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História Soulmate - Nós


Escrita por: ArsLilith_ e Yayabs

Notas do Autor


Aaaaa
Mais cedo do que o imaginado, que milagre minha gente.
Então, me arrisquei nesse cap com uma visão diferente 😔✊ é só o início dessa forma, então não se preocupem com isso hihihi. Gostei muito do resultado, espero que gostem tbm. Boa leitura.

Capítulo 47 - Nós


Nós costumávamos ter um espírito diferente. Éramos quente. Gostava da forma como ele conseguia me ganhar com um simples sorriso, ou com um olhar que poderia deixar claro tudo que ele estava pensando. Costumávamos ser apenas nós. Nós.

Ele tinha um cheiro forte, que envolvia cada célula do meu corpo. Eu estava quente; queimava por ele sem pretexto algum. Continuávamos sendo nós. Era tão fácil ouví-lo, mesmo que nada me dissesse. Eu sentia. Eu o tinha acima de qualquer coisa, sobre todas as circunstâncias. Ele era meu. Somente meu e aquilo era algo inevitável.

Jaebum era o melhor dos melhores. Nunca pude me dar o desfrute de imaginar a mim envolvendo-me com um alfa de tal estirpe. Sabia que me casaria com um em algum momento, mas quando meu pai avisou-me, montei uma figura retilínea em minha mente, que acabava por me levar a apenas um retrato. Não era de meu conhecimento a imagem do futuro Rei de Carlon, do meu futuro marido e, sequer, entendia as falácias sobre ele.

Eu tinha pouco e, o que vinha dele me levava a acreditar que minha vida seria um inferno. No primeiro momento que o vi, acreditei que meus pensamentos sobre nossa convivência iriam ser completamente realizados. Afinal, ele fez questão de deixar claro seu desprezo por mim em todos os olhares, nos poucos toques, nas suas densas palavras. Fiz questão de guardar cada detalhe dele, cada movimentar que deixava em evidência o quanto meus dias ao seu lado seriam difíceis.

Meu pai costumava dizer que um bom ômega era consumido pela ausência do falar, que pensar era pecar contra todos os bons costumes e, que, tomar a frente de algo, era insano; era quase uma blasfêmia aos deuses. Então, sobre todas as coisas que ele me dizia e enchia minha mente, acabei me calando. No entanto, a cada notar da presença daquele alfa eu sentia imensa vontade de inúmeras coisas. Falar era uma delas, mas, expressar o que estava sentindo era o que mais temia e, mais tinha querer.
Jaebum instigava um lado meu no qual desconhecia a existência. Temia-no.

E, quando aquele alfa cheio de petulância beijou-me em seu cio, acredito que algo dentro de mim tenha faiscado. Nunca soube explicar o fascínio que tenho pelos olhos de Jaebum... pelo lobo dele. É revigorante tê-lo desejando a mim acima de qualquer anseio ou medo. Acima de qualquer prioridade que ele tenha e acredite. Sei que o sentimento começou aos poucos, evoluindo desde raiva e ódio, para pura entendimento e admiração. É insano nos imaginar agora, aqui, juntos em um momento como esse.

Eu o chamei. Pensei nele a cada segundo da minha vida nos últimos dias e, tudo que pedia em minha mente era que me ouvisse; que me escutasse ao ponto de me sentir, de entender onde estava e como estava. Que eu o queria sobre todas as coisas. Que meu lobo estava aqui, sedento por ele e capaz de tudo para o ter.

Querer Jaebum era um vício que jamais poderia lidar. E, enquanto meu corpo sofria por um calor absurdo, em minha mente só vinha ele... ele e seu cheiro. Ele e sua vitalidade.

— Eu estou aqui, meu amor.

Seus toques eram firmes, ajudavam-me a superar a dor que se alastrava por cada poro meu. Ele beijava-me a pele como se fosse quebrável a um simples gesto. Gosto do jeito que ele me tem, da forma como suas mãos moldam meu corpo ao ponto de me fazer esquecer dos pudores e só desejá-lo não me importando as circunstâncias.

Moralmente não estávamos sendo sequer um terço do que deveríamos ser, do que esperam que fôssemos. Mas pelo que estava entendendo até então, jamais fizemos questão de ser o que esperam de nós dois.

Jaebum tinha lábios gélidos que causavam-me arrepios gloriosos, o que me mantinha de olhos fechados, apreciando a forma como ele me envolvia em mais um beijo enquanto nossos corpos se esfregavam um no outro. Era satisfatório. Arrebatador, eu diria.

Não era alguém de experiências. Ouvia as ômegas soleinienses me dizerem que tinha que me guardar a somente um alfa e que deveria ser somente dele. Tinha que servi-lo. Não me importaria de servir Jaebum. Não me importaria com nada se tudo fosse com ele.

— Não quero te machucar. Você realmente precisa descansar, amor.

Amor... eu apreciava a forma como ele me chamava e me olhava quando dizia coisas doces. Coisas carinhosas que me acariciavam o âmago.

Ele me fazia sentir especial.

— Está muito quente. — Reclamei. Reclamaria de qualquer forma se ele tentasse se afastar.

Nunca tive alguém tão controlado próximo de mim, mesmo me desejando a cada segundo. Via em seu olhos o quanto meu cheiro mexia com ele, com o lobo dele.

Ele estava fazendo o melhor para cumprir sua promessa. Sentia isso. Minha pele ardia quando ele mencionava se afastar. Era como uma droga que precisava ser mantida por perto para que eu pudesse me sentir inerte o bastante. Eu só precisava do seu cheiro, da sua boca sobre a minha e do corpo dele me tomando como seu.

A realidade era que eu parecia embriagado demais enquanto minhas mãos deslizavam pelas costas dele, por baixo dos panos, enquanto minhas pernas se prendiam ao redor de sua cintura. E, eu acabava por me esfregar mais ainda, esperando que aquela ação me ajudasse a superar aquela fase acalorada que se apossava dos meus instintos.

Instintos... oh, nunca os senti tão aguçados como no momento. Eu podia ouvir aquelas ômegas falando de nós, falando do meu Jaebum. Falando do quanto queriam ele; de como desejavam estar abaixo dele e o tendo como delas. Ele era meu.

— Onde você vai? — Inclinei meu corpo, buscando ficar mais próximo dele.

— Preciso tomar um ar... você está me deixando louco, Jinyoung.

— Por que você está se negando para mim? — Queria que continuasse a me olhar, mas a forma como ele evitava manter o contato começava a me irritar.

Acho que meu lobo desconhecia o que era paciência.

— Não estou me negando a você. — Seu olhar era sério. — Só não quero te machucar, por favor, me entenda. — Suplicou. Deixei minha língua passar pelos lábios dele e, logo, mordisquei o inferior, mantendo entre os dentes.
 — Jinyoung… 

Jinyoung… Jinyoung… Meu nome costuma ficar bonito em sua voz me chamando. Chamando principalmente enquanto me devastava até a alma.

Aproximei meu corpo. Minha boca desceu, chegando ao pescoço onde deixei mais beijos, mordidas. Gosto de mordê-lo, marcá-lo como meu. Espero que ele goste do mesmo e faça igual comigo.

— Você está tão duro, amor. — Sussurrei, apertando seus ombros, enquanto deixava minha boca sobre a região excitada, coberta pela calça fina.

Coloquei na boca o que conseguia, ainda com a roupa me impedindo. Jaebum se mexia, talvez quisesse fazer com que parasse, mas aquilo só me deixava ainda mais interessado em continuar. Eu gosto quando ele tenta me controlar. Ele nunca consegue.

— Jinyoung…

— Diz que você me quer... — Pedi, voltando a olhá-lo nos olhos.

Eles eram tão bonitos... vermelhos e intensos. Eu conseguia deixá-los daquela forma. Somente eu.

— Você é tudo que eu mais quero, Jinyoung.

— Então me faça seu mais uma vez, muito mais. — Rocei meus lábios sobre os dele. — Diga que sou o seu ômega. Faça-me inteiramente seu, meu alfa.

Um ômega sempre sabe como conseguir algo. Não podia negar o quanto me orgulhava de ter tudo o que queria de Jaebum. Ele sempre dava-me tudo... os melhores gozos, as melhores noites.
 
Jaebum era meu. E isso, ninguém tiraria de mim.

Era instinto.


O barulho da água batendo de leve contra o corpo relaxava-o aos poucos. Jaebeom achou uma boa ideia dar um mergulho no lago atrás da cabana em que estavam enquanto Jinyoung dormia. Estava sentindo-se diferente de antes, completamente e seus pensamentos pareciam perdidos em um único assunto.

Havia marcado Park Jinyoung, que já não era um Park há muito tempo. Ele era um Im e buscava se lembrar daquilo o tempo todo. O sentimento que se distribuía pelos seus anseios não era nem de longe claro a si. Lhes deixavam confuso. Perdido em algo que sequer conseguia entender.

Havia marcado Jinyoung. Havia se atado a ele em um rompante de um pedido insano vindo dele. Ponderou o dia em que negaria algo para aquele ômega. Não lhe vinha à cabeça se alguma vez, em um futuro próximo, aquilo iria ocorrer. Negar algo a ele era como negar seus desejos primitivos, suas vontades que se davam a somente saciar o único ômega que, agora, parecia ter bem mais que seu coração. Ele lhe tinha por inteiro, não era apenas uma parte sua agora, uma mera parte. Conseguia senti-lo e tal fato era assustador. Podia ouvi-lo.

Nunca entendeu o que se passava dentro de si, nem das vezes em que sua cabeça virava um amontoado de pensamentos que sequer eram seus. As vozes vinham, lhe invadiam, lhe enlouqueciam de um modo a lhe fazerem perder o controle total. Nunca conseguiu escutar Jinyoung, nem o que ele pensava de si, nem seu coração.

Não era como se pudesse fazer aquilo com todos. Entendia, ao menos, que suas leituras de pensamento vinham quando menos esperava. Como em um rompante de algo que lhe indignava, então, para lhe enlouquecer ainda mais, elas apareciam, corroendo-lhe de um modo mortífero. Quase fatal.

E, agora, conseguia ouvir as batidas daquele coração. Ressoavam calmas, com um cuidado invejado por si, já que o seu se mantinha descompassado, acelerado demais para a calmaria que acometia seu semblante externo.

“Jaebum...”

Fechou os olhos, mergulhando mais uma vez. As batidas dos braços eram calmas em direção às suas roupas.

“Jaebum... onde você está?”

Aquilo estava lhe enlouquecendo, mas, ao mesmo tempo, não deixava de lhe agradar.

Vestiu-se o mais rápido que pôde, não se importando das roupas ficarem molhadas, grudados ao corpo.

Apressou-se a caminho da janela, impulsionando os braços e subindo para adentrar o cômodo. Seus olhos encontraram os verdes claros do ômega. Ele estava sentado na cama, agarrado no lençol ao redor do corpo.

Jaebumie... — Ele murmurou baixinho, vindo em sua direção e lhe abraçando forte. Retribuiu o gesto, deixando suas mãos acariciarem o corpo com cuidado, buscando acalmá-lo sobretudo.

— Estou aqui... — Caminhou junto dele até a cama. Sentaram um do lado do outro e Jaebum buscou averiguar o pescoço do garoto, notando a marca sobre a pele. — Preciso limpar isso. — Soou baixo, ajeitando Jinyoung melhor e buscando por uma toalha e alguns curativos.

— I-isso está ardendo. — Jinyoung acompanhava os movimentos alheios, sentindo a sensação de queimação na pele.

— É normal você sentir isso agora. — Encarou-o, voltando a sentar ao lado dele. — Pelo menos você não está gritando de dor. Isso significa que... — Umedeceu os lábios, buscando controlar o sorriso. — Seu lobo aceitou bem.

Seus dedos tocaram o pescoço alheio. Jinyoung arrepiou-se com o toque, aceitando-o muito bem. Inspirou o ar, aproximando-se mais do Im para que o contato ficasse ainda maior. Jaebum apenas se limitou a sorrir, pegando a toalha e limpando a área marcada. Ouviu o resmungo baixo, tomando cuidado para não machucá-lo.

— Como você está se sentindo? — Virou um pouco mais o corpo do outro em sua direção, tomando mais proximidade.

A respiração colidiu no tronco nu, deixando Jinyoung ainda mais arrepiado. A pele dele estava quente, quase queimando a de Jaebum que buscava todas as forças em si para se manter por perto, suportando aquele torpor acalorado.

Estranho... — Foi sincero, olhando nos olhos de Jaebum. — Seu cabelo... o que houve com ele? — Os dedos logo tocaram nos fios que já não eram mais acobreados do jeito que recordava-se.

— Eu... também gostaria de saber. — Sorriu. Seu cabelo já não era mais ruivo como acostumou-se quando fez suas vinte uma luas. Ele encontrava-se negro como a noite, deixando ainda mais claro o fato de ser um Cavaleiro dela, abençoado pelos deuses e pela Lua Maior.

Ficou diferente. — Sussurrou, os dedos ainda perdidos sobre os fios molhados, acariciando-os de leve. — Está muito quente.

— Suas ondas de calor estão voltando... — Buscou fazer o curativo mais rápido, notando o suor escorrer pelas têmporas do mais novo. — Não faz muito tempo que fizemos isso... você vai se machucar dessa forma. — Afastou-se, colocando os utensílios sobre a pequena mesa que ali havia. — É melhor eu te dar um banho, assim você relaxa um pouco e ganha mais tempo. Não quero te machucar.

— Vai ficar doendo, Jaebumie.

— Não vai. Não vou deixar. — Deixou os dígitos correrem pelo rosto dele, num carinho seguro, proteção velada no toque.

Você está quente... isso é tão bom.

Jaebum riu fraco, mordendo o lábio. Ergueu o rosto alheio pelo queixo, fazendo o rapaz lhe olhar nos olhos. Inclinou o corpo, deixando um selinho nos lábios cheios e avermelhados. Um selar simplório e calmo demais comparado a agitação que ambos comportavam.

— Eu amo você. Amo você.

Buscou se afastar, mas Jinyoung puxou-lhe pela barra da camisa fina. Ele se pôs de joelhos sobre a cama, alcançando sua altura. Os lábios tocaram os seus outra vez, algo mais profundo. Um desejo que trouxe um arfar inesperado a Jaebum.

Suas mãos foram de encontro a cintura dele. O lençol resvalava pela pele quente e o choque dela na do alfa fora de uma sensação absurda.

Quero ser seu. — Jinyoung sussurrou intoxicado pelo cheiro forte que Jaebum exalava. Suas mãos passeavam pelo corpo dele, adentrando a roupa sem cerimônia alguma.

Sabia de cor cada centímetro da pele dele. Ansiando por cada sensação que ela lhe causava.

— Você já é meu. Completamente. — Beijou próximo da marca, ouvindo o suspiro mais alto do ômega. — Não quero que se machuque. Preciso que confie em mim, querido.

Está tão quente.

— Vou te dar um banho, depois você vai comer e descansar mais.

— Mas eu não quero isso. — Murmurou a contragosto, arrancando um riso do alfa.

— É, mas é o que você vai ter. — Pegou-o no colo, ouvindo os resmungos do rapaz.

Jaebum esforçava-se ao máximo para manter Jinyoung o mais são possível. Queria-no mais que qualquer coisa na sua vida e desconhecia algum outro momento de sua vida que desejou tanto alguém como naquele instante.

Procurou por forças que desconhecia enquanto buscava dar banho no ômega, mesmo com os protestos dele e as provocações. Jinyoung queimava em suas mãos e gostava mais do que podia sustentar daquilo. Era como se tivesse sido feito para sustentá-lo. Tê-lo.

Ajudou-no a se vestir, assim como, conseguiu com um dos ômegas que havia sido apresentado no dia anterior, comida para alimentá-lo. Achava que estava conseguindo ir bem em mantê-lo um tanto afastado de si, mas Jaebum sentia seu corpo queimar por inteiro a cada segundo, como se Jinyoung lhe chamasse o tempo inteiro.

Não resistiu. Jamais resistiria a ele depois do que tinham. Era tão fácil ser levado pelos olhos dele, pelas mãos quentes e os lábios atrevidos, impiedosos que vinham em sua direção sem pretexto algum de lhe abandonar.

Não havia maior e melhor abrigo que o corpo dele quando lhe abraçava. O modo como era chamado por aquela boca sedenta por si... Jaebum enlouquecia com tudo vindo dele, do seu e único ômega. Era loucura pensar que agora dividiam de pensamentos, sentimentos e quereres. Mais ainda, saber que estavam ligados, agora, por toda vida. Era insano.

Estavam ligados e o sentimento de que ninguém nunca tiraria Jinyoung de si não poderia lhe deixar mais feliz.

 

Jinyoung era seu agora, não que outrora não fosse, mas, agora... agora ele era marcado. Uma marca que Jaebum desconhecia tamanha ligação.

 

Ele era seu, assim como, também era dele. E não havia ninguém no mundo que pudesse acabar com aquele sentimento.

 

Im Jinyoung era seu. Seu marido. Seu Omêga. Seu Rei.

 

 

[...]

 

O barulho dos trotes dos cavalos cessavam aos poucos conforme a ordem dada pelo Comandante chegava aos ouvidos de todos. Jackson manteve seus olhos atentos ao redor de si, sempre buscando máximo atenção a cada milha que alcançavam.

— Se seguirmos mais rápido conseguimos achá-los ainda hoje. — A voz de Chanyeol lhe foi ouvida. Seus olhos foram sobre os dele, de modo apaziguador, mesmo que aquele sentimento, fosse o último sentido por si no momento.

As tropas conseguiram se encontrar no meio do caminho enquanto dirigiam-se para o norte, seguindo os rastros dos príncipes. Tiveram problemas no percurso ao serem atacados por alguns lobos solitários, que escolheram pela vida lupina, abandonando o resto de humanização que havia lhes sobrado. Perderam dois guardas pelo caminho e Jackson não podia deixar de carregar aquela culpa consigo.

— Vamos montar acampamento aqui. — Desceu do cavalo, caminhando até Youngjae que mantinha-se ainda sobre o cavalo. Ajudou-o a descer enquanto o olhar de todos pairava sobre ambos. — Jaebum deve ter conseguido um lugar seguro para passar o tempo, então não sairá de lá.

— Como pode ter tanta certeza? É imprudente da sua parte tomar essa decisão.

— Não me diga o que fazer, Park. — Encarou-o. — Essa é a minha ordem.

— Você está sendo inconsequente. Devemos ir atrás do Jinyoung agora!

— Majestade Jinyoung você quis dizer, não? — Corrigiu-o na frente de todos. Viu o alfa trancar o maxilar. — Tenha mais respeito.

— Continuarei com os meus homens atrás dele.

— Você não vai continuar. Quem está no comando sou eu, Park. — Aproximou-se mais do outro. — Eu mando e você obedece.

— Não recebo ordens suas.

— Recebe sim. Você vai me obedecer, porque quem está no comando disso tudo sou eu. Nem você e nem Zhoumi irão se meter nisso. — Umedeceu os lábios rapidamente. — Você não conseguiu fazer uma única coisa que fora designado. Cuidar da segurança da Vossa Majestade. Não atrapalhe quem está tentando corrigir os seus erros.

Chanyeol apertou os punhos, segurando a vontade insana de atacar o alfa à frente. Jackson rapidamente saiu do seu campo de visão, impondo suas ordens tanto aos seus homens, quanto aos dele. Odiava aquela sensação de não ter o controle das coisas. Odiava.

— Não adianta ficar com essa cara. — Ouviu a voz atrás de si. Virou-se, encarando Jimin que vestia uma camisa. Havia voltado a forma humana sem precedentes. — Aceite as ordens dele e se mantenha o mais quieto possível.

— Está mesmo me culpando por tudo isso?

— Peça aos deuses para que nada tenha acontecido nada ao meu irmão, porque não irei pensar duas vezes em acabar com você e essa sua incapacidade de seguir uma única ordem minha.

— A culpa é sua! — Acusou-o ferozmente. Os dentes quase rangendo um no outro. — Você sabia que Taecyeon estava de volta e preferiu acreditar que tudo estava sob o seu controle. O erro maior foi seu por achar que pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Lembre-se, não é porque você domina magia que automaticamente você é um deus. A culpa é mais sua do que minha. — Deu de ombros com o Park, deixando-o para trás.

Jimin engoliu seco uma raiva crescente. Céus, como aquilo lhe consumia!

Passou a mão pelos fios, puxando-os de leve na tentativa de descontar sua frustração absoluta. Olhou para trás, notando a chegada dos guardas e de Kyuhyun à frente deles, tomando o comando daquela tropa que trazia o verme que tanto queria acabar com as próprias mãos. Seus passos foram velozes até eles, procurando com os olhos aquele que deveria ter matado anos atrás.

— Seu desgraçado! — Derrubou-o do cavalo.

Taecyeon estava com as mãos amarradas para trás. Caiu no chão e sequer poupou o riso quando notou Jimin lhe segurar pelo colarinho. — Eu vou acabar com você. — Dizia com tanto ódio que ninguém teve a coragem de se aproximar para lhe tirar dali.

— Eu lhe avisei, Alteza... — Tossiu. — Disse a você que voltaria e lhe tiraria tudo.

— Você vai morrer e adoraria que fosse por minhas mãos. — Apertou mais as mãos ao redor dele. — Mas eu irei deixar você se entender com o alfa do meu irmão. — Sorriu. — Eu também lhe avisei, não avisei? Sobre o fato de tentar encostar em Jinyoung outra vez e achar que sairá impune só porque meu pai deu um jeito de lhe ajudar a fugir. Te disse que Jaebum acabaria contigo. Que ele seria pior que eu e, agora, você vai poder sentir isso na pele. Ele vai acabar com você e estarei lá, na primeira fileira do teu juízo para ver sua cabeça rolar. — Saiu de perto, ajeitando os trajes leve que usava. — Amarre-o em uma dessas árvores. Sem água e sem comida por enquanto.

Seus olhos cruzaram com os alheios, um sorriso pertinente deixou cair em seus lábios. Seu único conforto no momento era saber que Jaebum acabaria com aquele verme e o faria pagar por cada segundo na presença de Jinyoung.

— Você está encarregado disso. Não me decepcione. — Encarou Jackson, apontando para ele. — Tem o poder para mandar em qualquer soldado de Soleil. Qualquer um. — Olhou para todos. O olhar caindo sobre o de Chanyeol. — Você está no comando único.

Afastou-se de todos, adentrando na tenda que era sua.

Jackson soltou um suspiro longo pelos lábios, fechando os olhos fortemente enquanto sentia uma dor aguda na nuca. Era muito responsabilidade em seus ombros tomar conta de dois exércitos, mas havia uma felicidade em seu peito. Um orgulho muito bem sustentado em si por aquele feito, mesmo em um momento como aquele. Talvez, se não se encontrasse em uma situação tão deprimente, estaria comemorando por aquilo, mas, ali, não cabia euforia. Não enquanto não encontrasse Jaebum e Jinyoung.

Buscou se recompor, dando algumas ordens conforme a noite caía. A sorte de todos ali era que a temperatura de Soleil era terrivelmente quente, então não teriam maiores dificuldades em acender uma fogueira para cozinharem uma caça. Não que aquilo fosse cem por cento bom, até porque aquele calor no qual eram submetidos mexia muito com seus organismos, mas, nada com que não pudessem lidar.

Jackson pegou algumas mudas de roupas, olhando ao redor para vê se tudo se encontrava bem. Caminhou alguns passos dali, distanciando-se dos demais para chegar até o riacho não muito cheio que ali existia.

Havia percebido que as poucas fontes de água que Soleil tinha eram sempre daquela maneira. Águas rasas e em alguns pontos, secas. Youngjae tinha razão quando lhe disse sobre aquilo. E ele parecia estar tendo razão de muitas coisas nos últimos dias. De algum modo, lhe deixava intrigado todo aquele saber do Choi. Não conseguia deixar de desconfiar dele, sabendo realmente quem ele era, ou achava que fosse.

De todo modo, no momento, seus pensamentos foram levados ao ômega de imediato assim que o viu nadando sob a luz do luar que começava a aparecer para todos.

O céu de Soleil a noite não chegava aos pés do de Carlon. Não havia comparação.

— Vai ficar olhando ou vai nadar? — Sua atenção fora tomada pela voz risonha e despreocupada. Engoliu seco, acenando conforme se livrava da parte de cima, sentindo o olhar alheio em cada movimento seu. — Por que irá entrar de calça?

— Eu não vou nadar nu com você aí!

Youngjae riu alto, balançando os braços com uma calma invejada por si.

— Eu não me preocuparia com isso... — Soou divertido, virando-se e mergulhando, dando a visão de parte da sua nudez ao outro.

Jackson fechou os olhos levemente. Um riso sacana escapando dos lábios enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro, desacreditado naquilo.

Olhou para os lados, livrando-se das peças debaixo e adentrando a água morna rapidamente.

Mergulhou, procurando se manter no campo mais fundo. Tomou a superfície, buscando por fôlego enquanto passava a mão no rosto, logo, jogando os fios para trás.

Assustou-se quando, em segundos, Youngjae emergiu bem próximo de si. Um sorriso ladino quase, por muito quase lhe deixando desconcertado. Jackson conhecia aquele encanto que faiscava nos olhos dele. Não cairia. Jamais se deixaria cair.

— Gostei do que fez... — Murmurou baixo, deixando Jackson um tanto nervoso por aquilo.

— E o que eu fiz?

— Mostrou o porquê é o comandante do nosso exército. — Jackson sorriu levemente. Mal soube conter o maldito sorriso, mesmo que ele fosse pequeno, ainda sim, lhe entregava. O elogio alheio amaciava o seu ego que nem sempre era amaciado, alimentado. Sabia que era bom no que fazia, mas sequer tinha ouvido algo sobre aquilo.

— Só fiz o que acho certo. — Soou baixinho. Os braços balançavam em uma sincronia calma, deixando ambos relaxados.

— Que bom. — Sorriu mais ainda ao Wang.

— O que está tentando fazer? — Olhou-o um tanto cômico. — Sabe que essa sua submissão natural de ômega não vai funcionar comigo, não é? Não importa o que faça. — Riu nasalado. — Não sei o que está pensando, mas tenha certeza que não irá conseguir. Fui treinado para lidar com ômegas como você.

— Você não sabe do que sou capaz.

— Mas eu sei do que sou capaz, então não tente usar sua submissão para conseguir algo de mim, porque não irá conseguir. Não sou os alfas que está acostumado a brincar.

— Talvez, seja exatamente por isso que quero fazer você cair. — Jackson riu mais ainda, o agitar das braçadas tornando-se maior.

— Desista, Choi. Você não vai me ter jamais.

— Não quero você... não pense que me agrada ter que me unir ao Comandante de Carlon para o que quero. Não gosto de você, Wang, assim como sei que não me suporta. — Sorriu aberto, ardiloso do jeito que Jackson era acostumado a sempre ver.

— Então por que está aqui?

— Porque há uma pessoa que preciso proteger. Prometi a ela que a protegeria acima de qualquer coisa e por ela, sou capaz de fazer isso... me unir a você.

— Quem é essa pessoa?

— Não importa. O que importa agora é você encontrar Jaebum e Jinyoung. Zhoumi vai chegar amanhã e vai querer mandar em tudo. Vai se dizer amigo do Rei; usar o mesmo discurso de que é quase um pai a Jaebum. Você terá que ter pulso firme.

— Eu sei, não se preocupe com isso.

— Fique de olho em Kyuhyun. — Avisou ao lembrar-se da presença do ex-cunhado. — Não gosto da sensação de tê-lo aqui.

— Ele ajudou Jaebum a encontrar Jinyoung.

— Pode estar se aproveitando do momento.

— Como pode ter certeza?

— O tempo que namorei com Jaebum me fez conhecer Kyuhyun e o maridinho insuportável dele. — Encarava o alfa. Escutou a risada dele, algo que lhe deixava leve.

— Não gosta de Sungmin?

— Por que gostaria de alguém que competia comigo?

— Competia?

— Sei que você sabe...

— Não sei do que está falando. — Alegou, vendo Youngjae revirar os olhos em meio a um riso soprado.

— Você sabe sim! — Jogou água nele. Jackson gargalhou.

— Achei que você não sabia.

— E tem como não saber? Só Jaebum para ainda não ter se ligado nisso.

— Uma vez peguei ele no quarto do Im. Certeza que iria aprontar. Sungmin sempre tentava o ver assim que ele voltava do cio.

— Jaebum sempre foi muito tolo quando o assunto era aquela cobra. Sungmin sempre achou que podia tudo. Ele usava o discurso de querer que Kyuhyun fosse rei e assim, ele também seria, mas a verdade era uma única só: ele queria ser rei sim, mas ao lado de Jaebum. Sempre foi o desejo dele.

— Você nunca fez nada?

— Minha vontade é arrancar os olhos dele. — Proferiu entredentes.

— Tudo por Jaebum?

— Quem dera se fosse por Jaebum... — Murmurou um tanto perdido nos pensamentos. — Você não sabe do que Sungmin é capaz de fazer. Ele sabe muito bem o que quer e onde quer chegar. É como se fosse criado unicamente para isso.

— Você parece o conhecer bem. — Constou, interessado demais nas palavras do outro.

— Você não sabe o quanto.

— Acha que ele continua com isso? Com essa paixão incubada por Jaebum?

— Não acho que seja paixão. — Encarou Jackson outra vez. — Sungmin é obcecado por ele. Quando eu inventava de dormir lá no castelo, já tive o desprazer de tê-lo no quarto, olhando para Jaebum e o acariciando. Ele achava que estava dormindo, mas sempre tive o sono leve demais. Qualquer mero barulho ou sombra, acordava. E, então, Sungmin estava lá... velando o sono de Jaebum com devoção. Não é paixão, Jackson. Sungmin é obcecado por Jaebum e ele não vai descansar enquanto não o ter.

— Era por isso que os guardas de Zhoumi e ele estavam atrás de você naquela noite? — Youngjae pareceu pensar, recordando-se das palavras daquele ômega.

— Ele queria que eu fizesse algo para manter Jinyoung e Jaebum longe... me deu um prazo, não o cumpri. Então ele decidiu me dar um sustinho... acabar comigo. — Um riso nenhum pouco engraçado saiu pelos seus lábios.

— Então eu salvei a sua vida?

— Hm... não sei. Na verdade, acho que você atrapalhou o meu fim, isso sim.

— Youngjae...

— Sabia que ele viria atrás de mim, Jackson e ele vai continuar. Não foi daquela vez, mas será da próxima.

— E-eu não vou deixar ele te machucar.

— Para Sungmin, eu sou uma ameaça. Sei de muitas coisas sobre ele. Me ter vivo e andando por aí, ainda mais agora que meio que já escolhi um lado, é perigoso demais.

— Que lado você escolheu?

— O que eu posso salvar o máximo de pessoas possível.

— E quem são essas pessoas que você quer salvar?

— Pessoas que me ajudaram e que precisam da minha ajuda agora.

— Onde ajudar Jinyoung ajuda elas?

— Você faz muitas perguntas! — Voltou a atirar água nele.

— Você fala muito superficialmente, me deixa curioso.

— Hm... Jinyoung vai ajudar essas pessoas... por isso preciso dele vivo. Elas são mais importantes do que qualquer rixa que possa existir entre mim e ele.

— Onde elas estão? Posso te ajudar...

— Você vai me ajudar, querendo ou não.

— Irá me obrigar, é?

— Sim. — Aproximou-se muito mais. — Você vai me ajudar e juro para ti que lhe dou nome e endereço de todos os culpados pela morte do teu pai.

— Não quero confiar em você...

— Tarde demais, Wang. Tarde demais.

 

 

[...]


 — Jinyoung...

O tom baixo revestido de um riso fraco soou pelo quarto. As cortinas esvoaçavam com a brisa quente que adentrava, deixando tudo ainda mais acalorado. Jaebum buscava se acostumar com aquela temperatura. Não era tão incômoda quanto pensou que fosse, mas somente pelo fato de que Jinyoung parecia saber bem o que fazer para lhe deixar confortável.

Fechou os olhos com força, sentindo a mordida fraca em seu lóbulo. Jinyoung lhe abraçava por trás, a boca colada em sua pele, enquanto uma das mãos estavam espalmadas em seu peito. Os beijos desciam conforme o ômega lhe virava e Jaebum sequer conseguia controlar os espasmos que lhe acometiam a cada toque.

O riso soprado e quente lhe fez arrepiar quando Jinyoung ficou próximo da sua excitação. Afundou a cabeça no travesseiro quando sentiu a língua do garoto em si, sendo segurado pela canhota.

Seus olhos foram de encontro aos dele, encontrando as orbes escuras que tanto lhe fascinavam. Ele pareceu se instigar com o olhar, tomando-lhe ainda mais, lhe engolindo por inteiro e deixando Jaebum perdido em uma zona de prazer inexplicável. Ele continuou com o toque íntimo, num ritmo gostoso demais.

Jaebum acariciava os fios negros, dando seus indícios através da carícia do quanto estava amando tudo. Jinyoung gostava de saber o quanto se sentia bem com ele. Conseguia ver aquilo nitidamente no olhar dele.

Você é perfeito. — Soltou entre suspiros. Ele também gostava dos seus elogios. Amaciava o ego do seu lobo. O ego do ômega que era.

O mais novo afastou-se. O fio de saliva ligando ao outro e tal visão não deixava de ser uma das melhores ao alfa.

Jinyoung lambeu os lábios, aproximando-se do alfa com uma perna de cada lado do corpo dele. Jaebum sempre lhe deixaria fazer tudo consigo e era maravilhoso saber daquilo. Segurou o pau duro, esfregando-o no ânus, arfando baixinho por aquele toque tão necessário.

Sua lubrificação lhe ajudava a receber o outro com mais facilidade, revirando os olhos pela forma que, agora, era preenchido. Espalmou as mãos sobre o peito alheio, pegando impulso para poder rebolar da maneira que gostava.

Os gemidos misturavam-se com o barulho das peles se chocando uma na outra, assim como o cheiro de sexo se espalhava pelo cômodo, juntamente dos feromônios que liberavam em doses muito maiores do que podiam se dar conta.

Jinyoung marcava seu território ao exalar seu cheiro sobre o alfa quase dez vezes mais. Era insana a forma como se sentia naquele momento. A mente completamente nublada, levada unicamente pelo seu lobo que desejava de todas as maneiras aquele alfa abaixo de si enquanto o tinha por completo.

— Você é o meu alfa. Meu alfa. Sussurrava sobre a pele, aumentando os movimentos.

Jaebum lhe segurava pela cintura, ajudando-lhe.

Tudo se resumia a ele. Unicamente ao seu alfa. Ao prazer que conseguiam dividir juntos. Usufruir bem mais que somente o corpo um do outro. Arfavam diante de um toque mais profundo. Encaravam-se verdadeiros demais. Não podia ser somente um cio... era mais, muito mais.

 

 

Era uma entrega absoluta. Um gozo que só cabia a ambos.

 

 

Os dedos do alfa passavam com carinho pelos fios úmidos, ajeitando-os em seguida para o lado. Um sorriso passou pelos lábios quando ouviu o rosnado baixo do outro em sua direção.

— Vamos comer? Já faz horas que estamos trancados aqui. Não saímos o dia todo, você precisa pegar um pouco de ar puro.

— Você não gosta do meu cheiro? — Encarou Jaebum com os olhos miúdos e o alfa quase acreditou que eles poderiam estar entristecidos, mas sabia que aquilo não passava do lado submisso que gostava de arrancar tudo de si.

— Eu gosto. Eu amo seu cheiro. — Roçou o nariz sobre o pescoço dele. — Mais do que você pode imaginar.

Satisfez o ego alheio. Jinyoung lhe beijou em seguida, algo lascivo, vicioso demais.

— Não faça isso. — Afastou-se levemente. — Você não irá me comprar dessa forma. Vem. — Pediu, levantando-se e estendendo a mão ao outro.

Jinyoung suspirou, aceitando de mal agrado. Não queria sair de onde estavam e a forma como Jaebum insistia para que saíssem só contribuía para sua irritação aumentar a cada segundo. Odiava a ideia de outros ômegas ao redor do seu alfa, lhe olhando com olhos despudorados e pensamentos devassos.

Jaebum era seu e tinha um ômega. Um único ômega.

Não gostava de dividir o que era seu.

 

— Você o marcou... — O sorriso de Gayoon adentrou o campo de visão de ambos quando adentraram a cozinha já cheia.

Todos os olhares caíram sobre o casal. O cheiro que exalava dos dois era extremamente gostoso, mas, certamente o mais agradável era o do alfa, já que não havia nenhum outro no recinto.

— É... — Soou um tanto envergonhado pelo olhar dela, puxando Jinyoung pelos ombros, em um abraço protetivo.

— Venham. Fiz algo especial para vocês. — Sorriu mais ainda, pedindo com o olhar para que a seguissem.

Jaebum levou tempo até conseguir trazer Jinyoung consigo. Ele parecia irredutível.

— Espero que gostem. — Anunciou, deixando os dois pratos diante deles. — E apreciem o amor...

 

Jaebum sorriu a ela.

 

Eles comeram em silêncio. Jaebum buscava cuidar a cada segundo Jinyoung, sem nem notar que também, era cuidado por inúmeros pares de olhos.

Não era como se não sentisse suas costas queimando por aquilo. Não podia simplesmente mandar todos pararem. Sua preocupação com Jinyoung e o estado dele eram muito maiores que ômegas prestes a lhe agarrarem ali mesmo.

— O que está acontecendo lá fora? — Perguntou, cheio de curiosidade assim que findou a janta.

— Dança. Costumamos dançar muito. Um ritual que temos. — Informou simpática. — Por que não vão apreciar?

— Vocês tem muitos rituais... — Comentou por cima de um riso fraco. — Você quer dançar, amor? — Virou-se para Jinyoung, que mantinha o olhar quase petrificado sobre a mulher ao lado do Im. — Jinyoung?

— Hm? — Ele virou-se em seguida, um tanto confuso. Os olhos logo voltaram ao tom claro de antes.

— Quer dançar?

— Uhum. — Murmurou baixinho, quase perdido no rosto do alfa.

Ambos levantaram. Jaebum deixou sua destra correr pelas costas alheias, até chegar na cintura dele. Jinyoung olhou para trás, encarando Gayoon de modo indecifrável.

— Ele sabe quem somos. — Avisou entredentes.

— O que faremos? — O ômega se aproximou.

Matar. — Seu olhar era intenso demais. — Jaebum o marcou, aquele ômega tem tudo dele agora. Era apenas isso que precisávamos. Deixe-o descontrolado, Minhyuk. Precisamos que Jaebum fique irado com ele. Que perca o controle.

— Sim, senhora. Acho que já sei como fazer isso. — Sorriu.

 

 

Jaebum mantinha seu olhar sobre o garoto a poucos metros de si. Ele era envolto por uma roda pequena de crianças, enquanto dançava junto delas. Havia um sentimento estranho dentro de si, como um deja vu. Como se já tivesse presenciado aquele momento.

O corpo parecia flutuar diante da sua frente. Balançando com a brisa quente e esvoaçante.

 

Jaebum estava encantado. Viciado na visão que tinha, nos sorrisos vindo em sua direção e que logo sumiu em questão de segundos.

— Majestade... — A voz melodiosa lhe arrancava daquele encantamento. Seus olhos foram de encontro ao loiro ao seu lado, que lhe oferecia um copo. — Fiz para ti. — O sorriso deixava Jaebum atento, mas toda aquela atenção não era sua.

— O-obrigado pela... gentileza. — Sorriu mínimo, sem mostrar os dentes enquanto pegava o copo.

— Não há de quê. A propósito, mal me apresentei. Sou Minhyuk.

— Minhyuk... — Jaebum silabou devagar. — Prazer em conhecer.

— O prazer é todo meu, Majestade. — Aproximou-se um pouco mais. — Nunca achei que conheceria o Rei de Carlon.

— Oh! Parece que conheceu. — Riu um tanto nervoso, olhando para frente e vendo Jinyoung.

— Não é nada do que falaram.

— E o que falaram? — Encarou-o.

— Coisas superficiais demais. — Tocou-o no braço, mordendo o lábio ao sentir a quentura do corpo. — Achei que fosse frio... — Disse baixo, olhando para a pele dele.

— Às vezes fica assim. — Murmurou, recolhendo o braço levemente.

— Não te incomoda? Carlonianos costumam ter a pele em temperatura um pouco mais abaixo do normal para todos os lobos. Se adaptam ao frio de modo natural.

— Você parece saber muito sobre Carlon... não só você.

— Aprendemos um pouco mais sobre o seu reino, afinal, nosso príncipe casou-se com Vossa Majestade. — Jaebum voltou seu olhar a Jinyoung, notando os olhos dele sobre si, enquanto tentava fingir que dançava e, não, prestava atenção na conversa que o alfa estava tendo.

— Que bom... — Murmurou baixo. Sentiu um cheiro cítrico adentrar suas narinas, invadindo seu ar de um modo a lhe deixar um tanto enjoado. Olhou para o lado, notando o ômega mais próximo de si. — É melhor parar com o que quer que esteja tentando fazer. — Buscou soar o mais compreensível possível.

— Não consigo controlar. — O sorriso nos lábios rosados aumentou. — Seu cheiro é bom. — Antes que pudesse avançar sobre o alfa, sentiu seu rosto ser molhado.

O gosto do chá invadiu seu paladar e o cheiro lhe impregnou por inteiro. Olhou para frente, notando Jinyoung quase como um escudo para o alfa. Olhos escuros lhe fitavam de uma maneira assustadora.

Sorriu mais ainda, avançando na tentativa de chegar ao alfa.

Saia de perto dele ou eu arranco suas mãos. — Vociferou, rosnando à medida que o outro continuava à sua frente. Seu punho se fechou através do copo, quebrando-o sem controle algum da sua força.

— Jinyoung... — Jaebum chamou-o em tom mais baixo, não tendo resposta do outro. — Minhyuk é melhor se afastar. — Pediu, temendo pelo que pudesse acontecer.

O cheiro de Jinyoung estava muito forte, mas mesmo assim ainda conseguia sentir o do outro ômega, mesmo que fracamente.

Minhyuk deu um passo atrás, sem tirar os olhos de Jinyoung. Virou-se, sem abandonar os pensamentos sobre o alfa.

— Jinyoung! — Jaebum gritou ao deparar-se com Jinyoung puxando o garoto pelos cabelos e o derrubando no chão.

O ômega subiu sobre o loiro, levando as mãos até o pescoço dele.

Tire esses pensamentos sujos com o meu alfa da sua cabeça antes que eu mesmo os arranque. — Seus olhos estavam completamente escuros, assustadores.

Todos olhavam apavorados a cena enquanto viam o ômega abaixo se debater. Jaebum abraçou o corpo do marido, chamando mais vezes do que podia imaginar, tirando-o de cima do outro a muito custo.

— Você está maluco? — Gritou, olhando para Jinyoung que buscou avançar para atacar Minhyuk. — Chega, Jinyoung! Chega! — Segurou-o pelos dois braços.

— Tire-o daqui, imediatamente! — Gayoon aproximou-se, ajudando Minhyuk a se recompor. — Tire ele daqui, Jaebum.

— Me perdoe... — Pedia incansáveis vezes enquanto puxava Jinyoung de volta para a cabana.

O olhar do ômega não abandonou a silhueta de Minhyuk que era engolido pelo amontoado de ômegas que se aproximaram dele.

Jaebum empurrou a porta com força, batendo-a em seguida.

— Qual é o seu problema? Ele estava indo embora e você o atacou, Jinyoung! — O tom continuava alto, descontrolado, mas aquilo sequer atingia o outro.

Ele manteve-se calado, os olhos petrificados em direção ao alfa.

— Eu estou falando com você, caramba! — Encarava-no. — Você atacou um ômega, Jinyoung! Alguém que estava nos ajudando!

Ele queria você!

— Eu tinha o mandado embora!

Você não ouviu o que ele disse! — Vociferou, rangendo os dentes, andando de um lado para o outro, enquanto os punhos se mantinham fechados.

— Ele não disse nada! — Tentou se igualar ao tom do outro, mas sabia que o seu não chegava nem perto. Mas, também, não usaria sua voz de alfa.

Ele pensou! Queria você! — Passou a mão pelos fios, rosnando mais alto ao lembrar dos pensamentos do maldito ômega.

— Eu poderia muito bem lidar com ele, Jinyoung. Você não precisava atacá-lo daquela maneira. Você é louco!

Para de me chamar disso! — Tapou os ouvidos. As lágrimas vinham grossas pelo rosto enquanto sentia um aperto horrível no peito. Não entendia o que estava acontecendo consigo, mas havia um sentimento profundo de perda lhe consumindo. Queriam tirar Jaebum de si. Sentia na pele, no ar, em tudo. — E-eu quero ir embora...

— Amanhã iremos. — Soou mais baixo, virando-se em direção a cama e a arrumando. — Agora você vai deitar e dormir. Pensar um pouco sobre o seu ato imaturo também.

Quero ir embora agora!

— Não. Já está tarde e eu não vou sair com você por aí simplesmente porque quer. — Soou mais duro do que queria. — Deita nessa cama, agora, Jinyoung.

Ele pareceu estagnado no lugar, como se estivesse em uma luta interna de aceitar aquilo ou não. Manteve-se ali até seu lobo se sentir afetado demais pelo olhar sério em sua direção. Rosnou sem pensar, irritado demais enquanto se aproximava da cama e, logo, deitava.

Não irá deitar comigo? — Sua voz saía rouca, mas pareceu mais mansa do que anteriormente.

— Não. Irei ver como Minhyuk está. — Informou, ouvindo o rosnado mais alto. Jinyoung sentou-se rapidamente na cama, os olhos atingindo o tom vermelho sangue, incontroláveis. — Nem tente me dominar. — Falou por fim, abrindo a porta e a fechando com força.

Jinyoung jogou os lençóis no chão, levantando-se e derrubando o pouco das coisas que haviam sobre a cômoda e mesa.

 

“Jaebum será meu. Sua marca não irá o sustentar ao seu lado quando ele for meu... Quando nos tocarmos e ele chamar por mim incansáveis vezes. Você não será nada a ele quando Jaebum me marcar bem mais que marcou você.”

 

Aquela voz fervia-lhe a cabeça. Não saía de dentro dela nem por um segundo.

Gritou, tapando os ouvidos com mais força enquanto aqueles pensamentos continuavam lhe perturbando. Queria voltar até aquele ômega e acabar com ele. Acabar... acabar.

— O que você fez? — Jaebum adentrou rapidamente, mal havia conseguido chegar até onde o ômega lesionado estava por sentir a inquietação absurda de Jinyoung. — Jinyoung, você está sangrando. — Abaixou-se na altura do mais novo. Ele estava escorado com as costas na lateral da cama.

Não consigo parar... — Balançava o corpo para frente e trás, batendo na madeira enquanto o nariz sangrava pela dor insuportável que estava sentindo. — Tira isso... manda ele calar a boca. — Falou mais alto, as lágrimas vindo com mais força.

Jaebum olhou-o um tanto estranho, respirando com dificuldades enquanto sentia a pressão do ar mais densa.

— O que você está sentindo, uh?

Ele não para de falar...

— Quem não para de falar? — Tirou a camisa, enrolando-o e colocando sobre o nariz do outro, estancando o sangue.

Aquele ômega... — Soou abafado, indignado. — Ele está aqui. — Batia na cabeça, deixando Jaebum assustado.

 

Não pode ser...

 

— Você está o ouvindo?

Ele está pensando em você. — Soluçou dolorido, deixando Jaebum preocupado.

— Olha para mim, querido. — Pediu, o coração acelerando ao notar o que tudo significava. — Concentra em mim. — Amansou a voz, sentando no chão e o trazendo para mais perto com calma, sem assustá-lo. — Independente do que esteja ouvindo, eu estou aqui com você. — Passou a destra sobre os fios alheios.

Ele quer você. — Soou trêmulo.

— Não irá conseguir. Já lhe disse que sou só seu. Você sabe. — Beijou o ombro com cuidado, trazendo-o para seu colo. — Você sabe que sou unicamente seu. Ninguém irá me tirar de ti. Confia em mim. Eu te amo, Jinyoung. Te amo infinitas vezes. Você queria que eu acreditasse em você... agora sou eu que peço para que acredite em mim, que confie. — Ele parecia relaxar aos poucos, parando de tremer em seus braços. — Sei que você é mais forte que isso.

Você é meu... — Suspirou o cheiro alheio, rosnando baixinho e apertando os ombros alheios num abraço forte, desconsiderando sua força.

— Você está me apertando demais, amor. — Riu baixo, deixando mais beijos sobre o pouco de pele descoberta dele. O aperto foi afrouxando aos poucos.

Ele continua pensando. — Escondeu o rosto no peito do alfa, apertando-o contra si.

Jaebum mordeu o lábio, tentando não ligar para os estalos que seus ossos faziam.

— É só não pensar nisso. Pensa em mim. — Soou com dificuldades. — Pensa em mim, Jinyoung. Somente em mim. Pensa em nós. Nós.

Jinyoung moveu-se incomodado, rosnando ao tentar controlar o que parecia lhe consumir. Jaebum sentiu certo alívio quando os braços ao redor de si voltaram a afrouxar. Fechou os olhos, concentrando-se apenas no ômega. Era só nele que precisava pensar naquele momento.

“Você consegue me ouvir?”

 

“Jaebum...”

 

Sentiu o ômega relaxar em seus braços. Mesmo que sua cabeça doesse um pouco continuou naquela tentativa insana de ouvi-lo pelos seus pensamentos, sequer sabendo como conseguia controlar aquilo. Em anos nunca teve aquele sucesso em relação ao seu controle, mas, com Jinyoung consigo, ali, precisando tanto da sua ajuda parecia muito fácil e não ligava nenhum pouco para o incômodo que sentia.

 

“Aposto que nenhum ômega consegue fazer isso.” Brincou, ganhando um resmungo de desagrado. “Gosto do seu cheiro... mas você precisa controlá-lo e controlar esse seu temperamento.”

 

“Não quero...”
 
“Mas precisa. Não pode sair atacando os outros por aí! Já pensou se você tivesse o matado?”
 

“Não seria má ideia...”

 

— Jinyoung! — Afastou-o, olhando para o rosto do garoto. — Pare já com isso. — Olhou-o firme.

Você vai ficar brigando comigo? — Soou mais suave e era assustador a forma como conseguia mudar da água para o vinho.

— Eu deveria, mas você está machucado demais para isso. — Colocou uma das mechas escuras atrás da orelha alheia, deixando um carinho na bochecha. — Não queria dividir isso com você. — Sua mão manteve-se na lateral do rosto dele. — Eu sinto muito por ter te passado essa coisa. Juro que darei um jeito te arrancar isso de você. — Abraçou-o, sentindo a culpa se alastrar pelo corpo.

Jaebum o marcou sem pensar nas consequências daquele ato, mas, ali, via o quão imaturo foi ao ceder aos seus desejos e aos desejos do lobo de Jinyoung.

Perguntou-se no que o real Jinyoung que conhecia iria achar daquilo e temeu pela resposta muito clara que encontrou.

 

Ele acabaria consigo em um piscar de olhos.

 

 


 

 



Notas Finais


Hmkkkkkkkkkkkkkkkk AAAAAAAA SOCORRO

FINALMENTE ME ENCONTREI NESSA FANFIC

gente eu tava perdida mas ENCONTREI meu propósito kkkkk

Obrigada a quem surta e sempre espera essa fic
Não desistam de mim AAA

ESSA história tbm está no watt se alguém quiser acompanhar o user é o mesmo

Kissus na bunda e até a próxima loucura


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