História Soulmate - Choices.

-Alô? Oi mãe. O que? Ele quer marca um jantar? Por que? Encontro com a família da YangMi? Quando? Está bem... Até. – Bang falou e desligou o celular. Não sabia se ficava feliz ou tenso por causa disso. O pai havia marcado um jantar em família. E ainda por cima com a família dela. Ele estava planejando algo. Mas não importava o que fosse. Antes de tudo, pronunciaria o término do namoro e então sairia de lá. Na realidade... Deveria conversar primeiro com YangMi. Ela tinha que estar preparada para aquele dia.

Andou pela faculdade a procura da garota. Era intervalo, e normalmente ela já deveria tê-lo encontrado. Será que estava ocupada? Bang mandou mensagem à garota pedindo para que eles saíssem aquele dia.

-Bang? – A voz de HimChan surgiu fazendo seu coração disparar.

-Oi. – Ele falou se virando para encontrar os olhos do moreno.

-Conseguiu encontrá-la?

-Não. Mandei mensagem pedindo para me encontrar na saída. Vou levá-la para almoçar e... Avisar do término.

-Entendo... E quando vai ser o jantar em família?

-Amanhã... Preciso dar um jeito de avisá-la hoje.

-Você vai conseguir. – HimChan falou e sorriu. Bang o olhou e sentiu o coração bater mais rápido que antes. Como ele podia ser tão lindo? E como podia pensar essas coisas de um homem?

O sinal tocou e os dois voltaram para a sala de aula. Na saída, Bang se separou de HimChan e foi em direção ao lugar combinado para encontrar YangMi. Ela estava lá, a espera dele, de jaleco. Um sorriso formou-se no rosto dela. Ela era bonita, mas para ele, era apenas isso.

-Boa tarde amor. – Ela falou e deu um selinho nele.

-Boa tarde... Vamos almoçar?

-Eu adoraria! Afinal, não é sempre que você me convida assim. – Ela falou sorrindo. – Mas tenho que ficar aqui. Temos um trabalho para terminar, e é o único horário que todos do grupo podem ficar.

-Entendo. Eu preciso falar com você YangMi. E tem que ser hoje. Tem como a gente se encontrar depois? – Bang perguntou e percebeu que a garota não gostou muito. Ela estava percebendo que ele iria falar algo de muita importância e que não seria bom para ela.

-Claro! Me encontre em casa  às sete da noite.

-Está bem! Então a gente se vê mais tarde. – O moreno falou e se virou para sair, mas a garota segurou seu pulso.

-Bang...

-Oi? – Ele perguntou se virando para ela, e então se surpreendeu com os lábios dela sobre os dele. Percebeu que a garota ia aprofundar o beijo e apenas seguiu. Ela o beijava como se quisesse tê-lo para ela, e provar para ele que era uma namorada maravilhosa, mas não era o que Bang percebia com aquele beijo. Para ele, era apenas mais um beijo trocado com ela. Ele sentiu o desespero dela de perdê-lo. Pelo jeito, ela havia percebido já o que estava para acontecer.

Os dois se separaram, e com um sorriso de vitória, ela saiu voltando para a faculdade.

HimChan parou na frente do restaurante em que Bang trabalhava... A dúvida e o medo dominavam sua mente. Sabia o que seria melhor para ele. Mas o medo era muito grande. Será que devia realmente arriscar e se atrever a trabalhar ali? Assim como Bang e sua psicóloga, sua mãe concordava também. Quando contou à ela que talvez trabalharia em um restaurante, ela ficou extremamente feliz. E o apoiou totalmente. O que deveria fazer?

Saiu de seus pensamentos quando seu celular começou a tocar. Era Bang. Seu coração tomou o ritmo acelerado.

-Alô?

        -Oi Channie. Você já almoçou?

-N-não.

     -Quer almoçar comigo? – Quando ouviu aquilo, pode jurar que seu coração tinha quase saído por sua boca.

-Sim. Claro. – Respondeu rapidamente se arrependendo da rapidez. Iria parecer que estava desesperado não?

      -Eu estava pensando em ir naquele restaurante que você me falou que era muito bom. – Bang falou e HimChan abriu um sorriso enorme. Amava aquele lugar.

-Vamos sim. Assim você experimenta a melhor comida daqui.  Eu espero que você esteja com muita fome! Vou te fazer experimentar muita coisa.  – Falou animado e ouviu a risada do garoto do outro lado da linha.

      -Hoje é seu dia de sorte, porque estou faminto.

-Então a gente se encontra lá.

      -Você está aonde? Eu te pego. Estou com o outro capacete comigo.

-Ahh... Estou... – HimChan olhou para o restaurante em que o moreno trabalhava e mordeu o lábio inferior. Ele não podia saber que estava ali. – Estou perto da cafeteria.

      -Okay. Já já eu chego. Até daqui a pouco. – Bang falou.

-Até. – Respondeu e desligaram. Andou até a frente da cafeteria. Bang chegou e HimChan subiu na moto, já de capacete. Quando parou para pensar, estava abraçando o mais velho. Havia esquecido que poderia usar as alças. Sentiu seu rosto queimar. Por sorte estava usando capacete, então o moreno não perceberia a coloração de sua pele branca. Agora era tarde demais para mudar de posição, então deixou-se levar pelo momento, apenas sentindo aquele corpo magro e quente a sua frente, nos seus braços. Era tão bom. Se pudesse ficar assim pra sempre, não ligaria.

Novamente estava tendo pensamentos como aquele. Não podia. Nem deveria.  Ou será que não tinha problema? Era só não deixar o mais velho saber. Bang não era gay. Apesar de como dizem, seu radar, achar que sim, Bang não aparentava ser gay, então a probabilidade de se confessar e levar um não era alta. E não queria perder a amizade do garoto. Era valiosa demais para que fosse jogada fora assim. Isso sem contar que não estava preparado para entrar em um relacionamento... Nunca estaria. Ou pelo menos achava isso.

Bang estacionou a moto e os dois desceram. Entraram no restaurante e sentaram-se em uma mesa para dois. O garçom veio atendê-los, e depois de HimChan pensar bem em qual comida apresentar ao mais velho, escolheram os pratos e o vinho a ser tomado.

 -O que houve? – O mais novo puxou conversa.

-O que?

-Você não ia almoçar com a YangMi-ssi?

-Eu ia, mas ela teve que ficar na faculdade fazendo trabalho.

-Ah entendo.

-Mas a noite encontrarei ela para conversarmos. – Bang completou e HimChan percebeu que o moreno estava preocupado. Ele ia terminar com a garota, com certeza ela ficaria triste, mas era preciso fazer aquilo e Bang sabia daquilo. Mas ele era bom demais para não ficar mal com isso. Hesitante, HimChan colocou sua mão sobre a do moreno e a apertou levemente.

-Não se preocupe Bbang. Ela vai entender. No começo vai doer, mas ela vai conseguir superar. – Falou e deu um sorrisinho. Percebeu que Bang corou levemente. Por que? Será qe era porque tinha tocado na mão dele?

-Obrigado Channie. Mesmo. – Ele falou e apertou levemente a mão de HimChan, mostrando que estava grato pela ajuda. Percebeu que o garçom estava vindo e soltou a mão do mais velho.

-Aqui está. Tenham um bom apetite. – O garçom falou, e após reverenciá-los, saiu de perto.

-Vamos lá. Experimente e me diga o que achou. – HimChan falou olhando para o moreno, sorrindo.

-Está bem. – Bang respondeu e deu uma risadinha.

O mais velho pegou a comida e colocou na boca. Enquanto mastigava, continuou com uma cara séria deixando HimChan desesperado. Estava muito curioso. Queria saber se ele havia gostado da comida.

-E então? O que achou? – Perguntou e Bang sorriu.

-É muito bom! – O mais velho respondeu e HimChan sorriu. Ele havia gostado. Estava tão feliz que o moreno havia gostado da comida de seu restaurante favorito.

-Que bom que gostou! Agora experimente esse. – HimChan falou colocando um pouco de sua comida no prato do moreno. Este o pegou e comeu, fazendo o mesmo comentário depois. – Eu disse que era a melhor comida daqui.

-Hum... Nesse quesito eu discordo.

-Discorda?

-Sim. Depois da minha avó, a melhor comida é a sua. – Bang falou e HimChan sentiu seu rosto queimar. Bang estava elogiando sua comida? Era isso mesmo que havia ouvido? Uma felicidade enorme lhe dominou, fazendo abrir um sorriso que não cabia em seu rosto. Percebeu que o mais velho parou de comer para observá-lo.

-O-Obrigado. – Respondeu ainda com o sorriso.

-Só estou dizendo a verdade. – YongGuk respondeu e sorriu também, deixando HimChan sem ar. Como o mais velho podia deixa-lo assim?

Passaram a tarde ali, conversando tranquilamente. Era incrível como sentia-se tão bem perto de YongGuk. Se sentia livre. Livre pra ser quem era. E amava isso. Era tão bom. Bang era uma pessoa maravilhosa. Ele conseguia fazê-lo se sentir vivo.

Após pagarem a conta, Bang deixou-o em sua casa. Quando viu-o virar a esquina, saiu andando em direção oposta à seu prédio. Precisava passar em um lugar antes.

Ouviu a campainha alastrar-se pelo apartamento. Olhou para seu relógio de pulso. Marcava sete em ponto. A preocupação e nervosismo dominava-o. Treinou várias falas desde que se separou de HimChan e provavelmente falaria tudo diferente na hora. Ouviu passos se aproximarem da porta e então seus olhos se encontraram com os dela. Viu-a sorrir.

-Entre amor. – Ela falou e deu um selinho nele, como forma de cumprimento.

Entrou no apartamento enorme que ela tinha. Por sorte ela morava sozinha. Imagina se ela fizesse um escândalo e o pai visse? Estaria morto.

-Fique a vontade. – Ela falou entrando na cozinha. Olhou para a Tv encontrando uma garotinha loira com rabo de cavalo, e um homem também loiro. Ambos estavam sentados no sofá.

“-O que é uma alma gêmea? – a garotinha perguntou.

-É uh ... Bem, é como um melhor amigo, mas mais. É a única pessoa no mundo que te conhece melhor do que ninguém. É alguém que te faz uma pessoa melhor. Na verdade, ele não faz de você uma pessoa melhor, você faz isso sozinho, porque ele inspira você. A alma gêmea é alguém que você carrega com você para sempre. É a única pessoa que você conheceu e te aceitou e acreditou em você antes de qualquer outra pessoa ou quando ninguém mais o faria. E não importa o que aconteça, você sempre vai amá-la. Nada pode mudar isso. – O homem respondeu a garotinha.”

-Amo essa cena. Acho tão lindo a explicação dele para alma gêmea. É minha série favorita. Dawnson’s Creek.  – A garota falou entrando na sala e trazendo uma taça de vinho para Bang. O moreno continuava olhando para a TV. Então... Uma alma gêmea era daquele jeito?

HimChan ligou a televisão e deixou no canal que estava. Ficou entretido com seu sorvete até o momento que ouviu uma voz infantil perguntar: “O que é uma alma gêmea.” Olhou para o objeto prestando atenção na resposta do mais velho. A cada palavra que lia, mais seu coração disparava. Em sua mente, acontecimentos recentes em sua vida surgiam. Comparações eram feitas enquanto o homem descrevia uma alma gêmea. Quando acabou, HimChan desligou a TV encarando-a assustado. Sua mente estava pregando uma peça. Nada do que havia passado em sua mente era verdade. Nenhuma das comparações. Sabia que nunca encontraria sua alma gêmea. Já havia colocado isso em sua mente e não iria criar esperanças em coisas falsas.

-Mas então... O que você tem a me contar? – A garota perguntou enquanto sentava-se no sofá ao lado dele. Bang colocou a taça na mesinha em frente ao sofá e percebeu que ela havia estranhado o fato dele não ter bebido.

-An... Eu ia contar só amanhã... No jantar, mas acho errado não te falar antes...

-Falar o que Bang? O que aconteceu? Estou ficando preocupada.

-Já faz um tempo que venho pensando nisso YangMi... – Ele falou e pegou as mãos dela colocando entre as suas. – Eu... Eu não acho certo continuar isso tudo. Eu acho que você merece uma pessoa melhor que eu. – Ele começou a falar e se segurou para não parar ao vê-la com lágrimas nos olhos, inconformada. – Você merece uma pessoa que corresponda aos seus sentimentos, que realmente te ame.

-B-Bang, como assim? V-Você...

-Me perdoe YangMi. Eu tentei. Eu tentei amar você, mas não adianta. Não consigo. Não consigo te enxergar como mulher. – Ele falou e a garota tirou suas mãos das dele. Lágrimas já escorriam pelos olhos dela.

-Há outra garota não é? É isso? Você conheceu outra garota? – Ela falou com a voz levemente alta. – Eu não acredito Bang! Quem é a vadia? – A garota gritou já de pé. O moreno se levantou e a fez sentar-se de novo.

-Não YangMi. Não é isso. Não existe outra garota. Nunca existiu. Acalme-se.

-Então... Por que?

-Desde que meu pai arrumou esse namoro... Eu não queria, mas tive que aceitar. Como eu disse, eu tentei. Fiz de tudo para te amar. Mas não adianta.

-Você não pode estar falando sério. Você me ama sim. Só não enxerga isso. – Ela falou chorando, em seguida o beijou. Mas antes que ela aprofundasse, Bang a afastou delicadamente.

-Eu estou falando sério YangMi. Eu não queria fazer isso com você mas-

-Não faça. Talvez você ainda não me ama, mas pode me amar. E se a gente adiantar o casamento? Talvez morando juntos você possa- - A garota falava levemente desesperada enquanto chorava, deixando Bang mais triste ainda por estar fazendo aquilo.

-YangMi. Por favor. Pare. Não vai adiantar. É melhor cortamos isso tudo agora. Antes que seja tarde demais.

-Gukkie! Por favor. Já sei! Fique comigo essa noite. Quem sabe se ficarmos juntos você não perceba que me ama de verdade. – YangMi falou segurando o rosto de Bang em suas mãos. O moreno sentia-as. Estavam geladas e tremiam. Ela o beijou novamente.

-Eu não posso YangMi. Me desculpe, mas não posso fazer isso com nós dois. É exatamente por isso que estou terminando nosso namoro.

-Você não pode terminá-lo. Você sabe que nossos pais estão fazendo acordos. – Ela falou levemente brava já de pé novamente. Ele suspirou.

-É minha vida YangMi, eu posso. Mesmo que meu pai me odeie, ou que seu pai me odeie também, não posso fazer isso com nós dois. Viver uma vida de mentira não faz bem. Eu quero ser feliz, assim como eu quero que você seja feliz.

-Pare de falar isso! Nós dois sabemos que minha felicidade é com você e que a sua é comigo! Você só não está enxergando! – Ela gritou assustando Bang. Ele nunca havia visto ela assim.

-Por favor YangMi. Acalme-se. É difícil aceitar isso no momento, eu sei que é. Mas depois você vai perceber que você acha que eu sou sua felicidade, mas não sou. Você não pode ser feliz com uma pessoa que não corresponde aos seus sentimentos YangMi.

Ele percebeu que ela estava mais desesperada ainda. Ela estava com raiva e ao mesmo tempo desespero e tristeza.

-Bang YongGuk! Você não pode desistir assim da gente! Não pode e nem deve! – Ela gritou chorando.

-Me desculpe. Eu já desisti. – Ele se levantou parando de frente à ela. Em seguida tentou abraçá-la, mas ela o empurrou bruscamente.

-Você não tem esse direito! Para terminarmos, eu tenho que aceitar também. E eu não aceito entendeu?! Eu não vou aceitar isso nunca! – Ela falou alto, batendo no peito dele enquanto chorava. Ele segurou os braços dela para que ela parasse. – Sai daqui Bang. Sai da minha casa. SAI! – Ela gritou se livrando dos braços dele. Ele ficou meio receoso em deixá-la, mas seguiu seu caminho até a porta.

-Você vai contar para meus pais amanhã não é?

-Sim. – Ele respondeu e ouviu a garota soluçar. Saiu do apartamento com o coração apertado. Não queria fazê-la sofrer, mas era preciso terminar tudo aquilo.

Ouviu o som de um vaso se quebrando na porta. Mordeu o lábio inferior se segurando para não entrar lá. Sabia que se o fizesse, seria pior. Ainda hesitante, foi até o elevador e apertou o botão. Respirou fundo tentando pensar no amanhã. Sua próxima meta era conversar com as duas famílias. Torcia para que pelo menos a família dela entendesse seus reais motivos, porque seu pai, não entenderia.