1. Spirit Fanfics >
  2. Soulmate >
  3. Dois lados da alma

História Soulmate - Dois lados da alma


Escrita por: ArsLilith_ e Yayabs

Notas do Autor


Depois de 29393949 anos cá estou eu.
Espero que gostem desse cap 😭😭😭 foi a base de ódio e sofrimento. É pequeno, mas é de coração. Se eu adicionasse mais coisas iria ficar uma patifaria 🤡

Boa leitura

Capítulo 53 - Dois lados da alma



Palavras eram de um poder absurdo. Elas ficavam gravadas na mente, de modo forte e irredutível. Jinyoung ainda repassava elas em sua cabeça conforme seus olhos caíam sobre o homem deitado ao seu lado. 

Hyuna havia lhe dado informações mais do que estava preparado para ouvir. E, bem mais que o seu coração queria. Mas também, caía sobre si certas dúvidas. Estava ficando louco!  

A forma como a mulher falava sobre Jaebum lhe deixava estranhamente curioso e desconfiado. No entanto, não era aquela desconfiança ruim ou nociva. Era algo profundo; um sentimento desconhecido que lhe aquecia e instigava sua mente a interrogatórios internos que lhe consumiam. 

Seu olhar foi em direção a Jaebum, ainda deitado e adormecido sobre a cama. 

Sorriu, sentindo o peito se encher de conforto enquanto seus dedos passeavam com cuidado e sutileza pelos fios recém negros. 

Eles estavam maiores do que o costume. Gostava tanto de acarinhá-los que sequer notava o passar do tempo. 

Não entendia aquele sentimento. Aquela confusão que vinha a todo momento dentro de si. Nunca pensou que se encontraria ali, velando o sono de alguém, que, agora entendia ser capaz de fazer qualquer coisa. 

Era difícil explicar a si mesmo o emaranhado de sentimentos. Mais difícil ainda entender o que se passava com seu lobo que a todo instante desejava Jaebum sempre por perto. 

Jinyoung, mais que confuso, parecia andar em círculos. Havia se transformado. Não importando-se com nada e nem ninguém.  

Apenas sentia em seu âmago que Jaebum precisava da sua ajuda. Ouvia-o em sua mente. Ele chamava por si a cada segundo e podia sentir a agonia e medo vindo dele. 

Ao menos notou quando seu corpo corria para fora do castelo. Não olhou para trás enquanto chamavam seu nome.  

Sentia sua vista turva, seu coração acelerado e a voz de Jaebum ecoando dentro da sua cabeça. 

O corpo sentiu o embate entre os dois lados. Razão e emoção. Desespero e instinto. 

Precisava chegar o mais rápido para encontrar Jaebum. Tão rápido ao ponto de não se dar conta de que já estava transformado. 

Sua primeira transformação

Jinyoung não se recordava de muita coisa, mas ainda sentia o formigamento nos pés e mãos; da terra sendo batida contra eles, conforme seus passos eram rápidos. 

A visão era turva, caótica e a sensação era estranhamente boa; de liberdade.  

Um arrepio passava pela coluna enquanto trabalhava sua memória para se recordar de todas as emoções sentidas. 

Jaebum odiava a transformação, e no momento, não conseguia entender aquele sentimento. 

Para si, transformar-se foi a melhor coisa que já fez. Jinyoung havia gostado, apesar da sua pequena preocupação, pois ainda não entendia como o corpo reagia a tudo depois do ocorrido. Mas estava disposto a entender o que fosse. 

 

 

Talvez, até pudesse ajudar Jaebum. Com certeza o ajudaria! Não havia dúvidas sobre aquilo. 

 

 

¶ 

 

 

— Não precisa disso. — Hyuna avisou assim que entrou no quarto e viu Jinyoung ajeitando algumas coisas. 

— Só estava dando uma organizada. Você já está fazendo muito pela gente. É o mínimo. 

— Eu faço porque é algo inevitável — ela sorriu — e não espero nada em troca vindo de vocês. 

— Jaebum realmente deve ser especial para você, não é? — Os olhos do ômega eram curiosos. 

— Sim. Ele é. Você também é. 

— É comum você estar sempre a nossa espera? — Questionou baixo, cuidando os movimentos da ruiva que fingia arrumar as pequenas estátuas sobre a cômoda. Ela estava de costas para si. Jinyoung conseguia notar os ombros um tanto tensos. 

— Eu sou uma bruxa. Consigo sentir quando estão se aproximando. É comum. 

— Bruxas não estão por perto sempre que algo de ruim acontece, pelo menos, não uma bruxa branca. — Se aproximou da mais velha, ela virou em sua direção, lhe olhando com os olhos baixos. — Jaebum disse que você não era como as bruxas brancas. O que você é? O que mais você sabe sobre Jaebum e por que está sempre por perto quando ele está em perigo? 

— Não acho que você deva fazer essa pergunta, Jinyoung. — Encarou o ômega por fim. 

— E que pergunta eu devo fazer?  

— Uma na qual a resposta não traga transtornos. Talvez a resposta que você deseja nesse momento apenas machuque Jaebum ainda mais. Nenhum de nós quer que ele sofra. Então não pergunte. Jaebum não suportaria meus motivos. 

Jinyoung buscou manter a respiração regulada. Seus pensamentos estavam fervendo dentro da cabeça e se esforçava ao máximo para invadir a mente daquela mulher. 

Como Jaebum conseguia fazer aquilo?  

Ele ao menos deveria lhe ensinar a ler o que queria. 

— Não faça isso que está tentando — Hyuna pediu em um riso baixo e soprado — Você é novo nessa coisa ainda. Não está preparado para ler mentes, muito menos a de uma bruxa como eu.  

— Eu só queria entender você. 

— Quando tudo isso passar, eu prometo que você vai entender.  

— Isso? Isso o quê? 

— Você e Jaebum passarão por muitas turbulências ainda. — Começou em tom baixo, ganhando a atenção total do ômega, mesmo ele lhe olhando de modo confuso. — O amor entre vocês terá que ser forte para suportar tudo que está por vir. Vai ser como o mesmo ciclo de sempre. 

— Eu amo Jaebum! E… e nós não precisamos temer nada, porque amamos um ao outro! 

— Você realmente o ama, Jinyoung? — Questionou baixinho, fazendo o outro franzir o cenho. — Porque eu sinto que seu coração apenas está confuso e inseguro. 

— Você não sabe de nada. Não é porque é uma bruxa que pode achar que sabe de algo! — Sua voz era alterada. 

— Essa marca te deixou forte. Vai te deixar consciente das coisas, mas seu coração está muito confuso. 

— Não há nenhuma confusão aqui. — Declarou em tom firme. 

— Ele vai voltar, Jinyoung. Ele vai voltar para te deixar ainda mais confuso. Espero que você seja responsável com teus sentimentos. Porque nem ele e nem Jaebum tem que sofrer por sua indecisão. 

— Do que você está falando? — Sentia seu corpo agitado. Totalmente agitado enquanto encarava a mulher. 

— Você sabe do que estou falando. Você sabe muito bem. 

— É você que não sabe de nada! Você não pode colocar a prova meus sentimentos por Jaebum, muito menos questioná-los! Eu o amo, e é isso que importa!  

— Era isso que eu queria ouvir. — Hyuna sorriu, mudando totalmente a aura que carregava. 

Jinyoung sentiu-se ainda mais confuso com toda aquela mudança brusca de expressão. Estava segurando-se para não enlouquecer. 

— Você só precisa controlar esse seu temperamento. Seu ponto fraco vai ser descoberto. 

— Eu não tenho ponto fraco! — Alegou firme. Hyuna riu, dando-lhe as costas e escorando-se na porta brevemente. 

— Ele está bem atrás de você, Jinyoung. Mexer com Jaebum te deixa furioso, fraco e perigoso. É como se ele fosse o seu ponto mais fraco e sensível. Como se ele fosse o seu acônito. Você odeia que duvidem dos teus sentimentos; odeia se sentir ameaçado em relação a ele e você vai odiar mais coisas conforme o tempo for chegando. 

— Eu só não gosto quando duvidam do que eu sinto, nem que me questionem sobre os meus sentimentos, quando deixo claro o que quero. 

— E você realmente consegue deixar claro?  

— Eu sempre busquei ser o mais verdadeiro possível com Jaebeom. Sempre. Eu fiz o que pude, disse até muitas das vezes, o que não podia, porque confio nele, assim como, confio meu coração a ele. 

— Por que pediu para desfazer a marca? Você sabe o quanto o magoou? — Jinyoung engoliu seco, olhando minimamente para trás por cima do ombro. 

Ver Jaebum adormecido sobre a cama fez-lhe lembrar dos dias do cio dele; das noites que passou ao lado do Im, buscando cuidá-lo o tempo inteiro para que não se machucasse e se odiasse ainda mais. 

Fora como sentir um peso ser colocado em seus ombros naquele instante. Jinyoung ainda lembrava do semblante abatido do marido quando o disse sobre seu desejo de desfazer a marca.  

Agira por puro impulso. Não sabia ao certo o que estava pensando quando suplicou por aquilo. Não era do seu desejo desfazer o que tinham, muito pelo contrário, Jinyoung queria continuar com tudo; com a marca, com as coisas que estavam construindo juntos e com os sentimentos que surgiam a cada novo dia. 

— Eu nunca quis magoá-lo. Eu nunca quis. 

— Eu sei que não, querido, e sei também que o que irei pedir parece ser injusto, mas, não deixa de ser necessário. — Manteve sua atenção na ruiva. — Não é só você que sentiu medo, que sentiu o desespero tomar conta de você quando viu a marca. Não é só você que sofre, que chora, que sente. Jaebum passa pelas mesmas coisas que você. E ele também se machuca a cada palavra tua. Então, quando algo estiver te incomodando, não hesite em chamar por ele, em contar tudo que se passava. Não há ninguém melhor do que ele para te entender. Porque Jaebum é sua outra metade. Vocês estão ligados, Jinyoung. Sempre estiveram. E não há nada que possa desfazer esse nó que vocês possuem.

— Às vezes tenho a impressão que todos sabem de alguma coisa, mas ninguém nunca é capaz de dizer a mim ou a Jaebum. É como se todos nos controlassem como marionetes. Como se todos apenas estivessem esperando pelo momento em que Jaebum começa a me amar.

O olhar do ômega caía sobre a mulher. Haviam certas incertezas na fala, nos olhos, em tudo.

Jinyoung não queria pensar que tudo realmente fizesse parte de um enorme plano arquitetado por quem realmente iria se dar bem com aquela união. Era fato consumado que se apegava às coisas do destino e que ter Jaebum em seu caminho deveria fazer parte de algum propósito muito louco, mas não deixava de imaginar também, se em outra circunstâncias, aquilo também aconteceria.

— Eu sei que suas dúvidas te consomem, mas não pense que esse casamento é apenas uma sociedade lucrativa entre reinos.

— Por muito tempo quis acreditar que era só isso. — Soltou um riso curto, sentando na beirada da cama. — Eu sempre disse a Jaebum que nunca passamos de um contrato. E eu quis tanto acreditar que éramos só isso.

— O que te fez mudar de ideia, Jinyoung?

Os pensamentos pareciam rodar na mente do mais novo. Seu olhar voltou a cair outra vez sobre o alfa deitado.

Em que momento mesmo havia se apaixonado? Em que momento a aliança de amizade e lealdade se tornou mais abrasiva, dando espaço a sentimentos conflitantes que Jinyoung sequer sabia lidar?

 

Mesmo que revirasse sua memória, que fosse o mais fundo de seus pensamentos, jamais acharia a resposta. Não tinha um dia exato, muito mesmo o segundo certo. Não havia nada que lhe mostrasse quando seu coração não era mais seu, mas sim, daquele homem tão diferente de si.

 

— Pra ser bem sincero, eu não sei. Realmente não sei — sussurrou — Eu acho que em algum momento, não agora, nem nos últimos meses... talvez tenha sido antes, bem antes de tudo acontecer. Quem sabe em outra vida. — Retomou o olhar sobre a mulher. — Se eu e Jaebum somos ligados, o que o futuro aguarda para nós?

— Acredito que a pergunta não seja sobre o futuro em si, mas sim, sobre o passado que causou tudo isso. — Jinyoung franziu o cenho, acomodando-se melhor sobre a cama. — Tudo que aconteceu com Jaebum tem um motivo por trás, assim como o que aconteceu com você.

— Eu não estou entendendo.

— Venha comigo. Quero lhe mostrar uma coisa.

Jinyoung umedeceu os lábios, levantando-se e seguindo a mais velha enquanto era dominado por sua curiosidade.

Saíram da casa que estavam. Jinyoung se sentiu momentaneamente preocupado por deixar Jaebum sozinho, mas Hyuna foi solicita e acolhedora o suficiente para deixar seu coração tranquilo.

Os passos eram curtos e lentos. A bruxa parecia não ter pressa enquanto arrastava o vestido pela terra vermelha, quase próxima da floresta.

— Você sabe o nome da linha que divide esses dois lugares, não é?

Haviam parado antes do limite que dividia a Floresta vermelha e onde estavam.

Presidium. A linha que protege o povo dos maus espíritos. Aparece nas lendas. — Proferiu a mesma coisa que havia dito pela manhã a ela.

— Você acredita na existência dela?

— Eu achava ser apenas uma história, mas desde que vim para cá, ela parece ser muito real. As pessoas realmente acreditam.

— Elas acreditam porque é real. — Hyuna lhe encarou. Ela sorria pequeno, confortável à medida que Jinyoung buscava processar aquela ideia. — E você sabe o motivo da divisória? — Negou com a cabeça — Não tem a ver realmente com as bruxas, como todos acham. Há muito tempo ela existe, antes mesmo do domínio das duas magias.

Há uma lenda sobre duas almas viajantes. Eles eram dois jovens que amavam a vida e queriam conhecer o mundo enquanto desfrutavam do amor que construíam. Mas eles eram de mundos diferentes. Ela era uma humana. Uma menina doce e alegre, enquanto ele, um Lúpus especial. Foi uma paixão inevitável. Um amor que surgiu de algo que ambos não entendiam. Ele daria a vida dele se fosse necessário para protegê-la e ela era capaz de abandonar tudo para ficar ao lado dele.

— O que aconteceu com eles? — Questionou em tom baixo, começando a seguir a mais velha que havia começado a andar ao lado de uma vala que parecia não ter fim.

— Eles se amaram escondido, viveram a juventude pelo amor deles até que um dia, ambos os mundos no qual pertenciam descobriram. E eles morreram, jurando amor eterno em todas as vidas, noite após noite, morte após morte. — Jinyoung engoliu seco, sentindo seu coração momentaneamente bater mais rápido.

— Por que está me contando isso? Onde essa linha se encaixa na história deles?

— Esse mundo — a bruxa agachou, deixando a destra pressionar no chão e pegar a terra — é o mundo de Jane, a mulher que tem o coração de um lupino. — Levantou-se, pegando a mão de Jinyoung com cuidado e manchando-a com a vermelhidão do barro. — É o seu mundo Jinyoung. Você é luz. É o lado humano de todos. O lado humano de Jaebum. Enquanto aquele... — ambos olharam para a mesma direção, encarando o arvoredo de volume alto e quase inabitável. — É o mundo de Kiho. O lugar das trevas; o lugar em que a magia negra domina. É o mundo de Jaebum.

— Isso...

— Isso quer dizer que você e Jaebum tem suas almas ligadas há muito tempo. Mas há algo entre vocês que diferencia tudo.

— E-eu... não acho que i-isso tenha a ver comigo e com Jaebum. — Não sabia porque sua voz estava tão trêmula naquele momento.

— Você e Jaebum nunca conseguiram viver nenhum romance em suas vidas passadas. Suas almas são enlaçadas. Há um fio que liga vocês e todas as suas gerações, mas ele nunca foi capaz de sustentar vocês dois em vida.

— O que... o que quer dizer com isso?

— Um de vocês sempre vai morrer. E nesta vida será Jaebum.

— Não... nã-não! Você só pode estar louca! — Jinyoung a olhou desacreditado.

— Você já viu ele morrendo, Jinyoung. — Arregalou os olhos, quase perdendo os sentidos com a forma que era olhado por ela.

Com tanta certeza e segurança das palavras.

— I-isso não... não é real. E-eu e Jaebum somos apenas nós e não há nada entre mim e ele que é ligado com essa droga de história que você acabou de contar! — Soou esganiçado, beirando a um nervosismo inexplicável.

— Vai acontecer de novo. Sempre acontece a cada geração.

— Não vai! Não vai acontecer!

— Você viu ele morrendo, Jinyoung.

— Eu não, não sei do que você está falando. — Negou-se a acreditar naquilo.

— Quando vocês voltaram da lua de mel, no dia que Jaebum recuperou os sentidos dele e foi se encontrar com Youngjae-

— Cala a boca! — Esbravejou, sentindo os olhos arderem conforme dava passos para trás, afastando-se da mulher.

— Você viu ele. Você até mesmo sentiu o cheiro de sangue. E você também teve essa mesma visão antes mesmo de pisar em Carlon, mas você sempre achou que era sobre seu filho.

Jinyoung estagnou o corpo onde estava. Seus olhos estavam saltados; as pupilas levemente dilatadas em direção a bruxa.

— Você viu em todas as suas visões Jaebum morrer, Jinyoung. Em todas elas, sempre vai ser ele.

— Não... — balançou a cabeça de um lado para o outro — Não, você está louca! Isso é uma grande loucura! Jaebum não vai... eu... e-eu não vi ele. Não era ele.

— Você nunca erra uma visão. Quando era criança, você via as coisas e elas sempre aconteciam.

— Para... para por favor. — Tapava os ouvidos.

Odiava lembrar da sua infância, das vezes que tinha que correr para o quarto do irmão porque não gostava de dormir sozinho, principalmente nas noites chuvosas em que sua cabeça parecia trabalhar apenas para lhe enlouquecer.

— Você viu quando Jimin iria conhecer Yoongi. Você tentou dizer aos dois. Você sabia sobre JunHo antes mesmo de ter visto ele. Você sempre soube de tudo. Soube quando Yoongi iria embora e deixaria seu irmão desolado. Você viu ele morrendo e se culpa pela morte do seu cunhado até hoje, porque não conseguiu avisá-lo.

Por favor...

— Você nunca se perguntou o motivo de Jaebum nunca ter aparecido para você? — Hyuna se aproximou mais, conseguindo tocar no ômega. — Nunca quis saber porquê não conseguiu ver vocês dois se envolvendo um com o outro, em como a relação de vocês iria ser, mesmo que se esforçasse?

Jinyoung a encarou aos poucos. Seu corpo inteiro tremia diante de tudo aquilo que ouvia.

— Você não viu Jaebum no seu caminho e por isso sempre quis afastá-lo de você. Começou a evitá-lo quando seus sentimentos ficaram confusos, quando começaram a ser só para ele. Você preferiu acreditar que eram apenas um maldito contrato, apenas porque não havia visto Jaebum. Mas você o viu Jinyoung e toda vez que o via, ele estava morrendo.

— Você não sabe de nada! — Soou entredentes. Havia revolta na fala conforme as lágrimas desciam grossas.

— O que passou na sua cabeça quando você se atirou na frente de Jaebum no momento da transformação dele, naquela briga na floresta durante a lua de mel de vocês?

Jinyoung permaneceu calado, engolindo a saliva com dificuldades.

— Ele podia morrer ali, caso não tivesse se jogado na frente dele. Por que se jogou, Jinyoung? Se jogou na frente de um alfa que você sequer conhecia!

— Por favor...

— Você sabe que ele vai morrer. Você sabe.

— E-eu não vou deixar isso acontecer.

— E como acha que vai impedir, Jinyoung? — Ela lhe olhou curiosa. — Você não sabe quando vai acontecer.

— Eu e Jaebum vamos dar um jeito nisso. — Limpou o rosto com certa brusquidão, puxando o ar com dificuldades.

— Você vai ter que me ouvir se quiser mantê-lo vivo.

— Como vou confiar em você?

— Você sabe que pode confiar. Eu jamais machucaria você ou Jaebum.

— Jaebum sempre diz para não confiar em bruxas.

— E você não vai confiar nem em quem esteve ao lado da sua mãe durante toda a gravidez? Que te ajudou a vir ao mundo?

A sensação de desestabilização, como se o corpo sofresse com algo dentro de si, mostrando-se a cada segundo ser incapaz de se mover era algo que caía muito bem ao ômega naquele exato momento.

Os olhos esverdeados piscaram nervosamente, rápidos e imprecisos conforme assimilava todas aquelas palavras e o olhar ganho.

— Vo-você conheceu minha mãe? Você... você conheceu...

— Sua mãe é a mulher mais forte que eu já tive o prazer de conhecer Jinyoung. Ela sempre foi uma grande guerreira. Como naquelas histórias que teu irmão costumava ler para você.

— Para de falar... — puxou o ar com dificuldades — Como se estivesse ao meu lado o tempo todo.

— Perdoe-me. É que para mim já é algo natural saber sobre você.

Jinyoung processou aquilo lentamente, desviando o olhar para qualquer lugar que não fossem os olhos ardentes da ruiva.

— Pode falar da minha mãe? Ninguém me diz nada sobre ela. Tudo que sei e que tenho é isso. — Tocou no colar que sempre carregava consigo e que Jaebum arrumou para si.

— O colar do Meio-Sol...

— O que sabe sobre ela?

— Tudo — os olhos eram em sua direção, tão penetrantes e firmes. — Vamos ter muito tempo para falar dela, mas agora, precisamos voltar. Jaebum acordou e precisa de você.

No primeiro momento Jinyoung se manteve imóvel. A chance de saber sobre a mulher que lhe teve estava mais perto do que nunca esteve e ele só conseguia sentir seu coração se acelerar ainda mais rápido do que antes.

— Você promete que vai me dizer tudo?

— Sim, querido. Pode confiar. Eu sempre cumpro uma promessa. — Ela piscou-lhe, caminhando de volta para a cabana.

Jinyoung ainda permaneceu parado, assimilando aquela frase. Despertou-se dos seus devaneios, seguindo a ruiva. Ela lhe disse que ainda tinha mais coisas para lhe contar, muito mais para saber e Jinyoung ao mesmo tempo que temia todo aquele amontoado de informações, ainda alimentava o desejo de saber quem realmente era. O que poderia fazer para manter Jaebum ao seu lado para sempre.

 

Não poderia perdê-lo jamais. E não conseguiria viver com a culpa de não tê-lo mais.

Jaebum era uma parte sua. Talvez a melhor que tinha.

 

¶ 

 

 

 

O breu da noite invadia a visão turva. Era fria e pouco iluminada. As passadas eram lentas, vez ou outra se tornando rápidas, competindo com as batidas do coração. Conseguia ouvir os uivos ao longe, buscando usar eles como localizadores. Queria-o encontrar. Tinha aquela necessidade que crescia dentro de si e que mal conseguia explicar. 

Como se o sentimento de desespero lhe despertasse de um transe de cegueira. O instinto lhe avisava para prosseguir, assim como toda sua mente que parecia querer o mais rápido chegar até ele. 

Havia uma distância gritante entre si e ele. Estava agoniado, perdendo o pouco de razão que lhe cobria a mente enquanto buscava apressar as patas. 

Os olhos, longos minutos depois, encararam a figura alheia do outro lado. 

Distante demais

Uivou na tentativa de chamá-lo. Ele olhou de volta em sua direção, mas não se demorou muito naquela observação. Viu-o ir embora. Virar-lhe as costas enquanto o ar denso tomava seus pulmões. 

A visão, já turva e cansada, ainda vislumbrou o esvoaçar do tecido envolvendo o corpo do lobo.  

 

 

O corpo sobressaltou-se da cama rapidamente. O coração acelerado parecia surtir certo zunido em seus ouvidos, enquanto seus olhos pararam sobre o quarto, constando o silêncio e a solidão. O lado da cama estava vazio, muito diferente de quando se deitou. 

Jaebeom não estava ali. 

Sem muita demora, pulou da cama. A sensação do sonho, ou visão, o que fosse, ainda estava fresca em sua mente, deixando-lhe completamente agoniado. Não podia deixar Jaebeom longe de si. Aquela vontade de mantê-lo por perto, de protegê-lo era maior que sua vontade de buscar pelo ar que naquele instante parecia não querer chegar aos seus pulmões. 

As vozes antes distantes, tornaram-se mais nítidas conforme seus passos aumentavam. Eram sussurros que despertaram sua curiosidade e contribuíram para lhe deixar ainda mais agitado. 

Jinyoung, enfim, pode buscar por fôlego quando seus olhos encontraram Jaebeom de costas para si. Hyuna encarou-lhe rapidamente, antes que fizesse menção de se mostrar. 

O silêncio pairou pela sala, levando Jaebeom a olhar para trás e encarar o marido. Em segundos Jinyoung já estava ao seu lado lhe abraçando forte. Tão forte que era possível ouvir os estalos do corpo. 

— Você vai me sufocar — murmurou quase sem fôlego. 

Jinyoung afrouxou o aperto, mas não se desgrudou do Im.  

— Não deveria estar aqui. Por que saiu da cama? — Cheirou o pescoço alheio, arrancando um riso fraco do Im. 

— Estava me sentindo um pouco mal. Hyuna-ssi me ajudou.  

— O que você está sentindo? — Encarou-o, segurando o rosto com as duas mãos. — Onde está doendo? 

— Estou bem agora. Não se preocupe. 

— Você devia ter me chamado.  

— Você precisa descansar mais do que eu. — Jaebeom soou baixo, em um sorriso pequeno, fazendo Jinyoung apenas discordar daquilo. 

— Não mesmo! É você quem precisa! Da próxima vez me chame. Eu irei cuidar de você.  

— Pode deixar, Majestade. — Jinyoung suspirou, revirando os olhos levemente com a provocação alheia. 

Seu olhar em seguida foi em direção a Hyuna, que se mantinha até então, em pé, sorrindo para ambos. 

Ela avisou que iria se recolher; disse que caso sentissem fome havia comida pronta no fogão de barro e qualquer coisa que precisassem, não era necessário hesitar para pedir. 

— Eu acho que deveríamos voltar para o castelo. — Jaebum disse, relaxando a cabeça no ombro do ômega enquanto ganhava o carinho dele em seus fios. 

— Hyuna-ssi disse que era para esperar amanhecer. Agora já está tarde. 

— Podem estar procurando por nós. 

— Provavelmente Jimin já deu um jeito nisso. Ele era a última pessoa com quem estava. 

— Melhor assim, não quero preocupar ninguém com toda essa merda que sempre acontece.

— Não diga isso. Não é sua culpa.

— E como não? — Jaebum encarou o marido.

— Você não tem controle do seu lobo, Jaebum. Não é como se você conseguisse prever quando vai acontecer.

— E você?

— Eu? — Soou confuso.

— Você consegue prever quando isso vai acontecer outra vez? Alguma vez você já viu algo acontecer comigo nas suas visões?

Jinyoung se manteve quieto no primeiro momento. Logo desviou do olhar alheio, sentindo sua vista escurecer por breves segundos.

— Você viu alguma coisa, Jinyoung? — O mais velho insistiu.

— Não — voltou a olhar o alfa — Eu nunca vi. Mas saiba que o que eu puder impedir que aconteça com você, eu vou fazer. — Tocou a face do Im com cuidado, descansando a destra na lateral. — Eu amo você. Nunca esqueça disso.

Jaebum sorriu, mantendo o olhar conectado ao outro. Sabia que Jinyoung estava diferente, mas ali, iria culpar apenas a transformação que ele havia sofrido e a dor latente na nuca.

Aconchegou-se no mais novo, sendo abraçado e permanecendo ali por um bom tempo até que Jinyoung pedisse para que ambos fossem para a cama.

Eles deitaram um de frente para o outro e Jaebum ficou longos minutos encarando o ômega como se fosse a coisa mais linda já vista em toda a sua vida.

E era um fato: Jinyoung realmente era.

— Você acredita que nós dois vamos ficar juntos para sempre? — Seu tom saiu baixo e abafado, mas Jinyoung conseguiu captá-lo muito bem.

— Você quer que isso aconteça?

— Eu quero, mas-

— Então vai acontecer. — Jinyoung diminuiu a distância entre eles, segurando uma das mãos do Im e entrelaçando os dedos. — Eu quero você para sempre em minha vida, Jaebum. Para sempre, e que seja nessa vida.

— Eu acho que uma vida é muito pouco pra te amar. — Jaebum constou em meio a um sorriso. — Eu vou te amar em todas as outras que vierem.

— Pensei que não acreditasse nisso.

— Eu acredito agora. — Sorriram juntos. — Porque só assim vou conseguir te amar da maneira que você merece.

Obrigado por isso. Por sempre ser o meu ômega, Park Jinyoung.

 




Notas Finais


😭😭😭😭😭😭😭😭 eu queria algo só deles e eu achei tudo esse cap 😔😔✊✊ no próximo vamos de surto hihihi voltaremos à programação de sempre.
Obrigada por todo carinho com a fic gente! Vcs são demais!!! Amo todos aaaa


Quem quiser, tem grupo de leitores no zap 😘 e tbm podem ir surtar comigo na no tt: @defdoJY 🗣️ espero vcs


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...