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História Stalker - Esperança


Escrita por: T0ki

Notas do Autor


Quero agradecer todo mundo que comentou, e seguiu essa fic. Escrevi Stalker em 2014, terminei em 2015, desde então, ela passou por uma pequeno processo de atualização. Onde melhorei algumas coisas na história, já que ela foi a segunda fanfic que eu escrevi. Graças a ela, fui capaz de escrever outras, e a cada dia venho aprendendo mais. Aviso que terá um extra, apesar desse ser o capítulo final. E em breve trago a sequência da série, EGOIST- O que é meu não compartilho. Ela a fic q substitui Stalker, com o mesmo tema perseguição, porém novos personagens, espero que gostem tanto quanto eu tenho gostado de escrevê-la. Obrigado.

Capítulo 50 - Esperança


Três meses se passaram depois daquele fatídico dia no apartamento de Ian. Esse havia sido liberado após ficar três semanas hospitalizado, seus pais o impediram de voltar para o seu apartamento, sendo obrigado a ficar hospedado em um dos hotéis da família.  Seus pais temiam que alguma especie de represália dos capangas de Natally  acontecesse, eles  ainda não haviam sido presos.  Possivelmente fugiram ao perceber que a chefe deles havia sido desmascarada e estava em maus lençóis. Sumiram sem deixarem rastros.  Mas Ian não queria passar o resto dos seus dias em uma suite de luxo em um hotel, ele gostava do apartamento dele, ainda mais, queria estar próximo a Mio, que vinha o evitando.

Depois que ele recebeu alta e foi liberado, Mio simplesmente voltou para a casa de amiga, e só mantinha contato com a família, para saber do progresso dos irmãos, que receberam ajuda de Rafael e de seus pais para se recuperarem do ataque sofrido por Natally. Ian pensou que as coisas ficariam mais fáceis depois de resolver seu problema com a Natally, porém, continuavam complicadas. 

Mesmo depois de conversar novamente sobre seus sentimentos com sua família, Mio não tentou procurar Ian. Isso porque ele resolvia seus próprios problemas ao poucos, e um deles era manter uma relação saudável com sua mão e irmãos.  Eles, mesmo não concordando com o modo de vida que o filho escolheu, entenderam que nada adiantaria evitar o inevitável. Mio nasceu gay, não seria a proibição deles que mudariam isso, e muito menos, fazeria ele deixar de ser o filho mais paparicado da casa.  O problema maior era que seus familiares não queriam aceitar Ian como parente. Achavam que ele era um poço de problemas, e que faria Mio sofrer. Desconfiavam que Natally talvez não fosse o seu único problema. Como confiar que um cara que rodou quase o mundo todo, não arranjou outras situações desagradáveis? Mio entendia a preocupação, mas confiava na palavra de Ian que Natally era o único empecilho na vida deles. 

 Ainda morando na casa de Anabella, ele tentava se distrair dos pensamentos confusos que o afligiam. 
            — Por quanto mais tempo você pretende levar torturando Ian? Pior, se torturando também. — perguntou sua amiga, sentando do lado dele no sofá, onde ele olhava uma revista falando da empresa de Ian e Rafael, com os dois na capa.  

— Eu acho  melhor você se preocupar com sua situação que é pior que a minha, Anabella. Já que anda saindo com meu irmão Hayato e com o Rafael ao mesmo tempo. Não deveria brincar com os sentimentos das pessoas. — respondeu ele, fechando a revista e jogando na mesa de centro.

       — Eu não estou tecnicamente saindo com eles, é mais como uma pesquisa de potencial. Eles são excelentes homens, mas eu estou à procura de alguém para algo mais sério, e preciso analisar muito bem as opções para não decidir nada errado. Estamos falando do meu futuro, baby! 

— Sua "pesquisa" já dura dois meses, Ana! 

— Ah! É que eu sou indecisa. Tipo, o Rafael é um negro lindo, rico e inteligente. Saber que um homem que só pegava modelos, tem interesse em uma gordinha sexy como eu, eleva meu ego. Porém, exatamente por ele viver uma vida de playboy, fico preocupada se ele realmente é alguém que devo esperar alguma coisa para o futuro. O máximo que vejo ele me oferecendo são chapéis, tiaras e chifres. Já seu irmão, apesar de ser meio ríspido com as palavas, ele é bem família, sem contar que tem experiência em cuidar de uma, o seu maior problema é que adora mandar, e que as pessoas façam as coisas exatamente como ele quer, adoro mostrar para ele que isso não cola comigo, e o jeito que ele fica bem calminho ao meu lado, é realmente fofo. Sem contar o complexo de irmão dele, não estou interessada em passar minha vida ouvindo ele falando sobre você e o Nan, porque é o que ele faz ! Parece aqueles pais corujas chatos. 

— Está se queixando demais para alguém que choramingava pelos cantos dizendo que ninguém se interessava  pelos seus dotes, agora tem dois bons partidos e fica brincando com eles, no fim, se eles ficarem estressados com isso, acabará sem nenhum.  — avisou ele pegando o celular e olhando os contatos.

— Não fale de mim, que você não está em posição de me dá sermões. Fica segurando o dia todo esse celular na mão, e não atende nenhuma ligação de Ian. Muito menos responde suas mensagens.

— Eu preciso consertar minha vida primeiro, para resolver meus problemas com ele.  Tenho uma pendência com o Kame, nunca resolvermos nossos problemas, e eu quero arrumar isso. Apesar de ele ter errado muito comigo, eu sei que ele é uma boa pessoa, e tem sentimentos bons por mim. Quero manter nossa amizade porque ele foi muito importante em uma fase que eu precisei de uma mão amiga. 

        — Uma boa pessoa não estupra seu companheiro. — queixou-se ela.

— Não foi bem um estupro, já que eu o deixei fazer isso. Tenho minha culpa e não nego. Além de tudo, ele se arrependeu, devemos perdoar as pessoas, para sermos perdoados um dia.

        — Tudo bem santa madre de Calcutá! Mas ainda acho um absurdo você querer falar com o Kame antes de falar com Ian. Quem você  gosta deveria ter uma prioridade, não? Por acaso está deixando ele por último em seus planos devido o que Rafael nos contou sobre a Natally?

     Mio levantou do sofá e foi para a janela, dando as costas para amiga. Ele não queria tocar naquele assunto, era complicado para ele. Depois de Natally ser presa, o pai dela fez de tudo para não permitir que ela fosse para uma prisão comum, para salvá-la desse destino, tentaram provar que ela sofria de problemas mentais, para ser internada em um sanatório particular. Conseguiram provar que ela não estava em seu juízo perfeito, afastando ela da prisão por insanidade. A família de Ian não ficou contente com isso, queria que ela sofresse pelos seus atos em uma prisão comum. Como uma criminosa que era. Mas, era difícil convencer o Júri do contrário, logo depois de ter esfaqueado Ian, e ter sido trancada no banheiro do apartamento até a chegada da polícia, Natally simplesmente esqueceu do que havia feito. Regrediu as alucinações que ela e Ian estavam noivos, e que ele estava em uma viagem a trabalho. Nos exames que ela fez antes de ser internada, a pior notícia foi recebida, Natally estava grávida fazia mais de quatro meses! Como sua barriga não ficou muito saliente, e ela sempre disfarçava os enjoos, ninguém havia notado.

Essa nova provação estava sendo muito difícil para Mio lidar,  não gostava da ideia de que Ian estaria preso a ela pelo resto da vida por causa de um filho. A primeira coisa que veio em sua mente foi o comentário do pai de Ian quando esse ainda estava no hospital, lamentando que no relacionamento deles, ele não poderia ter um neto. Anabella chegou a interceder dizendo que ambos poderiam adotar, mas Mio entendia muito bem que ele queria um neto do próprio sangue. Acreditava que mesmo a situação não sendo a das melhores, os pais de Ian deveriam estar felizes com seu sonho sendo realizado. Isso meio que o magoava.

— Você não está pensando que essa criança será mais uma barreira para enfrentarem, não é? — perguntou Anabella se aproximando dele, e passando o braço em seu ombro. — Veja pelo lado positivo da coisa, vocês serão uma família completa, papai, mamãe e filhinho. — brincou ela.

— Eu não serei a mãe de ninguém, essa criança tem mãe, tem pai, avós. Eu serei apenas um estranho assumindo um lugar que não é meu. — respondeu ele.
        — Para com isso, Mio! Essa criança não pode chamar aquela mulher de mãe! Ela é louca, nenhum juiz deixará ele tomar conta do filho. Sem contar que a existência dela, é um pouco culpa sua também. Foi por raiva e imaturidade de Ian, por você ter transado com Kame, que ele resolveu fazer o mesmo com a Natally, mas diferente de você, ela engravida. Sabemos que ele errou  muito feio, que foi imprudente em não usar pelo menos camisinha. Mas, como você mesmo disse, todo mundo merece ser perdoado. Se o ama, e sabe que ele também, não deixe que uma besteira como essa estrague o amor lindo de vocês dois. 

Ele nada comentou, mas ficou refletindo nas palavras da amiga. Ele nunca odiou a criança, somente se sentia mal por ele ser filho de Natally e um erro de Ian. Por não ser capaz de gerar uma criança para deixar a família de Ian feliz, por Natally ser aquela que apesar de tudo, foi quem deu a eles o maior presente. Um herdeiro para família Rolf.  Entendia que a criança não tinha culpa pelos erros de seus pais, e apoiava que Ian deveria se responsabilizar pelos cuidados e educação desse ser que ele gerou.  Mesmo que ele significasse, coisas que queriam esquecer.

— Mio, eu nem deveria te contar isso, mas acho que deveria saber. Ian não quer essa criança, e está disposto a deixar que a família de Natally tenha a guarda total dela. Pense que terrível isso será? Se eles se mantiveram cegos para o comportamento da filha, ajudando ela a fazer o que bem entendesse, que tipo de criação você acha que o neto terá? É possível que tenhamos uma nova Natally versão mirim!

— Ian não pode deixar que os pais de Natally façam isso! Ele tem que cuidar do filho dele, ser responsável pela vida que criou— falou chateado.

   — Ele ver somente a Natally nessa criança, acha que é o causador da separação de vocês de novo. Você o afastando e ignorando, só faz a situação parecer ainda mais verdeira. Fica difícil gostar do filho desse jeito não é? 

— Ele deveria dar mais valor ao sangue dele, não a mim.

— Concordo, mas ele te ama, e essa criança não é fruto de um amor verdadeiro, e sim de uma vingança. Ela foi gerada pelo ódio, Mio. Imagino como deve estar sendo difícil para ele lidar com esses pensamentos, tentar enxergar um ser inocente, e não o monstro que era a mãe. Você é o único que pode ajudá-lo nesse momento. Apoiando ele, ajudando ele criar uma criança. Vocês podem se tornar um família, e evitar que esse bebê tenha o mesmo futuro que a mãe. 

— As vezes te odeio, você me faz me sentir culpado por coisas que não tenho culpa. Você é um monstro, Anabella. — brincou ele, indo até o sofá e pegando o telefone.

— Vai ligar para ele? — Perguntou animada.

Mio nada respondeu, discou um número e esperou que alguém atendesse.

— Olá, Kame... Sim, sou eu. Você está disponível para conversamos hoje?...Que bom... Não, não precisa, eu irei de ônibus mesmo. Poderia me encontrar na lanchonete que fica em frente ao curso? Sim, essa mesmo. Então te encontro lá, duas da tarde. Até mais.— respondeu desligando.

— Eu pensei que tivesse te ajudado a ir consertar as coisas com Ian.

— Fique calma, eu sei o que estou fazendo.

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Kame estava sentado esperando Mio pontualmente, aguardava ele em uma mesa mas afastada das pessoas, mesmo assim ele se destacava no meio delas pela sua beleza exuberante, fazendo elas se questionarem, se não seria uma celebridade internacional. Algumas garotas chegavam a tirar fotos escondidas dele. Mio o avistou facilmente, assim que chegou, percebeu que seu semblante não combinava muito com sua beleza, ele parecia cansado e preocupado.  Quando avistou Mio se aproximando, como em um passe de mágica, a vida voltou para seu rosto, levantando-se para cumprimentá-lo.

— Boa tarde, Kame. Obrigado por vir. — disse Mio sentando-se depois de ser abraçado fortemente pelo o outro. 

As pessoas olhavam para eles com curiosidade, e Mio estava começando a se arrepender de ter combinado o encontro naquele lugar. Porém, sua decisão fora estratégica. Não queria que Kame o obrigasse a fazer nada que não quisesse, como forçá-lo com um  beijo ou algo do tipo. As pessoas ao seu redor, te serviriam de proteção. Mesmo sentindo um forte amor pela amizade do amigo, Mio sabia que ele tinha pequenos deslizes de carácter.

           — Fiquei tão feliz com seu convite. Faz tanto tempo que nós não mantemos contato.

          — Sim, eu estava devendo isso. Desculpe pelo tempo que demorei para me decidir.

          — Bom, prefiro não falar sobre o passado. — disse ele desviando o assunto, e pegando o menu na mesa e dando uma passada de olho bem breve — Hoje temos uma vida diferente, mais maturidade do que ontem. Você finalmente está livre do que te perseguia e pode viver sua vida em paz. — fechou o cardápio e voltou sua atenção para Mio, segurando suas mãos em cima da mesa — Espero que tenha percebido que ao meu lado será muito mais feliz, pois não terá nada a temer.

Mio deu um sorriso irônico com aquele comentário.

— Nada a temer com você, Kame? Você vem me dizer isso esquecendo completamente que já me obrigou a fazer sexo com você, e marcou todo o meu corpo com chupões somente para provocar Ian, sem pensar nos meus sentimentos? 

— Isso... — tentou ele se defender, mas evidentemente sem graça — Isso foi um erro, eu sei e lamento muito por isso ter acontecido. Eu estava cego de raiva e ciúmes. Isso nunca mais voltará acontecer. — prometeu, segurando firmemente aos mãos de Mio, que as puxou para perto de si, desfazendo o contato.

          — Kame, eu acredito que você é um bom homem, protetor e amoroso. Por causa disso eu tentei muito não te considerar somente um amigo, e te amar da forma que me amava. Porém, Ian é o meu único amor verdadeiro, e por mais esforços que eu faça, ninguém é capaz de substituir ele em minha vida e coração. Tudo que eu e ele passamos nesses anos, só tornou o que sentimos um pelo outro ainda mais forte. Isso é tão obvio, que você deveria ter percebido. Cada problema que surgia, mas forte eu me tornava, maior ficava o meu sentimento. — Mio respirou fundo, e encolheu as mãos no colo — Eu te chamei aqui, por gosto realmente de você, mas como um bom amigo que me apoiou em momentos difíceis da minha vida e me ensinou muita coisa. Não quero perder essa amizade que temos. Gostaria muito de continuar sendo o seu amigo.

— Mio... Mio por que tem tanta dificuldade de entender que o que sente por esse Ian, não é amor? Você apenas se agarrou nesse ilusão de primeiro amor e não consegue se livrar dela. Entendo que graças a ele, você começou a dar seus primeiros passos, mas deixe de confundir as coisas.

— É você que está confundindo as coisas, Kame. Ou está evitando enxergar o que está bem na sua frente. Eu conheci muitas pessoas novas e de bom coração nesse tempo que passei longe de casa, no curso, no trabalho. Pessoas como você, e nem por isso meus sentimentos por ele mudaram. Se eu me focar nessa sua lógica, isso não significa que você se enquadra nessa mesma situação? Você me ver como a única pessoa capaz de amar, quando isso não é verdade. Eu só fui a chave para abrir seu coração, você deve aproveitar agora que a porta está aberta e deixar outra pessoa entrar.


       — Não, é diferente! — tentava ele, dessa vez foi Mio que repousou suas mãos em cima das dele.

— Kame, por favor amigo. Acorde! Eu quero que você seja feliz da mesma maneira que eu serei. Eu te quero por perto, mas se isso é algo que vai prejudicar seu avanço em entender a si mesmo, prefiro que nos mantenhamos distantes até você perceber que não sou o que achava ser  em sua vida. Encontre alguém que possa retornar seus sentimentos. 

— E se eu não quiser lutar, nem perceber nada? Você irá me abandonar? — perguntou segurando  a mão de Mio, trazendo uma delas para perto de sua boca e beijando. 

Mio puxou de volta sua mão, sorriu e levantou-se da cadeira.

           — Infelizmente, será você quem estará me abandonado. Pois a decisão de permanecer no erro, é sua, não minha. Entendo como se sente, porque tenho alguém por quem sinto esse enorme desejo de estar perto. E é para esse alguém que estou indo agora. Eu te desejo sinceramente, que possa superar isso e ser feliz, Kame. Adeus. 


Mio saiu do local sem olhar para trás, mas ele sabia que havia deixado Kame muito mal, exatamente por isso, ele não queria ver essa cena.
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Ian não conseguia dormir direito sem ajuda de remédios para isso, quando ele achava que as coisas iriam começar a se resolver, mas problemas surgiam.  Não conseguia sentir felicidade em descobrir que seria pai, por conta do pior erro de sua vida. Agora era obrigado a ver a felicidade de seus pais, e a insistência deles de que ele deveria lutar pela guarda da criança. Ele não queria saber dessa criança, ela era a responsável por Mio não querer mais vê-lo. Ele não atendia nem retornava suas ligações e muito menos respondia as suas mensagens. Estava evitando ele fazia três meses e aquilo estava acabando com ele! Chegou a desejar que Natally tivesse um aborto espontâneo, e que essa criança nunca nascesse. Sabia que isso era um pensamento maldoso, mas, estava muito chateado para poder pensar positivamente sobre esse assunto.

Sozinho em seu apartamento, era ele agora que vigiava  o prédio em frente ao seu, chegando ao extremo de comprar um telescópio para ver mais longe. Infelizmente, nenhum sinal da volta de Mio para casa. Ele ainda se mantinha como hospede na casa da amiga. Quando a campainha da porta tocou, nem de longe ele poderia imaginar que fosse Mio em sua porta.

— Você... — foi o máximo que conseguiu dizer de tão surpreso.

— Oi, Ian, faz tempo que não nos falamos. — disse Mio.

— Por favor, entre. — disse dando espaço para o outro passar.
 Mio entrou, olhando a nova decoração do apartamento. Ian havia remodelado toda a casa, tirou todos os moveis antigos e comprados por Natally, estava um ambiente bem diferente do que espiava do seu quarto. Apesar de tudo parecer  novo para ele, sentiu que o local estava mais confortável. Porém, notou que não havia nenhum espaço reservado para a chegada de uma criança.

— Devo ficar com medo da sua visita? Finalmente me dirá o que não tem coragem de dizer no telefone? — perguntou Ian, ficando de pé com os braços cruzados. Mio notou que seu corpo voltou a ser como era antes, quando se conheceram. Ian estava mais forte, bonito, esbanjando novamente saúde. Seu peito disparava de nervoso. 

         — O que espera que eu diga? — perguntou sentando no sofá.

— Que pensou bem, e percebeu que está apaixonado pelo seu ex-namorado, atual, sei lá. E veio aqui somente esclarecer as coisas comigo.

Mio abaixou a cabeça, tentando evitar não ri da cena infantil de Ian, principalmente que ele parecia Kame falando à pouco.

— Me diga... — começou Ian — Sua decisão é por causa da criança que vai nascer? — perguntou Ian de repente.

 — Você quis dizer, por causa do seu filho? — corrigiu Mio.

— Não é como o considero. 

— Mas deveria considerar! É triste ver um pai negando o próprio filho dessa forma Ian, por erros que ele não cometeu! Se você resolveu transar com a Natally por pura vingança, sem camisinha, a culpa é sua, não dele! Ele não merece ser tratado como um criminoso no lugar da mãe dele, ele é um ser inocente que merece amor, para superar uma mãe que ele nunca irá ter. — reclamou revoltado.

— Eu sei que ele não tem culpa, mas ele vem da Natally! E nada que vem dela pode ser bom. — insistia Ian.

Mio se levantou e foi até ele, segurando firme seu rosto, para que olhasse em seus olhos enquanto falava. 

— Então ame a parte dele que vem de você. 

— E você voltará me amar se eu consegui amá-lo? 

— Não me faça de motivo para aceitar a sua responsabilidade. — disse se afastando, mas Ian segurou sua mão, fazendo ficar por perto —No inicio, confesso que senti muito raiva, mas não dele, de você. Querendo ou não, esse filho me faz lembrar de como ele foi concebido, e esse é  um dos meus piores pesadelos, só perde para o momento que você foi esfaqueado e meus irmãos no hospital. Mas, eu refletir, ele é um pouco de você também, o que vem de Ian não pode ser ruim, não é? — brincou ele com a mesma frase — Então, porque não pensa nisso, dê uma vida diferente para essa criança, não deixe que os avós dela acabe criando outro psicopata. Não seja responsável dessa vez, por outra pessoa ser alvo de maus-tratos por um humano que não foi ensinado à respeitar o não das pessoas.

— Eu sinto que só conseguirei fazer isso, se você estiver do meu lado, me ajudando a ser um bom pai para ele. Você sabe que eu me arrependo muito pelo que fiz, fui infantil, irresponsável, imprudente e qualquer adjetivo no mundo que defina minha situação, então você entende como é difícil para mim trazer essa criança para minha casa e tratá-la como se não fosse a causa de me afastar de você, assim como a mãe dele o fez. Mio, eu preciso muito de você, mas também não quero que fique ao meu lado por pena, quero que volte para mim por ainda sentir que podemos ser felizes juntos, com ou sem essa criança.
 

— Não vim aqui para te fazer ter simpatia pelo seu próprio  filho, na verdade, eu queria te ver. Estou cansado de lutar contra os meus sentimentos, acho que depois de tudo que passamos, não é uma criança inocente que vai mudar o que sinto. — ele se aproximou de Ian, e segurou sua nuca, os lábios de ambos estavam bem próximos, chegando a roçarem. Um olhava para o outro — Eu te amo tanto, Ian. É um amor grande demais para ficar somente para mim, não me importo de dividi-lo com um pedacinho seu. 

Ian apertou mais ainda seu corpo no dele e respondeu ao comentário de Mio:

— Não me faça pensar que meu filho será o meu novo rival para ter sua atenção.

— Você é tão idiota, Ian. — disse, antes de se beijarem.

Não demorou muito para eles removerem a roupa um do outro, e jogá-las pela casa, sem se preocuparem com a janela aberta. Ian levou Mio para a mesa da sua mais nova cozinha improvisada, e o deitou no vidro, beijou e mordiscou todo o corpo esguio dele, descendo para o seu pênis rosado e ereto que pulsava com seus toques. Ian colocou ele em sua boca e começou a chupá-lo com Mio segurando os gemidos e mordendo a mão que cobria sua boca. Seus joelhos flexionados, escondia Ian entre suas pernas, esse ia mais longe com sua boca, levando ela para o íntimo de Mio, lambendo e umedecendo para sua entrada que não demorou muito. O possuiu, puxando Mio para a sua cintura, ficando grudados  um no outro, beijando-se e sentindo prazer por estarem novamente juntos. Entre gemidos, e caricias, Mio gemia ao pé do ouvido de Ian, dizendo que o amava, e esse retornando o mesmo amor. Quando finalmente supriram um pouco da necessidade do corpo um do outro, mantiveram-se ainda agarrados e nus.
         — Mio, você sabe que te amo incondicionalmente, não é? — perguntou ele, beijando o pescoço do outro.

— Eu também  te amo incondicionalmente, Ian. 

— Se nós amamos tanto, então você aceitaria casar comigo? Quero te dar meu sobrenome, quero que todos saibam que você é meu único amor. 

— Mas, Ian. Somos homens... Não é como um casal hétero. 

—  Não tenho nenhum dúvida de que sejas homem — disse brincando passando a mão no pênis dele — Mas já foii liberado a união de pessoas do mesmo sexo, quero que seja o responsável pelas decisões ou qualquer coisa que eu não possa resolver, seja por problemas de saúde, ou por não está presente, por ser meu marido você terá todos os direitos perante a lei. Também, porque quero que use uma aliança em seu dedo, e que ninguém mecha com você porque sou um marido extremamente ciumento.

 Mio começou a ri, e abraçando mais forte ainda ele, respondendo:

— Será maravilhoso  andar com uma aliança no dedo  e dizer que meu marido é ciumento.
      Ian pegou ele no colo, e levou para sua grande cama de casal, para começar as comemorações de noivado.

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A ligação no meio da noite pegou todos de  surpresa. Mio e Ian correram desesperados, catando tudo que deveriam levar para o hospital. A malinha do bebé estava pronta, aguardando esse momento.

 — Ian, você está muito nervoso para dirigir, prefiro chamar um táxi. 

— Não, vai demorar muito! Eu posso dirigir normalmente, vamos! Não quero chegar depois dos pais dela.

Eram quatro da manhã, a clínica onde Natally estava internada ligou informando que ela havia entrado em trabalho de parto, e tentou suicídio para não ter  a criança. Seu estado de saúde era delicado, assim como o do seu filho. Ela estava gravida de oito meses e meio, os pais dela não voltaram para Itália desde então, brigando com Ian na justiça pela guarda da criança. Mio e Ian se casaram no meio do ano, em uma cerimônia fechada e íntima, onde a família dos dois participaram, isso ajudou para convencer na justiça que o ambiente em que viviam era saudável para uma criança, diferente do que os avós estavam dispostos a oferecer. Ressaltando que eles haviam falhado na criação da filha, e mesmo depois de ser exposto todos os crimes que a filha cometeu, eles continuavam  a negar as ações dela.  A justiça acabou optando por dar a guarda da criança para o pai. E eles não aceitaram essa decisão, sempre tentando recorrer.

Infelizmente, quando chegaram ao hospital, eles já estavam lá.

— Minha filha está sofrendo por sua causa, ela tentou novamente se matar! — gritou o pai dela para Ian, que chegou de mãos dadas com Mio. 

— Gostaria de saber quando irá assumir os problemas de sua família, ao invés de tentar jogá-los em cima das vitimas de sua filha. Eu já perdi a conta de quantas vezes fui parar no hospital por conta de Natally, inclusive com risco de morte duas vezes. Mas, é claro, você prefere ignorar isso. Agora, se ela tenta se matar por livre e espontânea vontade, sem nem ter minha presença por perto, eu  que sou o culpado?

— Ian, não dê bola para os comentários dele, estamos em um hospital. — disse Mio, tentando amenizar as coisas e puxando Ian para o outro lado da sala.

— E você sua bicha ridícula, cale sua boca! — gritou o homem, sendo puxado pela esposa.

Ian iria partir para cima dele, porém Mio usou toda sua força para impedi-lo de atacá-lo.

— Já disse, não dê bola. Ele está querendo te provocar para que faça uma besteira e ele possa ter a guarda da criança! Não caia nessa! Não ligo para nada do que ele fala. — pediu Mio, conseguindo acalmar Ian, que foi para um lado bem distante deles.

Depois de duas horas de espera, os médicos finalmente apareceram para contar como foi o parto.

— Boa noite, lamento informar que tentamos tudo que era possível para salvá-la, mas ela veio a falecer. No entanto, a criança sobreviveu mais precisará ficar em tempo na incubadora neonatal da UTI. 

Os pais de Natally começaram a chorar abraçados um no outro, a mãe dela chegou a desmair sendo preciso hospitaliza-la também. Ficou somente, Ian e Mio no corredor.

— Me sinto triste por eles, independente que a filha não era uma boa pessoa, foi alguém que eles criaram com muito amor por todos esses anos. Além de ter que encarar que ela não era uma pessoa normal... Ela falece, é muito triste Ian. — disse abraçando o marido, e escondendo a cabeça em seu peitoral.

— Você realmente tem um enorme coração, Mio. Queria sentir o pesar que está sentindo nesse momento. Infelizmente, não sou bom o suficiente para dizer que não me sinto aliviado em saber que ela nunca mais me causará nenhum problema.

Na falta dos pais, Ian foi o responsável pelos tramites com o corpo de Natally, que não estavam em condições de tomar nenhuma decisão. Mio passou boa parte do tempo, esperando ele de frente para o berçário neonatal, olhando a pequena menina que nasceu. Com a testa encostada no vidro, orava  para que ela sobrevivesse, ela seria o perdão pelos pecados de Natally. Limparia toda magoa, e dor que a mãe causou. Mio iria dar muito amor e carinho para  ela. Ian se aproximou dele, o abraçando por trás.

— Qual nome você dará para ela?

— Você é o pai, você que tem que decidir o nome da sua filha. 

— Você é o pai dela também, ou seria a mamãe? — perguntou beijando o rosto dele. — Por favor, escolha um nome para ela, seria um lindo presente para esse pai de primeira viagem.

— Tudo bem... — Mio ficou pensando enquanto olhava a pequena dormindo e finalmente de decidiu — Hope! Ela se chamará Hope.

— Esperança?

— Sim, eu creio que é isso que ela veio nos trazer, a esperança de que podemos reverter o passado e fazer um novo final. Não concorda? 

— Verdade. Hope... Gostei desse nome.

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Um linda e pequena menina, loira e dos olhos azuis corria pela sala, feliz pela grande boneca de pano que havia ganhado da sua tia Anabella. Mio pedia para ela não ficar correndo pela sala, para que não caísse ou derrubasse algo no chão. Mas ela estava muito eufórica para ouvi-lo. Só veio parar quando Ian a pegou no meio do caminho, levantando ela e colocando sentada em seus ombros.

— Não escutou seu pai? Vai acabar caindo. 

— Desculpe, papai. — disse ela.

Os primeiros meses de vida de Hope foram um pouco conturbados, na falta de uma mãe, Mio e Ian dependeram de leite materno doado em hospitais por mães em amamentação.  Mio e Hope se tornaram muito grudados um com o outro, ele adorava a menina e a tinha como sua filha. Depois de assumir a responsabilidade junto a Ian de cuidar e educar a garota, sua família deu total apoio, se oferecendo para ajudá-lo. Sua melhor amiga, Anabella, optou por seguir o romance com Rafael, no qual acabou casando um ano depois de assumirem relacionamento. Hoje os dois tinha o pequeno Lorenzo, de apenas dois anos, futuro melhor amigo da Hope, que vive atrás dele, como uma segunda mãe. Todos os familiares estavam reunidos para a festa de aniversário de três anos da Hope, os únicos não convidados foram os avós de parte de mãe, que Ian permitia visitas com acompanhamento. Ela iria passar o dia seguinte com eles, o problema era que Hope sempre quer levar Mio junto, que sempre nega os pedidos. Mesmo que as brigas houvessem cessado, Mio sabia que eles não os via com bons olhos, e evitava qualquer situação que pudesse causar estresse.

Quanto mais Hope crescia, mais parecida com a mãe ela ficava, tinha claro alguns traços do pai, como nariz e boca, porém todo resto eram carateristas da Natally.

— Devo achar que a Natally está rindo em seu tumulo agora, por a Hope ser tão parecida com ela quando nos conhecemos?— perguntou Ian se aproximando de Mio.

— Aposto que está  é morrendo de raiva, que a Hope me tem como a mãe dela e que somos muito felizes juntos. — disse Mio abraçando ele, assim que viu os pais abraçados, Hope correu para perto deles, pedindo para ser abraçada por eles também.

— Não tá na hora de assoprar a velinha?

— Vamos, vamos! — disse ela agarrada no pescoço de Mio.

— Hey, Hope! O que vai pedir antes de assoprar a velinha? — perguntou Anabella.

— Eu quero que o papai Mio fique com a Hope para sempre.

— E eu? — perguntou Ian fazendo bico.

— Você também, papai! 

— Mas você só falou do Mio... 

— É porque eu vou me casar com o papai Mio quando eu ficar grande. — disse ela inocentemente. 

Todos olharam para eles rindo da situação.

— Ian, sua luta ainda não acabou, meu chapa! — disse Rafael brincando.

— Tal mãe, tal filha.— ironizou ele.

—  Ela nem sabe o que isso significa, vem Hope — disse Mio carregando ela, e enchendo de beijos — Eu, você  e o papai Ian ficaremos juntos para sempre, não é?

— Simm! — disse ela feliz, puxando Ian para um abraço em trio. — E o tio Rafael, a tia Ana, o Lorenzo, a vovó um, a vovó dois, o vovô, o tio Hayato, oi  tio Nan....

— Entendemos, todo mundo que você conhece, ficarão com você para sempre. — disse Ian rindo, logo levando todo mundo a rir também.

                                                                             FIM.



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