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História Space Opera - Um casal bem sucedido, ou querendo compensar algo?


Escrita por: Kori

Capítulo 7 - Um casal bem sucedido, ou querendo compensar algo?


Fanfic / Fanfiction Space Opera - Um casal bem sucedido, ou querendo compensar algo?

 

 

Dirigindo de volta para casa, Bakugo pediu para que a agenda fosse revisada pelo computador de bordo conectado ao seu celular.

“Comprar novos sapatos para Kimi essa semana”

— Pula. — ele disse, batendo os dedos no volante, enquanto o cotovelo do outro braço se apoiava na janela. Abaixou o vidro para sentir o vento no rosto, ao invés de ficar fechado no ar-condicionado do veículo.

“Consulta com o pediatra na próxima semana”

— Pula. — Bakugo desativou o piloto automático e pegou o volante com as duas mãos, acelerando até onde podia. Ele passou pelo estádio ao qual Kirishima comentou da outra vez, era estranho como um lugar assim foi construído tão rápido e já desativado por causa de um problema bobo com a grama.

“Reservas no restaurante Aruporuto em três semanas.”

— Mais detalhes. — Ele pediu.

“Aruporuto é um restaurante de cozinha italiana, cinco estrelas. A reserva em nome de Katsuki Bakugo, feita há cinco meses. O horário de atendimento é a partir das dezenove horas. A reserva é as vinte e uma e pode ser mantido até as vinte e duas horas.”

Bakugo levou uma das mãos à cabeça e esfregou. O que poderia acontecer nesse dia?

— Saco, o que mais tem para acontecer nessa joça?

“Ligando para casa”

— O que? Eu não disse isso, sua maluca, desligar...

— Kacchan, você não foi buscar a Kimi? — Era a voz de Midoriya. E ele não parecia nada animado. Sua voz era séria.

— Ahh, eu...

O que ele iria falar? Aquela pressão era ainda mais angustiante. Bakugo sentiu um leve tremor nas mãos e falta de ar. O que era ridículo, porque ele estava praticamente feito um cachorro com a cara para fora da janela do carro, como teria falta de ar?

— Kacchan? Você está bem?

— Sim, eu só, eu não almocei e, enfim... eu não pude pegar a garot-, a Kimi.

— É, eu percebi, ela está no quarto dela chorando. — Um momento de silêncio se passou e Katsuki ouviu um leve suspiro. — Por favor, não desconte em Kimi os nossos problemas, sim? Ela não merece isso.

“Ligação encerrada”

Aquilo foi a cereja do bolo para que Katsuki sentisse o peito arfar. Ele estacionou o carro em qualquer rua que encontrou e saiu, procurando por ar. Era como se os seus pulmões não soubessem mais como fazer aquele trabalho. Parecia insuficiente o ar ao seu redor.

Quando se sentiu melhor, já era noite. Chegou no apartamento e caminhou sem fazer barulho. Ele estava cansado, irritado e sem paciência para discutir com Deku. Entretanto, Izuku não estava esperando por ele para terem qualquer tipo de conversa de casal.

Bakugo foi até o quarto de Kimi e encontrou a menina dormindo. Ele se aproximou e a viu abraçada com um boneco de pelúcia muito parecido com seu antigo uniforme de quando ainda era estudante da U.A., tinha até as bazucas verdes acopladas na manopla da mão para explodir.

Um leve sorriso delineou os lábios de Katusuki, ele mexeu nos cabelos da menina e saiu do quarto, fechando a porta. Ao se virar, encontrou Izuku parado, encostado na porta do quarto do casal. Ele usava um longo roupão, aberto, e um pijama por baixo. Seus cabelos estavam jogado displicente para o lado, com cachos leves e outros se desfazendo. Apesar de sua aparência não ser ruim, a expressão no rosto dele parecia algo como decepcionado, nem as sardas salpicadas pelo rosto não amenizavam o ar sério. Os olhos, verdes e profundos, se esconderam nas pálpebras fechadas por um momento e depois, quando ele abriu os olhos e o encarou, Katsuki sentiu o peito saltar.

— Tem comida pronta na geladeira, só esquentar. — Izuku falou, descruzando os braços. — Eu arrumei o quarto de hóspedes para você. Deixei algumas roupas lá.

A ideia de ter sido expulso do seu próprio quarto soava ridícula e tinha um sabor amargo. Não era um sabor comum, e Bakugo entrou no quarto de hóspedes com uma sensação de solidão.

Diferente do quarto de casal, aquele quarto não possuía tantas janelas, embora a cama fosse grande e cheia de travesseiros, mas parecia menos a cara dele. Edredom de cor neutra, travesseiros em tons bege e uma luminária de metal na cabeceira. Katsuki decidiu tomar um banho, e deixou a água corrente jorrar pela sua cabeça, enquanto apoiava os punhos fechados no box.

Ele tentou pensar sobre as usinas nucleares, sobre urânio, sobre os apagões os e os picos de energia. Mas não conseguia se concentrar.

Bakugo queria entender o que estava acontecendo com Midoriya.

Ele rangeu os dentes. Katsuki não era nenhum especialista em relacionamentos, mas aquela atitude de Izuku em mandá-lo para fora do quarto parecia ser a última consequência de um casal em crise.

Ele saiu do banho e caminhou sem roupa para fora do banheiro, amarrando a toalha na cintura. O chão molhou conforme balançava os cabelos loiros. Puxou uma cadeira e esfregou a outra toalha na cabeça, até que a pendurou em seu pescoço e pegou celular.

Ele olhou para o calendário, havia algo que ele deixou escapar. Depois, procurou no bolso da calça a caixa de madeira com anel de diamantes. Ele se deitou na cama, colocando o anel em seu dedo anelar. Era um absurdo de pesado, aquele tanto de diamante poderia cobrir uma parede inteira de uma mina.

Katsuki refletiu, olhando para o brilho exagerado daquele anel. O que aconteceu na vida deles para que sua versão do futuro comprasse algo assim?

Best Jeanist perguntou se estava traindo o marido. Era uma pergunta tão idiota, mas Bakugo não conhecia a sua personalidade do futuro, seria possível ele ter traído Deku? 

Apesar de não ser uma pessoa que gostava de relacionamentos longos quando tinha vinte anos, ele não era o tipo de pessoa que se relacionava com várias ao mesmo tempo, nem mesmo naquela época, quando teve chance. Porque, o que não faltava, era gente se jogando em cima dele. Esse não era o seu estilo, mal tinha tempo para ele próprio, quem dirá vários casos amorosos?

Agora, nessa linha do tempo, sua versão do futuro ainda seguia seu raciocínio de quando estava com vinte anos?

Com uma rápida pesquisa na internet, encontrou todos os tipos de notícias sobre sua figura pública. Já estava adiando essa ação por alguns dias. Era hora de se conhecer. Primeiro, queria saber o que os outros falavam dele.

Passou a noite toda vendo entrevistas, e documentários sobre sua carreira meteórica, que ascendeu desde a idade escolar. Igualmente ao lado de Deku, ambos candidatos ao primeiro lugar como Pro Hero.

Lutas épicas foram travadas ao lado de Deku, contra inimigos fortes. E, depois do acidente que deixou Midoriya em coma, eles se aproximaram. Era como ver um filme de sua vida passar diante dos seus olhos. Literalmente, mas era um filme fantasioso.

Havia algo a mais, algo que as massas não poderiam conhecer. Porque sempre existe algo a mais.

Bakugo pulou as críticas sobre o relacionamento de heróis e de homens casando-se. Era ridículo ainda existir esse tipo de preconceito. O que ele viu em seguida o desagradou mais ainda. Era como se todos os jornalistas estivessem empenhados encontrar um grande defeito em seu casamento.

Era uma notícia mais bizarra do que a outra. E quando ele terminou de ler a matéria ficou ainda mais bravo. Porque uma mulher alegou que estava grávida, fez até mesmo teste de DNA para comprovar. É claro que não houve prova alguma. Tudo não passou de uma farsa. A verdade é que as pessoas sempre vão encontrar uma forma de criar narrativas maldosas.

Enquanto lia aquelas notícias dos últimos anos, ele se deparou com uma entrevista em que Deku falava sobre sua época de recuperação.

Foi aí que ele notou o que chamava sua atenção no calendário. Era exatamente a data em que Deku despertou do coma.

 Então era isso. O presente que ele havia comprado, a reserva no restaurante, era para comemorar o despertar de Midoriya do coma.

Na manhã seguinte, Bakugo acordou com som do celular tocando. Era Kirishima querendo saber como ele estava. Após um rápido resumo que mais eram xingamentos, Kirishima riu dizendo que ele parecia estar indo no caminho certo.

— Preciso conversar com vocês, podem vir na minha casa?

— Cara, eu tenho uma simulação para hoje. Eu posso mandar Kaminari ou Sero no meu lugar.

— Eu não quero atrapalhar. Assim que puder me ligue.

É claro que Katsuki não poderia se colocar acima do trabalho de um super-herói. Sempre foi categórico sobre isso, o trabalho era mais importante, e respeitava muito os amigos para não atrapalhar o desempenho deles.

Sendo assim, ele teria que se contentar com a ajuda do assistente. Falando nisso, encontrou o garoto na sala, com o tablete na mão e a mochila nas costas, ao lado de Kimi.

— Estamos esperando para ir para escola. — Haru disse.

Bakugo ainda estava de calça moletom e uma camisa preta. Os cabelos bagunçado e o rosto ainda com cara de quem havia acabado de acordar. Notou que Kimi estava evitando falar, ela abaixou a cabeça e virou, ficando um passo atrás de Haru.

Midoriya apareceu na sala, vestindo calça jeans e camisa. Ele começou a dobrar as mangas, ajeitando o cabelo com uma mão, enquanto enfiava o celular no bolso e colocava óculos escuro.

— Eu vou levar vocês para a escola. — Deku falou, sem dar bom dia ou olhar na cara de Katsuki.

Bakugo ficou sozinho no apartamento. Depois de tomar um café e comer, ele retornou para a pesquisa anterior no computador.

Os documentos eram bem completos, mas não havia quase nada para ele começar a investigar. Era como se tudo tivesse sido bem organizado, todas as pistas haviam sido avaliadas e sem nenhum sinal para prosseguir. Talvez tenha sido por isso que eles encerraram o caso. Sem suspeitos, sem novas pistas, e sem ideia do que fazer agora.

Bakugo foi até seu quarto de casal. Ele entrou no closet, não sabia o que procurava, mas estava vendo tudo com detalhes, que sempre contava alguma história. O lugar feito com marcenaria sob medida era iluminado por um jogo de luzes do teto e de dentro dos nichos dos armários embutidos. Cada lado do closet tinha uma variação de estilo, e estava claro qual era o dele, já que do outro lado estava um casaco que viu Midoriya usar.

Bakugo abriu uma gaveta, encontrando várias gravatas, outra gaveta com o meias, uma gaveta com acessório; abotoadura, Broches, brincos, anéis, relógios de várias marcas importadas. As prateleiras bem arrumadas com as camisetas, a calças, blazers e paletós divididos por tamanho e cores. Uma infinidade de calças e sapatos de diversas marcas.

Eles eram um casal bem sucedido. Ricos, invejados pela mídia, pareciam ter uma vida perfeita. Como em um conto de fadas. Só que era aí que estava o problema.

Aquela cobertura, os carros caros, um anel de diamante. Ele estava querendo compensar alguma coisa?

Katsuki deu uma risada atrevida. Balançou a cabeça, voltando a pensar seriamente. O que faria um casal tão bem sucedido ter problemas? Quem ele poderia julgar, não é mesmo?

— O que faz aqui? — Izuku perguntou, entrando no closet. — Precisa de alguma coisa?

— Isso aqui não é meu também? — Bakugo não queria ter sido tão idiota, mas já era tarde.

— Claro, fique à vontade no seu closet. — Ele se virou e saiu.

Bakugo crispou os lábios, dessa vez não deixou Izuku ir embora sem conversar. Ele o alcançou na sala.

— Vai sair? — Bakugo perguntou, era estúpido porque não sabia começar esse tipo de conversa. Ele se aproximou, na sala, olhando Izuku mexer no celular, erguendo depois a cabeça para responder.

— Preciso trabalhar. — Midoriya respondeu. Mas se ele precisava trabalhar, então poderia ter ido direto da escola de Kimi para o trabalho. Então, se ele voltou para casa, com certeza era para vê-lo. Katsuki desabrochou um sorriso, ele nem sabia de onde veio isso, mas sorriu.

— Espera. — Bakugo ergueu a mão e depois a recolheu. — Eu quero conversar.

Izuku pousou a mão na cintura, enquanto a outra ele levou ao cabelo, jogando-o a mecha esverdeada para trás. O óculo estava pendurado na camisa, e ele tinha aquele ar indiferente, mas seus olhos verdes não negavam a atenção.

— Ah, agora quer conversar? Você é mesmo incrível, não é? — Depois do deboche e de caminhar de volta para perto do sofá, Izuku se sentou. — Eu tenho uma reunião, então vá direto ao ponto.

Bakugo pressionou os lábios, desde quando Deku era assim tão...

— Esquece, eu vou me arrumar e nós vamos para a agência. — Disse, virando-se para ir até o closet. Ele não esperava que Midoriya viesse atrás, e preocupado com ele, desconstruindo a pose de indiferença.

— Tem certeza? Você ainda tem mais dois dias de atestado, foram sete dias que o médico deu. Precisa descansar. — A voz dele já não era assim tão séria, como Katsuki ouviu alguns minutos atrás. Ele continuou andando até o closet e parou na porta, observando Katsuki procurar uma roupa para vestir. — O que está fazendo?

Bakugo segurava uma camiseta preta, quando ouviu a pergunta.

— Me arrumando? — Katsuki percebeu que deveria estar fazendo algo atípico da sua idade de trinta e oito anos. Dessa forma, colocou a camiseta de volta no lugar e olhou as camisas sociais, não sabia escolher esse tipo de roupa. Izuku vestia uma calça jeans, por que ele também não poderia?

— Você quer ajuda?

— Pode ser. — Ele disse, movendo a mão como se aquilo não fosse importante. Izuku rapidamente pegou uma camisa azul clara com listras discretas, uma calça chino, de algodão escuro, entregando para ele. Por último, tirou um blazer do cabide e disse que era seu favorito. E depois disso, Midoriya ficou lá, parado, esperando-o se arrumar.

Bakugo revirou os olhos e colocou as roupas em cima do récamier retangular de veludo que ficava no centro do closet. Ele tirou a roupa e se vestiu, sem olhar para Izuku. Assim que terminou de colocar o blazer, virou-se e viu Midoriya escolhendo um relógio na gaveta. Havia vários ali.

— Você vai querer um com pulseira de aço ou couro?

— Qualquer um. — Bakugo respondeu, movendo os ombros. O blazer ajustado era um pouco desconfortável nos ombros, sua versão do futuro gostava mesmo de roupas mais apertadas. Ele pegou o relógio de pulseira de aço e colocou no pulso, só faltava o sapato. Sentou-se naquele sofá quadrado e calçou o primeiro que pegou, um preto, com cadarço fino. — Mais alguma coisa?

Izuku estava estranhamente silencioso, ele deu alguns passos e pousou as mãos sobre o peito de Katsuki, esfregando a ponta dos dedos sobre o tecido do blazer. Naquela curta distância entre seus rostos, Bakugo podia ver com mais atenção os olhos verdes de Deku, suas sardas em seu rosto e o pequeno sorriso nos lábios dele.

Os dois ficaram assim, se encarando por um momento. Como se Deku estivesse esperando por algo. A expressão seguinte deixou claro que ele esperava intimidade.

— Vamos. — Izuku falou, sério, mudando sua atitude. Virou-se parecendo irritado, saindo do closet.


Notas Finais


Alô, Bakugo? Seu marido estava esperando vc dar um beijo nele HUAHUHUAUHA
Gostaram?


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