O rapaz adentrou o escritório e aproximou-se do pai o abraçando, o que fez com que o mais velho se sentisse ainda mais confortável para derramar todas as lágrimas que guardava.
— O que está acontecendo, pai? - Fabinho questionou o abraçando mais forte.
— Estou me sentindo culpado. - confessou entre soluços.
— Mas por que? - o rapaz puxou uma cadeira para sentar ao lado do empresário.
— Eu achei que nunca conseguiria amar alguém além da sua mãe e fui surpreendido com a chegada da Lili na minha vida... - tentou secar as lágrimas. — E sinto que eu a amo mais do que amei sua mãe.
— Pai, você deu o seu melhor para mamãe.... - colocou a mão no ombro do mais velho. — Ela mesmo disse isso antes de morrer, que foi muito feliz com o senhor. Não tem por que se culpar. Os amores amadurecem, assim como as pessoas.
— Fabinho, eu sinto como se não tivesse amado sua mãe o suficiente. - suspirou. — Com a Lili é algo tão intenso, que quando eu passo um dia distante dela eu sinto uma saudade imensa.
— Nem um amor é igual ao outro, pai. - passou a mão no cabelo. — Eu presenciei o seu casamento com a minha mãe e posso garantir que você a amou e cuidou muito bem dela. Não se cobre por amar mais a Lili, essas coisas acontecem.
— Fico imaginando qual seria a opinião da sua mãe sobre tudo isso. - limpou as lágrimas que ainda caiam.
— Pode ter certeza que ela está bem com tudo isso. - respondeu convicto. — A única coisa que a mamãe pediu, tanto para mim, quanto para você, foi para tentarmos ser felizes, pai! - lembrou-se do pedido da mulher antes de morrer. — E fazia mais de sete anos que eu não te via tão bem e feliz do que agora, que você está com Lili.
— Ela me faz muito bem e eu a amo de verdade.
— Isso é visível e você merece tudo isso, pai.
— Tenho medo de esquecer a Laura. - confessou.
— Você não vai esquecer a mamãe nunca, pai. Eu sou fruto do amor de vocês. - piscou para o homem o fazendo sorrir em meio às lágrimas. — Mas agora, você vai casar com a Lili e é para ela que sua atenção deve estar voltada. Você já viveu o que tinha de viver com a dona Laura, agora é outra fase. Uma nova história.
— Você tem razão. - olhou novamente para o porta retrato a sua frente. — Acho que chegou a hora de ter outra foto aqui, né?
— Sim! - afirmou levantando-se e andando pelo escritório. — Minha mãe estará na sua memória para sempre.
— Para sempre! - repetiu a última fala do filho com convicção.
— Me conta... - o olhou. — O que tem nessa caixa vermelha?
— Uma surpresa para Lili. - sorriu cúmplice. — Não vou contar, amanhã no jantar, vocês saberão.
— Hum... ei, bem que você podia por um foto da Lili no porta retrato, né? - o rapaz sugeriu sentando-se no sofá. — Você já fica babando por foto dela no seu celular, tem que por uma em cima da sua mesa.
— Uhum... - pegou o porta retrato com a foto de Laura e pôs na gaveta. — Já até sei qual foto por. - lembrou-se de uma foto que ele havia tirado dela em Angra, onde a empresária sorria. — Você pode fazer isso para mim? - levantou-se de sua cadeira indo sentar ao lado do filho no sofá.
— O quê?
— Revelar essa foto da Lili... - mostrou a imagem no celular pra ele. — e por em um porta retrato, amanhã?
— Posso, sim! Me envia essa foto... - ia continuar a falar mais foram interrompidos por Sofia que adentrou o cômodo.
— O que vocês estão fazendo acordados uma hora dessas? - a adolescente questionou com as mãos na cintura.
— Nós é que deveríamos te perguntar isso, pirralha. - Fabinho respondeu.
— O que a senhorita deseja? - Germano a olhou.
— Ah, eu vim tomar água e vi que a luz do escritório estava acesa. - pediu espaço e sentou entre os dois no sofá. — Pensei que o titio tivesse esquecido ligada.
— Cadê a Cassandra? - o rapaz questionou a olhando.
— Dormiu. - deu de ombros. — E a minha mãe, tio?
— Dormindo também.
— Nossa, eu estava aqui pensando no bebê. - a menina pôs o dedo indicador no queixo. — Certeza que eu vou ser a irmã favorita.
— Ah, mas não vai mesmo. - Fabinho respondeu de supetão. — O irmão favorito sou eu. Hoje ele até chutou depois que eu falei.
— Sonhou, né? Ele sempre chuta comigo.
— Eu quero ver essa disputa toda quando o bebê nascer. Qual dos dois vai se dispor para passar a madrugada com ele. - arqueou as sobrancelhas olhando para os jovens.
— É óbvio que eu vou ajudar a cuidar do baby. - o rapaz afirmou.
— É claro que eu também. - Sofia respondeu logo depois. — Mas tenho certeza que vou ser a favorita. Fabinho é chato demais.
— Se enxerga, gnomo. Você é chata para caramba também. - encrencou com a menina.
— Pois vamos resolver esse duelo da forma correta. - Sofia levantou-se indo até a estante e puxando de lá o sabre de luz verde que fazia parte da coleção de Star Wars de Germano.
— Essa eu ganho fácil. - Fabinho também levantou e pegou o sabre de luz azul.
— Cuidado com meus sabres, se vocês quebrarem um deles, eu quebro vocês. - comentou olhando para os dois que já estavam em posição de briga.
— Relaxa, paizão! - o rapaz afirmou erguendo o sabre para começar a lutar com a menina. — Vou ensinar a pequena jedi como ser uma rebelde de verdade. - usou referências do filme.
— Se cura, Fabinho! Eu sou melhor que você. - partiu para o ataque com o sabre e Fabinho se defendeu.
Os dois começaram a bater as espadas uma na outra, correndo pelo escritório sob os olhares de Germano que soltava altas gargalhadas dos jovens. Ele estava amando ver a relação de Fabinho e Sofia ser construída de maneira tão genuína, como se fossem realmente irmãos e na verdade, era isso que eles se tornariam.
— Tio, socorro! - Sofia correu para perto do empresário no momento em que Fabinho largou o sabre de luz no chão e começou a fazer cócegas nela. — Para com isso! - ela implorava entre gargalhadas.
— Sobe, Sosô. - Germano levantou-se do sofá e a menina subiu em suas costas. — Vamos pegar esse gaiato! - partiu para cima do filho. Os três corriam animados pelo escritório, até que Fabinho tropeçou no carpete caindo logo em seguida.
— Agora, tio! - Sofia comentou descendo do colo do homem e indo para cima do rapaz o enchendo de cócegas, acompanhado de Germano.
— Parem! - Fabinho gargalhava tentando se livrar das mãos dos dois.
— Aguenta! - a adolescente ria da agonia do rapaz.
— Eu tenho asma, pelo amor de Deus! - implorou ainda rindo.
— Apelou, em Fabinho! - Germano respondeu largando o filho. — Oi, amor. - assustou-se ao ver Lili encostada no batente da porta observando os três. — Te acordamos? - levantou-se do chão e caminhou até ela.
— Não. Senti sua falta na cama e vim ver o que tinha acontecido. - sorriu recebendo um beijo dele em sua testa.
— Estava mostrando para o Fabinho quem vai ser a irmã favorita desse bebê aí. - Sofia falou ainda sentada ao lado do rapaz, no chão e apontou para a barriga da mãe.
— Nem em sonho, que você vai ser a favorita. - jogou uma almofada na menina.
— Eu quero ver essa disputa para saber quem vai passar a noite com o bebê. - Lili comentou sentando-se no sofá acompanhada do noivo.
— Falei a mesma coisa. - Germano gargalhou.
— Nós vamos ajudar a cuidar do baby, mas esse dever é dos pai, viu? - Sofia falou cínica.
— Hum... - a empresária gargalhou da esperteza da filha. — Mas os irmãos devem ajudar.
— E iremos! - Fabinho respondeu convicto. — Eras, eu estava morrendo de cansaço, mas depois de brincar com a pirralha, o sono passou.
— Podíamos maratonar Star Wars, em? - Sofia sugeriu cutucando o rapaz.
— Gostei! Bem que o papai podia assistir com a gente, né? - olhou para o mais velho.
— Queria, em! - olhou para Lili como se esperasse o apoio dela. — Por que não assiste conosco?
— Só se for para dormir. - a empresária respondeu. — Star Wars é tipo sonífero para mim.
— Quê isso, Lili? Você está me ofendendo. - Germano fingiu indignação colocando a mão sobre o peito.
— Mas... - a mulher tento argumentar.
— Não tem mas. Como alguém pode falar mal de Star Wars? Eu me recuso a ouvir isso. - Fabinho continuou. — Assim não tem como te defender, tia.
— Esperava mais de você, mãe.
— Isso é complô contra mim? - Lili olhou para os três.
— Sim! - os três responderam em uníssono.
— Tá, eu assisto, mas seu eu dormir não venham brigar comigo.
— Vamos começar por "O império contra ataca". Duvido você dormir. - Germano falou levantando-se do sofá.
— Veremos! - empresária também levantou-se e seguiu o noivo para a sala acompanhada de Fabinho e Sofia. — Mas vocês vão me explicar tudo que eu não entender.
— Pode deixar. - a adolescente respondeu animada.
Já eram quase duas da manhã, quando os quatro se acomodaram no sofá e colocaram o filme. Afinal, era madrugada de sexta para sábado e todos estavam de folga de seus afazeres. A atenção de Lili só durou no primeiro filme, quando Fabinho colocou "O retorno de Jedi", a empresária pediu desculpas e prometeu que outro dia assistia mais um filme da saga com eles.
Cansada, ela chamou Germano e os dois subiram para o quarto e logo se aconchegaram um no outro e dormiram, deixando Sofia e Fábio na sala, ainda entusiasmados com o filme.
No dia seguinte, todos, sem exceção, acordaram praticamente no horário do almoço. Na intenção de passarem o dia relaxando, eles combinaram de ficar na piscina. Enquanto Fabinho, Sofia e Cassandra conversavam amenidades sentados nas espreguiçadeiras, Germano e Lili trocavam carinho dentro da piscina.
A empresária estava sentada na borda da piscina com o homem entre as suas pernas acariciando sua barriga e assim eles permaneceram, até dona Euzébia avisar que o almoço estava pronto. Todos almoçaram na área externa da casa, conversando e gargalhando vez o outra de Cassandra, que falava várias bobagens.
O dia se passou rapidamente, dando início a uma linda noite. Na mansão dos Monteiros, já estavam todos prontos para o jantar na casa de Ernesto. Logo, Germano foi buscar Lili e Sofia, já que Cassandra e Euzébia iam no carro de Fabinho.
Ao chegarem na casa do patriarca dos Bocaiúva foram recebidos com abraços e beijos, tanto de Ernesto, quanto de Alfredo, Júlia, Alice e Heitor, que já estavam à espera deles.
— Ainda não entendi o motivo do jantar. - Alfredo comentou olhando para Germano. — Papai não quis contar, disse que era surpresa.
— E é! - o empresário confirmou sorrindo.
— Eu não aguento mais. - Julia falou irritada. — Contem logo, não sei para quê esse suspense. - falou com as mãos na cintura.
— Ok, família... - Lili observou todos os presentes e enlaçou seu braço no de Germano. — Nós vamos casar.
— Piada! - Julia gargalhou. — Vocês tão zoando com a minha cara? - encarou os dois.
— É sério isso? - Alfredo questionou surpreso. — Não acredito.
— Eu também fiquei assim quando soube. - Ernesto comentou olhando para os dois.
— Todos ficamos. - Euzébia continuou.
— Estou chocado. - Heitor falou arqueando as sobrancelhas já que sabia de toda a história do casal.
— Uau, gente! - Alice disse extasiada com a notícia.
— Ué, não gostaram da notícia? - Germano questionou os observando.
— Eu ainda não to acreditando. - Julia aproximou-se dos dois. — R.I.P. Putaria franciscana.
— Vocês juram que isso não é uma trolagem, né? - Alfredo questionou juntando-se a esposa.
— É sério gente! - Germano respondeu. — Tão sério, que o primeiro pedido quem fez foi a Lili...
— A cu? - Julia questionou surpresa vendo o empresário assentir. — Gente, isso parece fanfic. Ainda estou sem acreditar!
— E o segundo quem fará, sou eu. - Germano continuou sua fala enquanto retirava a caixinha de veludo na cor vinho do bolso. — Com o apoio do meu querido sogro e mediante as pessoas mais importantes das nossas vidas... - ajoelhou-se em frente a mulher que estava com os olhos marejados. — Liliane de Bocaiúva, você aceita se casar comigo e se tornar uma Monteiro? - ergueu a pequena caixinha no ar, onde continha um anel solitário.
— É claro que sim. - sorriu estendendo a mão para que ele colocasse o anel. O empresário pôs e logo em seguida levantou-se para lhe dar um beijo e então, eles foram aplaudidos pelos presentes.
— Meu Deus do céu! Veio aí! - Sofia comentou animada abraçando os dois.
— Eu digo que só acredito nas coisas vendo... - Julia comentou aproximando-se da cunhada e pegando na mão que estava o anel de noivado. — E eu estou vendo e não estou acreditando. - gargalhou. — Você merece toda essa felicidade, cu. - a abraçou.
— Obrigada, minha Julinha! Por tudo.
— Agora seremos uma só família! - Ernesto falou sorrindo.
— Viva aos Bocaiuva, os Vasconcelos e os Monteiros! - Alfredo disse animado. — Essa união merece um brinde. - praticamente correu até a cozinha e retornou de lá com uma garrafa de champanhe acompanhado da empregada da casa que trazia algumas taças vazias. — Alegria e muito amor para vocês, minha maninha e meu amigo! - sorriu abrindo a garrafa logo em seguida.
— Ah e! - os jovens comemoraram alegres.
— É só o começo de uma grande história. - Euzébia falou sorrindo para o patrão.
— Só o começo! - Germano concordou dando um selinho em Lili e pegando uma taça com champanhe para brindarem todos juntos.
Após o brinde, eles continuaram conversando até que a governanta da casa os avisou que o jantar estava pronto, então todos seguiram para a sala de jantar e se acomodaram a mesa. A refeição foi regada de boas conversas e risadas. Lili e Germano tentaram resumir a história da viagem de Petrópolis para os presentes, que estavam amando os verem em tamanha felicidade e sintonia.
Após o jantar, eles retornaram para sala de estar e continuaram a conversar enquanto comiam a sobremesa. Germano aproximou-se de Alfredo e falou algo no ouvido do amigo que o fez levantar e caminhar até o piano que havia na sala.
— Esse momento merece uma música. - Alfredo falou chamando a atenção dos presentes. Todos levantaram e se aproximaram dele que já estava a postos, sentado na banqueta de frente ao piano. — Uma homenagem do meu cunhado, para a minha irmã. - sorriu olhando para o amigo. — Fascinação da Elis. - ao falar o nome da música, Lili sentiu seus olhos marejarem de imediato e o noivo a abraçar por trás.
Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E no teu olhar, tonto de emoção
Com sofreguidão mil venturas previ
A empresária estava emocionada, pois amava a música e se sentia ainda mais amada pelo fato do noivo ter oferecido a canção para ela.
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria e entontece
És fascinação, amor
— És fascinação, amor. - Germano cantou próximo do ouvido dela. Enquanto os demais cantavam em alto e bom som o refrão.
Teu sorriso prende, inebria e entontece
És fascinação, amor
— Eu te amo! - ela sussurrou para ele que sorriu, pois fora a primeira vez que ela disse aquela frase com convicção para o empresário.
Era só o começo de uma grande história de amor e fascinação.
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