História Street Racer - Cap 52

POV Lauren

Olhei pela décima vez no relógio perto da cabeceira, que marcava 2h27 da manhã. Por mais que o sono tranquilo de Camila fosse contagiante, eu não conseguia dormir de jeito nenhum.

Era difícil acreditar no que tinha acontecido nesses últimos dias. Primeiro, meu ídolo do mundo dos rachas me chamou para correr na liga dele em Las Vegas, ele me leva para sua mansão, me apresenta seus sócios e integrantes da Liga dos Street Racers, me oferece presentes, e ainda me diz que posso ser a substituta dele, o que me deixou animada pra caralho.

Sofia beija Taylor em uma das festas, e Veronica toma coragem pra fazer o mesmo com Lucy. Isso foi algo importante que deve ser lembrado.

Então, no almoço dos SR, eu conheço Zayn Malik e Taylor Momsen, os únicos Street Racers infelizes de estarem na liga. Eles me contam coisas, bagunçam toda minha cabeça e me deixam desconfiada de L.A Reid, porém a minha vontade de estar na liga era maior.

Pausa no drama do mundo das corridas para eu fazer o famoso pedido de namoro para a minha garota. Camila diz o famosos "sim". Bom, na verdade ela não diz, mas começamos a namorar, o que foi uma péssima ideia, naquele momento, se eu soubesse de tudo que estaria por vir, principalmente o fato dela peitar um agente do FBI só por ser minha namorada. 

Depois, o drama volta para o mundo das corridas, onde um detetive do FBI me aborda dizendo ter provas de que eu sou uma corredora de rachas de rua, o que é ilegal. Quero dizer, Simon tinha todas as provas pra me prender, uma vez que já fui abordada quando tinha apenas 17 anos, mas dessa vez era diferente, eu era maior de idade e poderia mesmo ser presa. Mas ao invés de me levar presa, ele me ofereceu um acordo perigoso pra caralho.

Descubro que o cara que era minha inspiração, era na verdade um mafioso, que usava a liga dos Street Racers para mascarar uma porrada de crime. Descubro que ele estava tentando me enganar o tempo todo para eu ser mais uma boa corredora trabalhado para melhorar o sistema de crimes dele. 

Aceito o acordo de Simon, sentindo o ódio e nojo por L.A Reid crescer cada vez mais em meu peito. Eu só queria acabar com essa liga criminosa, pra que nenhuma outra pessoa seja enganada por Reid assim como Zayn, Momsen e eu. 

Então, minha namorada, não satisfeita em ver apenas a minha vida em risco, decide colocar todo mundo em risco, como se fosse um jogo de RPG, e Simon acaba concordando com a loucura dela. 

Taylor bola um plano completamente sem noção para ajudarmos o FBI a prender uma liga inteira de criminosos, e quando eu digo uma liga inteira isso quer dizer muitas pessoas mesmo, e mais uma vez Simon concorda com o plano. A essa altura eu já achava que Simon mesmo com seu jeito sério, era mais louco do que nós.

Então uma noite antes de colocarmos o plano em ação, mesmo com todo mundo nervoso e ansioso, meu avô, que deveria estar no Texas, decide aparecer em Las Vegas para casar meu primo idiota e minha melhor amiga baixinha, como desculpa de que deveríamos nos "distrair". 

E agora eram 2h29 da manhã, eu estava agitada e nervosa, pensando em tudo que possivelmente poderia dar errado no plano de amanhã é algum de nós acabasse ferido. Apesar de achar que Simon estava escondendo o jogo, já que ele não estava nenhum pouco preocupado.

Me sentei na cama, com as costas apoiadas na cabeceira, decidindo se pegaria um livro pra ler ou se mexeria no celular para tentar passar o tempo, até que a voz de Camila me fez pular de susto

— Lo, para de se mexer, por favor. — resmungou sonolenta.

— Ei! Que susto. — me virei pra ela, vendo seus olhos castanhos me fitando.

Foi impossível não sorrir. Seu cabelo estava completamente bagunçado sobre o travesseiro branco, e ela mantinha a coberta cobrindo quase que toda sua cara, deixando apenas seus olhos visíveis. 

— Não consegue dormir? — perguntou. Respondi negando com a cabeça.

Ela soltou um suspiro e se sentou na cama, passando os dedos entre os cabelos e o prendendo num coque perfeito. Se arrastou até mim, passando seus braços pela minha cintura, jogando uma de suas pernas sobre as minhas e deitando sua cabeça no meu peito, se aconchegando no meu corpo. 

— Posso ficar acordada com você, se quiser. — sugeriu baixinho, fazendo meu coração bater um pouco mais rápido do que o normal.

Acabei não respondendo. Passei meu braço entorno de seu corpo, e deslizei a ponta do meu nariz sobre sua cabeça, sentindo o cheiro do shampoo de seu cabelo, descansando minha cabeça na sua. 

— No que tá pensando? — ela perguntou. 

— Só estou preocupada. — respondi deixando um beijo no topo de sua cabeça. 

— Passamos o dia juntas ontem, mas quer saber de uma coisa? — perguntou. Resmunguei para que ela prosseguisse. — Senti falta de ter sua atenção. 

Puxei seu queixo pra cima, fazendo ela me encarar. Olhei nos olhos castanhos intensos e brilhantes, e sorri. 

— Eu também sinto falta de você. — respondi acariciando suas bochechas, vendo formar um sorriso tímido.

Passei a ponta do dedo contornando seus traços latinos, observando cada detalhe. Era como se eu quisesse memorizar cada partezinha do rosto de Camila, enquanto ela me assistia observá-la.

Ficamos mais um tempo em silêncio. Ela estava aproveitando meu carinho de olhos fechados, enquanto eu a admirava me perdendo na beleza natural dela. 

Estávamos numa bolha. Contornei seus lábios pela última vez antes de encostar os meus no dela, a pegando de surpresa, não demorando muito pra corresponder. 

Era fodidamente gostoso prender o lábio de Camila entre os meus, sentir sua respiração com a minha, sentir seus batimentos batendo na mesma velocidade dos meus. 

Não tinha pressa, não tinha desespero, não tinha malícia, só tinha amor. 

(...)

Estava sonhando quando ouvi vozes dentro do meu quarto, mas não conseguia saber se era real ou estava acontecendo no meu sonho.

Não sabia dizer ao certo em que momento na madrugada de ontem eu peguei no sono, mas o gosto da boca de Camila ainda estava na minha.

Eu sentia o corpo dela se remexer sobre o meu, mas não me incomodei, só a puxei ainda mais pra mim e continuei dormindo agarrada à ela.

— Eu que fiquei no bingo até de madrugada e elas que estão dormindo desse jeito? — a voz soou indignada. 

— Amor, chama de novo. — reconheci a voz de Normani. 

Senti Camila se remexer novamente.

— Vamos jogar água nelas. — Sofia sugeriu, me fazendo abrir os olhos no mesmo instante. Eu não duvidava que elas fariam mesmo isso.

— Ah! Finalmente! — Taylor comemorou. 

Camila abriu os olhos se sentando na cama, e me sentei junto, encarando todo mundo nos assistindo ao redor da nossa cama. 

Eu nem sabia como eles tinham entrado aqui. 

— Caramba! Achei que tivessem morrido, querida. — meu avô disse divertido.

— Mexam logo essas bundas. Simon vem em 30 minutos nos buscar. — Lucy mandou, puxando Vero por uma mão e Sofia por outra, que acabou puxando Taylor junto, saindo pela porta do quarto. 

Normani, Dinah, vovô e Troy foram logo atrás.

— E arrumem as malas, não vamos mais voltar pra cá depois de tudo. — Ally disse antes de bater à porta e nos deixar sozinhas. 

O quarto ficou silencioso enquanto Camila se espreguiçava. Era inegável sua beleza pela manhã. Carinha inchada, cabelo perfeitamente bagunçado e um biquinho lindo de quem não queria levantar da cama. 

Ela me olhou sorrindo tímida, como se quisesse conferir que eu estava bem. Não aguentei e a puxei pela cintura, fazendo ela soltar um gritinho surpreso, deitando por cima dela na cama e enchendo seu rosto de beijos, ouvindo sua gargalhada gostosa. 

Eu estava errada, a melhor coisa que eu fiz em Las Vegas foi, sem duvidas, ter pedido Camila em namoro. 

Já me sentia muito mais disposta e confiante para ir para a maldita missão que poderia colocar nossas vidas em risco, e Camila foi essencial pra isso.

— Amor, para! — ela disse em meio de risos, enquanto eu continuava beijando seu rosto por toda parte. 

— Eu paro se me der um beijo. — aproximei nossas bocas. Ela sorriu sapeca e me empurrou pro lado.

— Me deixe escovar os dentes então! — riu se esquivando de mim e correndo para o banheiro. 

Me joguei na cama, rindo do jeito bobo da minha namorada, quando ouvi meu celular tocar. 

Peguei o aparelho e li o nome no visor. Meu sorriso desmanchou e meu coração acelerou.

— "Re-Reid?" — atendi sentindo minha voz falhar. 

"Espero que tenha conseguido descansar e curtir Las Vegas nesses últimos dois dias." — o tom amigável em sua voz fez meu estômago revirar. 

— "Ah sim..." — ri nervosa, tentando parecer normal. Era a primeira vez que falava com ele desde que Simon apareceu.

"Antes de irmos para o local da corrida hoje, quero você aqui na mansão. Iremos fazer uma pequena reuniãozinha entre o pessoal da Liga, e você e suas irmãs estão convidadas." — ele soou descontraído, como se fossemos amigos de longa data. Eu queria socar o telefone na cara dele. — "Posso mandar o carro buscar vocês mais tarde?"

— "Ahn..." — tentei pensar em alguma coisa para negar. — "Não, não precisa... Nós meio que alugamos um carro aqui." — tentei enrolar.

"Ah, eu deveria ter imaginado." — ele riu — "Uma corredora como você não é capaz de ficar tão longe de uma máquina."

Eu queria gritar pra ele parar de falar como se me conhecesse a anos. Como se, por acaso eu entrasse pra liga, eu iria aceitar fazer parte da máfia dele. Como se ele soubesse que eu iria querer fazer parte desse mundo. 

Senti a raiva preencher meu corpo e vi Camila saindo do banheiro, me olhando com uma expressão assustada.

"Pois bem, Lauren, espero vocês aqui na mansão para nossa pequena reunião. Estou ansioso para te ver correr. Lembre-se do que eu falei, eu posso te oferecer muita coisa se você conseguir agradar meus sócios e entrar pra liga."

Naquele momento, a voz de Momsen soou na minha cabeça: "Todo ano L.A escolhe uma presa diferente. Ele trás até aqui, enche de promessas, oferece carros, dinheiro, presentes e tudo o que faria uma pessoa largar tudo pra trás e vir fazer parte disso aqui. Esse ano foi você."

Travei minha mandíbula segurando com força o celular. Eu iria destruir esse cara.

— "Acredite, eu vou conseguir." — disse firme, encerrando a ligação.