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História Sounds of silence - Capítulo 9


Escrita por: someonedead

Notas do Autor


Demorei, mas é aquela coisa de sempre. Faculdade e curso e trabalho a mesma ladainha de sempre.
asuahusahs
consegui escrever esse cap, confesso que não gostei muito???
Mas é o que temos. kkk
Boa leitura e até o próximo.
Tô sendo bem breve pq meio.
Sla.
Bjs.

Capítulo 9 - Capítulo 9


Chris

-Onde estão os seus irmãos? – meu pai pergunta quando estou na porta de casa. Ele está muito bravo e eu nem sei o que está acontecendo.

-Não sei. – respondo. –O que aconteceu? – estou começando a ficar preocupado.

- Enquanto você estava no seu encontro, os seus irmãos saíram da escola com... – ele para de falar e eu respiro fundo me dando conta do que aconteceu.

- Com a Lia. – digo. – Ela quer se despedir deles, ela vai embora hoje. O que têm de errado nisso? -  Ele sabia que os gêmeos estavam vendo a Lia, não entendo porque está tão bravo.

- Já disse que não quero que eles fiquem com essas pessoas. –

- Essas pessoas na verdade é a sua filha e nada que você fale ou sinta vai mudar isso. – eu digo e não dou chance para que ele me responda, entro em casa e vou direto para o meu quarto.

Minha mãe não está em casa ainda e a babá dos gêmeos está de folga hoje, é o aniversário do filho dela. Eu esqueci completamente que eu deveria ir buscá-los na escola, mas mesmo que eu não fosse, a professora os deixaria em casa. Ela é amiga da minha mãe e mora na nossa rua, por isso não teria nenhum problema em fazer um simples favor.

Ligo para Lia e ela atende rapidamente.

- Onde você está? – pergunto, não quero ser grosso com ela, mas estou nervoso da discussão com meu pai e isso está visível até na minha respiração.

 - Estou no hotel. – ela responde. Consigo ouvir os gritos de Liane do outro lado da linha.

- Estou indo ai. –

- Tudo bem. Aconteceu alguma coisa? – ela pergunta.

Respiro fundo, não quero contar que mais uma vez ela foi o motivo da briga com meu pai.

-Não é nada. Só estou cansado. –

- Estou esperando. – ela diz e depois desliga.

Meus cabelos ainda estão uma bagunça por isso tomo banho rapidamente e depois saio de casa.

Normalmente eu ando pela cidade à pé, mas estou com um pouco de pressa hoje, por isso pego minha bicicleta. O Tony vive me dizendo pra comprar uma moto, o Vini vive me zoando por não ter um carro e o Vitor... O Vitor nunca fala nada sobre nada então com ele eu não tenho problemas. Eu não teria grandes dificuldades em comprar uma moto ou um carro, mas não gosto muito dessa ideia. Prefiro andar a pé ou ir de bike. Não sei, acho que sou mais naturalista.

O caminho todo eu passo distraído, pensando no que eu poderia fazer pra mudar a situação da relação entre o meu pai e a minha irmã, mas nada me vem a mente.

Talvez não tenha jeito com eles, talvez eles simplesmente não combinem um com o outro, não funcionam na mesma página.

Pai e filha.

Filha e pai.

O que era pra ser um elo de amor incondicional se tornou uma briga para ver quem sente mais, quem agüenta mais, o rancor e o desprezo do meu pai contra o amor da Lia.

As vezes eu desejo que o amor da Lia perca, desejo que ela pare de amá-lo e comece a odiá-lo da mesma maneira que ele faz, assim seria mais fácil de aceitar. Mesmo que eu deseje isso, sei que nunca vai acontecer. Vejo isso toda vez que ela me pergunta como ele está, quando me pergunta se ele está lembrando-se de tomar os remédios e quando me pede para não deixá-lo se esforçar demais. Eu sinto raiva dela por isso, por amá-lo tanto.

Minha família vista de fora parece perfeita, mas por dentro somos um bando de desajustados odiando-se. Nossos laços, nossos sentimentos estão todos embaralhados de uma maneira impossível de voltar ao normal a não ser que alguém corte tudo e tente começar novamente, sabendo que corremos o risco de nunca voltar a tê-los como antes, de que nunca nada será igual.

Chego até o hotel e já consigo ver os gêmeos fazendo bagunça no salão enquanto Lia está tirando várias fotos deles.

Deixo a bicicleta jogada num canto qualquer e entro no lugar.

- Oi. – Lia diz sorrindo, ainda tirando fotos dos gêmeos.

- Oi. – respondo. – Quando você sai? –

-Daqui a duas horas. – ela diz.

Eu estou olhando para os gêmeos também, Lucas está tentando jogar algum inseto na Liane.

- Desculpe por não poder passar mais tempo lá em casa. – eu digo. Estou me sentindo mal por ter agido daquela forma quando meu pai chegou em casa. Eu sou um covarde igual a minha mãe.

Por que continuamos com medo? Por que a Lia continua vindo aqui sabendo que ninguém nesse lugar faz o menor esforço para que ela se sinta bem vinda? Meu pai nos faz de refém na nossa própria casa e ela foi a única que conseguiu escapar.

- Tudo bem, eu não esperava ficar lá. – ela diz olhando pro chão.

Os olhos dela são da cor dos meus, a pele dela é da cor da minha, os cabelos são maiores, mas são cacheados iguais aos meus. Somos iguais em tantos aspectos, mas ainda assim o amor que um recebe, talvez nunca seja destinado ao outro.

Eu não consigo entender isso, não consigo entender porque e é por isso que fico remoendo em minha cabeça a mesma coisa sem parar.

- Hoje o meu pai me viu beijando um garoto – eu digo sem olhar para ela.

- Você está namorando? – ela pergunta e eu vejo um sorriso nos lábios dela quando finalmente a encaro.

- Não. – sorrio também. – Foi só um selinho, nada demais. –

- O que o pai disse? –

- Nada. Absolutamente nada. –

- Entendo. – a voz dela sai meio triste.

- Você não acha isso injusto? Você não sente raiva dele por isso? Por me aceitar do jeito que eu sou e ainda assim não conseguir nem mesmo falar o seu nome? – minha garganta seca e os meus olhos enchem-se de lágrimas, mas tento me manter firme.

- Eu fico frustrada. – ela finalmente responde depois de um tempo em silêncio. – Mas não têm nada que eu possa fazer. Você já tentou, eu já tentei, a mamãe já tentou e não houve nenhum resultado. Ele amava a pessoa que eu fingia que era. – Agora os olhos dela também se enchem de lágrimas e ela não as impede.

Liane e a Lucas percebem as lágrimas nos nossos olhos e vem ao nosso encontro.

Liane pergunta por que a Lia está chorando e ela diz que não é nada, mas eles claramente não acreditam nisso. 

Nós conversamos e depois de um tempo, vamos a rodoviária aonde vamos nos despedir.

Minha mãe está no hospital e não pode vir, mas ela conversa com a Lia pelo telefone por um tempo logo antes do ônibus chegar. Ela vai viajar até a cidade vizinha onde pegará o vôo para casa. 

- Não precisa tentar fazer mais nada Chris. – ela me diz, como se soubesse tudo que vem rondando a minha mente. – Tudo o que tinha pra ser feito já foi feito, agora resta aceitar isso. –

- Não entendo como você pode se conformar com isso. – cerro meus punhos, ainda irritado com a situação.

- Não sei se me conformei, mas cansei de brigar por uma coisa que não vai mudar. Ele amava o filho que achava que tinha, mas odeia a filha que tem. – as palavras dela me deixam pensativo, pesaroso.

- Seu ônibus é aquele? – Lucas pergunta apontando para um ônibus que acabara de chegar.

- É sim. – Lia diz e agacha trazendo os dois para mais perto dela e os abraçando. Eles a abraçam de volta meio tristes porque ela está indo tão cedo.

Ela levanta e me abraça também, nos despedimos com um abraço apertado e eu a vejo partir mais uma vez.

Viro-me e sigo para casa com os gêmeos atrás de mim. Não sei o que vou fazer, não faço a menor ideia, mas preciso confrontar esse medo que sinto, essa coisa que faz eu me esconder. Não é certo. Uma hora ou outra eu vou ter que começar a fazer o que eu quero, a agir como eu quero.

Se eu pudesse voltar no tempo, eu tenho certeza de que iria embora com a Lia.

 

Trey

Maura: Espera, como assim um encontro? Onde vocês foram? Como assim você beijou ele? Meu Deus, abre a porta eu estou aqui fora.

Eu: Como assim você está aqui fora? Eu acabei de te mandar a mensagem.

Maura: Trey, tá fazendo frio, vem abrir a porta.

Levanto da cama e desço as escadas indo em direção a porta, quando a abro, Maura está na porta com o celular nas mãos, os cabelos – ainda com a mesma cor- estão bagunçados e ela está usando uma roupa claramente de dormir.

- Eu sou o homem aranha. – ela diz. – Muito rápida, eu sei. –

Eu a deixo entrar ainda sem entender como ela está ali e depois sinalizo.

- O homem aranha não é rápido. –

- Trey, não discuta comigo sobre o homem aranha. – ela parece lembrar do que a trouxe aqui e então diz mais animadamente, tanto que quase não consigo ler seus lábios. – Vamos lá pra cima eu quero saber tudo o que aconteceu. Sobre o encontro e o beijo e tudo mais. –

Minha mãe aparece da cozinha e me encara, depois encara a Maura enquanto fala e sinaliza ao mesmo tempo.

- Encontro? O Trey está namorando? –

Tenho vontade de socar a cara da Maura por me fazer passar por mais essa.

Agora minha mãe vai começar a me dar sermões e vai contar ao meu pai e o meu pai vai ficar estranho comigo porquê embora ele não tenha problemas com minha sexualidade, ele não sabe muito bem como manter uma conversa comigo. Não tocamos em assuntos como mulheres e futebol, na verdade não tocamos em assunto nenhum e por isso nos falamos muito pouco.

- Não estou namorando com ninguém mãe. – conto a ela.

Ela me encara por alguns segundos e depois, com uma expressão de derrota, volta para cozinha.

Eu não menti para ela então não devo me sentir culpado.

Subo para o quarto com Maura, ela se joga na minha cama e veste o meu casaco.

- Quando? – ela pergunta.

- Depois do almoço. – respondo.

- Onde? –

- No rancho no alto da montanha.

- Porque diabos vocês foram para lá? –

- Estávamos com fome e ele me chamou para comer alguma coisa. Não tinha porque dizer não. –

Ela me olha desconfiada.

Sinto como se eu estivesse dando um depoimento à polícia.

- Já é noite, porque só ta me contando agora? –

- Eu queria descansar antes do interrogatório. –

Ela se joga na minha cama e começa a sorrir como uma louca e balançar os pés como se tivesse ganhado na loteria, depois se vira para mim.

- Eu to muito feliz por finalmente você ter beijado alguém. –

Lanço um olhar um tanto ameaçador a ela.

-Ah, Trey. Você já tem dezoito anos. Teve muitas oportunidades e jogou todas fora, não é como se fosse uma vergonha nem nada do tipo, além do mais foi por opção. –

Solto o ar dos pulmões e espero que ela possa ouvir isso.

- Por que você o beijou? – ela está com uma sobrancelha erguida, curiosa.

De fato, ela tem razão. Eu já tive oportunidades para ficar com outras pessoas, mas nunca me interessei por nenhuma delas. Na verdade não sei dizer o que me interessou em Chris, além do fato dele ser engraçado, tocar piano muito bem, pelo que eu com minha extremamente vaga noção de música pude notar, e claramente ser muito bonito. Ouso a dizer sexy.

- Não sei. Acho que foi coisa do momento. Além do mais foi só um selinho. –

- E você planeja que isso aconteça mais vezes? – ela diz, seu rosto está iluminado e têm um brilho estranho nos olhos dela.

- Não sei. – respondo.

O céu se ilumina rapidamente e Maura dá um pulo da cama. Fogos de artifício estão explodindo e colorindo a noite inteira. Não sei o que estão comemorando.

Maura e eu ficamos olhando as cores e as explosões por um tempo e eu fico revivendo o dia de hoje na minha mente, lembro de como eu me senti bem e feliz, quase esqueci o peso que carrego nas costas.

Depois que acabam os fogos, Maura se joga novamente na minha cama e fica me fitando e sorrindo, como se tivesse ganhado na loteria.

- O que foi? – sinalizo para ela.

- Você com certeza que beijar ele de novo. –

Reviro os olhos e não respondo, porque acho que ela tem razão.


Notas Finais


Então.
Comentem o que estão achando.
Até mais.
\o


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