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História Stockholm Syndrome - O porão


Escrita por: 1llusion

Capítulo 31 - O porão


Eu estava apavorada, a imagem de Ji-won esmagando a cabeça de meu irmão com aquele taco de baseball era algo que eu jamais me esqueceria. Queria sair daquele carro, correr para longe e gritar por Hanbin, queria acordar daquela pesadelo. O carro estava indo depressa e eu não sabia para onde ele estava me levando, ele estava bravo e com certeza dessa vez não seria nem um pouco gentil comigo. Minhas mãos estavam amarradas e eu estava tremendo ainda mais por causa de minha febre, o carro finalmente havia parado, queria ter forças para quando ele abrisse o porta malas, que eu conseguisse correr, não me importava se ele fosse me bater ou atirar em mim. Eu queria fugir, queria que Hanbin me encontrasse. Mas a minha febre estava pior, eu estava tremendo e estava em pânico como se eu estivesse indo para a minha morte, o porta malas se abriu e vi Ji-won me olhar seriamente, mas antes que eu pudesse gritar ele colocava uma fita adesiva em minha boca, impedindo que eu falasse ou gritasse. Eu ainda estava amarrada e aquilo só me fez chorar ainda mais, meus gritos agora estavam abafados e ninguém me escutaria. Ele então me olhara por um tempo vendo que eu estava suando e meus cabelos e a camisa estavam molhadas por causa da chuva, me segurava me tirando dali, eu estava com tanta febre que não tive forças para me debater. Ainda chovia, mesmo que eu conseguisse me soltar de seus braços, teria que correr muito em baixo daquela chuva pesada. Pude olhar em volta enquanto eu ainda chorando. Ele havia me levado para uma casa velha, a rua parecia silenciosa e não tinha ninguém, foi o que pude ver uma vez que ele entrou na casa rapidamente, com pressa fechando a porta. Eu sabia o que ele faria, me prenderia no porão,  não é? Eu nunca mais sairia dali, jamais ele me deixaria escapar. Ele correu até o final do corredor velho e escuro abrindo uma porta que parecia levar á um porão, então acendendo a luz e me colocando sobre uma cadeira que havia no meio daquele lugar, amarrando meus pés e minhas mãos na cadeira, enfim tirando a fita de minha boca. Estava encharcado pela chuva, mas não parecia ligar para isso, apenas me olhava fixamente soltando um suspiro de alívio.

- Sabe quantos guardas eu tive que manipular para que eu tivesse uma chance de sair da prisão? Devia ter me escutado e atirado em Hanbin naquele dia, olha que bagunça isso tudo se tornou. Francamente, eu devia te punir por isso. – ele falava olhando como eu parecia mole, aproximava a mão de minha testa, mas virei o rosto.

- Não me toque! Você é um monstro, matou meu irmão! – falei alto olhando em volta vendo que ali não tinha janelas, tinha boa chance que meus gritos fossem abafados ali. Ji-won segurava meu rosto com uma das mãos e com a outra encostava á minha testa vendo que eu estava com febre. Talvez não me batesse se visse que eu estava ardendo de tanta febre.

- Se continuar gritando, vou me ver no direito de te deixar trancada aqui por três dias sem comida ou água e sinceramente eu espero que seja inteligente o bastante para colaborar. Esqueça seu irmão, ele está morto como seu pai – falava alisando meus cabelos molhados – Não se preocupe, meu anjo. Se colaborar, vou cuidar da sua febre e vai ficar melhor, é uma promessa. – sua voz estava calma, sua roupa ainda estava molhada e suja com o sangue de Hyunki, não parecia realmente se importar de ter esmagado a cabeça de meu irmão mais velho. Chorei mais uma vez, eu sabia que ele me manteria ali e fizesse o que quiser, por mais que eu amasse Hanbin e quisesse que ele me salvasse... Ji-won era tão perigoso que eu comecei a pensar que talvez fosse melhor que ele me matasse. Fiquei quieta, estava passando mal e estava tremendo de fio, olhei em volta vendo que era um porão diferente, mais como um quarto, tinha moveis antigos, uma cama, até mesmo uma mesa de estudos cheia de livros desgastados.

- Deixe-me ir embora. – falei com a voz trêmula, mas Ji-won estava quieto e alisava meus cabelos lentamente negando com a cabeça, segurando meu queixo, levantando meu rosto para que eu o olhasse, meus olhos ainda estavam cheios de lágrimas e eu sabia que não tinha como escapar dali, ainda mais estando amarrada naquela cadeira velha.

- Eu não posso. Já perdi Haeri, não posso perder você agora. Acho que ainda não entende, eu sei o que é bom para você. Sua própria família estava te abandonando, acha que eu gostaria de te ver triste como sua irmã? Eu queria muito mudar meus próprios planos e te manter aqui para sempre, infelizmente daqui algum tempo isso vai chegar ao fim e eu vou me sentir sozinho mais uma vez – ele falava dando um beijo em minha testa ao sorrir de lado – Seu pai não dava valor á vida de você ou até mesmo a de Haeri, ele pagou o preço por abandonar sua irmã e te humilhar tanto em toda sua vida. Quero que tente compreender, Jihye... – ele se abaixava sentando no chão, deitando a cabeça em meu colo – Sabe o que eu pensei quando vi Haeri? Eu não queria amá-la daquela forma, mas não pude evitar isso. É como ver algo muito mais superior ao que eu era e de repente descobrir que aquilo nunca me pertenceria, não queria perdê-la, mas eu perdi. Eu vi a carta que ela havia escrito, corri até a ponte e ela ainda conseguiu olhar em meus olhos, provavelmente irritada de eu ter corrido atrás dela. Eu nunca chorei tanto na minha vida, sabe o que eu pensei? “Por que eu não a odeio”? Ela olhou para mim e mesmo assim pulou, mesmo me escutando chorar e falar “Por favor, não pula, não me deixa sozinho!”. Aquilo foi cruel e acabou com a única coisa boa que eu tinha dentro de mim – ele falava suspirando baixo, então levantando a cabeça para me olhar com um leve sorriso um tanto triste – Meu plano era achar a família biológica dela e matar a todos e depois vigiar Hanbin, saber quem que ele amaria e então matá-la para que ele sofresse como eu sofri. Mas... Você era tão sozinha, eu queria matar sua família, mas como eu te mataria se você me lembrava de como eu também era solitário? Era impossível que eu simplesmente te matasse, queria te olhar de perto, era tão parecida com Haeri, mas tinha uma coisa diferente. Eu sabia que era possível fazer com que você me olhasse, ela sempre tinha tanta gente a cercando e você sempre estava sozinha em toda a sua vida como se o mundo te assustasse, tinha uma fragilidade que sua irmã não tinha. Por isso eu fiquei tão feliz quando você tinha me aceitado, obedecido minhas regras, até mesmo me chamava carinhosamente de Bobby. É mesmo uma pena que tudo tenha que acabar como eu sei que vai. – se levantava beijando novamente minha testa, tudo aquilo estava me deixando mais tensa e eu não entendia o que ele queria dizer, olhei em volta mais uma vez então franzindo o cenho.

- Esse quarto era dela, não é? – perguntei vendo os quadros na parede, o mural de fotos perto da cama, tremi mais uma vez com medo do que me aconteceria.

- Sim. Essa foi a primeira casa que minha família morou, abandonamos essa casa depois do suicídio de Haeri. Esta casa era pequena, então fizeram do porão o quarto dela, mesmo assim ela não reclamava – falava suspirando baixo a me olhar com um sorriso de lado – Com os cabelos curtos fica mais parecida com ela.

- Eu nunca vou ser Haeri.

Ele riu baixo ao me escutar e caminhava até a cama, se sentando na mesma me observando em silêncio.

- A intenção é que Hanbin perca a pessoa que tanto ama, que sofra todos os dias. Você é irmã de Haeri, mas diferente dela, conseguiu me amar. Já se esqueceu de quantas vezes disse que me amava? Eu nunca pude encostar nela, mas você chegou até a engravidar de um filho meu – sorria de lado – Por que quer tanto voltar para Hanbin? Ele era um babaca com você, acha que ele simplesmente vai continuar sendo o bom, gentil e prestativo Hanbin? Homens não mudam, Jihye. Aqui eu posso ser gentil com você, posso ser seu marido, seu amigo, até mesmo sua família. – se levantava sorrindo ao andar até mim – Até que ele aparecesse naquela floresta eu fui a pessoa que cuidava de você igual á um irmão, aquele que te beijava e se deitava com você igual á um marido e me importei com você como um amigo faria. Eu posso ser tudo para você, acha que quero te transformar em Haeri? Ela tinha um lado muito ruim, mas eu ainda a amava, mas para ser sincero se eu te visse como ela... Eu já teria te matado perguntando por que havia me deixado. Eu preciso de você, te fiz ser como eu queria. Peço que colabore, não será bom se você acabar adoecendo mais, isso atrapalharia tudo.

- O que está planejando? – perguntei sentindo o medo se misturar com a raiva, ele me olhava mais uma vez dando um sorriso triste.

- Daqui alguns dias será quando o meu plano irá para outro rumo, uma punição mais física ao que Hanbin fez – suspirava ao andar até as escadas – Eu preciso tomar um banho, vou ter que te deixar aí até que aprenda novamente que eu sei o que é bom para você.

O segui com o olhar me sentindo mais uma vez em pânico, vários pensamentos vieram até mim, mas um dentre todos fizera com que meu coração se apertasse.

- O que vai fazer comigo quando esse dia chegar?

- Vou fazer Hanbin sofrer por tudo o que fez e você permanecerá comigo. Eu já disse que não vou permitir que me deixe sozinho. – falava subindo as escadas, o olhei chorando mais uma vez querendo que tudo aquilo acabasse, era um pesadelo sem fim o que estava fazendo comigo. Abaixei a cabeça tentando pensar em Hanbin, tentando imaginar um vida sem Ji-won, sem que eu fosse levada quando as coisas pareciam se acalmar. Lembrei de quando Hanbin havia dito que, quando tudo se acalmasse, iríamos para outra cidade. Tentei imaginar uma cidade calma, silenciosa onde teríamos uma casa pintada de branco, talvez com um jardim. Eu poderia ficar olhando para a janela sentindo a brisa da janela, aquela sensação de liberdade e de paz, eu nem precisaria de escutar música, ver um lugar calmo já seria a melhor coisa. Não teríamos um porão, eu nunca mais comeria panquecas e eu poderia respirar em paz pela primeira vez. Imaginar isso tudo só me fazia chorar ainda mais, por que sempre que eu tentava imaginar essa vida calma onde eu estaria tentando ser feliz, logo minha imaginação colocava tudo nublado, como se Ji-won pudesse me sequestrar repetidas vezes. Minha febre estava forte a ponto que eu estivesse mole, fora isso eu estava tremendo de frio sendo que meu corpo ainda estava molhado por causa da chuva. Perguntei a mim mesma se eu conseguiria alguma chance de me matar e acabar com aquele sofrimento, mas assim que pensei nisso a porta se abriu e Ji-won voltava á aquele quarto me olhando vendo como que eu estava tremendo, então andava até mim encostando a mão em minha testa – Está ardendo em febre, vou te dar um bom banho quente e vou fazer algo leve para que você coma. – sua voz estava calma o bastante para ser carinhosa, mas virei meu rosto ainda que me sentisse tonta, tudo isso estava me deixando ainda pior.

- Não... Deixe-me aqui. Não tenho fome.

- Pare com essa teimosia, sabe como me preocupa te ver doente assim? Só eu que sei cuidar de você afinal. – Ji-won falava me desamarrando aproveitando ao ver que eu estava passando mal o bastante para não ter forças para revidar, me carregava nos braços e me levava para o banheiro que havia no quarto, me deitando na banheira, eu estava o olhando com raiva me encolhi ali sem querer tirar a camisa que eu usava, a camisa que Hanbin tanto usava. Ji-won ligava a torneira da banheira fazendo com que eu sentisse a água quente cair, ele devia ter mantido aquela velha e acabada casa como último plano. Eu estava desesperada e encolhi meus ombros sem querer que ele me tocasse, mas ele me virava mexendo na camisa, dei um tapa em seu rosto o fazendo soltar um leve gemido de dor, passando a mão no rosto.

- Não me toque. Não ouse pensar nisso – falei ainda tremendo me sentindo zonza por causa da febre – Vai, dá um soco na minha cara, me jogue em uma cama e me estupre. É isso que sempre fez comigo, faça o que quiser, eu nunca vou ser sua. Assim como Haeri nunca seria sua. – eu havia falado aquilo, não ia deixar que ele pensasse que tinha poder sobre mim. Eu não seria mais uma vez um brinquedo dele. Fechei meus olhos já esperando a dor do soco, estava preparada para que ele me afogasse naquela banheira, mas ele simplesmente fechava a torneira da banheira e me abraçava com força, escondendo o rosto em meu ombro. Eu não entendia, era para que ele estivesse furioso, que me batesse. Eu lhe dei um tapa e joguei na cara dele que nem eu e muito menos Haeri éramos dele.

- Desculpa. Pode me bater o quanto quiser, eu mereço por ter te dado aquele soco. – ele falava com a voz baixa, como se estivesse triste, de repente pude perceber que ele estava chorando em meu ombro, me apertando naquele abraço – Não me deixa sozinho, não quero te perder também.

Olhei para o lado odiando a situação em que eu estava, em como eu sabia que estava mentindo, ele tentaria me manipular mais uma vez. Fiquei em silêncio sabendo que ele queria me bater, me forçar a olhá-lo, mas encarei Ji-won sair do abraço ainda chorando e beijando meu rosto, então indo até a porta.

- Vou te deixar tomar banho sozinha, tenho que pegar roupas quentes para você e vou fazer uma sopa para que melhore – ele falava parando na porta – De noite deixarei as luzes acesas, você tem medo do escuro.

- Você nunca me deixou tomar banho sozinha.

Ele sorriu de lado ainda com um jeito triste ao passar a mão no rosto, onde eu havia dado o tapa.

- Não vou dar banho em você, está brava comigo.

Observei ele sair do banheiro me deixando ali, suspirei profundamente aliviada de pelo menos ficar sozinha por alguns momentos. Ele não estava arrependido de verdade, eu sabia disso. Ele me bateu e abusou de mim por quase dois anos, claro que não tinha a capacidade de se sentir culpado por causa de um soco que havia me dado. Olhei em volta no banheiro e tirei a camisa de meu corpo, sentindo melhor a água quente, eu precisa de um banho para tirar a água da chuva, em meio daquela água me perguntei como que Haeri se sentiu quando pulou daquela ponte. Será que foi rápido? Deitei na banheira colocando todo meu corpo para dentro da água mantendo apenas meu rosto para fora, pensei que eu não conseguiria escapar daquela casa, que Ji-won me vigiaria muito mais e não permitiria que eu voltasse para Hanbin. Olhei para a porta vendo Ji-won de costas no quarto pegando algumas roupas do armário e colocando sobre a cama, então seguindo para as escadas, provavelmente para ir fazer a sopa. Aquele porão não tinha janelas, não tinha como escapar dali. Eu estava encurralada, não é? Pensei novamente em Haeri e olhei para o teto pensando que ela havia vivido naquele porão, aquele era o banheiro dela.

- Haeri... Se você puder me escutar, você tem raiva de mim...? Guarda rancor de alguma coisa ou algum arrependimento? Eu tenho ambos em meu coração agora. Acho que nós duas não tivemos muita chance na vida. Eu queria descobrir o que se passou em seu coração quando pulou daquela ponte e caiu na água. Será que... Eu tenho que me juntar á você para que essa dor acabe? – falei com a voz trêmula então afundando minha cabeça na água, fechando meus punhos, senti a água mover meus cabelos e como aos poucos minha respiração começou a se apertar, mas eu tinha que continuar, estava lutando contra meus impulsos para me manter na água, queria acabar com tudo. Eu não aguentava mais. Abri meus olhos contorcendo meu corpo sentindo o desespero da falta de ar e então um som abafado pela água e Ji-won correr para dentro do banheiro, me tirando da água.

- Jihye! Respira, pelo amor de deus, fala comigo! – ele falava alto me carregando nos braços, deitando meu corpo sobre a cama, passando as mãos em meu rosto, eu estava tossindo e estava sem ar, o olhei vendo como parecia desesperado – Tem noção do que estava fazendo? Poderia ter morrido! Sinto muito, não queria fazer isso, mas é para o seu bem. – Ji-won se levantava indo até a mesa de estudos voltando com uma corda maior.

- Não, por favor, de novo não... – falei e tentei bater nele, mas Ji-won segurava minhas mãos, as amarrando e amarrando o final da corda no pé da cama dando vários nós para me manter limitada ali, aquilo era humilhante e eu tentava me soltar, mas não conseguia – Ji-won, me solta!

- Não posso deixar que seja um perigo para si mesma, Jihye! – ele estava irritado e suspirava pegando uma toalha que havia colocado sobre a cama e ia até mim, secando meu corpo enquanto eu o olhava com medo, estava bravo por eu ter tentado me matar – Vou ter que te controlar assim? Sabe como isso foi perigoso? Que droga, Jihye! – ele falava alto ao se levantar e ir até as escadas, eu havia voltado a chorar tentando me soltar daquela corda, mas tudo parecia em vão, encarei as escadas o vendo voltar com a sopa em uma bandeja, andava até mim, puxando a cadeira colocando a bandeja ali, se sentando ao meu lado na cama, pegando a colher e levando á minha boca – Vai, precisa comer.

Virei o rosto negando o que me oferecia.

- Não tenho fome.

- Precisa comer, por favor. – ele falava me olhando pacientemente – Está com febre e ficou presa por horas em um porta malas, é melhor que aceite a sopa. Você já tomou minha sopa antes, sabe que não é ruim. Come. – ele pedia com a voz calma, mas eu ainda negava. Mas se eu quisesse conquistar sua confiança para que eu tivesse uma chance de escapar daquela casa eu devia agradá-lo, então virei meu rosto tomando a sopa da colher, ele sorriu animado com isso e pegava mais da sopa, assoprando a mesma por estar quente e levava á minha boca.

Seriam noites longas e eu tinha duas opções: Ganhar a confiança de Ji-won para ir para o primeiro andar da casa e tentar fugir ou me matar na primeira chance.


Notas Finais


De volta ao porão, aguente firme Jihye ;-;


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