História Soulmate - Settle Down

Dias se passaram desde aquele acontecimento. HimChan se aproximava cada vez mais de Bang. No primeiro, só conversava na sala de aula; no segundo, até o refeitório, mas se afastava quando a Yang-Mi aparecia; no quinto, estava sentado com o moreno lanchando. Bang cumpria o que dissera. Deixaria aquela amizade se formar no tempo do HimChan.

HimChan permanecia sentado na cadeira oval que havia na sacada de sua sala. Com os olhos fechados, sentia a brisa acariciar-lhe o rosto. Era sábado e havia combinado com o amigo que iriam fazer o trabalho que um dos professores havia pedido. Duplas deveriam escrever uma letra nas férias, para depois dela, com o acompanhamento do professor, fizessem uma melodia e no fim do semestre, entregassem a musica pronta. Estava animado para o trabalho, mas algo o deixava pensativo. Seria a primeira vez que alguém além dele (e sua mãe) entraria ali. Desde que aquilo havia acontecido, e se mudou, nunca mais deixou ninguém entrar em sua casa. Não entendia o porquê, mas não estava com medo de ficar sozinho. Na realidade não entendia porquê com Bang não sentia esse medo, não sentia todo aquele pavor que sentia quando estava na presença de homens. Com o moreno era diferente. Estar em um mesmo ambiente que ele, fazia-o bem, a ponto de fazê-lo esquecer tudo a sua volta e sentir-se que só havia ele e Guk. Gostava daquela sensação. Desde que aquele moreno havia entrado em sua vida, as coisas começaram a mudar.

Tocou a campainha e em seguida a porta se abriu, podendo ver HimChan parado o olhando. Era impressão dele ou havia um pequeno sorriso no rosto do moreno?

-Boa tarde! - Cumprimentou sorridente e HimChan fez o mesmo.

-Entre. - Kim falou e então Bang tirou seus sapatos enquanto o dono do apartamento fechava a porta. - O que tem nessas sacolas? - HimChan perguntou curioso com uma cara fofa que fez o coração de Bang quase sair pela boca. Deu uma risadinha leve.

-Trouxe café, dois americanos, - Falou mostrando a farda com dois copos da cafeteria favorita deles. Os olhos de HimChan brilharam. - E guloseimas para adoçar a vida. - Completou sorridente.

-Só o café já bastava! Não precisava de tudo isso. - HimChan falou surpreso.

-Precisava sim. É o mínimo que posso fazer como agradecimento pelo convite de vir aqui. - Bang respondeu e o mais novo corou. Uma vontade de abraçar o garoto e depois apertar as bochechas apareceu. HimChan era muito fofo.

-Imagina. Não precisava não. Mas obrigado. – O dono da casa agradeceu e em seguida colocou as sacolas na mesa. Seguiu-o até a mesa onde sentaram-se para começarem a fazer o trabalho. Cada um com seu copo de café. Uma hora se passou e a letra estava quase pronta. Bang estava impressionado com a capacidade dos dois conseguirem trabalhar juntos em uma sincronia perfeita.

HimChan fechou os olhos para tentar pensar melhor. Bang o olhou. Mirava aquele garoto como se ele fosse uma joia preciosa. HimChan era um homem com aparência delicada. Parecia que se tocasse, ele quebraria, mas a vontade de tocá-lo era maior. Era como se um imã o puxasse para aquele garoto. Sempre quis entender porque sentia tanta vontade de tocá-lo desde a primeira vez que o vira.

Hipnotizado pelos traços de HimChan, sem perceber, sua mão parou em cima da do moreno, que estava na mesa.

Enquanto pensava na letra, sentiu um calor acolhedor sobre sua mão, fazendo seu coração disparar. Sabia o que estava acontecendo, mas estranhamente, não queria que aquilo parasse. Seus olhos não queriam abrir porque, se abrissem, não conseguiria deixá-lo tocá-lo. Sentiu aquele calor subir por seu braço junto com uma leve cócega. Parecia que Bang estava analisando seus contornos com o toque, como se um cego tocasse um objeto para saber como é. Seus dedos passavam delicadamente por sua pele enquanto subia até seu pescoço. Sentiu Bang parar sua mão e segundos depois o calor lhe tomava a bochecha direita deixando seu coração mais disparado. Por que com Bang não se assustava e sentia medo ou nojo com os toques? Por que parecia estar gostando? Queria olhar para Guk. Queria se prender naquele olhar como se prendera a primeira vez. Abriu seus olhos encontrando Bang olhando na direção da mão como se analisasse o que estava tocando, e foi então que viu a mão em seu rosto e toda a crise que tinha quando era tocado voltou. Automaticamente se levantou para assim Bang tirar a mão assustado. Percebeu a confusão nos olhos dele.

-D-Desculpe... E-E-E-u... L-Lembrei que tenho algo pra fazer e, e-eu preciso ir. – HimChan falou com dificuldade enquanto pegava atrapalhadamente os copos de café na mesa e levou para a cozinha.

-H-HimChan! Me desculpe! E-Eu... – Bang tentava falar. Já se encontrava de pé.

-Desculpa. É-é melhor você ir e – Falou indo até a porta da casa para abri-la. Antes que realmente abrisse, ouviu Bang gritar “Espere” e em seguida sentiu uma mão apertar seu pulso. Rapidamente, lembranças de um pesadelo vieram como um tiro trazendo tudo o que passara naquele dia, todas as dores e sofrimento, vieram à tona. Lágrimas começaram a escorrer por sua face, seu corpo se arrepiou e começou a tremer. Soltou seu pulso da mão de Bang.

-NÃO ME TOCA! – Gritou com medo e encostado na porta eescorregou para o chão com um olhar de medo, assustando Bang. – Não me toca! Não me machuque! Pare por favor! Pare! – Implorava em meio aos soluços.

Bang olhou assustado enquanto HimChan gritava e chorava encolhido ali no chão. Não sabia o que fazer, o que falar. Queria ajudá-lo, queira entender o porquê dele estar daquele jeito.

-C-Calma HimChan... Calma. Eu não vou fazer nada. E-Eu.... – Falava tentando acalmar o garoto. Gaguejou para falar. Por um momento aproximou sua mão no garoto, mas retirou-a antes de tocar. Queria abraçá-lo e protegê-lo, mas tinha medo de fazer e assustá-lo mais ainda.

Sentou-se de frente para o moreno que chorava. – HimChan...? – Chamou calmamente. – M-Me desculpe. Não queria te assustar... Muito menos te machucar.

-... V-Você não me machucou... É só que... Eu queria tanto sumir. Não aguento mais isso. Qualquer toque, qualquer olhar, é a mesma tortura. Sempre assim. – HimChan falava entre soluços. Podia ver o quanto ele estava sendo sincero, o quanto ele queria se livrar de todo aquele sofrimento. – Por que Bang? Por que tinha que acontecer isso? Por que eu fui tão fraco? Por que eu não tentei lutar mais? Por que eu não posso me livrar disso tudo? Por que não posso ter uma vida normal? Eu só queria isso. Eu me sinto tão sujo, sinto como se não merecesse ser feliz. Eu não aguento mais isso. – O moreno chorava como uma criança machucada. Queria tanto abraçá-lo ali e secar suas lágrimas. Mas não podia.

-Eu não sei o que houve mas... Eu imagino que tenha um jeito de tudo isso acabar sem você ter que se matar. Se você quiser, eu farei o possível e o impossível para te ajudar. Se não quiser me contar o que aconteceu, tudo bem, eu tento te ajudar às cegas mesmo. Mas se quiser me contar, estou aqui para te ouvir e ajudar. - Bang falou ainda hesitante em abraçar o garoto. Seus olhos encontraram-se com os de HimChan quando ele levantou o rosto molhado. Pode perceber que o garoto estava surpreso. – Vou pegar um copo de água pra você. – Completou se levantando, mas antes que desse um passo, sentiu uma mão segurar a ponta de sua blusa. Olhou para HimChan, que mirava o chão ainda choroso. 

-N-não se vá... E-Eu... – O mais novo balbuciou com dificuldade e Bang entendeu o recado. 

– Venha. Vou pegar um copo de água pra você acalmar, e conversaremos ali na sala. Assim você sai desse chão sujo e gelado. – Falou estendendo a mão para o moreno. Para sua surpresa, HimChan aceitou pegando a sua mão. O puxou para ajudá-lo a se levantar, e foi para cozinha. 

Enquanto esperava Bang, permanecia sentado no sofá tentando parar de chorar. Em sua mente, uma só certeza: queria contar para Bang o que havia acontecido... Precisava contar para alguém, e pela primeira vez estava querendo fazer isso. Finalmente estava sentindo confiança em contar seu segredo mais profundo para alguém. Não entendia por que sentia isso com Bang, o garoto que havia conhecido há apenas 2 meses e pouco. Seria a ultima pessoa que pensaria que sentiria isso...

-Pronto. Aqui está. – Bang falou se aproximando dele, e então sentou-se ao seu lado, mas com uma leve distancia. Pegou o copo da mão do garoto. Percebeu que o mais velho estava tentando não errar nas atitudes e assustá-lo de novo.

-O-Obrigado. – Agradeceu e bebeu a água. Ao acabar, colocou o copo na mesinha de centro e em seguida respirou fundo... Não queria voltar para aquele pesadelo, mas era hora de contar. Era hora de liberar aquilo. De contar seu segredo mais profundo.

"Settle down with me (acalme-se comigo)

And I’ll be your safety" (E eu vou ser a sua segurança.)