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História Sotto Voce - Capítulo Único


Escrita por: singlullabies

Notas do Autor


Espero que vocês gostem. Essa é a minha versão do que gostaria que acontecesse depois do ep de PLL. E eu não consigo resistir a escrever Spoby.

Não deixem de falar o que acharam! É super importante pra mim.

Até mais, galera.

Capítulo 1 - Capítulo Único


Spencer não conseguia entender o que estava acontecendo. Tudo que podia sentir era uma dor dilacerante e insuportável no lado esquerdo do peito e o barulho surdo que o tiro ainda fazia em seus ouvidos. Rostos preocupados enchiam sua visão, mas Spencer mal podia distinguir um do outro – seu subconsciente sabia que eram suas amigas e mesmo assim seu corpo não registrava o braço que a segurava.

Até reconhecer a voz que antes cantava-lhe uma canção de ninar.

— Por favor, não me deixe. — os olhos de Mary Drake estavam aterrorizados enquanto procuravam os dela. — Spencer. — tentou focalizar o rosto, sentindo aos poucos os seus sentidos apagando. — Eu nunca te machucaria.

A voz de Mary carregava uma promessa, respondendo e calando suas amigas. E Spencer acreditou. Algo na expressão da mulher lhe acalmava, entorpecia lhe a dor agonizante.

— Eu sou sua mãe.

Ouviu o som surpreso escapando dos lábios de alguém que estava a sua esquerda e se pudesse esforçar-se um pouco, conseguiria imaginar o rosto e a expressão de cada uma das quatro meninas que estavam ao seu lado. Mas seu cérebro só conseguia processar uma informação por vez.

Mary Drake era sua mãe?

Foi a última coisa que cruzou sua mente antes da escuridão lhe afogar.

x~x

Spencer nunca parou para imaginar qual seria a última coisa que ouviria antes de morrer, mas também nunca pensara que aquilo poderia acontecer tão cedo em sua vida. Até ‘A’ aparecer, suas preocupações passavam muito longe de qualquer coisa relacionada a algo tão macabro quanto a morte.

E mesmo quando sofria ameaças constantes, estivera sempre preocupada demais com descobrir a identidade de seu algoz que pouco ligava para sua mortalidade. Morte era um conceito muito distante. Assustadoramente real, como bem vivera inúmeras vezes naqueles anos, mas muito distante para pensar sobre.

Mas agora... Agora Spencer se recusava a aceitar que as palavras de Mary Drake poderiam ser as últimas que escutaria em sua vida.

Eu sou sua mãe.

Não admitiria morrer sem saber se aquilo era mesmo verdade. Sem saber quem estava aterrorizando sua vida outra vez. Sem saber porque seus pais nunca lhe falaram sobre aquilo. Sem ver suas amigas sendo felizes. Não admitiria morrer sem ver Toby mais uma vez, sem saber se ele estava vivendo uma vida feliz ao lado de Yvonne.

Não permitiria que aquele tiro interrompesse tudo que ainda queria viver.

“Não consigo encontrar o pulso!”

“Estamos perdendo ela.”

“Comece o RCP”

As palavras chegavam embaralhadas enquanto inúmeras mãos tateavam seu corpo, tentando parar o sangramento tempo suficiente para chegar ao hospital. Spencer sentia sua consciência lhe faltando novamente e sabia estar a questão de segundos de apagar outra vez.

“Silêncio!”

“Eu encontrei o pulso! Ela está respirando.”

— M-mamãe...

— Ei, querida. — uma voz suave que não conhecia murmurou em seu ouvido e Spencer sentiu uma leve pressão em sua mão. — Aguente firme, tudo bem? Nós vamos chegar ao hospital e você vai sair dessa. Só aguente firme.

Spencer queria muito acreditar naquelas palavras – precisava. A dor já era forte demais e lutava para manter-se consciente. Seu peito queimava e o cheiro de sangue a fazia querer desmaiar. Mas Spencer era uma lutadora, sempre havia sido.

Ela só precisava aguentar firme.

Aguentar firme.

x~x

Hospital Geral de Rosewood.

As quatro garotas estavam sentadas em estado de choque nas cadeiras desconfortáveis do hospital desde que chegaram, pouco mais de uma hora atrás. Não sabiam a situação de Spencer – só foram informadas de que a morena estava em cirurgia.

Ouviram uma comoção nos corredores e notaram Caleb e Mona aproximando-se rapidamente, ambos vestindo expressões idênticas de pânico. O moreno foi o primeiro as alcançar e logo puxava o corpo trêmulo de Hanna em seus braços, os olhos procurando notícias.

— O que aconteceu? — indagou. — Só ouvimos que a Spencer estava no hospital e viemos o mais rápido possível.

— Nós fomos encurraladas por Noel e Jenna, — Alison começou quando nenhuma das garotas respondeu. — e a Spencer... a Spencer levou um tiro.

Um suspiro escapou pelos lábios de Mona.

— Ela está bem?

— Não sabia que você se preocupava, Mona. — Alison cuspiu. — Até onde eu lembro, você fez de tudo para se livrar de cada uma de nós.

— Ali... — Emily murmurou em advertência.

O quê? É a verdade.

Mona levantou as mãos em rendição. — Acredite ou não, eu me preocupo se alguma de vocês se machuca. Fazem anos que não me envolvo em nada contra qualquer uma e, na verdade, ajudo vocês.

— Ela está certa, Ali. — Emily aperta suavemente o braço da loira. Então volta seus olhos para Mona. — Ainda não temos notícias sobre a Spence. Faz mais de uma hora que ela entrou em cirurgia, mas parecia muito ruim.

— Vocês sabem quem atirou nela? — Caleb perguntou.

— Nós achamos que foi Jenna. — Aria respondeu incerta. — Mas não pudemos a encontrar em nenhum lugar depois que fomos procurar Spence e Mary Drake já estava lá com ela.

Aquilo atraiu a atenção dos dois recém chegados.

— Mary Drake?

Um olhar foi trocado entre as meninas e não foi perdido por Caleb e Mona.

— O que vocês não estão dizendo? — o moreno franziu a testa, afastando Hanna de seu corpo. A loira trocou um outro olhar com as demais e então levantou os olhos azuis para ele.

— Mary Drake é a mãe da Spencer.

O silêncio que se seguiu era extremamente desconfortável – Caleb e Mona tentavam processar a informação que acabara de lhes ser entregue e as quatro garotas tentavam entender como a noite havia dado tão errado.

— Você está brincando, não é?

— Eu não mentiria sobre algo assim, Caleb.

Merda.

Hanna franziu o cenho. Sentia uma culpa esmagadora em seu coração por tudo que estava acontecendo – primeiro beijara Caleb quando ele namorava sua amiga (aquilo não era culpa só sua) e depois, por uma ação impensada de sua parte, acabara ficando (e consequentemente colocando suas amigas) nas mãos de Jenna e Noel e conseguido fazer Spencer levar um tiro.

Só percebera que havia começado a chorar quando sentiu as mãos quentes de Caleb em seu rosto e afundou a cabeça em seu peito. Era muito querer que aquele pesadelo acabasse?

x~x

— Alguém conseguiu falar com os pais da Spence?

Emily perguntou em um sussurro. Estavam há mais de cinco horas sem notícias de sua amiga e a preocupação era visível no rosto de cada um. Estavam completamente esgotados e assustados, mas sabiam que a noite seria muito longa.

— Consegui falar com a Melissa. — Aria respondeu, tomando um gole do café que segurava em mãos. Era horrível, mas era também a única coisa a mantendo de sucumbir. — Ela disse que vai tentar falar com a Sra. Hastings e vai pegar o primeiro voo para cá.

— Eu deixei uma mensagem para o Toby. — Caleb falou baixinho, não querendo acordar Hanna. — Tenho certeza que ele gostaria de estar aqui.

— Toby não foi embora? — Aria franziu o cenho.

— Mais cedo hoje. — Caleb respondeu. — Mas ele me mataria se soubesse por outra pessoa o que aconteceu com a Spencer. Não sei quando ele vai pegar meu recado, entretanto.

As duas garotas concordam. Sabiam que Toby iria querer estar ali para Spencer, mesmo ficando na mesma situação que elas estavam – horas sem notícias. Emily não tinha certeza de como Toby reagiria ao saber daquilo – ou pior, como sua noiva reagiria a reação do amigo.

Tudo que menos precisavam era alguém fazendo um escândalo na recepção do hospital enquanto Spencer lutava por sua vida.

— Cadê a Mona? — Caleb olhou ao redor, finalmente dando-se conta que a garota não estava a vista.

Antes que qualquer uma pudesse responder, a viram surgindo no corredor e trazendo consigo Mary Drake, a última pessoa que imaginavam ver por ali. A mulher havia desaparecido assim que a ambulância sumira levando Spencer e ninguém tinha ideia do seu paradeiro.

Até agora.

Ainda não sabiam como digerir a informação de que a mulher era mãe de Spencer – tampouco sabiam se aquilo era mesmo verdade. Mesmo que de alguma forma todos os segredos daquela cidade estivessem enrolados nas famílias Hastings e DiLaurentis.

— O que você está fazendo aqui?

Aria se colocou na frente de Mary Drake em desafio.

— Quero saber como minha filha está. — Mary Drake respondeu, sua voz com uma pontada de irritação. — Eu tenho direito a saber!

— Quem garante que ela seja?

— Eu garanto. — Mary deu um passo ameaçador. — Quem você pensa que é para me impedir de qualquer coisa?

Qualquer que fosse a réplica que dançava na língua de Aria se esvaiu assim que um médico se aproximou do grupo com um semblante sério – um pensamento mútuo passando na mente de cada um, que felizmente não fora verbalizado. Tinham medo de pronunciar as palavras e as tornarem verdadeiras de alguma forma.

Então observaram em silêncio o caminhar do homem, a tensão emanando como ondas grossas e sufocantes de seus corpos.

— Algum de vocês é parente de Spencer Hastings?

— Somos amigos dela. — Emily falou. — Como ela está?

— Infelizmente não estou autorizado a dar informações sobre o estado da paciente para não familiares.

— Sua irmã só conseguirá chegar pela manhã. — Aria murmurou. — Por favor, nós estamos preocupados.

Os olhos escuros do médico estudaram as expressões preocupadas das pessoas a sua frente. Certamente eram pessoas que se importavam profundamente com a garota – não faria mal algum lhes dar uma boa notícia.

— Certo. — suspirou. — A senhorita Hastings passou por uma cirurgia complicada para a retirada da bala. Felizmente, conseguimos a estabilizar. Ela está na UTI e não pode ainda receber visitas, mas quando a transferirmos para o quarto iremos informa-los.

Um conjunto de suspiros aliviados poderia ser ouvido por todo o hospital.

x~x

Hospital Geral de Rosewood, Três Dias Depois.

A primeira coisa que Spencer percebeu quando abriu os olhos foi que todo seu corpo mesclava uma sensação incômoda entre a dor e o entorpecimento – como se não pudesse fixar-se em uma única sensação. A segunda foi que estava em um quarto relativamente aconchegante para um hospital.

E a terceira coisa que notou era que não estava sozinha.

A televisão do quarto passava algum filme em volume baixo que Spencer não lembrava de já ter visto. A claridade fraca entrava pela janela e iluminava o perfil da última pessoa que a morena esperava ver em seu quarto – em uma posição que parecia totalmente desconfortável para sua grande estatura, Toby Cavanaugh dormia profundamente.

Spencer franziu o cenho, soltando um suspiro dolorido quando tentou mover-se melhor na cama. Aquilo bastou para os olhos azuis do homem abrirem assustados.

— Ei.

A morena sorriu fraco, sentindo cada respiração que tomava arder seu peito.

— Spence. — Toby murmurou, levantando rapidamente e caminhando até a cama da morena. — Você acordou.

— Parece que sim. — Spencer brincou, fazendo uma careta com a dor. Aquilo não passou despercebido pelo loiro, que franziu os lábios. — Ouch.

— Eu vou chamar um médico.

Antes que pudesse afastar-se totalmente da cama Toby sentiu a mão trêmula de Spencer tocando seu braço e congelou no lugar. Sentir seu toque despertou algo dentro de seu coração – foi quando finalmente notou o quão perto estivera de perder a morena para sempre, o quão perto estivera de nunca mais sentir sua pele tocando a dele.

O quão perto estivera de nunca mais ouvir a voz da pessoa que amava.

Aquela sensação era muitas vezes pior do que qualquer coisa que sentira em sua vida. Uma sensação de abandono misturada com impotência – sensação que lembrava tão terrivelmente de todos os momentos manchados pela presença de ‘A’ em sua vida.

Toby respirou fundo, lágrimas já em seus olhos, e encarou Spencer.

Toby.

Seu nome escapando pelos lábios finos foi o que o desarmou. Levou tudo que tinha em si para contentar-se apenas em segurar o corpo pequeno em seus braços e não apertar como gostaria. Já Spencer queria fundir-se no abraço. Os braços contornaram o pescoço de Toby e sua cabeça repousou no ombro do homem – precisava sentir o cheiro que era único dele para acreditar que aquilo tudo não era um sonho.

— Eu pensei que tinha te perdido. — Toby murmurou nos cabelos escuros.

— E eu pensei que você tinha ido. — Spencer respondeu. Então seus olhos castanhos encontraram os azuis; sua respiração parou quando percebeu o que aquelas esferas que sempre amaria mostravam. — Toby, e quanto a Yvonne? Eu pensei...

— Eu sei o que você pensou. — ele a cortou. — Era o que eu pensava também. Mas quando Caleb me ligou... Deus, quando Caleb me ligou e falou o que havia acontecido... — sua voz falhou e Toby respirou fundo antes de continuar. — Não existe um mundo que me faça ficar longe quando você estiver em perigo e precisando de mim, Spence. Não existe ninguém que me importe mais. Pensei que ficar longe dessa cidade era o melhor, mas quando vi a ligação perdida de Caleb e o liguei de volta não tive como não retornar. Não importa quantas Yvonne’s apareçam na minha vida e quantas eu ache serem a certa para mim... Nenhuma delas nunca vai ser você, Spence.

Olhos castanhos transbordavam em lágrimas e ainda assim Spencer não ousava falar nada, sabendo que Toby ainda tinha o que falar.

— Você sempre vai ser quem meu coração escolhe primeiro, não importa o tempo que passe. Há muito tempo atrás você disse que eu era seu lugar seguro para pousar... Você é o meu, Spence. Eu te amo e não posso te perder.

Spencer sentia e ouvia seu coração batendo descompassado no peito – a máquina ligada ao seu corpo era testemunha do que as palavras de Toby estavam fazendo com ela. Era tudo que queria ouvir todos aqueles meses e nunca tivera coragem de cogitar; sempre culpara a familiaridade que tinham pelos sentimentos que voltaram.

— Você... você quer dizer isso?

A insegurança estava atada em sua voz. Spencer não sabia se um dia conseguiria superar a falta de Toby Cavanaugh outra vez – mal conseguira nessa. Então precisava de sua confirmação.

— Mais do que qualquer coisa.

Spencer sorriu.

— Eu te amo, Toby.

Ainda teriam um longo caminho pela frente. Spencer ainda precisava descobrir se o que Mary Drake revelara era verdade, precisava descobrir quem estava perseguindo ela e suas amigas dessa vez, precisava descobrir como colocar sua vida de volta nos trilhos.

Mas agora teria Toby ao seu lado; teria a maior parte de seu coração batendo novamente em seu peito. E, de alguma forma, sabia que aquilo seria o suficiente. Sabia que poderia enfrentar qualquer coisa quando os lábios quentes do homem que amava tocavam o seu e aqueciam seu coração enfraquecido.

      

   


Notas Finais




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