História Sou nóS - 3

Quando me virei tive uma surpresa que não consegui acreditar. Fiquei completamente sem palavras. A mulher de cabelos cor-de-rosa continuava dizendo o meu nome e perguntando se eu lembrava dela.

Senti um arrepio da cabeça aos pés. Minhas bochechas estavam quentes e tenho absoluta certeza de que todo o pânico que eu estava sentindo estava estampado em meu rosto.

Era a segunda vez em sete anos que eu via Yongsun.

“Byulyi, a gente tem que ir”, a voz de Wheein parecia cada vez mais preocupada comigo. Agora eu entendo o porque do olhar assustado que ela tinha antes.

“Como eu poderia te esquecer, Kim Yongsun?”, eu ri sarcasticamente, “Ou prefere que eu te chame de Solar?”

“Byul-ah, você não tem ideia do quanto eu senti sua falta!”, Yongsun gritou e esticou o braço tentando alcançar a minha mão.

Os próximos acontecimentos se deram em questão de segundos. Eu joguei o copo que estava em minhas mãos no chão, quebrando-o em milhares de pedaços. Yongsun estava chorando enquanto ainda tentava segurar em minha mão e eu a questionava. “Por que, Yongsun?”

Dois homens me arrastavam para fora do bar.

“Cavalheiros, desculpem pelo mal entendido”, pus meu paletó de volta e olhei mais uma vez para Yongsun, “Eu posso ir embora sozinha”.

“Eu estava indo para a casa da Hyejin, mas eu prefiro ir com você”, Wheein arrumou meu cabelo.

“Por favor, não quero arruinar a sua noite também. Vá com ela e esteja no estúdio amanhã às 11”.

“Tem certeza de que vai ficar bem?”, ela perguntou mais uma vez.

Eu assenti, mas é claro que eu não ficaria bem.

Wheein e Hyejin me acompanharam até o meu carro. Assim que sentei no banco do motorista, lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. “Byul-ah, você não tem ideia do quanto eu senti sua falta!”. Essas palavras foram como uma facada no meu peito, meu coração estava sendo lenta e dolorosamente dilacerado.

Parecia que tudo estava acontecendo em câmera lenta. Wheein entrou no carro de Hyejin, alguns adolescentes bêbados passaram correndo pelo estacionamento, um casal apaixonado compartilhava uma refeição em um restaurante do outro lado da rua.

Eu fui atropelada pela angústia e pela mágoa. Dei vários socos no volante do meu carro e continuei a chorar. De minha boca saía um grito silencioso e dentro do meu pensamento, a imagem de Yongsun tentando alcançar a minha mão se repetia, seguida de um flashback do momento em que ela esmurrou a parede do meu quarto e foi embora.

Depois de todos esses anos e de todo o esforço que fiz para permanecer sã sem a Yongsun, ela aparece e diz que sentiu minha falta, como se nada houvesse acontecido. Por muito tempo eu desejei que ela voltasse, mas não desta forma.

O meu maior medo é que ela bagunce a minha vida novamente, que ela deixe tudo virado de cabeça para baixo e vá embora novamente.

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Óculos escuros. Um remédio para dor de cabeça. Muita água e uma laranja de café da manhã. Todo e qualquer barulho que alguém fizesse parecia extremamente alto na minha cabeça. Agora eu lembro o por quê de ter parado de beber.

Cheguei no estúdio às 09:00. Wheein só chegaria às 11:00, como pedi a ela ontem a noite. Eu queria aproveitar a manhã para compor, organizar alguns documentos no meu escritório e fazer algumas ligações. Também seria tempo o suficiente para que eu me sentisse melhor e Wheein não me visse com cara de derrotada.

Alguém bateu na porta do meu escritório. Achei extremamente estranho, considerando que raramente recebo visitantes e que minha secretária sempre me avisa quando há alguma visita agendada.

“Você?”