25/08, Terça-Feira, 12:30 p.m.
P.O.V. David
— Oi. — Me aproximo dela, Amy, que está deitada na cama. O quarto está mal iluminado pelo fato de a cortina estar fechada.
Ela tem estado deitada na cama o tempo todo, não vê a luz do dia desde sábado. Estou começando a ficar preocupado, nunca a vi tão doente assim. Já lhe disse que se caso ela não melhorar até Quarta-Feira, iremos ao médico. Ela está fazendo de tudo para parecer bem, mas a conheço muito melhor que isso.
— Eu fiz comida para você. Acredito que um pouco de sopa te fará bem. — Deixo a bandeja em cima da cama ao lado dela, que ainda não se voltou para mim, e abro a cortina. Ouço um resmungo de desaprovação e me volto para ela. — Você precisa ver a luz do dia.
Sento-me ao lado dela e a observo afastando a colcha branca. Está usando o mesmo pijama há dias, ela só sai da cama para ir ao banheiro e tomar banho. Observo-a se alimentar, e então, quando ela termina, levo o prato para a cozinha.
Lavo a louça, pensando no que deve estar acontecendo. Ela quase não fala, dorme o dia inteiro, e fica deitada na cama. Isso parece muito mais que uma simples virose. Quando volto para o quarto, ela está sentada na cama, observando um calendário.
— Que que aconteceu? — Pergunto, sentando-me ao lado dela.
Não que eu estivesse esperando ser ignorado, mas realmente fico surpreso quando ela responde:
— Minha menstruação está atrasada. — Amy faz uma pausa por um momento, e então ela olha para mim. — Será que...
Ela nem termina, e já estou sorrindo de maneira absurda. Pouso os olhos na barriga dela, então meus olhos encontram os dela. O rosto que há dias estava sério e praticamente “sem vida”, se abre em uma expressão de surpresa e felicidade. Nós dois sorrimos.
— Será? — Não consigo esconder o sorriso abobado que está estampado no meu rosto. Levanto abruptamente, calço os sapatos, e pego uma jaqueta.
— Onde vai? — Ela pergunta, encarando-me em dúvida.
— Comprar um teste de gravidez. — Respondo, já atravessando a porta do quarto. — Eu volto já! Te amo!
— Também te amo!
P.O.V. Alice
— Então, olhando a planta do apartamento, acredito que dê para fazer muitas coisas, aproveitar o espaço. — Falo, encarando o casal de aproximadamente 22 anos na minha frente. A menina sorri. — Apesar de ser pequeno, será simplesmente prazeroso e divertido trabalhar nele. Vocês por acaso têm uma expectativa do tempo de espera?
— Não, — a menina responde. — estamos dispostos a esperar o tempo que for, contanto que o resultado seja satisfatório. — O garoto ao lado dela simplesmente concorda. Mesmo que o casal seja um pouco mais novo que eu, vejo que quem comanda a relação é a garota.
Quando vou responder, o interfone toca.
— Só um momentinho... — Informo e atendo. — Oi, Amanda? Aconteceu alguma coisa?
— Lice, tudo bem? Então, tem um homem aqui, diz que quer falar com você.
— Quem é? Ele te disse o nome?
— Sim, é Chandler.
— Ah, tudo bem. Mande-o ficar na sala de espero, daqui a pouco vou atende-lo. Mais alguma coisa?
— Na verdade, sim. Jessica pediu para avisar que depois do almoço, lá por umas 14:30, quer falar com você. Pediu para perguntar se você pode dar uma passadinha na sala dela.
— Humm.... — Dou uma folheada na minha agenda para ter certeza de que não tenho nada marcado às 14:30. — Certo. Diga a ela que posso, por favor?
— Claro. É só isso, Lice. Obrigada.
— Obrigada, Amanda.
Que é que Chandler faz aqui? Volto-me para Mary e Tom, o casal que estou atendendo.
— Então, têm alguma dúvida?
Eles se encaram por um momento.
— Acredito que não.
— Então por hoje é só. — Sorrio, levantando-me junto deles.
Quando eles saem, Chandler entra. Encosto as costas na cadeira e ele senta-se de frente para mim.
— Posso te ajudar com alguma coisa? — Pergunto, encarando-o.
— Só queria saber se está livre hoje à noite?
— Por quê?
— Tenho um jantar com o pessoal do elenco de The Walking Dead, a gente ainda se fala bastante. Eles sentem a sua falta. Queria saber se você não gostaria de ir?
— Ah, bem... — Volto os meus olhos para a agenda. — Que horas?
— Umas 18:30....
— Tudo bem, irei te acompanhar. — Respondo com simplicidade. Ele sorri.
17:00 p.m.
Daisy me encara em dúvida. Visto um vestido preto e branco, com estampa quadriculada, e um cachecol vermelho, pelo fato de estar ventando hoje, mesmo que estejamos em pleno verão. Ouço o barulho de um carro na garagem, provavelmente seja Mari. Momentos depois, ela aparece na porta do quarto. Ela me lança um olhar malicioso.
— O que vai fazer hoje à noite, moça? Vai sair para namorar? — Ela pergunta, sentando-se na cama. Daisy solta uma risadinha.
— Não vou sair para namorar, vou a um jantar. — Respondo, indiferente. Ela arqueia a sobrancelha. — Com um amigo.
— E quem é esse “amigo” misterioso? Chandler, será?
— É, por quê?
— Nada, ué...
— Você vai sair com Chandler, dinda? — Daisy pergunta, claramente feliz da vida.
— Amigos saem sempre, sabe? — Retruco, me voltando para elas. — Como estou?
— Eu gostei! Você está bonita. Mais do que o normal. — Daisy elogia, voltando-se para o seu desenho quando sorrio para ela.
— Vai arrasar, Sis. Vai ver que assim o Chandler percebe que tem que te segurar bem forte e não deixar ir.
Em resposta, taco uma almofada no rosto dela, na tentativa de calar a sua boca.
— Preciso que cuide dela hoje, pode ser? — Peço.
— Óbvio, afinal, eu sou tia dela. É o meu trabalho. — Quando ela fala isso, ouço a campainha.
— Certo, então comportem-se. Vocês duas. Eu to falando sério.
Pego a minha jaqueta, calço os saltos e dou um beijinho em Daisy.
— Por favor, se cuidem. Não coloquem fogo na casa.
Desço as escadas extremamente nervosa. Quando abro a porta, dou de cara com um Chandler usando uma roupa arrumada, mas despojada ao mesmo tempo. Ele sorri para mim.
— Oi. — O cumprimento, um pouco sem jeito, por conta da maneira que ele me olha.
— Oi. — Ele sorri. — Está pronta? — Faço que sim lentamente.
[...]
Quando entramos na casa de Norman, sou recebida por várias pessoas me abraçando e exclamando “quanto tempo!” e “senti a sua falta!”.
— Então, Lice, o que tem feito? — Andy pergunta, 40 minutos depois da chegada, voltando-se para mim.
— Bem, depois de eu ter me formado na NYU, decidi voltar para Atlanta, porque... Não sei, simplesmente senti que deveria. A minha prima estava grávida... E eu e a Mari começamos a dividir os custos de uma casa perto do hospital onde ela está trabalhando. — Faço uma pausa, onde Norman me oferece batatinhas. — Quando a minha prima entrou em trabalho de parto, eu estava começando a me estabilizar profissionalmente... Infelizmente, houveram algumas complicações no parto, e ela não resistiu. — Quando falo isto, volto o meu olhar para o chão. — Então, eu, sendo madrinha da filha dela, consegui a guarda. Agora, tenho trabalhado direto, e quando não estou trabalhando, estou cuidando de Daisy, minha afilhada. Essa tem sido a minha vida nos últimos anos...
— Mas você está feliz, acredito? — Jeffrey pergunta.
— Ah, sim! Muito feliz! Tenho o prazer de conviver com Daisy e de morar com a minha melhor amiga. Estou trabalhando com algo que realmente me faz feliz, então, sim... Acho que estou mais do que feliz. — Dou um sorriso.
— O jantar está pronto, pessoal! — Norman anuncia, da sala de jantar.
21:03 p.m.
— Obrigado por me acompanhar essa noite. — Chandler agradece, olhando nos meus olhos. Apoio as costas no seu carro.
— É, foi legal. — Sorrio.
— Posso te acompanhar até a porta? — Ele pede e eu faço que sim. Quando chegamos lá, ele encosta o ombro na porta, e eu faço o mesmo. Seu rosto está a poucos centímetros do meu. — Sabe, eu realmente senti a sua falta.
— Não sente mais?
— Todos os dias. — E então, sem aviso, o beijo de maneira mais que voraz. As minhas costas encostam completamente na porta. Com as mãos, procuro a maçaneta. Entramos na casa, fecho a porta e jogo os saltos do outro lado da cozinha. Subimos as escadas, e quando entramos no meu quarto, tranco a porta.
Seus lábios correm pelo meu pescoço, e eu deixo. Deslizo o seu casaco pelos seus ombros, e quando vou desabotoar a camisa, o telefone toca. Paramos por um momento, e nos encaramos. Quando o telefone toca pela segunda vez, nós dois damos uma risada ao mesmo tempo.
— Espera um pouco, só deixa eu atender, e então continuamos, ok? — Ele assente, passando as mãos pelo meu quadril. Pego o celular e, ao ver quem é, atendo com pressa: — Oi, Amy. Tá tudo bem?
— Sim, está! Estou melhorando.... — A sua voz está mais animada do que antes. — Eu... Meio que tendo uma notícia, está ocupada?
— Não, pode falar... Para! — Peço para Chandler parar de beijar o meu pescoço para que eu consiga falar com Amy direito. Ele ri e se afasta um pouco.
— Tem certeza de que não está ocupada?
— Tenho, pode falar! O que houve?
— Bem, é que.... Eu estou grávida!
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