História Soulmates - So this is love

A claridade da televisão ligada era a única coisa que iluminava aquele quarto, onde os dois garotos se encontravam abraçados um ao outro na cama, assistindo do conteúdo que passava na tela.

— Eu te amo! Pronto, eu admiti — a garota do outro lado da tela declarava à outra, as mãos inquietas representando seu óbvio nervosismo com a situação em geral. — Eu te amo tanto, tanto, tanto... e ainda assim tenho que te ver com outro! Você... Você...

— Fala logo mulher, ficou o filme inteiro de drama pra no final tu ficar quietinha aí!? — o garoto de madeixas prateadas falava pra si mesmo com o cenho franzido. — Ugh, por que eu concordei em ver um romance onde o enredo se foca logo num mal entendido...? É tão frustrante!

— Tranquilo, Suga. Acho que você está levando a visão dos personagens pro pessoal já... — o moreno riu baixinho, fazendo um carinho inconsciente nas mechas prateadas.

— Você não entende, Daichi! — Suga virou para si, um biquinho adorável plantado em seus lábios. — Ela gosta dela, sabe que são destinadas, e ainda assim ela só assiste a outra desistir de si, sem nem fazer nada e julgar ser incorrespondida desde o início! — Suga exclamou, tomando as bochechas de Daichi em ambas as mãos, fazendo com que um bico de peixe se formasse nos lábios alheios. Então se virou para a TV, inflando as bochechas e cruzando as pernas, murmurando. — Se fosse com você, eu faria de tudo pra correr atrás de ti e não te deixaria escapar tão fácil assim...

Daichi somente riu em resposta, voltando a enlaçar seus braços ao redor do menor assistindo o filme.

— Nós somos almas gêmeas! Pronto, eu disse! É por isso que eu não desisto de você tão fácil assim, é por isso que eu quero te ver feliz acima de tudo, é por isso que eu te empurro pra ele, porque eu sei que você será feliz ao lado dele, e é por isso que eu te amo! Ah... — a garota desabafou, escondendo o rosto nas mãos e soluçando e deixando que as lágrimas caíssem copiosamente.

— Eu não entendo isso também... — Suga suspirou, negando com a cabeça.

Daichi continuou vendo a televisão, sentindo seu coração esquentar com o fio vermelho do destino conectando as respectivas almas gêmeas na tela. Ele também sentia uma pitada de compreensão pela protagonista que julgava os próprios sentimentos serem descartáveis se fosse pela felicidade da outra. Voltando para os tempos sofríveis onde ele e Suga não estavam nem perto de namorarem, e ele mesmo acabando de descobrir sua paixão pelo outro. A primeira coisa que lhe passara na cabeça, claro, foi se declarar. Como sempre fizera no passado com suas poucas experiências, mas... era uma sensação mais forte e intensa dessa vez. Apesar de não ser bom com metáforas, e Suga sempre o caçoar por isso, se arriscava a dizer que era como se tivesse passado a vida inteira de olhos vendados até chegar uma pessoinha especial que lhe tira a faixa e finalmente pôde ver a real beleza da vida ao seu redor com a ajuda dessa pessoa. Tão clichê, mas não podia descrever melhor.

— Eii, no que tá pensando? — Suga lhe deu um leve golpe de karatê na sua cabeça, olhando para si com olhos curiosos e atenciosos. — Juro que posso sentir de longe quando você começa a se perder em pensamentos, arrisco até mesmo a dizer que posso ouvir...

Daichi sorriu, pegando a mão alheia com a sua.

— Almas gêmeas... parece algo bastante amável, não? — Daichi beijou os nós dos dedos de Suga.

— Bom... eu acho. Mas que se dane o destino, eu escolho eu mesmo quem eu amo — Suga expressou, enquanto apreciava da atenção que seu namorado lhe dava. Ele o mimava tanto... — Por que? Tem algo em mente, é?~

— Huumm... Só não consigo acreditar que você não acredita em almas gêmeas. Dios mio, não sei como prosseguir em frente! — Daichi pôs uma mão sobre seu coração, fingindo estar profundamente chateado pelas palavras de seu amado.

— Ah, por favor, Daichi! Sou amigo de Oikawa e estou quase tomando o título de rei do drama para mim, isso não me afeta! Eu não tenho fraquezas! — Daichi fez um olhar de filhote abandonado. — OK, uma fraqueza!

— No puedo creer... vindo da minha própria alma gêmea...

Suga parou seus movimentos, sentindo suas próprias bochechas esquentarem.

— Sua- o que?

— Hum? A-ah — riu sem graça, coçando a nuca um pouco desajeitado por ter deixado aquilo deslizar. — Sim, Kou, minha alma gêmea. Você, Sugawara Kōshi. Quero dizer... sentimentos são uma maneira do universo nos dizer que ei, isso vai dar certo, aposte na sua sorte. E, sabe... como estamos a tanto tempo juntos, 4 anos namorando e ainda mais sendo amigos. Nos entendemos melhor do que ninguém, temos a nossa própria sincronia, eu sei quando você está pra baixo e vice versa, caramba, até nossas datas de aniversário são praticamente sincronizadas! — riu, sua expressão agora serena e repleta de carinho pelo rapaz a sua frente. 

— Nós dois sabemos nos resolver de forma madura quando brigamos e procuramos melhorar... Antes, eu não dava muita bola para romance. Para mim, era sobre um namoro que durava dois, três meses no máximo, e um término enfim inevitavelmente chegar por conta do periodo da paixão que acabou. Mas, ao te conhecer, todos os dias é como se eu te amasse ainda mais ao conhecer uma parte nova de você, que essa minha passada opinião nunca mais foi uma possibilidade desde então. Eu nunca quis tanto conhecer o quão longo o “para sempre” é, ao seu lado. Então, é, gosto de pensar que somos almas gêmeas — finalizou com um sorriso tímido, de olhos fechados.

Suga ouviu todo o discurso com lágrimas em seus olhos, e quando enfim os piscou, sentiu elas caírem graciosamente pelas suas bochechas. Estava de boca aberta, e sentia seu interior quente e vibrando de afeto pelo homem a sua frente. Eu amo ele sua mente repetia sem parar, eu amo tanto ele.

Enfim o abraçou, rindo em seu ombro.

— Ah, Daichi! Me avisa antes de dar esses seus discursos amorosos, eu nunca consigo me aguentar! Ah, você é um grande romântico, Dai!

— Tranquilo, tranquilo, Suga...! Você tá me sufocando!

— Desculpa, desculpa! — riu, mas logo deu um golpe de karatê em seu braço. — Mas você sabe que eu sinto o mesmo.

Daichi retribuiu o sorriso carinhoso, voltando a ficarem de conchinha para verem o resto do filme esquecido na televisão.

Suga se encontrava repousando sobre o peito de Daichi o fitando, esse outro que ressonava baixinho preso no mundo dos sonhos. Lembrou das palavras que ele o dissera mais cedo e foi inevitável o vermelho que tomou posse de suas bochechas. Daichi idiota. Quem ele era para fazer seu coração bater tão rápido assim, como se a qualquer momento fosse simplesmente fugir pela sua garganta? Daichi idiota.

Procurou a mão de seu amado e entrelaçou seus dedos mindinhos, sorrindo que nem um bobo ao o fazer.

“Então, é, gosto de pensar que somos almas gêmeas.”

Era tão... Daichi. Ser um grande romântico assim consigo, o mimando com até mesmo a mais bela das palavras e o mais suave dos toques. Com sua mão livre, se pôs a acariciar as mechas morenas do outro, trazendo as mãos entrelaçadas ao seu lábio, deixando ali um selo casto.

Era encantador esse jeito seu, e ainda mais que acreditava que os dois eram almas gêmeas.

Voltou seu olhar para o belo rosto dormindo de seu amado e os dedos entrelaçados, enfim concluindo.

Mas eu também acredito que somos almas gêmeas.