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História Stress - Instability


Escrita por: Airu-

Notas do Autor


Heyooo ~
Aqui é assim, minha gente. O aniversário é meu, mas quem ganha o presente É VOCÊ! Sem frescura da data, como prometido - a alguns -, cá estamos com o primeiro capítulo do ano! HAUSHAUS Desculpem pelo trocadilho besta made by casas bahia XD

Peguem suas taças imaginárias e vamos brindar! Um feliz ano novo e repleto de outras fics SasoDei para que todo mundo fique alegre e soltando purpurina por aí ヽ(´∀`)ノ. E outro brinde aos mais de 90 favoritos e 100 comentários! Sério, muito obrigada por estarem nessa jornada comigo, principalmente as tão amorosas meninas dos comentários, dividindo os surtos e meus progressos como ficwritter no meu segundo projeto SasoDei. Muito obrigada, acho que não tenho presente melhor que isso. De verdade.

Eu não lembro muito bem em que pé estávamos nas respostas sobre o SasoDei, mas estou soltando pistas de leve sobre o comportamento dele. Uma leitora já pegou o "segredinho" que ele esconde, então estou realmente agora avisando que há algo; talvez dê pra ir compreendendo um pouco melhor o jeito que Sasori vive. Não é um neném? -q

Capítulo não recomendável pra quem surta muito HUASHASU ~

Capítulo 18 - Instability


No segundo dia sem ver ou ter notícias de Sasori, Deidara começou um processo doloroso de empurrar suas emoções para baixo e trabalhar em outros tipos de sentimentos negativos para alimentar a indiferença e ódio sobre o ruivo. Se aquilo era como na vez em que largou a terapia no primeiro confronto entre os dois, então Sasori agia como um covarde, fugindo de seus sentimentos sempre que pressionado. Realmente não daria certo ficar com alguém assim.

Aceitando sua hipocrisia – também agia da mesma forma quando seus parceiros queriam conhecer sua família -, Iwa continuou atarefado com compromissos, reuniões e papelada do trabalho até quinta, implodindo em estresse e parando no hospital na parte da noite com hipotensão arterial por falta de alimentação. Só na madrugada de sexta voltou para casa, pensando ainda mais em Sasori e o culpando por sua saúde afetada.

Na sexta de manhã, Nagato também parecia arder em preocupações. Sasori não atendia o telefone, ninguém abriu a porta quando ele e um coagido Yahiko foram lá no dia anterior e estava cada vez mais difícil não pensar num deja-vu de quando aquilo acontecera da última vez. Os dedos queriam discar o telefone da polícia, mas não podia. Seria uma quebra de confiança, um retrocesso; prometera a Yahiko e Konan deixa-lo em paz.

– Ele está com um atestado médico desde segunda, Uzumaki. – Shizune não se deu ao trabalho de desviar a atenção do computador. – Todo mundo ficou sentimental por aqui?

Então ele resolveu deixar a mulher em paz.

Tinha pena de Deidara. O colega de trabalho estava cada vez mais evasivo, chateado; o dia inteiro concentrado no trabalho, parando apenas para ajeitar os óculos ou ir ao bebedouro. Tudo bem, ele também estava muito ocupado para o próprio bem, mas sabia que a causa daquele comportamento era pelo amigo. Sasori era assim; machucava as pessoas sem saber.

Saindo da sala de Shizune, subiu apressado para o próprio andar. Cumprimentou rapidamente alguns colegas; o objeto de sua atenção falando com alguém no telefone. Pelas feições iluminadas apesar da palidez quase doente, parecia estar falando com o Akasuna. Sorriu, um pouco mais aliviado pelo estado dele e disposto a descobrir o motivo daquele comportamento.

– Deidara. – murmurou logo que viu o loiro desligar o celular. Ao contrário do que imaginara, ele não demonstrou nenhum incomodo com a abordagem; pelo contrário, soava tranquilo. – Fico feliz que tenha se acalmado, conseguiu falar com o Sasori?

A menção ao nome do ruivo fez tantas transformações visuais na expressão do colega que Nagato sentiu como se tivesse acabado de pisar em um fio de alta tensão.

– Não, isso não tem nada a ver com ele. – assentiu, um tanto chocado pelo tom de voz ríspido. – Tenho que começar o expediente, hm.

– Claro. – viu o homem lhe dar as costas, afundando na cadeira com força. Ainda de pé, suspirou com pesar antes de se voltar para a própria baia de trabalho.

Algo lhe dizia que a brincadeira havia acabado.

[...]

Um encontro. Isso, apenas um encontro casual. Liberaria suas tensões cavalgando em alguém e terminaria a noite bebendo em alguma tenda pela rua. Embora uma parte implorasse que voltasse e desmarcasse o encontro com um desconhecido cheio de tesão – e provavelmente frustrações reprimidas -, Deidara estava tentando não pensar em Sasori ao tomar suas próximas decisões. Ter uma queda era fácil, rotineiro; não tão difícil de se desfazer, certo? Suspirou, admitindo sua derrota.

Doía, bastante. Sua cabeça doía de culpa, as mãos pegajosas de recriminação antecipada, a boca amarga de vergonha. Mesmo que não tivessem nada, era justo que já saísse com outros caras antes de vê-lo outra vez? Precisavam de algum senso de lealdade? Havia algum código moral?

Estava sendo ridículo.

Começou a abrir o pote de comida, amargo com a lembrança de um ruivo implicante destoando de suas habilidades culinárias. Droga, por que tinha se deixado levar? Aquele idiota sem escrúpulos, desgraçado arrogante e muito lindo. Era como se drenassem seu coração com gasolina, e no lugar, colocassem algum ácido.

Deidara avistou Kisame e Itachi conversando com Nagato e Konan um pouco mais a frente, mas se sentiu envergonhado demais para ir falar com eles. A sensação se tornou branda quando viu Kakuzu e Hidan se aproximando; um grito de Kisame fazendo todos pararem de comer para olharem a mesa dos colegas. Tentou sorrir, magoado e com ciúme da felicidade deles. Talvez pudesse parabenizar a vitória dos amantes no dia seguinte, junto da terapia.

Até que um perfume inconfundível fez seu coração disparar como um alarme de incêndio. O sangue de suas veias gelara, as mãos instantaneamente tremulas; o sentimento serpenteava para o centro de sua atenção como uma víbora prestes a envenenar uma pobre vítima.

– Algo me diz que está aborrecido.

Deidara fechou os olhos, tentando não explodir de raiva. As afirmações de Sasori, sua voz, seu cheiro... a maldita expressão calma e concentrada. Por que ele sempre agia como se nada fosse muito alarmante?

Ele tinha razão. Não era alarmante.

– Tá enganado. – sufocou uma torrente de xingamentos, rangendo os dentes antes de abocanhar um pedaço de salmão. – Não dou a mínima, hm.

Sasori continuou o encarando, deixando o loiro alguns segundos antes de puxar uma cadeira de frente para ele.

– Posso pelo menos explicar que não estava fugindo de você?

– Olha, você pode enfiar essas exp-hm... – seus olhos dobraram de tamanho ao visualizar uma tipoia no braço do ruivo. Aliás, este estava todo enfaixado. Olhou dele para o rosto de Sasori, tão lívido e aparentemente doente quanto o próprio. – O que...

– Hiruko.

– Ele quebrou seu braço?!

– Não, por que acha que ele seria capaz disso? – Sasori revirou os olhos, fazendo o colega querer afunda-lo na mesa. – Eu estava trocando uma lâmpada quando aquele sorrateiro entrou pela janela. Acabei caindo e ganhando... folgas forçadas.

Ah, ótimo, alimentando um monte de paranoias. Sasori estava com um braço fraturado e Deidara ardendo em raiva por pensar tão mal dele e não ter acertado em nenhuma de suas teorias para o sumiço repentino. Ah, qual é? Não poderia estar certo ao menos uma vez? Não era nem um pouco justo! Se sentindo sem ânimo, Deidara assentiu, lançando um último olhar para o braço do Akasuna antes de voltar a comer.

– Deidara. – ele chamou, um toque leve de suplica na voz. – Não pensei que fosse te afetar tanto.

– Isso é algum pedido de desculpas?

– Sim.

O encarou tempo suficiente para ficar constrangido, e então desviou a atenção para o pote. Não era tão grandioso se desculpar. Não o tornava um lorde ou algo do tipo, apenas uma obrigação básica.

– Podia ter avisado. – tentou soar duro - surpreendentemente funcionando - fazendo as feições dele recuarem de surpresa. – Nagato ficou a ponto de enfartar, hm.

Sasori não poderia estar menos interessado no que o amigo pudesse pensar – e que ele não ouvisse seus pensamentos. Balançou a cabeça para não parecer que estava alheio a conversa.

– Mas e você

Deidara ergueu os olhos, tentando internamente minimizar suas emoções. Estava soando tão idiota, bancando o namorado babão e ciumento. Eles não tinham nada, por que insistir em cultivar emoções tão fortes? Não fazia nem uma semana que estivera preocupado, magoado, raivoso, puto da vida, decepcionado e agora desconcertado, olhando de um lado para outro como se estivesse perdido. Era como se um alçapão se puxasse sob seus pés, e ele se chamava Sasori.

– Eu já disse. – se levantou, enrolando o pote de comida de volta ao pano sem nenhum cuidado. – Só tome um pouco mais de atenção, isso deixa as pessoas preocupadas desnecessariamente, hm.

Mesmo que Iwa fosse um péssimo mentiroso, as palavras deixaram Sasori atingido.

– Problemas no paraíso?

– Vocês escolhem péssimos momentos para bancar os amigos do cara chutado. – resmungou, revirando os olhos.

Kisame riu com gosto, tomando o assento antes de Deidara. Ele estava sozinho, e até que não era de um todo ruim. Nagato viria com a fúria de um oceano revolto quando soubesse das últimas “novidades”; que preparasse os ouvidos para isso. Nem queria pensar no sermão de Itachi.

– Por que vocês sempre deixam os namorados putos desse jeito?

– Ele não é meu namorado.

– Mas estão quase lá. – Sasori encarou o amigo. Ele não estava mais rindo. – Sasori, você sabe que está mexendo num terreno perigoso. Esse cara gosta de você, muito; e olha como se portou depois de passar a semana fora: fazendo ele se sentir idiota por ter se preocupado.

– Espera, estava ouvindo minha conversa?

– Quem não estava? Todo mundo aqui passou a ficar afiado depois dos últimos acontecimentos. – Hoshigaki deu de ombros, como se estivesse explicando a uma criança que a água era molhada. – O que eu estou dizendo, é que você se comporta como se ninguém ligasse. Mesmo que não acredite nisso, tem responsabilidades numa relação e precisa ser menos indiferente se quer que isso dê certo.

O ruivo tomou alguns segundos para refletir, embora de má vontade.

– Bem, eu vou me transferir para um cargo numa empresa nova em breve, e não queria ter que convidar um ou outro pra comemorar. – ele continuou, ignorando a testa franzida de Sasori; não sabendo se era pela novidade ou ainda por estar refletindo sobre Deidara. – Sei que você odeia sair de casa sem motivo, mas continuamos amigos, certo?

– Você é tão carente, Kisame. – zombou, embora a expressão continuasse vazia. – Mas eu fico feliz pela sua promoção. – ergueu a vista, encontrando um sorriso cheio de dentes pontiagudos. – Soube hoje pelo Kabuto o que andou acontecendo na minha ausência, sobre K –

– É, nada está 100% sobre a permanência deles. – o rosto de Kisame se contraiu numa careta dolorida, as lembranças o fazendo murchar conforme pensava. – Itachi tentou persuadir Kushina-san, mas as coisas só ficaram piores.

Sasori assentiu, sem jeito. Gostava muito de Kakuzu e Hidan, ainda que distante deles. Suas experiências de vida eram quase nulas, não tinha uma noção aproximada do que o preconceito representava – apenas tinha uma noção e isso o fazia se sentir como se levasse chutes no estomago. Algumas pessoas eram desprezíveis o suficiente apenas para merecerem a morte.

– Eu vou falar com o Kakuzu mais tarde, ele está aqui?

Kisame balançou a cabeça.

– Já pode me explicar o que houve com seu braço.

– Hiruko, meu gato. Me assustou quando eu estava trocando uma lâmpada e eu caí da escada. – ele encarou o braço enfaixado com desprezo, como se isso o tornasse fraco de algum jeito.

Ouviu uma gargalhada reconfortante, e viu o amigo se levantar em seguida.

– Queria ficar mais, mas meu setor está uma bagunça infernal. – o Akasuna concordou, solidário. – Só... só pense no que eu te disse, ok? Odiaria ver duas pessoas que estão começando mudarem da água pro esgoto tão cedo.

Obteve como resposta um suspiro. Kisame deu de ombros e saiu, deixando Sasori com seus pensamentos.

[...]

– Você tem que relaxar, ao menos faça um esforço.

– Tô de saco cheio de fingir alguma sobriedade, Kakuzu, isso simplesmente não tá dando mais certo. – Hidan chutou o concreto pesado do estacionamento, soltando um bufo. – Temos poupança, o seguro, por que não damos o fora dessa merda?

– Não é assim que resolvemos nossos problemas, Hidan. – ele evitou olhar para o parceiro, sabendo o que viria a seguir. Nem ele estava mais acreditando em suas próprias palavras de apoio.

– E se eu não quiser resolver? – a voz dele subiu alguns tons. Kakuzu apenas fechou os olhos momentaneamente, cansado.

As pessoas o evitavam como se tivesse alguma doença contagiosa. Ouvia burburinhos, via olhares amedrontados e receosos pelos corredores e no próprio setor; os colegas que tanto o respeitavam agora o tratavam com tolerância fingida. Kakuzu estava ficando cada vez mais exausto de tudo aquilo, e toda vez que parava para ouvir do parceiro o que ele achava, parecia estar consultando sua consciência.

Era mesmo justo deixar que eles vencessem em prol de sua sanidade?

–... vamos processar aqueles merdas, tirar até o último centavo e depois cairmos fora, o que acha? Somos fluentes em inglês, podemos até mesmo viver um maldito sonho americano.

Kakuzu sorriu de lado, resistindo ao impulso de apertar os lábios em forma de bico de Hidan. Os dois subiram a rampa e alcançaram a rua, tão próximos que os dedos roçavam de vez em quando nos do outro.

– Temos que esperar o veredito deles antes de tomar alguma decisão. – refletiu. – E eu bati naquele filho da puta, seria quase o equivalente.

Hidan o encarou como se ele tivesse acabado de lamber o chão.

– Quando foi que aquela besta selvagem virou um cachorrinho adestrado?! Nós não devemos nada a eles, Kakuzu!

– Hidan, fale baixo ou teremos um outro problema. – o namorado bufou alto, afundando as mãos no bolso. – Eu estou experimentando a miséria tão forte quanto você, mas não quero ser o vilão da história. Já não acha demais nos tratarem como lixos? Acho que você não estava nessa parte.

Ele continuou andando, emburrado e aparentemente o ignorando.

– Desculpe. – Kakuzu voltou a falar, olhando para o céu estrelado da noite acima deles. – Eu quero lutar, só não estou encontrando forças o suficiente.

Embora desse sinal de que havia escutado, Hidan nada falou durante alguns segundos.

– Você tem razão, eu só... droga, Kakuzu, as coisas não podem voltar ao normal, não é?

– Não, mas continuamos dando um jeito.

Hidan sorriu pela primeira vez desde que seu mundo desabara com Matsumoto o puxando como uma ancora. Esbarrou propositalmente em Kakuzu – um gesto que sempre o fazia ficar bravo e xingá-lo -, aproveitando o pouco movimento para agarrar sua mão enluvada por alguns segundos antes de voltar para a posição original. Ele amava tanto o parceiro que as vezes transbordava; não podia resistir.

Os dois encontraram Deidara sentado no ponto de ônibus, olhando para o vazio. Hidan queria perturba-lo, mas Kakuzu balançou a cabeça e o arrastou para trás da estrutura onde ele estava, dizendo que pegariam o metro. Pelo pouco que falou com Kisame e o amigo ruivo de Sasori, eles não estavam muito bem.

As coisas não andavam boas para ninguém.

Por falar no Akasuna, ele vinha logo atrás, andando um pouco mais rápido que o habitual para encontrar Deidara. Sabia que Kisame tinha razão em dizer que ele não demonstrava com verdade o quanto apreciava a preocupação do loiro, e também tinha conhecimento de que fazia aquilo com todo mundo. Era difícil mudar quando se acostumava com o desprezo, a indiferença; um remédio amargo que acaba ficando aceitável em algum momento. Não que isso eximisse sua culpa, apenas tentava agir racionalmente.

As emoções de Deidara eram tão sinceras e transparentes quanto um espelho. Sasori, apesar de ter brincado internamente com o fato de que elas eram fáceis de ler, não excluía o peso que tais emoções exerciam. Às vezes, a diferença entre eles era sufocante e intimidante.

E como previra, ele estava lá. Sentado, os cabelos enrolados em uma touca, um chiado vindo de fones de ouvido. A cena fazia seu interior se preencher de satisfação pessoal, como se só pudesse se sentir bem e experimentar coisas boas na presença dele.

Se sentou devagar ao lado de Deidara, os olhos acompanhando o fio do fone até dentro de sua bolsa. Hesitando um pouco, tocou o fio, puxando até que saísse completamente da orelha do Iwa. Quando ele se virou – estranhado e ponto para xingar até os ancestrais de quem ousou mexer consigo num péssimo dia -, apenas mirou um par de olhos castanhos; emaranhados de cabelos vermelhos quase os encobrindo.

Acabou ficando sem reação.

Os dois se encararam como no dia em que Deidara experimentou beija-lo, muitas palavras não ditas sendo transmitidas através do olhar. Ele estava tão perto... suas mãos formigaram para tocar seu rosto, porém, uma carraca substituiu um possível sorriso.

– Eu poderia te aplicar um spray de pimenta agora mesmo, seu idiota. Quem te disse que isso é algo interessante a se fazer?

Tão romântico, não é?

Sasori se lembrou de nunca mais tentar fazer algo do tipo.

Foi como alguém tivesse embolado todos os seus sentimentos e palavras, colocasse dentro de uma luva de boxe e o socasse na cara. Começou a ficar nervoso, frustrado, se obrigando a colocar tudo dentro de si e se afastar de Deidara. Sua mente fantasiosa havia lhe pregado uma peça; sua falta de tato era mesmo um defeito horrível.

Droga, não acertava uma.

– Desculpe, não foi por querer. – murmurou, as palavras quase se atropelando num jorro nervoso. Sasori estava lutando internamente para não ficar agitado. – E sobre mais cedo também. Eu deveria ter avisado a alguém, a você.

Eles ficaram em silencio quando um grupo de amigos se aproximou do ponto, e Deidara só ousou abrir a boca quando se viram sozinhos.

– Sério?

O Akasuna assentiu.

– Eu não quis atrapalhar o Nagato, ou acabar alimentando alguma paranoia dele e te deixar nervoso.  

– Paranoia? – Deidara inquiriu, curioso e de repente um tanto ciumento. – Esquece, hm.

– De qualquer forma, me desculpe. Não estava fugindo do que aconteceu, mas acabei deixando isso tomar conta da sua cabeça.

Deidara assentiu, sem saber o que dizer. Queria mudar de assunto e enterrar aquele, cansado de especulações sentimentais.

– Kisame disse que sentiu muito a minha falta. – se virou automaticamente, pronto para refutar a afirmação. Só não esperava que em vez de outro olhar considerável, viesse um singelo toque em seu queixo, lábios se aproximando dos dele.

Estava prestes a ter uma taquicardia quando a mão em seu queixo se moveu para a parte de trás do pescoço, trazendo para mais perto; a língua dele escorregando para dentro de sua boca. Colocou uma das suas na perna de Sasori, num sutil aperto.

Quando se afastaram por alguns segundos, os olhos de Deidara pareciam brilhar de excitação e surpresa.

– Acho que nosso ônibus acabou de passar.

– Como v –

– Eu sempre soube, Deidara. Você não é um cara tão discreto, apesar de tudo. – e então ele olhou para baixo, sentindo sua perna mais pesada. Foi subindo o olhar dos dedos até o rosto do loiro, vendo como ele recolheu a mão e engoliu em seco, desviando o olhar. – Posso ir com você até em casa?

[...]

Embora tivesse insistido para não ser acompanhado, era difícil convencer alguém tão teimoso quanto Sasori. Por mais que soasse exatamente o contrário, ele não se deixava persuadir por nenhuma tática ou chantagem emocional que Deidara conhecia. Lembrando disso, Iwa bufou no silêncio confortável entre os dois.

– Não sou uma garota indefesa, poderia ter ido pra casa descansar, hm.

Sasori o encarou por alguns segundos.

– Acho que isso é óbvio. Quem disse que só garotas podem ser levadas em casa?

– Eu desisto, hm. – outro bufo. – Você só interpreta o que quer.

– Também achei que isso fosse bem óbvio, já que você faz a mesma coisa.

– Tch...! – Deidara virou o rosto bruscamente para o outro lado da rua. – Como você é irritante.

– Isso é algum tipo de preliminar?

– Quantos anos você tem?!

O Akasuna continuou andando, as mãos no bolso.

– Idiota, hm.  

Os dois embarcaram em outro momento de silencio, dessa vez um tanto pensativo. Sasori sabia que ele estava fingindo raiva – de um jeito não muito agradável, mas nada que não pudesse lidar -; talvez por estar nervoso ou ainda irritado com os últimos acontecimentos. A verdade era que não queria estar em casa tão cedo, olhando para as paredes ou esperando solitário Hiruko aparecer.

Podia sentir as ondas de vazio e tristeza tentando se apossar dos seus pensamentos. Era como um veneno, um gás surgindo entre as brechas do assoalho e entorpecendo seus sentidos pouco a pouco. E então, as coisas ficavam instáveis, imprevisíveis.

Pensar em como agir perto de Deidara exigia uma energia quase anormal. Uma frase, e ele ficava aborrecido. Outra, e o loiro lhe virava a cara. Ele só parecia encantado enquanto se beijavam; e não era exatamente isso que Sasori queria fazer o tempo todo. Queria conhece-lo, saber seus interesses, o ocupava suas horas vagas e seu pensamento, mas tudo que saía de sua boca soava como insulto.

Talvez precisasse de ajuda sentimental, lidar com pessoas era tão complicado e problemático.

– Aconteceu alguma coisa?

– Hm? – ele virou na direção de Deidara, de repente próximo dele.

– Você parece preocupado. E doente, hm.

– Eu não saio muito de casa. – reprimiu um dar de ombros, o maxilar travado de súbita lembrança.

– Isso dá pra perceber. – Deidara desviou o olhar para frente. - Deveria sair comigo, eu costumo correr no parque final de semana, hm!

Uma descoberta interessante. Apesar da possibilidade de acordar cedo fosse quase nula; Sasori tomava remédios para dormir quando tinha oportunidade para “apagar” nas folgas e finais de semana.

– Talvez eu aceite.

– Meh, como se você fosse tão importante pra recusar um convite desses. – ele empinou o nariz, soltando uma risada em seguida. – É sério, parece que seu corpo vai desmontar a qualquer instante. Toma alguma vitamina? Faz exercícios? Vai ao médico?

Sasori piscou, desnorteado por alguns instantes pela quantidade de perguntas. Quando foi que Deidara estava tão analítico sobre sua aparência?

– Não que eu seja um garoto saúde, você sabe... – assistiu quase com pavor o loiro enfiar um doce na boca, mastigando com a boca aberta enquanto andava mais devagar. – É queeugos –

– Deus, não fique falando com isso escorrendo baba pra todos os lados. – Akasuna franziu a testa, enojado. – Eu não vou fugir, se bem que não é uma má ideia agora.

Deidara revirou os olhos, mas obedeceu até que pudesse falar sem enxugar a saliva dos cantos da boca.

– O que eu estava dizendo? Ah, sim, eu gosto muito de beber e passar um tempo assistindo animes, mas tem vezes que o corpo pede, certo? – ele deu um sorriso digno de algum comercial de enxaguante bocal. – Quando ia comprar argila na cidade vizinha, costumava ir de bicicleta, hm.

Um pensamento de como as pernas de Deidara poderiam ser debaixo das roupas sociais deixou Sasori distraído. A oportunidade de falar sem nenhuma repressão estimulava o loiro a continuar mesmo que o outro não estivesse prestando atenção.

– Por falar nisso, você acabou nem respondendo a mensagem. O que achou da minha arte, hm?

– Arte? – Sasori franziu a testa outra vez. – Aquilo era uma bagunça.

– Tch, era pra você, não seja tão ranzinza! Arte não são apenas quadros numa parede, tudo organizado e limpo. A gente suja tudo, explode e depois de um piscar de olhos, a arte pode sumir e aparecer sob outras formas. O resultado final que importa, certo?

Ele observou os olhos brilhantes de entusiasmo, e pensou em ter uma câmera para registrar o momento.

– Esqueceu de dizer que ela pode durar pra sempre.

– Humm... sim, pode, mas também pode durar um segundo. Sabe os fogos de artificio? Não duram muito tempo, e ainda sim são lindos, hm. – Deidara balançou a cabeça, um sorriso em seu rosto. – Eu não mexia com argila fazia um bom tempo, mas depois da Homura, fiquei bastante inspirado.

As palavras deixaram o ruivo pensativo.

– Quer dizer que eu te inspirei?

Deidara quis corrigi-lo para “gostar de você me inspira”, mas acabou por torcer os dedos na palma da mão e assentir nervosamente. Não queria deixar Sasori muito convencido se ainda não tinham nada.

Numa situação normal, ele já teria o levado para cima e transado até andar engraçado no dia seguinte. No entanto, andando ao lado de Sasori, não se sentia inclinado; apenas a companhia dele era o suficiente para que seu lado mais infantil e apaixonado despertasse. Parecia tão leve, aliviado e feliz que esquecia suas maiores preocupações a respeito dele e se precipitava a querer estar cada vez mais perto; cada vez mais íntimo e amigo. Completamente viciado, sem retorno.

Ao menos, ele não se sentia motivado a querer voltar.

Conforme as ruas se esvaziavam com a madrugada se aproximando, ventos gelados refrescavam os ânimos exaltados e o beijo quase vital no ponto de ônibus. Contornaram uma praça, passaram por outras duas ruas e viraram em outra. Deidara subitamente parou de andar, e viu o colega de trabalho fazer o mesmo.

– Eu moro ali, naquele prédio. – apontou para um edifício de poucos andares, ao lado de uma loja de conveniência próximo deles. – Agora que sabe, pode me visitar a hora que quiser, hm.

Sasori o encarou, registrando apenas as últimas palavras; “pode” “visitar” “quiser”. Não disposto a ficar parado, Deidara o abraçou – tomando cuidado com o braço enfaixado; de certa forma ainda poderia doer -, o beijando carinhosamente em seguida. Ele não recebeu resistência em nenhum dos gestos.

– Até amanhã, Deidara. – o Akasuna murmurou quando se separaram, os lábios inchados e vermelhos como o cabelo e o rosto corado de vergonha.

Iwa sorriu, correndo para dentro do jardim do prédio.

[...]

– Ok, ok, mas você tem que admitir que essa é engraçada...! – diante da carranca de Itachi, Kisame apenas riu e considerou checar se as travas do carro estavam acionadas.

– Não estou com medo do meu irmão, Kisame, você é tão idiota. – o Uchiha revirou os olhos, examinando se as chaves estavam em fácil acesso dentro da bolsa.

– Tá, e quem sugeriu passar a noite no motel para não ter que encarar o mini Uchiha? – sem resposta, Kisame soltou outra gargalhada, manobrando o carro em frente ao prédio onde o namorado morava. – Não que eu fosse reclamar, só acho que você tem que resolver a origem do problema antes de fu –

– Eu não estava fugindo.

, não estava. – ele assentiu, o tipo de resposta para uma criança que odiasse ser confrontada; e era bem o caso de Itachi.

– E você quem reclamou de estar sem forças para ir embora. – Itachi deu de ombros, tentando trocar de assunto o quanto antes.

– Tudo bem, não estou em posição de questionar. – desligou o motor, se virando para o namorado. – Vai querer que eu entre com você e tranque o monstrinho no quarto?

– Deus, Kisame, hoje você está impossível. – resmungou o Uchiha, desfivelando o cinto de segurança. Se despediu de Kisame com um selinho, abrindo a porta do carro. – Nos vemos amanhã.

– Você quem manda. – ele acenou antes de ligar o veículo e dar partida, desaparecendo na madrugada.

Itachi entrou no elevador distraído, tentando deixar a mente em modo avião antes de entrar e ter que por um acaso lidar com Sasuke antes que amanhecesse e fosse hora dele ir para a escola. Estava ficando cansado e irritado com o comportamento do caçula.

Não que aquilo fosse um caso isolado, mas... por favor, as coisas boas poderiam durar mais tempo, não? Logo quando estava experimentando o céu, uma onda de calor o fazia lembrar do inferno que era viver com um Uchiha muito instável e temperamental.

Girou a chave na maçaneta, entrando rapidamente dentro de casa. Ouviu a TV ligada logo quando tirou os sapatos, soltando um suspiro e avançando a tempo de ver Sasuke – com a expressão de uma criança pega acordada pelos pais quando deveria estar dormindo – a desligando com uma carranca. Quando ele se moveu para sair da sala, Itachi pigarreou.

– Sasuke, temos que conversar amanhã. Sério.

O garoto o encarou, ainda com as feições de raiva contida de alguém que parecia estar lidando com uma pessoa muito desprezível e insuportável. Isso magoava um pouco o irmão, mas estava tarde e Itachi só queria aliviar seu traseiro dolorido com um banho. Deu de ombros, passando pelo irmão mais velho antes de alcançar seu quarto, batendo a porta atrás de si.

A porta foi trancada outra vez. 


Notas Finais


Defendo o Kisame e o Sasuke nessa fic, inteiramente -q.

Para a leitora do twitter e mais quem quiser dar uma olhada, eu usei uma música pra escrever os momentos SasoDei. Ela é muito cute-cute, mordível a beça. Mas recomendo ver as letras para entender o motivo. Aqui: https://genius.com/Primary-love-feat-bumkey-paloalto-lyrics

Acho que o momento em que o lemon será questionado está se aproximando. Venham com calma a respeito disso HUSUASA
Algum palpite do comportamento do Sasuke? Não vale dizer que ele é emo, isso todo mundo sabe :v

Até dia 30!

Au revoir ~


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