cada vez que o som se tornava mais próximo e assim que a porta se abriu corri em direção a mesma e abracei-a, o meu corpo se encontrou em um estado de paz e então finalmente pude relaxar e sentir o meu coração voltar a bater tranquilamente.
- O que aconteceu? – ela perguntou assustada.
- Onde você estava? – perguntei.
- Estava na casa da minha mãe e acabei dormindo o dia todo. – ela se explicou.
- Foi tão ruim ficar sem vocês três. – falei e comecei a chorar.
- Nós também sentimos muito sua falta, meu amor. – ela disse depositou um beijo em minha testa e se afastou. – Precisamos conversar. – Gabie sorriu sem graça e sentou em uma cadeira.
- Tudo bem! – falei e sentei na cadeira ao lado.
Ouvi tudo o que ela tinha pra falar e mesmo me esforçando pra aceitar o meu ciúme e a minha insegurança ainda eram presentes. Ficamos horas discutindo e tentando nos entender, mas nenhuma das duas queria admitir o erro então o clima só pesava na sala.
- Gabie, não posso ficar sem os meus filhos. – desabafei para a mesma que me encarou assustada.
- Você não vai ficar sem eles. – ela respondeu e tocou em minhas mãos. – Nós já superamos tantas coisas, me perdoa por ter mentido pra ti. – ela disse e me encarou.
Ela tinha razão nós já superamos tantas coisas, eu poderia e tentaria esquecer todas aquelas coisas ruins que estávamos vivendo.
- Thali? O que você acha? – ela insistia em uma resposta.
Antes que eu pudesse responder a Maria entrou na sala desesperada e sorriu aliviada olhando pra Gabie.
- Ainda bem que te encontrei. A Luiza pediu pra avisar que já pegou algumas roupas na sua casa, fez as compras no mercado e que tá só esperando você. – ela dizia tudo aquilo sem respirar.
- Obrigada, Maria. Já, já falo com ela. – Gabie falou baixo como se não quisesse que eu ouvisse.
- Certo. Tchau, meninas. – Maria disse sem graça e novamente nos deixou sozinhas na sala.
- Você estava planejando ficar na casa da Luiza? – gritei.
- Fala baixo. – ela ordenou. – Eu não queria ficar sozinha em casa. – se explicou e mais uma vez me tirou do sério.
- E achou justo ir dormir com ela? Mais uma vez? – falei alto.
- Eu nunca dormi com ela. – ela se defendeu.
- Você nem lembrava se tinha ou não dormido com ela. – disse com raiva.
- Me escuta, Thali. – ela implorou.
- Cansei de tentar te entender, cansei de tentar te escutar. Eu vou embora. – disse e caminhei em direção à porta.
- Por que sempre faz isso? Me escuta. Você é a pessoa com quem eu estou. Você sabe que eu te amo. – Gabie disse com os olhos marejados e segurou o meu braço. - Então, por favor, quer relaxar? Porque está me deixando louca. – ela implorava com a voz embargada.
- Onde você passou o dia? – perguntei olhando em seus olhos.
- Fui pra casa da Luiza e acabei pegando no sono. – ela respondeu e desviou o olhar.
- Me solta. – pedi e ela fez. – Obrigada! Eu realmente preciso ir embora antes que isso fique pior. – falei e me retirei da sala.
Entrei na sala do Rafinha como um furacão e me joguei em uma das cadeiras aos prantos. Contei do meu encontro com a Gabriela de toda a nossa conversa e ele me encarava atento.
- Acabou de verdade, Rafael! Não consigo mais ficar perto dela sem que eu desconfie de que tem uma mentira nos rondando. – desabafei.
- Sinto muito, Thalitinha... – ele disse e sentou na cadeira ao lado.
P.O.V (Gabie)
Toda aquela confusão que eu estava vivendo com a Thalita parecia que era o destino mostrando que nós não deveríamos ficar juntas. Mais uma vez menti imaginando que seria a solução e acabei destruindo um pouco mais a nossa relação. Saí do prédio da Dia e fui encontrar com a Luiza no estacionamento, entrei no carro e assim que olhei pra ela comecei a chorar.
- Você e a Thalita brigaram? – ela perguntou enquanto me abraçava consolando.
- Sim. Nós não funcionamos mais... – falei aos prantos.
Ficamos ali abraçadas e em silêncio por poucos minutos, assim que nos soltamos e eu me ajeitei no banco do carro direcionei meus olhos para a rua e pude notar a presença da Thalita, ela me fuzilava com os olhos. Antes que eu pudesse reagir aquilo a Luiza desceu do carro e foi em direção a ela, desci logo atrás e me aproximei rapidamente delas.
- Você é louca se acha que eu e a Gabriela somos mais do que amigas. – Luiza gritava.
- Eu seria louca se admitisse continuar num casamento dessa forma. – Thalita disse e fixou os seus olhos no meu. – Uma pena que nós precisamos chegar a este ponto. – ela disse e deu as costas.
- Thalita! – Luiza gritou e fez a morena olhar pra trás. – Quem perde a oportunidade é você. – ela gritou e saiu me arrastando de volta para o carro.
Eu estava tão nervosa que não conseguia controlar a minha respiração e nem os batimentos do meu coração. Comecei a suar frio e implorei para que a Luiza me levasse até o hospital, assim que cheguei fui atendida e recebi um medicamento para me acalmar.
- O médico disse que você precisa se acalmar pra eles não nascerem antes do tempo. – Luiza disse me dando toda atenção do mundo.
- Muito obrigada, e me desculpa por você precisar passar por isso. – falei com os olhos cheios de lagrimas.
- Você é a melhor amiga do mundo e merece que eu me esforce pra ser também. – ela me respondeu e conseguiu arrancar um sorriso sincero de mim.
Logo quando conheci a Luiza a Thalita poderia até ter razão com os ciúmes, mas agora depois de tudo o que passamos de todas as atitudes de amiga e de apoio que ela me deu não tem condição alguma dela imaginar nós duas como um casal. Acabei pegando no sono o que significava que o remédio estava fazendo efeito.
Após algumas horas despertei e senti alguém segurar a minha mão, abri os olhos e sorri ao vê-la ali comigo novamente.
- Você tá se sentindo melhor? – Thalita perguntava preocupada.
- Sim, não se preocupe. – respondi.
- Desculpa por ter feito você chegar até aqui... – ela disse triste.
- Ta tudo bem. – falei e forcei um sorriso.
Ficamos alguns minutos de mãos dadas e eu sentia que aquele era o nosso momento final, sabia que estávamos exaustas de toda aquela situação e o meu coração doía só de imaginar o que aquilo tudo estava significando. Foi então quando a morena optou por iniciar a conversa do nosso fim e eu a todo o tempo negava aceitar aquilo.
- Gabie, eu sei o quanto você e a Luiza estão bem juntas. – ela dizia e não olhava em meus olhos.
- Você ta entendendo errado, eu juro que não temos nada. Nós só somos amigas, apenas isso. – repetia aquela frase mais uma vez.
- Nós também éramos apenas amigas, lembra? – ela afirmava aquilo.
- Isso não se compara. Não faz isso com a gente, por favor. Eu te amo muito e eu nunca senti isso por ninguém. – disse chorando.
- Por favor, não chora. Não é fácil pra mim, mas é o melhor. Você tem que ser feliz... – ela falou e sorriu sincera.
- Eu te amo! Você acredita em mim? – perguntei e a encarei.
- Você mentiu pra mim novamente, a gente tava se ajeitando e você mentiu. Eu não quero te confundir, por isso é melhor ficarmos por aqui. – ela respondeu.
- Você acredita que eu te amo? – insisti na pergunta.
Antes que ela me respondesse o Emmanuel entrou junto com a minha mãe e estragou toda a nossa conversa. A Thalita foi se afastando aos poucos e quando dei por conta ela já tinha ido embora, eu sentia que aquele tinha sido o nosso fim e me doía saber disso.
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