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História Soukoku AU: Beauty and the Beast - Capítulo V


Escrita por: DoubIeBlack e Biagawa

Notas do Autor


Hoy, detetives e mafiosos.
Chegamos ao penúltimo capítulo de Beauty and the Beast. 💔
Bate certa tristeza em pensar que a fic está acabando, mas foi uma ótima jornada até aqui.

Boa leitura.

Capítulo 5 - Capítulo V


Fanfic / Fanfiction Soukoku AU: Beauty and the Beast - Capítulo V

Depois daquela primeira noite de amor, Chuuya e Dazai passaram a aproveitar da companhia um do outro, não mais como duas pessoas que dividiam o mesmo castelo, e sim como dois rapazes no começo de um relacionamento que ia além de amizade. 

Dazai parecia estar tendo dias maravilhosos, sempre pulando de um lado para o outro. Chuuya o repreendia, ainda que sorrisse quando o outro não estava olhando.

Mas era durante a noite que os dois se davam a liberdade de ficarem mais íntimos. Chuuya já devia imaginar que Osamu não se contentaria com uma transa só. Ele ainda estava cheio de curiosidade, e com o pretexto de "preciso ter certeza se é bom mesmo", pedia para ter mais relações sexuais com Chuuya. O ruivo logo cedia, já que este era o seu desejo também. 

Transavam praticamente todas as noites que se seguiram. Aos poucos, Chuuya notou que Dazai foi vencendo a vergonha relacionada ao seu próprio corpo, e mesmo que aquilo acontecesse de maneira lenta, era gradual. 

Depois de uma semana, o moreno já conseguia retirar as roupas na frente de Chuuya, embora as ataduras sempre se mantivessem ali, mesmo durante as noites de amor. Mas o ruivo não o pressionava quanto àquilo, de maneira nenhuma. Por mais que desejasse conhecer Dazai por inteiro e descobrir o que havia por baixo daquelas bandagens, Nakahara sabia que era uma questão delicada.

Queria que Dazai se sentisse confortável e soubesse que podia confiar nele.

Os dois passaram a dormir juntos, e embora Chuuya inicialmente não gostasse de "relacionamentos melosos", simplesmente não conseguia empurrar Dazai quando este vinha lhe abraçar durante a noite.

A maneira como o mais alto o aninhava entre os braços e encostava o queixo sobre a sua cabeça enquanto dormia, era o suficiente para deixa-lo completamente sem jeito. Por fim, sempre se dava por vencido, dormindo com a cabeça contra o peito dele, de modo que ouvisse as batidas de seu coração. 

***

Mais um mês se passou, e as tempestades de neve finalmente começaram a ceder. O inverno estava chegando ao fim, mas nenhum dos dois ousava tocar no assunto. Conforme a trilha que levava para a floresta reaparecia pelo derretimento da neve, mais Dazai passou a ficar estranho. Andava mais distraído que o normal, e às vezes se afastava de Chuuya de propósito, como se esperasse que a qualquer momento o ruivo dissesse que iria embora.

Era claro que aquela insegurança crescia dentro do peito de Osamu, e Chuuya, mesmo assistindo aquilo, não sabia como fazê-lo entender que desejava ficar com ele. 

Mas foi naquela tarde de quinta-feira que tudo se tornou ainda mais complicado. 

Estavam terminando de tomar um chá, quando alguém batia contra a porta da frente. 

Chuuya e Dazai se entreolharam. Claramente nenhum dos dois sabia do que se tratava. Não tinham como esperar nenhuma visita. Então, em um consenso silencioso, ambos se levantaram da mesa e seguiram para a entrada do castelo juntos. 

O ruivo era quem tomava a iniciativa de abrir a porta, enquanto Dazai se mantinha alguns passos atrás dele. 

Quando a porta se abriu, um garoto de cabelos brancos e espetados se revelava ali. Tanto Chuuya quando Dazai o reconheceram de imediato: era Shirase, o amigo ovelha de Chuuya. Além dele, vários outros adolescentes se encontravam ali, todos antigos companheiros de roubo do Nakahara.

Mas o que mais chamava a atenção, era que todos eles vinham carregando alguma coisa, seja um pedaço de maneira, uma pá, e alguns até traziam tochas. Era como se tivessem se preparando para um verdadeiro confronto.

— Chuuya! — O garoto pareceu surpreso, como se esperasse ver o líder acorrentado, preso em um calabouço escuro, e não ali em pé, vestindo roupas de seda, abrindo ele mesmo a porta do castelo. Ainda assim, o objetivo das ovelhas era claro, e ainda permanecia o mesmo. — Nós viemos te levar embora.

— Shirase? — Chuuya inicialmente permanecia sem reação pela surpresa. É claro que estava feliz em rever o amigo e todas as outras ovelhas, mas havia urgência em fazê-los entender que Chuuya não estava em perigo. Nunca estivera. — Ei, acalmem-se, todos vocês! Por que trouxeram essas merdas?

— O monstro, ele está aqui! — Shirase agora olhava para Dazai, que ainda se mantinha um pouco atrás de Nakahara. — Ele... está na forma humana? Bom, não importa, nós sabemos quem ele é de verdade!

Aquilo agitou as ovelhas, e alguns até tentaram forçar a passagem por Chuuya para entrar no castelo, mas o líder não permitiu. Houve uma breve tensão ali, até que o ruivo mais uma vez precisasse se impor.

— Eu não preciso ser resgatado, tá bem? Não existe nenhum monstro aqui! — Ele disse em um tom bastante alto. — Por que trouxeram essas armas? Que merda! Eu só estava preso aqui durante o inverno, mas eu estou bem!

— Então vamos embora logo, Chuuya. — Gritou Shirase de volta. — Nós viemos te buscar. Precisamos do nosso líder de volta.

Ao ouvir aquilo, o ruivo ficou sem resposta por um momento. Shirase o olhava sério, enquanto Dazai... Chuuya simplesmente não conseguia olhar para ele. Sentia como se, de uma hora para outra, estivesse sendo obrigado a escolher entre seus antigos amigos, sua antiga vida, e Dazai, o homem com quem agora estava vivendo algo muito especial.

— Shirase, eu...

— Chuuya. — Shirase sequer o deixava terminar de falar. Tinha notado que Chuuya estava divido, com dificuldade em escolher, por isso quis ir direto ao ponto. —  A Yuan está muito doente. — O garoto dizia enquanto encarava ao ruivo. — Você não estava lá durante o inverno, não sabe como foi. Perdemos muitos amigos, e se você não voltar, sabemos que vamos perder muito mais!

Ao ouvir aquilo, Chuuya congelou. Saber que uma amiga estimada estava doente não era algo fácil de processar. A culpa de Chuuya o atingiu de imediato, aceitando todas as palavras de Shirase sem questionar.

Mas ao contrário do líder das ovelhas, que demandava vários instantes para refletir, Dazai não precisou de muito para tirar as próprias conclusões. 

— Ele está mentindo. — Disse o moreno em um tom desdenhoso. — Mande-o embora, Chuu. Ele está mentindo para você. 

— Mentindo? — Os olhos azuis de Chuuya dessa vez se voltaram para Dazai.

— Está dizendo o quê? Que eu sou mentiroso? — Shirase rapidamente se intrometia também. — Ele está manipulando você, Chuuya! Está claramente manipulando você!

— Você quem não sabe mentir. — Dazai mostrava a língua para Shirase e o ruivo mais uma vez se viu forçado a intervir. 

— Vem, Dazai. — Chuuya então o pegava pelo braço. Sabia que precisava tirar Osamu de perto de Shirase e os outros garotos o mais rápido possível, antes que uma briga definitivamente acontecesse ali.

O puxou para a cozinha, pedindo que Shirase continuasse a esperar na entrada no castelo. Precisava conversar com Osamu, mas além disso, Chuuya pretendia ganhar um pouco de tempo também.

 — Ei, não acuse os outros assim! — Chuuya o repreendia, assim que se viram sozinhos na cozinha. — Você não conhece esses garotos, não vão aceitar serem ofendidos assim. Além disso, como pode ter certeza que ele mentiu?

— Ora essa, eu tenho certeza e pronto. 

— Você é burro, ou o quê? Ele não mentiria assim! — Disse de maneira decisiva.  — O Shirase é meu amigo.

Ao ouvir aquilo, Dazai piscou os olhos algumas vezes, percebendo que Chuuya estava defendendo o garoto. Aquilo fez o moreno franzir a testa, parecendo bastante desgostoso quanto à discussão que começava a ter início entre eles. 

— Então vai acreditar nele? Mesmo eu dizendo que ele está mentindo? 

— Você só tá com ciúmes! — Disparou Chuuya de volta. — E está com medo! Por que não admite isso de uma vez, ao invés de sair acusando as pessoas?

— Porque ele está enganando você! — Respondeu Dazai, demonstrando-se bastante ofendido. — Por que acredita nele, e não em mim? 

— Porque você não tem como saber, Dazai! — Chuuya rebatia, agora realmente furioso. Mas a verdade era que estava quase em desespero, devido a situação em que havia sido colocado.

E então, as palavras simplesmente saíram da boca do ruivo:

— Você não faz a menor ideia do que é se sentir responsável pelos outros, Dazai! Esses caras dependem de mim, mas você não sabe o que é sentir isso, porque você nunca teve ninguém!

Um silêncio se fez.

Ao ouvir aquilo, a expressão de Dazai se amenizou um pouco.

Ele deu um passo para trás, encarando Chuuya de maneira mais defensiva. 

— Eu tinha agora. — Disse com certo rancor. — Mas acho que isso não importa, não é?

Chuuya arregalou os olhos. Talvez tivesse ido longe demais, talvez tivesse se ofendido mais do que devia por Dazai acusar Shirase de mentiroso, talvez só estivesse confuso. Mas Dazai não parecia mais interessado em continuar com aquilo.

— Vá embora. — Disse com os olhos cheios de amargura. — Volte logo para os seus amigos. 

E aquelas palavras atingiram o ruivo em cheio. Por mais que aquilo fosse uma discussão, jamais imaginou que Dazai pudesse tentar encerrar o assunto o mandando embora. 

Ser dispensado daquela forma o magoou, e até lhe preencheu com uma sensação de desespero. 

— Seu idiota! — Sua voz vacilou. Estava começando a tremer, em um misto de raiva e tristeza. — Eu não quis dizer isso. Agora vai mesmo me mandar embora assim? 

— Sim. Adeus. — Respondeu Dazai quase que com frieza, embora inteiramente estivesse um caos também. Ele então se virou, e sem mais pretender se voltar para Chuuya, simplesmente saiu andando. 

Mas o ruivo não ia deixar que ele saísse daquela forma. Não podia aceitar que tudo havia acabado de forma tão ridícula. Assim, sem pensar duas vezes, foi até ele. 

— Dazai, mas que merda! — Se colocou atrás do mais alto. — Não sabe nem discutir! Seu desgraçado, ao menos olhe pra mim! 

E assim que ele tentou sair da cozinha, Chuuya o puxou pelo braço para que se virasse.

— Me larga! — O moreno gritou em resposta, tentando se soltar de Chuuya. 

Mas ao puxar com o braço, de uma hora para outra, a camisa e a pele de Chuuya eram rasgadas, bem no antebraço. 

O ruivo deu um grito de dor. Por um momento, não entendeu o que havia acontecido, até que mais uma vez olhasse para Dazai. 

Ele agora havia voltado a sua forma de fera, e tornava a olhar para Chuuya, igualmente confuso. O sangue começou a escorrer do braço do menor, de ferimentos nitidamente verticais. Tinham sido provocados pelas garras de Dazai, que ele agora tinha nos dedos de suas mãos, bem afiadas.

O moreno permaneceu em choque por um instante, olhando para as próprias garras por um momento.

— Ela sempre teve razão... — Dazai dizia baixinho, enquanto seus olhos denunciavam toda a sua confusão, e não demorou muito para ele também demonstrar medo. 

Estava assustado, e logo passava a olhar para o ferimento de Chuuya ainda sem acreditar que havia sido ele mesmo quem fizera aquilo. 

— Não... Dazai, espera! — Chuuya se adiantou, mais uma vez tentando se aproximar dele. Porém, Osamu recuou mais.

O ruivo queria dizer que havia sido um acidente, e que nem estava doendo tanto assim. Mas o próprio Chuuya ainda estava muito confuso. 

Os olhos de Dazai foram perdendo o brilho, pouco a pouco, diante de Nakahara, até que ele não conseguisse mais ficar ali.

— Volte pros seus amigos. — Disse sem mais olhar para Chuuya, e sem dizer mais nada, o moreno, agora de volta na forma de fera, se colocava sobre as quatro patas para fugir. 

Novamente tentou impedi-lo, mas Dazai era mais rápido. Fugiu para a escada, correndo para o segundo andar. Provavelmente iria até o próprio quarto, onde costumava se esconder. 

— Chuuya, está tudo bem? — Shirase vinha imediatamente, assim que percebeu que algo havia acontecido. Quando viu o ferimento no braço do líder, ficou bastante alarmado. — Ele machucou você? Nós temos que fazer algo a respeito disso, Chuuya!

— Não! — Chuuya se adiantou, passando agora a conter o amigo. — Eu estou bem. E já estou aqui, não estou? Então vamos embora, vamos deixa-lo em paz.

E aquela foi a forma que Nakahara havia encontrado de convencer seus amigos a não fazerem nenhum mal a fera. Talvez ele mesmo já tivesse feito mal o suficiente, já não sabia mais.

Não queria deixar Osamu sozinho, e havia prometido que não iria embora. Mas o próprio Dazai o tinha expulsado, o tinha ferido, e talvez realmente não o quisesse mais ali. Chuuya estava magoado, irritado e confuso, mas talvez o melhor a fazer era se afastar por alguns dias, e colocar os pensamentos de volta no lugar.

Achava que Dazai precisava de um pouco de tempo também. 

Assim, Chuuya e as ovelhas deixaram o castelo. Havia uma carroça esperando por eles do lado de fora. O líder e os outros jovens se colocaram sobre ela, para que finalmente pudesse partir.

Mas o coração de Chuuya doía, bem mais que seu braço que ainda teimava em sangrar, mesmo após uma das ovelhas lhe fazer um curativo. O ruivo não se cansava de xingar Dazai mentalmente, e de se indignar do quanto ele havia sido infantil e enciumado.

Sentava-se em um canto qualquer da carroça, visivelmente abalado. , mas, felizmente, as outras ovelhas pareceram respeitar isso.

Ficava pensando em Dazai, na discussão, e no porque ele havia se tornado uma fera, ali do nada, bem diante dos seus olhos. Simplesmente algo não fazia sentido. 

Assim, seguiram a trilha pela floresta, rumo ao vilarejo onde moravam. 

Porém, Chuuya não era o único que estava deixando o castelo naquele momento. Sem que ninguém percebesse, um gato de três cores havia se colocado dentro de uma das caixas que havia ao interior da carroça. 

***

Já era noite quando finalmente chegaram ao vilarejo. Para o líder das ovelhas, um lado de si realmente sentia falta de lá, era o lugar onde havia vivido a maior parte da sua vida, afinal. Também sentia falta de seus amigos, e precisava garantir que eles ficariam bem, especialmente Yuan, após a notícia de que ela estava terrivelmente doente.

Chuuya se sentia responsável pelos outros, mas a verdade era que começava a achar que não era tão bom assim nessa tarefa. Tinha falhado com seus amigos, assim como tinha falhado com Dazai.

A carroça parou, e os jovens desceram para seguirem para o galpão onde moravam. Era um local abandonado, feito de madeira. Algumas roupas velhas serviam de parede aqui e ali, mas aquele era o lar que tinham escolhido para viver durante os últimos meses, até que decidissem morar em outro local.

Algumas ovelhas vieram recepcionar o líder, o que aquecia um pouco o coração dele. Era bom saber que ainda era estimado por aquelas pessoas. 

E foi então que viu Yuan. 

A garota de cabelos rosas veio sorridente, jogando-se nos braços de Chuuya para cumprimentá-lo com um abraço caloroso. Chuuya a retribuiu sem pensar duas vezes, mas logo a olhou cheio de preocupação.

— Yuan, o que houve? Shirase disse que você estava doente. 

— Doente? — A garota deu um riso, e logo olhava para Shirase, que vinha andando até se colocar ao lado deles. 

Chuuya franziu a testa. Ela não parecia nem um pouco mal, como o outro amigo havia dito. Devagar, o líder ia desfazendo o abraço, para então se voltar para Shirase. Apenas com o olhar, exigia explicações. 

— Talvez ela realmente não estivesse doente. —  Shirase dizia ao dar de ombros, com indiferença. — Mas você está muito melhor aqui conosco do que lá, com aquele monst-

E sem que sequer conseguisse terminar aquela frase, Chuuya o atingia em cheio com um soco na boca. 

O garoto era levado ao chão, ficando em choque. O ruivo estava parado diante dele, ainda com o punho cerrado, enquanto todas as outras ovelhas encaravam a cena. 

Ninguém ousava falar uma única palavra, estavam paralisados pela surpresa, assim como o próprio Chuuya. 

Nunca, em nenhuma circunstância, havia feito qualquer coisa contra seus amigos. Mas agora estava ali, com o punho doendo após atingir o rosto de Shirase. 

— Ele não é um monstro! — Dizia em um tom sério e exigente. — Nunca mais o chame dessa forma.

— Por quê? Por que o defende? — Shirase perguntava em um tom de raiva, encarando Chuuya sem nenhuma hesitação, embora com sua mão segurasse o lado do rosto que havia sido atingido. —Está apaixonado por ele, Chuuya?

Ao ser questionado daquela forma, Chuuya vacilou por um instante. Não havia admitido aquilo nem para si mesmo, então muito menos o faria na frente de tantas pessoas. 

O ruivo deu um passo para trás, estava decepcionado com o amigo, mas mais do que isso, agora estava decepcionado consigo mesmo. Dazai estava certo quando disse que Shirase tinha mentido. E Chuuya havia dito coisas a ele que talvez não precisassem ser ditas, ao menos não daquela forma. 

— Chuuya, nós sentimos a sua falta. — Disse Yuan agora com a testa franzida. Tentava de alguma maneira apaziguar a situação. — Queremos você aqui. 

— Eu também senti falta de vocês, e gosto de viver com as ovelhas. — Chuuya respondeu agora com o coração apertado. — Mas vocês não sabem o que aconteceu... naquele castelo. Eu não posso deixá-lo lá sozinho. Eu… apenas não posso. 

Todas as ovelhas olharam para o líder, sentindo que aquilo tinha um tom de despedida.

— Não vamos te levar de volta. — Respondia Shirase ao finalmente se levantar, olhando para Chuuya cheio de rancor. 

— Não precisa. — Respondeu o líder de volta, virando o rosto para o amigo. — Eu me viro. 

Por fim, dava aquela discussão como encerrada, virando-se para ir até uma partição do galpão que as ovelhas tinham como um quarto coletivo. 

O cantinho de Chuuya ainda estava ali, o qual se resumia a um velho colchão, e um baú com suas poucas roupas. Sentou-se no colchão, flexionando os joelhos para descansar os braços, enquanto refletia sobre tudo. 

E durante as horas seguintes, ninguém mais se atreveu a se aproximar de Chuuya. Alguns começavam a achar que ele não era mais o líder que deveria ser, outros, apenas não queriam incomodá-lo.

Aquela era a primeira noite sem Dazai, e céus, como sentia falta daquele idiota.

O que ele estaria fazendo naquele momento? Estaria se sentindo triste? Solitário? Estaria pensando em Chuuya? 

Seu coração estava aflito como nunca antes havia estado antes, e o pior de tudo, Chuuya não se sentia mais bem-vindo em nenhum lugar. Tinha encerrado os seus dias nas ovelhas, no momento em que deu um soco em Shirase. Em contrapartida, era possível que Dazai não quisesse mais vê-lo também.

Mesmo assim, sabia que seu coração jamais suportaria nunca mais ver Osamu, e não tentar ao menos se resolver com ele.

Precisava voltar para o castelo, e pretendia conseguir uma forma. Mas infelizmente, isso teria que esperar até a manhã seguinte. 

E mesmo que estivesse completamente devastado por dentro, acabou cochilando um pouco antes do amanhecer, já que havia passado toda a noite em claro.

Dazai ainda fazia parte de seus pensamentos, e foi nesse instante que um sonho começou.

***

Chuuya estava de volta no castelo, mais precisamente, no jardim.

Parecia muito mais bonito e bem cuidado do que se lembrava, como se estivesse ali em outra época.

Havia ali vários canteiros de rosas. Rosas vermelhas e brancas. Eram lindas e muito bem cultivadas, de um jeito admirável de se ver.

Ventava de leve, e parecia fim de tarde. O sol estava para se pôr no horizonte.

Chuuya andou um pouco por ali, meio confuso. Não se lembrava como havia chegado até o castelo depois de tudo, e não lhe fazia o menor sentido encontrar o jardim da maneira como ele estava, tão belo e cuidado.

E foi quando viu um menino passar correndo bem a sua frente, dando algumas risadinhas. O ruivo foi surpreendido, afinal, nunca esperaria ver uma criança por ali. Mas quando olhou melhor, notou algo ainda mais inexplicável.

O garoto tinha olhos e cabelos castanhos, bem bagunçados. Tinha pele branca e usava um terninho cinza. Sem ter qualquer dúvida, Chuuya o reconhecia imediatamente: era Osamu em sua forma humana, mas agora ele tinha uns 6 ou 7 anos.

— Dazai? —  Chuuya o chamou.

Mas o menino não parecia conseguir enxerga-lo, e brincava ali sozinho, entre os arbustos. Chuuya o seguiu, até chegarem um pouco mais próximo do castelo.

E então, o ruivo se deparou com uma segunda pessoa, esta que nunca antes havia visto. Era uma mulher alta, que vestia dos pés à cabeça com roupas e jóias caras. Ela tinha longos cabelos castanhos, levemente ondulados. Seus olhos eram amendoados, era bastante magra e tinha olheiras profundas, embora a fisionomia bastante atraente. 

Comparando, ela lembrava bastante Dazai. Poderia aquela mulher ser sua mãe? Que espécie de sonho era esse? 

— Estou farta! — A mulher falava meio consigo mesma. Ela estava a cortar o caule de algumas rosas, fazendo o uso de uma tesoura. — Estou farta! Farta! E aquele desgraçado não volta da tal viagem. Sei bem que viagem é essa, para a cama de qualquer vagabunda! 

Chuuya se aproximava sorrateiramente, mas assim como Dazai, a mulher também não aparentava ser capaz de vê-lo. Era como se Chuuya não estivesse ali de fato, e tudo o que ele podia fazer, era continuar assistindo.

De repente, um barulho bem próximo de Chuuya, em um dos arbustos. O pequeno Dazai estava ali, espiando a mulher entre a vegetação. Contudo, o som também chamou a atenção dela, que olhou para o seu próprio filho com certa repulsa. 

— E você, criatura horrível e depravada, é o principal motivo para a minha infelicidade! — Gritava a mulher cheia de ódio. — Seu pai está trepando com outra, sabia disso? Enquanto isso, eu estou aqui fadada a cuidar de um pirralho monstruoso que eu nunca quis ter! Você podia morrer, ninguém sentiria falta. 

Ao ser confrontado daquela forma, o menino apenas se enfiava ainda mais dentro do arbusto, sem mais olhar para a mulher. Ouvir aquilo revoltou ao ruivo, que não pensou duas vezes antes de ir em direção a ela. 

— O que pensa que está fazendo? — Disse em tom de raiva, demonstrando toda a sua indignação. — Ele é uma criança! Não pode falar assim com ele! 

Porém, no instante seguinte, a mulher simplesmente desaparecia, diante de seus olhos azuis. Chuuya mais uma vez se via sozinho no jardim. 

— Mas-- que diabos! — Aquilo deixou Chuuya ainda mais confuso, porém, antes que pudesse tomar qualquer atitude, ouviu um miado bem ao seu lado. 

E ao olhar para o chão, deparou-se com o gato que já conhecia bem. Um gato malhado, que olhava para o ruivo enquanto se encontrava sentado na grama. 

— Você? O que faz aqui? — Questionou, até que o gato dava um novo miado antes de se levantar. Seguiu caminhando pelo jardim, olhando vez ou outra para Chuuya, como se esperasse ser seguido por ele. 

Miava novamente.

Pensou estar ficando louco, mas decidiu que seguir o gato era a melhor dica do que deveria fazer naquele momento. Não tinha mais qualquer dúvida de que aquilo era mesmo um sonho, por mais real que pudesse parecer.

Assim, o gato o guiou para a lateral do castelo, onde a porta que dava para a cozinha se encontrava aberta. Ali, estavam novamente Dazai e a mãe, ainda que ambos se encontrassem com roupas diferentes de instantes atrás. 

Osamu estava quietinho, sentado em uma das cadeiras, meio encolhido. Mexia com as perninhas lentamente, olhando para o chão, enquanto a mulher andava de um lado para o outro.

— Seu pai dispensou todos os nossos empregados, sabe por quê?— Ela gritava para o menino. — Porque ele foi embora! Decidiu viver com aquela vadia. E você, está ficando cada vez mais parecido com ele... um monstro! É isso que você é, assim como o seu pai. Um monstro nojento e repugnante.

O menino se encolhia ainda mais na cadeira, e mais uma vez Chuuya tentou intervir. Doía no fundo de sua alma ver Dazai tão novo ser tratado de forma tão cruel. Não podia conceber que aquela era realmente a sua mãe. 

— PARE JÁ COM ISSO, SUA MALUCA! — Chuuya gritou, mas não fez diferença nenhuma. A mulher apenas continuava a despejar toda a sua ira contra o menino.

— Eu odeio você! Odeio! — Disse a mulher para a criança. — Não suporto você, eu espero que morra! 

E então, sem mais se conter, Chuuya tentou agarrar a mulher para de alguma forma proteger Dazai. Contudo, da mesma maneira repentina que da outra vez, a mulher simplesmente desaparecia.

O coração do ruivo batia intensamente, e ele até ofegava de leve. Sentia-se destruído, além de impotente, por ser forçado a assistir àquelas imagens sem poder fazer nada. 

— Isso não pode ter acontecido de verdade... não pode...

Depois disso, teve que assistir várias e várias outras cenas. Em todas elas, Dazai era humilhado por aquela mulher, aquela que supostamente deveria protege-lo. Mas tudo o que ela fazia era despejar todas as suas amarguras de um casamento fracassado em cima do garoto, dizendo que ele seria igual ao pai. Que ele seria um monstro.

Chuuya já sentia vontade de chorar, mas de ódio. Seus olhos azuis faiscavam a cada ofensa que a mulher dirigia a Osamu. Ainda assim, continuava a seguir o gato de três cores, que o guiava pelo castelo, mostrando-lhe cada um daqueles eventos.

— É você quem está me mostrando isso? — Questionava para o gato. — Por quê? O que isso significa? 

O gato apenas miou em resposta, novamente voltando a andar.

Tinham então voltado para o jardim, e agora, já estava de noite. A mulher mais uma vez estava com Dazai, esse que agora parecia um ano mais velho, e estava com um dos olhos enfaixados. Tinha se machucado, ou sido machucado, e mantinha uma expressão bem mais triste que antes.

Ficava notável o quanto ele tinha medo da mãe, e ela parecia saber perfeitamente o poder que exercia sobre ele. Contudo, naquele momento, ela estava sorridente, demonstrando-se genuinamente feliz. A mulher se encontrava toda arrumada, e tinha uma mala em uma das mãos.

Ela se abaixava, para assim diminuir a altura entre ela e o menino.

— Osamu, eu tenho uma surpresa para você. — Disse a mulher com um sorriso. — Uma surpresa de mãe para filho.

Dazai piscou algumas vezes, e Chuuya pôde perceber os olhinhos castanhos de Osamu começarem a brilhar, com certa expectativa.

— Mas eu preciso ir busca-la primeiro. — Ela dizia ao tocar os cabelos do filho. — Você espera?

Dazai assentiu, dando um discreto sorriso que provavelmente não dava há anos. A mulher sorriu de volta, soltando os cabelos dele para poder se levantar.

— Então me espere aqui. Eu prometo que não irei demorar.

E assim, a mulher se afastou dele, com sua mala, deixando o menino para trás. Dazai ficou parado no mesmo lugar, apenas olhando a mãe ir embora, sem que ela nem sequer mais olhasse para ele.

Do outro lado, já além do jardim, havia um cocheiro a espera. A mulher entrava na carruagem e partia no minuto seguinte.

Naquele momento, pareceu claro para Chuuya que ela não pretendia mais voltar.

Porém, para uma criança como Dazai, aquilo não parecia tão claro assim.

Ele continuou ali em pé, olhando para onde a mãe o tinha deixado, e se manteve ali quietinho.

— Não... não! — Chuuya se aproximou dele, mas assim como antes, o menino não era capaz de vê-lo. Não podia acreditar que algo como aquilo podia ter acontecido. Como alguém seria capaz de fazer algo assim com o próprio filho? 

— Dazai... — Chuuya se ajoelhou na frente dele, tentando abraça-lo, mas seus braços apenas atravessaram o corpo dele. — Dazai... eu tô aqui com você... — Lentamente, as lágrimas quentes começaram a deslizar pelo rosto de Chuuya. — Eu tô aqui... você não está sozinho...

Mas o menino não o ouvia, e aos poucos, seus olhos cheios de expectativas foram se tornando perdidos e sem esperanças.

— Eu prometo... prometo que quando você ficar mais velho... a gente vai se conhecer... e eu vou... vou ficar com você...

O garotinho continuava em silêncio, e Chuuya apenas continuou ali ajoelhado, mantendo os braços em volta dele como se pudesse abraça-lo. Chuuya chorava de tristeza e desespero, chegando a soluçar.

Mas foi quando sentiu uma mão lhe tocar o ombro.

Chuuya então ergueu os olhos e viu, parado ao seu lado, um homem que nunca havia visto antes. 

Tratava-se de um homem alto, aparentemente na casa dos cinquenta anos. Ele usava um chapéu-coco, um longo terno marrom de aparência britânica, com uma camisa de gola alta. Tinha um bigode fino e seus cabelos tinha três cores: uma mecha alaranjada, outra branca e o resto era castanho escuro. Trazia consigo uma bengala.

— Preciso me desculpar, por fazer você assistir isso. — Disse o homem com uma voz gentil, de maneira bastante cordial. — Mas era necessário. 

E então, oferecia uma das mãos para ajudar Chuuya a se levantar. O ruivo aceitava a ajuda, levantando-se enquanto tentava secar as próprias lágrimas.

— Então, isso aconteceu de verdade? — Dizia com a voz chorosa, por mais que tentasse se recompor. — Mas como tudo isso é possível? E como você sabe? — Olhava para o homem. — Quem é o senhor, afinal?

— Souseki Natsume. — Ele se apresentava. — Eu sou um gato.

O homem disse com calma, e sua resposta fez com que Chuuya começasse a olhar para os lados. De fato, não via mais o gato malhado por ali, o que significava que, de alguma maneira, ele pudesse ter adquirido a forma humana.

— Essas são as minhas memórias. Eu vi tudo isso acontecer, e agora estou mostrando para você.

Chuuya limpava algumas lágrimas que ainda insistiam em cair, ainda tentando processar tudo o que Natsume lhe dizia.

— Como foi então que ele se tornou uma fera? — Chuuya questionava então para o homem. — Me mostre, eu quero ver.

Natsume assentia, e logo uma sequência de novos eventos começaram a passar diante dos olhos de Chuuya. Assistiu Dazai indo e vindo para o jardim, dia após dia, para esperar pela mãe. Às vezes ficava embaixo de uma árvore, às vezes dormia ali mesmo no chão. Sempre olhando para o horizonte, onde tinha visto a mãe pela última vez.

E conforme o tempo foi passando, Chuuya pôde notar a transformação gradual que acontecia em Dazai, os pelos que nasciam em seu rosto, as garras que começavam a se forma em suas mãos, os dentes começarem a ficar pontudos.

Por último, vieram os chifres, e assim, o ruivo o via se transformar na fera que havia conhecido.

— Por que isso foi acontecer? — Chuuya perguntava ao se voltar novamente para Natsume. — Por que ele ficou assim?

— A vida é cheia de mistérios, senhor Nakahara. — Respondia o homem enquanto assistia a Dazai também, revivendo suas próprias lembranças. — Mas é certo que, de alguma forma, Osamu Dazai amaldiçoou a si mesmo. Ele é um monstro, porque foi condicionado a se ver assim. Tomou a forma de uma criatura com chifres e garras afiadas, porque é isso que uma criança entende como "monstro". — Balançou levemente a cabeça, com certo pesar. — E conforme os dias se passaram, mais ele foi se dando conta que a mãe não voltaria. Por consequência, mais amaldiçoou a si mesmo também.

— Isso não é justo! — O ruivo protestava. — A mãe dele era o mostro aqui! Ele era... só uma criança... — Sentia mais uma vez seu coração doer. — Natsume-san, por quanto tempo ele esperou?

— Dois anos. — Ele respondia. — Até chegar a notícia de que sua mãe, Rose Dazai, havia falecido. Depois disso, ele não esperou mais, mas seus sintomas como “fera”, pioraram ainda mais. Logo ele também passou a falar com os móveis, já que nunca teve mais ninguém para conversar.

Chuuya abaixou um pouco os olhos, pensando por um momento. Tudo começava a fazer certo sentido, mas ainda faltava uma coisa.

— Então... por que ele voltou a ser humano? — Franzia de leve a testa. — O que mudou?

— Você. — Respondeu Natsume. — Você o fez se sentir humano de novo.

Pensar naquilo fez com que o coração de Chuuya se aquecesse um pouco, mas isso, infelizmente, não durou muito. O ruivo continuava a pensar, logo relembrando da discussão que tiveram. 

Dazai havia se tornado uma fera no momento em que brigaram, no momento em que achou que seria abandonado novamente. Chuuya quis voltar a chorar, mas desta vez, aguentou firme.

Tornou a olhar para o homem, agora cheio de determinação.

— Eu preciso vê-lo, Natsume-san. — Disse Chuuya. — Preciso falar com ele e… ajeitar as coisas. Por favor, Natsume-san, me ajude a chegar até ele. 

O homem assentiu com a cabeça, e foi nesse momento que Chuuya acordou. 

***

Ao abrir os olhos, o ruivo percebeu que estava no colchão, dentro do galpão das ovelhas. Tudo estava silencioso ali, pois todos ainda dormiam, embora já tivesse amanhecido.

Mas assim que se levantou, Chuuya pode perceber um par de olhos castanhos o fitando. Era o gato que o ruivo já esperava encontrar. 

Os dois se olharam, e como se pudessem se comunicar, o gato teve a iniciativa de se levantar. O ruivo não pensou duas vezes antes de segui-lo para fora do galpão.

Contudo, assim que saiu, ouviu alguém correr em sua direção.

— Chuuya! — Era Yuan, e ela vinha ao encontro do ruivo. Ele se virou para ela, e a menina se colocou agora a frente do líder.

— Me desculpe, Yuan. — Disse ele a garota. — Mas eu preciso ir.

— Eu sei. — Ela respondeu sem demora. — Só quero que você saiba que nós vamos ficar bem.

Aquelas palavras causaram em Chuuya certa surpresa. A amiga estava claramente emocionada, porém, sorria para o ruivo. Enquanto esperava que ela pedisse para ele ficar, ou mais uma vez chamasse Dazai de monstro, Yuan lhe provava que apenas queria que Chuuya ficasse bem.

— A gente precisa de você, Chuuya. — Ela tornava a dizer. — Mas talvez... aquela fera precise mais.

E por fim, os dois amigos se abraçavam. Ter o apoio de alguém das ovelhas era muito importante para o ruivo, mas era exatamente como Yuan havia dito: Dazai era quem mais precisava de Chuuya naquele momento.

— Obrigado, Yuan. — Dizia de forma verdadeira, até que foi soltando a menina aos poucos.

— Apenas não fique bravo com o Shirase. — A garota pedia. — Ele só está com medo... está inseguro por agora ter que liderar as ovelhas. Mas eu sei que ele vai se sair bem.

— Sim, ele vai. — Chuuya dizia agora com um sorriso.

— Até logo, Chuuya.

Assim os dois se despediram, e o ruivo tornou a se virar para seguir com o seu caminho. O gato estava a sua espera, e assim que Nakahara o alcançou, os dois começaram a correr juntos, até que Yuan perdesse seu antigo líder completamente de vista.

 


Notas Finais


Chegamos ao fim de mais um capítulo. 💔
Ver esses dois se desentendendo me dói o coração, mas vamos torcer para tudo dar certo no capítulo final.

Muito obrigado por ler.

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