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História STIGMA - taekook - - Temptation


Escrita por: skyemoonboo

Notas do Autor


Oieeeeeeeeee!
Gente do céu, pensa numa att que demorou :'(
Quero me defender dizendo que passei vários dias sem meu notebook, tive uma série de problemas familiares e queria muito que esse capítulo ficasse bom, por isso a demora pra trazer ele...
Fiquei muito emotiva escrevendo esse capítulo e espero que tenha saído uma boa história, então...
Boa leitura!

Capítulo 24 - Temptation


Fanfic / Fanfiction STIGMA - taekook - - Temptation

SETEMBRO

 

Alguém parecia gostar do que via. Baekhyun, Minho, Hoseok e eu jogávamos uma partida maluca de futebol sem goleiros no pequeno campo, maltratados pelo sol de uma da tarde e pela secura do clima. Minho, meu parceiro de time, me lembrava de mim mesmo há uns anos atrás, quando era o pior do futebol e insistia em passar vergonha, na esperança de impressionar alguém. Mal ele sabia que Eunjin não estava nem aí pra tudo aquilo, e era evidente ao vê-la despreocupadamente trançando os cabelos à sombra. Mas alguém ao lado dela não detestava tanto assim a vista.

Taehyung, não sabendo que seus óculos escuros não o tornavam invisível, não economizava nas mordidas de lábios, suspiros profundos e olhares descarados. Ainda que estivesse me divertindo com meus amigos, precisava tirar alguns segundos da partida pra simplesmente apreciar a vista do ruivo me dedicando tanta atenção. Ele vestia roupas todas pretas, pouco condizentes com o calor que fazia ali, além das lentes escuras, o cabelo bagunçado e o maldito piercing falso no lábio inferior. Absurdamente sexy.

Aquele joguinho entre nós dois já durava meses e, a cada dia que passava, sugava mais um pedaço considerável do meu juízo. Eu me sentia sempre à beira de um precipício, do qual eu adoraria me jogar, desde que o ruivo também não hesitasse. Mas ele sempre hesitava, e eu era forçado a manter os pés no chão, fingindo que ainda me restava algum pingo de sanidade.

Vendo pelo lado bom, estávamos mais próximos naquele momento do que estivemos desde que ele havia voltado. Tínhamos conversas casuais, podíamos conviver em um mesmo grupo de amizades e o ódio que eu vinha alimentando pelo seu jeito estava gradativamente se transformando. Ah, a quem eu queria enganar? Todo o ódio que eu havia acumulado se transformou instantaneamente em tesão e se multiplicava descontroladamente desde que havia decidido começar com as provocações.

Toques extremamente discretos e despretensiosos, trocas de olhares, gestos sexuais disfarçados no dia a dia, eu estava experimentando de tudo um pouco. Naquele exato momento, não era à toa que eu estava sem camisa. Conviver com Baekhyun me garantia algumas regalias, como aprender a criar músculos e a usá-los pra despertar interesse nas outras pessoas. Era uma lição que, modéstia à parte, eu havia aprendido muito bem. O ruivo ainda resistia às minhas brincadeiras maldosas, mas algo em mim dizia que ele também estava prestes a explodir. Era tudo o que eu queria.

Minha pele pálida e fina ardia no sol, mas era um preço que eu estava disposto a pagar, se me garantisse que Taehyung estaria a alguns metros de distância apreciando a vista. E era exatamente o que ele fazia. Tinha certeza que, por debaixo daquela capa séria e rígida, existia só mais um adolescente com os nervos à flor da pele, assim como eu. Imaginar que ele, logo ele, me desejava era alimento pra minha autoestima.

Mas eu precisava sempre ir além. A cada dia a mais nesse jogo, eu testava meus próprios limites e os dele também. Era divertido e excitante brincar com a nossa própria tensão. Foi quando tive a maliciosa ideia de chutar a bola, habilmente, em direção a ele. Deus, ele devia mesmo estar distraído, pois só se mexeu quando a sentiu acertando sua cabeça e caindo pra trás dele. Corri até o ruivo e seus olhos não me abandonavam por um segundo sequer.

- Desculpa, você sabe que eu sou meio ruim de futebol – sorri ladino, encontrando um Taehyung ainda embasbacado com a minha audácia de lhe acertar uma bolada na cabeça. Eunjin observava a interação, curiosa – machuquei sua cabeça?

Aproximei meu corpo dele, com seu rosto à altura do meu abdome e passei uma das mãos por seus fios vermelhos, fingindo estar procurando ali algum resquício do baque. Ele reagiu de imediato.

- Não, eu estou bem – respondeu, puxando a cabeça para o lado, fugindo do meu toque e tentando desviar o olhar do que estava bem diante dele.

- Ok, então eu só preciso da bola de volta, com licença – me abaixei quase à sua altura, esticando os braços ao redor dele, em uma postura totalmente desnecessária pra pegar a bola, que se encontrava logo atrás dele. Seu corpo tencionou. Não me apressei em terminar o serviço, fingindo ainda procurar o objeto enquanto suspirava próximo ao seu pescoço – espero que não se importe.

E foi visível o exato momento em que seus pelos da nuca se eriçaram e ele teve um leve espasmo no pescoço, que talvez só eu tenha notado, por estar tão próximo. E decidi que já era suficiente, me afastando dele e retornando ao jogo. Pra minha infelicidade, a brincadeira de tensão terminou logo depois, quando comemorei um gol carregando Minho nos braços e Taehyung resolveu se levantar e ir embora pra dentro do prédio.

 

[...]

 

Era uma tortura sair do banho naquelas condições. Não queria me tocar, pois a tensão acumulada era o que tornava todo aquele jogo tão divertido, mas já estava virando rotina pensar no ruivo e perder o controle sobre o meu corpo. O simples fato de esfregar a toalha fofa sobre a minha pele já era enlouquecedor, e ficava cada vez mais difícil de disfarçar debaixo dos tecidos.

Enrolei a toalha branca ao redor da cintura e bagunçava os cabelos negros, saindo do chuveiro, quando fui surpreendido por um empurrão, que me fez bater a cabeça contra a parede atrás de mim. Não deveria haver ninguém ali àquela hora, a menos que...

- O que está tentando fazer, Jungkook? – o ruivo disse, em tom ameno e sombrio, firmando os braços apoiados na parede e me cercando. Ele ainda vestia as mesmas roupas de antes, mas não usava mais os óculos escuros e o cabelo estava jogado pra trás.

- Do que está falando, Tae? – sorri, provocativo. Eu sabia exatamente do que ele tratava, apesar de não compreender o que ele esperava conseguir de mim naquela situação.

Ele bufou, impaciente, observando o resto do ambiente pra evitar me encarar. Tentei conter a risada. Por mais que me divertisse ter a confirmação de que ele estava ciente das minhas provocações, era igualmente provocante tê-lo me encurralando contra a parede do banheiro, quando há poucos minutos eu estava pensando nele do jeito mais sujo possível.

- Olhe só pra você – ele direcionou o olhar para a toalha, provavelmente se referindo ao volume que estava debaixo dela. Droga, era tão evidente que me envergonhava.

Taehyung, em uma medida completamente inesperada, posicionou a mão larga sobre o volume, pressionando-o com firmeza. Não esperava ter esse tipo de contato com ele tão cedo e o fato de ter sido tão repentino e indecente me fez delirar por longos segundos.

Oh... caralho...

Ele continuou a pressionar meu pênis por cima da toalha, fazendo movimentos curtos e precisos da base até o topo. E eu me desmanchava com seu toque, gemendo sem pudor algum. Detestava lhe dar o gosto de me ver tão entregue, mas o prazer, depois de tanto tempo, era tão intenso que eu mal podia me governar.

Taehyung não me olhava nos olhos, mas aproximou o rosto da minha clavícula pra depositar um beijo, rápido e molhado, que me fez arfar. O toque da jóia do seu lábio contra a minha pele sensível era enlouquecedor. A água do banho que antes formava uma película sobre meu corpo já havia sido substituída por suor, me dando a certeza de que, o que quer que Taehyung estivesse querendo de mim, ele estava conseguindo.

- Olhe pra você, Jungkook. Tão necessitado... – ele pressionou mais uma vez o tecido quente, antes de parar o movimento e observar o que ele havia conquistado com aqueles gestos. O ruivo sorriu ao notar que o volume havia crescido e pulsava, quase dando-se por satisfeito, mesmo que não pudesse ver o pré-gozo por debaixo da toalha.

Ah, Tae... por favor... – gemi manhoso, arqueando as costas e implorando pra que ele reiniciasse o contato, e assim o fez.

Ele acelerou o movimento e aumentou a pressão da sua mão contra a minha pele, me empurrando contra a parede e fazendo com que eu perdesse totalmente o controle sobre meus gemidos. Saíram roucos, altos, manhosos como um gato. Ele se divertia com o espetáculo, mas ainda não me encarava nos olhos.

Não demorou muito mais pra que eu finalmente explodisse em prazer e extravasasse toda a tensão que vinha acumulando há meses. Jorrei o líquido branco por toda a toalha, me sentindo completamente vulnerável aos toques e desejos do garoto à minha frente. Mas, aparentemente, para ele o trabalho estava feito.

- Pare de me provocar – ele deslizou os dedos longos sobre meu peito, mal tocando-o – se você mesmo não tem controle nenhum sobre o seu corpo.

E deu as costas, indo embora. Mais uma vez, a noite era ganha pelo Jungkook Exasperado, que não havia resistido ao toque de Taehyung, se desfez diante dos caprichos dele e agora, em parte, se arrependia. Naquele jogo de poder, eu havia perdido assim que o outro começou a usar suas cartas mais poderosas. Por outro lado, eu não ligava mais pra jogo nenhum. Tinha gozado diante das carícias de Taehyung e não queria mais nada além disso. Mais uma vez, assumia o Jungkook Desesperado.

 

[...]

 

- Não acredito que você está aqui – ele riu.

- O que você tem a ver com isso? – perguntei, arrogante. Já estava impaciente de tanto esperar ao lado daquela porta, sem avistar quem eu procurava.

- Não tenho nada a ver, Jungkook, mas talvez goste de saber que ele não está aí e não vai chegar agora.

- Do que você sabe, Yoongi?

- Nós marcamos de nos reunir lá no quintal essa noite, ele provavelmente já está lá agora.

- Entendo... – gostaria de enterrar a cabeça no concreto, mas talvez fosse melhor esperar ficar sozinho pra tentar. Estava claramente entregue à única provocação de Taehyung e, mais uma vez, fazendo o papel de estúpido pra conseguir alguma coisa a mais dele.

- Jungkook, eu sei que não sou referência de relacionamento, mas, acredite em mim, correr atrás dele nessa situação não vai te ajudar. Pense bem, eu já estive no lugar do Tae, eu já fui a pessoa que ignora e, quanto mais você se desesperar, mais ele vai se divertir e afastar a isca. Você precisa aprender a se controlar. Além disso, o que você espera conseguir desse joguinho que está fazendo? Um boquete escondido? Uma noite de sexo? Eu tenho certeza que você quer mais dele do que isso. Esse não é o tipo de jogo pra se jogar com quem você ama.

- Eu sei... mas foi a única forma que eu encontrei de ganhar alguma reação dele. Ele me ignora completamente, Yoongi. Só o fato de ele estar perto de mim já é um motivo pra eu querer abraçá-lo e beijá-lo, mas pra ele não parece ser. Ele age como se nós nunca tivéssemos nos conhecido e eu... eu sou um idiota, porque ainda amo ele como antes apesar disso.

- Foi muito estranho ele voltar desse jeito pro orfanato, é verdade, mas talvez ele só precise de um tempo pra relembrar que te ama, ou... de uma oportunidade... – Yoongi fechou a expressão, pensativo – quer saber, aposto que você não tem nada pra fazer hoje naquele dormitório, então vem com a gente.

- Eu não sei, talvez ele não goste de me ter por perto...

- Essa é outra lição pra você aprender. Pare de tratar o Taehyung como um pirralho mimado, você não é obrigado a fazer só o que o agrada. Se você quer ir com a gente hoje, então vá, porra.

Parei de tentar argumentar, pensando no que Yoongi havia dito. Era verdade que eu sempre buscava agradar Taehyung e fugia de qualquer situação que pudesse lhe causar incômodo, mas ele não hesitava em me incomodar com seu mau humor e ignorância. É, talvez fosse uma boa ideia eu mostrar a ele que também tinha vontades.

- Quando decidir, você sabe onde nos encontrar – Yoongi concluiu, saindo quase correndo pelas escadarias e dando o assunto por encerrado.

Eu estava decidido a encontrá-los e retomar meu espaço naquele orfanato e naquele resquício de relacionamento. Eu também merecia ser ouvido e respeitado! Já era hora de mostrar alguma coragem e deixar todos saberem que eu não tinha medo nenhum de Taehyung! Mas talvez fosse uma boa ideia buscar Minho, pra que me acompanhasse e eu me sentisse mais seguro.

 

[...]

 

- Olha só quem apareceu! – Jimin gritou em minha direção, se referindo a Minho e eu.

Todos os olhares se voltaram para nós. Inclusive os do ruivo. Estavam todos sentados na grama, como de costume, exceto por Jimin, que sentava no colo do namorado. Eunjin, Hoseok e Yoongi riam de alguma piada, enquanto Jimin sorria, simpático, e Taehyung tentava esconder o desgosto.

- Pensei que tinha desistido de vir, Jungkook – Yoongi falou.

- Não, só demorei porque estava com Minho – respondi, confiante, pegando uma garrafa de soju, que presumia ser de Taehyung, e dando um gole, sentando-me ao seu lado. Dessa vez não havia medo e tensão, graças a ele próprio, que me aliviara no banheiro. Estava simplesmente sentado em uma roda de amigos e ele precisaria conviver com isso.

Minho sentou próximo a Eunjin, que aparentava estar bastante alta, o que me fazia presumir que ela devia ter bebido uma quantidade absurda de álcool, pois quase nunca ficava bêbada. Ela ria alto, sorria pra todos os cantos e, ocasionalmente, tocava em Minho com discrição, que parecia estar perto de um colapso nervoso.

- Eles são uma graça, não acha? – puxei assunto com Taehyung, sem dar atenção às outras conversas paralelas que aconteciam ao nosso redor.

- Quem?

- Como “quem”?! Eles – apontei na direção de Eunjin e Minho.

- Você só pode estar brincando, né? O seu namoradinho e a minha irmã? – ele debochou, tomando a garrafa das minhas mãos e dando um gole demorado.

- Meu namoradinho? O Minho?!

- Seja lá qual for o nome dele. Esse garoto por quem você está interessado agora.

- Taehyung, o Minho é meu amigo...

- É, eu conheço bem esse tipo de amizade – ele desdenhou, sem acreditar no que eu dizia.

- Você está... sei lá, está com ciúmes, Taehyung?! – perguntei, arrancando dele um riso forçado e um incômodo visível pelo assunto.

- Ciúmes, Jungkook? Não seja ridículo.

Ri da situação, achando difícil acreditar que, por todo esse tempo, ele esteve com ciúmes da minha amizade com Minho. Ele escondia tão mal e, ainda assim, eu havia sido burro demais pra perceber antes. Me divertia imaginar quanto tempo ele passou se perguntando se havia algo entre nós dois, enquanto eu estava enlouquecendo de tanto pensar nele.

- Tae, o Minho gosta da Jinnie. Não, gostar é pouco, ele é louco, apaixonado, caído de amores por ela – contei.

- Então, ele não é... gay? - ele perguntou, tentando fingir desinteresse pelo assunto.

- Até onde eu sei, não – ri.

- Mas ele é afim da minha irmã?!

- Sim, mas ele é uma boa pessoa, juro. Boa até demais, na maioria das vezes. Absurdamente certinho – debochei do garoto de fios negros, que levantava e seguia conversando com Eunjin ao redor do gramado.

- Você deveria cuidar dela, não arranjá-la com o seu amigo – ele reclamou, brincando.

- Ei! – me virei de frente pro ruivo e lhe dei um tapa de brincadeira no braço – eu não arranjei ela com ninguém. Eu morri de ciúmes, mas acho que ela também gosta muito dele.

- Aish, minha irmãzinha não pode crescer! – ele exclamou, a cada frase mais distante do Taehyung que havia se mostrado nos últimos meses e mais próximo daquele que eu tanto amava. Meu coração batia com intensidade ao ver a pessoa que eu amava vir à tona, gradativamente. Apesar de tudo, no fundo eu temia que o Taehyung que foi embora do orfanato jamais retornaria, já que o Jungkook de dois anos atrás também estava morto e enterrado.

Sorrimos, sem graça, um pro outro, tentando ignorar o constrangimento do silêncio. Seu sorriso ainda era tímido e comedido, muito distante do sorriso retangular que eu sentia falta, mas uma brecha estava sendo aberta e talvez fosse tudo o que eu conseguiria dele.

- Acho que nós poderíamos pegar mais uma bebida – estendi a garrafa vazia.

- É, mas... onde?

Virei-me pra entender o que ele tentava dizer e me amaldiçoei quando percebi que estávamos sozinhos. Todos haviam sumido, inclusive com as bebidas. Éramos só eu e Taehyung, sentados na grama, tentando suportar a dificuldade que era sustentar aquela conversa. Eu sabia que nada daquilo era uma coincidência.

- Pelo visto vamos ter que ficar por aqui – ajeitei minhas roupas, deitando-me na grama e vendo o menor repetir o ato. Meu estômago sofria com o nervosismo, como se fosse a primeira vez.

- Me desculpe pelo que aconteceu no banheiro...

- Eu estou, sabe... o que aconteceu, eu... não tem... é, não faz mal... está tudo bem – me arrepiei da cabeça aos pés com a lembrança, incomodado por ele trazer assuntos como aquele à tona com tanta naturalidade.

- E eu ainda não agradeci por ter guardado meu diário e, bom... pelo que desenhou nele – ele disse, com a voz baixa e insegura.

- Tudo bem.

Àquela altura, eu já nem sabia mais o que dizer. Podia sentir meu sangue acelerando sem limites e a pressão dentro de mim tentando me explodir em desespero. Quase percebia cada centímetro do meu corpo perdendo o controle e minha mente se entregando à irracionalidade. A parte de mim que eu tanto odiava tentava assumir as rédeas da situação e quase conseguia.

- Eu realmente gostei muito do seu desenho. Você sabe que ele é meu animal favorito... – a voz dele se desarmou do timbre grave, mas permanecia rouca e trêmula.

Me virei de lado na grama e o fitei. Ele sabia que eu estava olhando, mas seus olhos permaneceram fixos no céu negro. Eu não saberia mais aguentar. Eu não queria mais aguentar! Se havia decidido mais cedo que respeitaria minhas vontades, então era o que eu faria. Respeitaria que cada fibra dos meus músculos gritava pra que eu tocasse aquele por quem meu coração estava descompassado, aquele pelo qual meus pulmões tinham dificuldade em funcionar e por quem meus olhos eram hipnotizados sempre que repousavam sobre a imagem dele.

Em mais uma atitude impulsiva pra minha conta, coloquei meu corpo sobre o dele e, me apoiando na grama, finalmente enxerguei seus olhos escuros. Eles cintilavam com delicadeza, mas ao mesmo tempo imploravam pra que eu não fizesse o que estava planejando. Pela primeira vez, senti que minha impulsividade não me causaria sofrimento.

Depois de todos aqueles anos difíceis, eu enxergava seu rosto com clareza. O mesmo rosto que eu, com facilidade, memorizei pra nunca perder de vista. Suas pálpebras descansadas, o nariz com uma pintinha, os lábios macios e arqueados. Mas agora as bochechas saltavam, eram gordinhas e pareciam tão macias. Os cabelos, antes castanhos, agora eram vermelhos e, à luz da noite, pareciam quase cor de vinho. Todos os esforços pra lhe manter vivo na lembrança poderiam ser descartados, porque agora, finalmente, ele estava ali, diante de mim, como eu só havia visto em meus sonhos. E, sinceramente, ouvindo meu próprio coração gritar ao tê-lo por perto, não imaginava que algum dia seria capaz de lhe deixar partir de novo.

Selei nossos lábios carinhosamente, mas não durou. Eu precisava de mais, muito mais. Sem demora, puxei-o em um beijo desesperado, consolador. Os dois anos de angústia se desfaziam diante de mim, à medida em que eu me desfazia em seus lábios. Era quente, como eu lembrava. Mas agora muito mais intenso e necessitado. Eu precisava estar nos lábios dele e ele precisava estar nos meus.

Não houve timidez alguma quando pedi passagem com a língua e ele retribuiu, intensificando o aperto contra a minha nuca e me puxando pra mais perto. Eu mal podia respirar corretamente com tamanha proximidade, mas também não via a necessidade. Seus fios de cabelo entre meus dedos, se misturando à grama e um pouco de terra, seu cheiro de morangos na minha mente, o jeito que ele me puxava com desespero e urgência. Aquilo era tudo o que eu precisava.

Imaginei estar pressionando-o com força demais contra o chão, quando percebi seu corpo tremer debaixo do meu. Sem finalizar o beijo, abri os olhos e percebi a causa. Taehyung estava... chorando? Talvez fosse a saudade entre nós, pois eu também gostaria de me derreter naquele encontro, mas torcia pra que não fossem lágrimas de arrependimento. Por isso, cessei o beijo, ainda que meu corpo desejasse o contrário.

- Tae? Você está bem? – ouvir aquelas palavras de mim mesmo fizeram meu coração, triste, entrar em combustão. Não lembrava a última vez que havia me permitido chamá-lo assim, sem medo de mostrar o quão vulnerável ele me tornava. Mas era tudo o que eu mais queria. Chamar seu nome todas as manhãs, gemer seu nome durante o sexo e confortar suas lágrimas quantas vezes fosse necessário.

Coelhinho... – ele chorava, quase em silêncio, mas a dor era visível. Uma dor intensa, psicológica ou física, que parecia querer saltar de dentro dele a todo custo, mas ele falhava em permitir. Pude sentir o exato momento em que meu corpo se partiu em mil pedaços ao ouvir sua voz me chamando daquele jeito. Eu só queria me entregar de vez.

Eu estou aqui, Tae. Eu sempre estive aqui.


Notas Finais


Eu nem to chorando, só caíram dois morcegos nos meus olhos :'(
Eu pensei e repensei esse capítulo tantas vezes que foi uma dificuldade pra escrever. Nunca vou estar satisfeita.
Esses dias passei por momentos bem ruins em que tudo que eu mais queria era poder continuar escrevendo essa história, porque ela me conforta muito e me permite descrever muitas emoções que a gente acaba guardando pra si, mas não tava com meu notebook. O que importa é que finalmente escrevi e me sinto melhor por isso.
Sim, o Jungkook é uma bagunça de sentimentos e decisões contraditórias que ele tenta convencer ele mesmo de que fazem sentido, mas não somos todos assim? <3
Quero antecipar que capítulos mais sérios/darkzinhos estão vindo aí :( força pra vocês e pra autora, que fica toda triste quando a história fica séria.
Enfim, muito obrigada pela visualização, favorito, comentários etc. Escrever significa demais pra mim e essa história é um grande amor meu que eu espero concluir satisfeita e ver a mesma satisfação em quem lê.
Até a próxima fofanjos


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