História Stone Angel - Ninguém me conhece.

(POV) Well

Depois de Thomás sair do quarto eu fiquei pensando.. E se foi Andy quem pichou a parede? Ela chegou do nada, ninguém sabe quem realmente ela é, ela pode ser perigosa.

- Well? Posso entrar? – Alguém perguntou do lado de fora, pela voz parecia ser Rick.

- Pode, entra aí. – Falei enquanto me sentava na cama.

- Desculpa te incomodar, eu preciso desabafar com alguém, só achei você livre e.. – Falou mas eu o interrompi, como assim? Ele queria"desabafar" comigo?

- Ué, porque não procurou o Alex ou o Thomás? – Perguntei com uma expressão confusa no rosto, afinal nós dois sabíamos que eu não era um bom ouvinte, muito menos um bom conselheiro.

- Alex sumiu, não consegui achar ele e o Thom não desgruda do menino novo, só me resta você. – Falou olhando pra mim, parecia estar aflito com alguma coisa.

- Nem mesmo achou o Nícolas? – Perguntei o fitando.

- Não posso falar dele pra ele. – Falou agora fitando o chão. Entendi, mesmo que eu não fosse muito íntimo dele, sabia que tinha que ouvi-lo.

- Tá, senta, pode falar. – Falei e ele abriu um sorriso fraco, como um agradecimento e logo depois se sentou.

- Eu preciso de ajuda, tenho que parar de sentir isso, preciso conhecer novas pessoas e esquecer o que sinto pelo Nick. – Falou e seu sorriso de segundos atrás havia se desmanchado, ele estava triste.

- Você veio para eu ouvir você ou dar minhas opiniões? – Perguntei o olhando, ele ficava olhando para o nada, sem olhar nos meus olhos.

- Quero que você me ouça, depois me ajude, eu tô apavorado. – Falou com seus olhos marejados.

- Fica calmo, não chora. Você gosta do Nick, qual o problema disso? Porque acha que precisa esquecer que gosta dele? – Perguntei confuso. Não entendo porque disso tudo, se ele gosta deveria dizer a ele.

- Ele não gosta de homens. – Falou e logo vi uma lágrima rolar por suas bochechas rosadas.

- Olha, uma coisa que aprendi com a vida é que.. – Parei e levantei seu rosto, fazendo ele me olhar nos olhos. – Ninguém é 100% hétero. – Falei rindo.

- Nada haver Well, tem muitas pessoas que são héteros sim. – Falou revirando os olhos.

- Sim, não disse que "não tem pessoas héteros", disse que ninguém é 100% hétero. – O corrigi.

- Então você acha que Nick não é 100% hétero? – Perguntou confuso. "Mas que pessoinha lerda" pensei.

- Você quer que eu repita quantas vezes? Vai lá e fala com ele logo, para de enrolar. – Perguntei já nervoso.

- Aish, você é um idiota.. – Disse enquanto se levantava da cama. – Mas é um idiota que está certo, vou falar com ele sim, valeu Well. – Falou sorrindo e caminhando até a porta.

- Hey, você sabe onde está o Dan? Ele desceu faz um tempo e não voltou. – Falei confuso, era estranho estar alí sem ele, sua ausência me incomodava e muito.

- Ele foi lá em baixo? Não vi ele em lugar nenhum. – Falou me olhando sério. Se antes eu estava preocupado, agora eu estava quase tendo um ataque nervoso. Onde está Daniel?

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 (POV) Daniel

Acordei com uma dor de cabeça enorme, abri meus olhos e eu estava sentado em uma cadeira, a mesma estava virada para a parede. Me lembrei do que aconteceu, eu estava no jardim e alguém muito estranho também.. Tastik! Ele estava lá, ele quem me bateu, onde eu estou? Quando ia me virar ouvi uma voz se pronunciar.

- Se virar ou tentar alguma coisa eu te mato. – Falou uma voz, era conhecida porém a pessoa tentava fazer parecer que não engrossando a voz ao máximo.

- V-você é o Tastik? – Perguntei nervoso e com medo.

- Sou. Eu não quero machucar você, apenas quero mandar um recado.. – Falou e senti ele chegando mais perto de mim, logo passando a mão pelo meu cabelo. – Se você for um bom menino e dar o meu recado eu deixo você em paz, se não eu vou atrás de você outra vez.

- Que r-recado? – Perguntei ainda nervoso, talvez com mais medo que antes.

- Vamos com calma, primeiro quero que saiba que vocês não vão conseguir me achar se procurarem, eu simplesmente não existo quando não quero existir. – Falou me deixando confuso, ele era realmente maluco.

- Você é do orfanato? O que v-você quer? – Perguntei enquanto me recuperava aos poucos do nervosismo.

- Sou. Eu só quero me divertir, esse lugar está muito chato, sem diversão, me veja como um entretenimento. – Falou enquanto ria de leve. O jeito como ele fala é familiar, sua voz é conhecida e seu riso também, eu conheço esse cara.

- Eu conheço você, eu sinto que conheço. – Falei com mais coragem.

- Ninguém me conhece. – Rosnou com raiva, logo depois voltando a rir. Eu estava com medo, ele parecia estar fora de si e não poder me virar para ver seu rosto era agoniante.

- Então, eu vou morrer? – Perguntei com os olhos marejados.

- Não, eu apenas quero que você me ajude. Muitas meninas estão a caminho para serem novas abrigadas, ou seja, teremos um grande baile semana que vem, provável que seja no mesmo dia do seu aniversário, ou seja, teremos um baile para comemorar o seu aniversário. – Falou passava as mãos sobre meu cabelo.

- Como você sabe disso tudo? – Perguntei, era estranho ele saber de tantas coisas e eu não saber nem mesmo como era seu rosto.

- Eu sou seu amigo. – Falou e puxou uma mecha do meu cabelo para trás. – Você logo vai saber quem sou eu.

- Alex? – Perguntei receoso. Era o cheiro dele, a voz era parecida, eu tinha certeza que era o Alex. Me virei e pude ver o menino misterioso com um sorriso maligno em seu rosto. Era o sorriso do Alex.

- Não exatamente. – Falou e saiu daquela sala. Quando havia me virado pude perceber que estávamos em alguma sala desconhecida aos meus olhos, saí e vi que estávamos no terceiro andar do orfanato, bem no final do corredor.

Eu estava tonto e ainda com muita dor na cabeça, estava prestes a desmaiar. Fui descendo as escadas para chegar ao meu quarto, eu estava nervoso, era mesmo Alex que estava alí? Alex é Tastik? Era difícil acreditar que aquela pessoa bruta era o mesmo Alex frágil e delicado.

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(POV) Well

Depois que Rick se retirou me deixando só, eu me arrumei e desci para procurar por Daniel, eu estava preocupado, o que será que aconteceu para ele estar tanto tempo fora? Depois de uns 30 minutos eu fui para o quarto, ele voltaria direto para lá quando pudesse. Quando abri a porta o vi jogado em cima da cama, ele estava com seus tênis ainda, estava tão cansado que nem mesmo conseguiu tirar seus tênis? Era estranho.

- Daniel? – O chamei para ter certeza de que realmente estava dormindo.

- Well! – Falou enquanto se virava, assim pude ver seus olhos roxos, estava claro que tinha sido agredido.

- O que aconteceu com você? Quem fez isso? – Perguntei me sentando ao seu lado, ele olhava fixamente em meus olhos.

- Ninguém. - Falou e me puxou para deitar com ele. Tentou me beijar mas eu desviei.

- Dan, me fala quem fez isso com você. – Falei sério.

- Tastik. – Falou sem olhar nos meus olhos.

- Como assim? Cadê esse babaca? Você sabe quem é ele? Quando eu encontrar ele eu vou dar tanto soco que.. – Falei me alterando mas ele me interrompeu.

- Não, ele é nosso amigo. – Falou se levantando.

- Nosso amigo? Você sabe quem ele é? – Perguntei confuso. – Me fala quem é!

- É o Alex, era a voz dele, não pude ver o rosto mas a voz era parecida demais. – Falou de cabeça baixa. Era inacreditável, Alex não poderia ser.. "Tastik".

- Eu já volto. – Falei e fui em direção ao quarto de Alex, cheguei lá sem abrir a porta e pude ouvir uma conversa entre Andy e Alex.

- Os remédios não estão mais adiantando, por favor vamos embora, eu vou cuidar de você. – Andy falou enquanto soluçava, parecia estar chorando.

- Não, eu não vou mais sair daqui, você me abandonou quando eu mais precisei, deu razão ao pai e a mãe. – Gritou Alex nervoso. Como assim "pai e mãe"?

- Eu sinto muito por não te tirar daqui, mas eu sempre te visitei, trazia remédios para que ninguém percebesse nada, você não pode negar que sempre pensei em você! – Gritou Andy, seu choro apenas aumentava. Abri a porta e fiz os dois olharem para mim.

- O que está acontecendo? Porque ele toma remédio? E o que ele tem? – Me vieram milhões de perguntas apenas por ouvir aquele diálogo dos dois, mas de todas elas a única que eu estava louco para saber era.. – Alex, você tem pais?

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(POV) Thomás

- Nossa, sério, muito obrigado por falar com a diretora, se não fosse por você nem sei o que eu faria. – Falei e fiz Drew sorrir, era tão gratificante ver o seu sorriso.

- Pode contar comigo sempre. – Falou e me abraçou, fiquei sem reação, ele era a coisa mais fofa do mundo.

- Posso fazer uma coisa? – Perguntei deixando ele com uma expressão meio confusa, mas ele logo assentiu.

- Pode, o que? – Perguntou e eu sorri.

- Fecha os olhos. – Pedi e ele fez, parecia estar confuso, mas fez, talvez ele confiasse em mim de verdade.

- E agora? O que você vai fazer? – Perguntou com seus olhinhos ainda fechados.

- Eu vou fazer carinho no seu rosto. – Falei e acariciei a pele macia de seu rosto. – Me aproximar. – Falei enquanto chegava mais e mais perto, ele parecia sem reação, apenas ouvia. – E agora eu vou..

- Me beijar? – Perguntou nervoso, porém estava sorrindo de ponta a ponta.

- Não, você estragou o momento fofo que eu estava tentando proporcionar para o nosso primeiro beijo, agora perdeu a graça. – Falei e me virei para ir embora, mas em um piscar de olhos ele me puxou de volta e selou nossos lábios. Foi bom.. Nossa! Foi muito bom!

- Você gostou? – Perguntou enquanto sorria meio sem jeito.

- Já tive melhores. – Falei enquanto subia as escadas.

- Sei. – Falou rindo e me seguiu.

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(POV) Well

Estava de pé, na porta daquele quarto apenas esperando respostas, queria uma explicação, o que significava tudo aquilo?

- Não vão me responder? – Perguntei sem paciência.

- Calma, senta aqui, vamos conversar. – Andy falou se sentando na cama e me chamando para me sentar ao seu lado.

- E então..? – Perguntei quando já me encontrava sentado. Andy parecia estar escolhendo as palavras certas para dizer, Alex permanecia calado, com a cabeça baixa.

  - Alex sofre de múltipla personalidade.