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História STIGMA - taekook - - "Eu já estava no meio"


Escrita por: skyemoonboo

Capítulo 6 - "Eu já estava no meio"


Fanfic / Fanfiction STIGMA - taekook - - "Eu já estava no meio"

DEZEMBRO

 

Foi difícil o caminho do refeitório até o dormitório. Sabia que Taehyung tinha se enturmado por ali, mas nunca imaginei que ele já conhecesse o bloco inteiro! O tempo todo fomos parados por outros garotos o abraçando, carregando e desejando parabéns. Não vou dizer que gostei da ideia. Finalmente chegando ao nosso quarto, pudemos fechar a porta e eu teria a atenção de Taehyung de volta pra mim. Ou pelo menos era o que eu achava.

- Taeee! – Hobi abraçou o menor e o carregou, girando-o no ar e arrancando uma gargalhada gostosa de Taehyung.

- Hobiii!

- Feliz aniversário, Tae – Yoongi interrompeu o rodopio dos dois e se enfiou no meio do abraço, ganhando carinho até demais dos dois. A confusão era tanta que Hoseok perdeu o equilíbrio e os três caíram rolando e desfazendo o bolo humano que eram há um segundo atrás.

- Obrigado, hyungs! Eu estou tão feliz por ter vocês. O que acham da gente ligar o meu radinho hoje e ficar brincando de dançar a tarde inteira?

Pigarreei alto ao ouvir a ideia do mais jovem e quase me afoguei com a própria saliva, tentando mostrar meu descontentamento. Não é que eu não gostasse de ver Tae dançando, na verdade, esse tinha se tornado um hobby inesperado meu. Mas eu queria ficar a sós pra poder desejar-lhe parabéns e desde o início do dia ainda não tinha tido a oportunidade. Talvez Yoongi tenha percebido, quando me olhou com a cabeça inclinada, arregalou os olhos e tratou de falar.

- Puxa, Tae! Você nem imagina que nós já temos planos pra hoje à tarde!

- Nós temos? – Hobi debochou, sem entender o rumo da conversa.

- É claro, Hoseok. É claro que nós temos – deu pra perceber o exato momento em que Yoongi beliscou a bunda do moreno e esse tomou um leve susto, ainda sem entender muito bem o que acontecia – nós vamos ver a Yoona. É. Ela disse que vai ajudar o Hobi aqui com a Myunghee. Legal, né?!

- ELA VAI? – Hoseok deu um pulo de alegria, se virando para Yoongi sem se preocupar em disfarçar as esperanças que acabara de criar.

- É claro que vai, Hobi. Vamos logo, não podemos nos atrasar com a Yoona. Senão ela te dá um chute nos lugares que você mal descobriu como usar. Nós não queremos isso, né?

As expressões de Hoseok mudavam em questões de segundos e ele realmente não tinha a menor ideia de pra onde estava indo, mas se ia ajudar-lhe a conquistar Myunghee, então ele botaria o maior sorriso no rosto e iria com prazer.

- Vamos logo, Yoongi! Eu tenho medo da Yoona. – Ele sussurrou enquanto atravessava o quarto puxando o amigo pelo pulso.

Eles logo passaram pela porta mas suas falas ainda ecoavam pelo corredor quando Yoongi disse "Aish, Hoseok! Você tem três neurônios" e as vozes finalmente sumiram.

Agora restava apenas eu e o outro garoto no quarto. O silêncio era esquisito e eu nem sabia por quê. Só sabia que naquele dia era mais difícil do que nunca lhe encarar nos olhos. Na verdade, desde o dia em que ele leu a carta ao pé da árvore de natal.

- Oi – disse em tom ameno.

- Oi, Jungkookie – ele segurava as mãos atrás do corpo e parecia esperar algo de mim.

- Que dia, hein? – me odiei antes mesmo de concluir a frase.

- Pois é.

- Acho que vai fazer um dia bonito.

- Espero que sim...

O silêncio caiu como concreto mais uma vez e eu jurava que aquele peso ia me esmagar a qualquer minuto.

- Tae?

- Sim, Jungkookie?

- Eu estava pensando se você queria ir conhecer um lugar comigo. Mas só se você quiser ir.

- Eu não sei, hyung. A minha agenda está tão lotada hoje.

Pude sentir o exato momento em que minhas pernas perderam toda a força e eu achava que ia ceder ao chão. Me encostei no beliche pra evitar essa cena ridícula.

- Mas é claro que pro coelhinho eu posso abrir uma exceção.

 

[...]

 

- O dia está sorrindo pra mim hoje, Jungkookie! Olha como o céu está bonito – o menor apontava com o indicador para as nuvens fofas que se espalhavam no céu azul.

Estávamos sentados debaixo de uma árvore com a copa grande que ficava no terreno atrás do orfanato, fazendo uma boa sombra. A grama não era perfeita e em alguns pedaços a terra aparecia e sujava nossas roupas, havia algumas poucas folhas secas caídas por ali e a brisa amenizava o calor que fazia pelo sol.

- Você gosta mesmo do seu aniversário, não é? – sorri.

- Mas é claro, Jeon! As chances de eu nascer no dia de hoje eram 1 em 365. Tem que ser um dia especial.

Eu não fazia a menor ideia do que ele queria dizer com aquilo, mas sua alegria ao dizê-lo era suficiente pra me deixar com um sorriso bobo no rosto durante a maior parte da tarde.

- Por que você está rindo de mim, Jeon? – questionou fingindo irritação.

- Às vezes eu não entendo o que você fala – admiti.

- Ora, veja só, isso me deixa orgulhoso de mim mesmo! Jungkookie não entendeu o que eu disse.

- Isso faz eu me sentir burro perto de você. Sei lá, não sei essas coisas interessantes pra te falar também – disse desgostoso com a cabeça baixa para que ele não me visse corar.

- Aish, Jungkookie! Do que você está falando? Eu adoro ouvir você falar. As coisas legais do mundo não são só as que estão nos livros. É claro que elas também são boas, mas eu gosto de ouvir suas experiências. Você tem umas histórias doidinhas pra contar que eu não tenho. Como quando fingiu uma briga com Yoongi pra que a família que estava visitando não quisesse vocês dois, eu adorei aquela história – ele ficou em silêncio por algum tempo e podia sentir seu olhar sobre mim – olhe pra mim quando eu falo com você, coelhinho!

Taehyung puxou minhas bochechas com as duas mãos pra levantar minha cabeça e teve a perversa ideia de me fazer cócegas no pescoço. Não consegui conter a gargalhada alta e aguda e me joguei no chão tentando fugir das mãos hábeis que me torturavam.

- Não deite no chão, Kookie. Vem cá – ele pegou minha cabeça por baixo com cuidado e a depositou sobre suas pernas, tecendo carinhos nos meus fios que faziam eu me sentir nas nuvens.

- Por que você me chama de coelhinho?

- Essa pergunta é fácil. Veja seus dentinhos da frente quando você sorri, parece um coelhinho.

- Aish, Taehyung! Isso era pra ser um elogio?!

- Mas é claro. Já não disse que coelhinhos são meus animais favoritos?

Não pude manter o contato visual por mais tempo e desviei o olhar para qualquer outro canto. Seria vergonhoso demais ele ver o que esse comentário fez com as minhas bochechas.

- Tae, por quê você ajuda o Hobi com a Myunghee? – ainda evitava a troca de olhares.

- Porque eu quero que ele seja correspondido. O Hobi tem um bom coração, você vê isso na mesma hora em que ele sorri, ele não esconde a alma. Mas ele não entende muito sobre o amor, então acho que precisa de um empurrãozinho, que bom que ele tem a mim.

- E você entende sobre amor? – as palavras simplesmente saltaram da minha boca antes mesmo que eu pudesse pensar.

- Bom... – ele pigarreou – eu já assisti muitas novelas, Jeon. Já vi muitos casais e sei como o amor funciona – garantiu.

- Mas você é mais novo que o Hoseok, Tae.

- Isso não diz nada!

- A Irmã Hyunah diz que nós somos jovens demais pra entender sobre essas coisas.

- Bom, então a Hyunah está errada. Como alguém pode dizer que você não entende, se só você pode sentir?

- Então você acha que o Hobi pode mesmo amar a Myunghee mesmo sendo tão novo? – voltei a tentar o contato visual, mas agora era ele quem olhava para outro lugar.

- Só quem pode dizer é o Hobi. Ninguém pode dizer que o que você sente não é verdade. Se você sente, então é verdadeiro.

Alguns segundos dolorosos de silêncio pesavam sobre nós e ele ainda evitava me olhar.

- Tae?

O olhar do mais novo caminhou lentamente até a minha direção. Seus olhos castanhos intensos brilhavam com o reflexo do sol, as bochechas estavam inchadinhas por estar olhando-o daquele ângulo e seu pequeno nariz estava levemente enrugado. Alguns fios de cabelo castanho claro voavam embaralhados. Podia sentir meu próprio sangue pulsar no pescoço. Não sabia o que estava fazendo. Mal sabia por quê chamei seu nome. Só sabia que em todos os próximos anos de vida eu queria estar ali.

- Feliz aniversário – soltei num suspiro só.

 

[...]

 

Eu comia um sanduíche com pressa e o mais novo quase terminava os morangos que eu trouxe. Talvez não fosse o piquenique dos sonhos dele, mas esgotei minha cota de favores com Hyunah para conseguir tantas coisas em tão pouco tempo.

Taehyung tinha uma das pernas flexionadas e a outra estendida, enquanto eu me escorava em seu peito e ele lia um livro de capa dura. Segundo o próprio, era um dos livros que estavam na nossa estante empoeirada e era um dos favoritos dele, e ele ficou muito indignado quando soube que nenhum de nós conhecia sequer a história.

- Taehyung, você pode ler pra mim?

Ele pareceu despertar da leitura e me encarou por cima com surpresa.

- Jura, hyung?! – assenti – mas eu já li esse livro tantas vezes... E se eu ler pra você o meu trecho favorito? – ele pareceu tão animado com a ideia que eu não pude recusar. Caçou por entre as páginas e logo começou a ler com uma entonação amena:

"Sentindo-se tranquila, Elizabeth começou logo a gracejar. Pediu a Mr. Darcy que explicasse como se tinha apaixonado por ela.

- Como pôde começar? – Perguntou ela – posso compreender perfeitamente que tenha continuado uma vez feito o primeiro passo, mas que foi que o impulsionou?

- Não posso fixar a hora ou o lugar. Isto já foi há muito tempo. Eu já estava no meio e ainda não sabia que tinha começado. "

- E então, o que achou Jungkookie? – questionou com muito entusiasmo.

- Aish, é difícil! – soltei a frustração.

- Jeon! Você jura que não entendeu? – assenti envergonhado e ele demorou a terminar a fala – é, talvez seja melhor que eu leia esse livro pra você em outro momento.

Permanecemos ali por mais algum tempo, sentados em silêncio. Ele brincava com meus fios negros de vez em quando e eu passava com delicadeza a ponta dos dedos em um pedaço da sua perna. Ele cheirava a morangos e terra.

 

[...]

 

- Eu estou tão feliz – ele esboçava sorriso radiante enquanto saía da cabine do banheiro vestido com o pijama branco e fazia uma dancinha discreta terminando de esfregar a toalha no cabelo. Apenas sorri em concordância enquanto acabava de escovar os dentes até que trilhássemos nosso caminho de volta pro quarto. Já faltavam alguns minutos para as 9 da noite quando uma figura veio correndo em nossa direção.

- Taehyung, Jungkook, vocês precisam vir agora! – Hyunah disse, quase sem fôlego, tornando a correr na direção oposta e a seguimos.

O mais novo tinha uma expressão desesperada no rosto e eu preferia não imaginar o que se passava na mente dele agora. Chegamos na porta de uma das salas do quarto andar do nosso bloco. Hyunah parou na frente da entrada e nos encarou incerta, nos aproximamos mais um pouco e ela abriu a porta com um empurrão, foi quando joguei Taehyung pra dentro do quarto e todos gritaram em uníssono.

- SURPRESAAA!

A feição preocupada se desfez em um milésimo de segundo quando Taehyung já pulava e batia palmas de animação. Ele correu para a irmã que se agarrou no seu tronco como um coala desesperado e ele a cobriu de beijos. Hyunah tratou de fechar a porta do cômodo e todos já cercavam o garoto, cobrindo-o de risadas e gritos.

A festa era simples, alguns balões vermelhos cobrindo o chão, um bolo médio caseiro em uma mesa e um aparelho que tocava música. Me surpreendi quando alguém surgiu com uma nova echarpe de plumas e Taehyung ficou histérico, aproveitando a deixa pra dançar a música que tocava enquanto movimentava seu adereço no ritmo.

Em pouco tempo, ele assoprou a pequena vela que estava no topo do bolo e fechou os olhos, provavelmente fazendo um pedido. Comeu o primeiro pedaço mesmo com a insistência de Hoseok pra que ele desse a fatia a alguém e voltou a dançar do jeito Taehyung. Aquela sala era separada dos dormitórios e possuía um gerador de energia diferente, permitindo que a festa se estendesse até um pouco mais tarde e Hyunah colaborou botando alguma coisa no chá noturno da Irmã Jungah pra que ela não estragasse a festa de aniversário por algumas horas.

Eunjin não demorou muito a dar sintomas de cansaço e Taehyung me pediu que a levasse com discrição de volta pro seu dormitório. Coloquei a pequena nas minhas costas, já dormindo e a entreguei sã e salva à sua cama. Quando retornei para meu quarto, todos já estavam dormindo no escuro. Só o que precisei fazer foi me aconchegar e tentar disfarçar o sorriso maior que eu mesmo que tentava pular pra fora do meu rosto.



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