(Todo esse capítulo os diálogos estão em inglês, usem a imaginação de vocês!!)
Em um belíssimo dodge dart conversível marrom, mãe e filho andavam pelas estradas da Flórida com os longos cabelos negros ao vento.
- Kitty, se comporte na casa da sua prima ok, mommy tem que dar um jeito nos toques finais em um contrato em Nebraska.
Chris arrumou os óculos no rosto e apoiou o cotovelo na porta do carro olhando a paisagem passando rapidamente, Depois que matou seus tios e tias a sua relação com as primas floresceu muito bem, tão bem que agora sua mãe estava usando as coitadas como babá dele.
- Eu poderia ter ficado em casa.
- Não me sinto confortável em te deixar sozinho Baby...
- Eu tenho 19 anos, me formei em negócios na faculdade, já dirijo, sei cozinhar, e ajudo a senhora nos negócios, e a senhora não quer me deixar sozinho???
(Nota: O Chris se formou no ensino médio com 17 anos, a faculdade de negócios é de 2 anos e nesse meio tempo ele já ajudava a mãe no conglomerado e era modelo)
Apple não tirou os olhos da estrada nem por um instante, pelo retrovisor era possível ver a caixa de livros que Christopher tinha trazido, queria que ele relaxasse um pouco, logo ele voltaria para a faculdade, dessa vez para fazer uma dupla graduação como aluno de artes cênicas e relações públicas, ele também havia escolhido algumas aulas em moda e design para fazer nos fins de semana, ela tinha que admitir seu filho era muito estudioso, gostaria muito de saber de quem ele tinha puxado isso, porque nem ela nem Youssef tiveram essa sede de conhecimento na adolescência.
- Você não deveria passar suas férias trancado no quarto lendo, precisa socializar um pouquinho Kitty.
- Socializaria com meu time de baseball se pudesse.
Silêncio.
Apple estava muito desconfiada do apego repentino de Christopher com seu time de baseball, sabia que embora ele também gostasse bastante de jogar futebol americano o relacionamento dele com o time e os técnicos não era dos melhores, já na equipe de baseball... Tinha algo acontecendo só não sabia o que, ou melhor quem.
- você ainda é menor de idade, sem contar que e bom visitar suas primas, elas te adoram.
(Nota: a maior idade nos USA é 21 anos)
Christopher revirou os olhos e continuou a apreciar a paisagem, iria tirar aquela semana pra ler todos os livros que não tinha tido tempo nos últimos tempos, esperava ter um pouco de descanso pelo menos.
Enquanto isso em uma caminhonete FORD F -10 vermelha um casal trocava beijos ensandecidos.
- Jeremiah espera um pouco eu preciso te contar uma coisa.
O homem alto e acima do peso tinha uma barba grande e até um pouco suja e mal cuidada, ele claramente trabalhava com serviços braçais e não mantinha uma vida muito saudável, ainda sim ele conseguiu se relacionar com aquela beldade.
- Sério Daisy? Você precisa falar algo bem agora?
Daisy Summer era uma das muitas primas de Christopher, ela como todas as outras era extremamente loira e tinha marcantes olhos azuis, em seus glamourosos 22 anos era a primeira vez que ela tinha um namorado, antes de Chris e sua tia Apple se livrarem de seus pais e avós ela teria o casamento com algum membro da congregação de seus pais, hoje era livre para se relacionar com quem quisesse e agora tinha encontrado um cara que ela achava que valia a pena, mas para garantir isso ele teria que passar por um teste.
- Tenho e é sério.
Jeremiah se arrumou no banco e olhou pra namorada, ela parecia muito séria e até um pouco assustada.
- Ok, tá me assustando.
- E bom ficar assustado mesmo, lembra do que eu te contei? O meu priminho especial?
Silêncio.
Jeremiah engoliu a saliva assustadissimo, não acreditava verdadeiramente na história que a namorada havia contado, porém todas as outras primas falavam exatamente a mesma coisa, elas tinham um priminho especial, um adolescente que não compreendia o sentimento alheio e nem os dele próprio, ele tinha olhos negros e cabelos tão escuros como a noite, e nenhum senso de humanidade, ainda sim nas palavras de Daisy: "Ele era a criatura mais doce e inocente que qualquer um poderia conhecer" a descrição dele era tão absurda que beirava a uma criatura mística, como um assassino frio e sem sentimentos poderia ser inocente? Duvidava muito, mas não o suficiente para ignorar o que a namorada estava dizendo.
- Lembro, o que tem ele?
- Minha tia precisa resolver uns problemas em outro estado, ele vai passar essa semana com a gente.
Jeremiah ficou perplexo, talvez ela quisesse que ele não aparecesse para evitar problemas, se fosse isso concordaria plenamente.
- Preciso que passe um tempinho com ele.
- O QUE?
Estava completamente em choque, se o que ela contou fosse verdade não queria correr o risco de morrer na mão de um adolescente psicopata.
- Ele não tem muitos exemplos masculinos na vida, o pai dele morreu a uns anos então acho que ele sente falta disso, é o mínimo que eu posso fazer por ele depois de tudo que ele fez por mim e pelas minhas irmãs, e eu juro que ele não dá muito trabalho, ele é bem na dele.
- E o que você quer que eu faça? E se eu irritar ele e ele tentar me matar?
Daisy olhou para Jeremiah raivosa.
- Você acha que ele é o que? Um serial killer?ele nunca fez nada com ninguém que não merecesse.
- Eu vou estar me colocando em perigo, é óbvio que eu vou ficar com o pé atrás.
Daisy ficou um pouco irritada com aquilo, talvez fosse muito cedo para apresentar o namorado ao seu primo, porém não sabia quando eles iriam se ver novamente sem interrupções, a carreira de Christopher era muito agitada.
- Não precisa ficar com ele o dia inteiro, é só um pouquinho, e se algo acontecer pode me falar que eu sei controlar meu primo.
Ficou extremamente desconfiado, que controle a namorada poderia ter sobre um assassino? Estava genuinamente preocupada.
- vou confiar em você, mas no momento que esse moleque fizer qualquer movimento estranho eu tô fora.
- Sem problema ele não vai causar nada de estranho.
- então eu tenho que me preparar, quando ele chega?
Silêncio.
Daisy parecia querer esconder alguma coisa desde o olhar do namorado levemente sem graça.
- amanhã.
Arregalou os olhos e segurou o volante engolindo a vontade de fugir, porém também não tinha certeza se essa era a melhor decisão, ele teria que conhecer aquele primo amaldiçoado mais cedo ou mais tarde se quisesse permanecer na família, Então por um lado era melhor ser mais cedo do que tarde, tentaria conversar com ele criar algum tipo de vínculo, mas também não queria muito a proximidade acreditava que isso seria o suficiente para sua namorada o ver com outros olhos, e assim ele se meteu em algo que não poderia imaginar.
Parado na frente de um restaurante qualquer ao lado da namorada estava se perguntando em que encrenca estaria se metendo agora, quando concordou com aquilo não imaginava que o adolescente chegaria literalmente no dia seguinte, nem tinha se preparado completamente e mentalmente para estar na frente de um assassino sanguinário, então quando um carro muito bonito é muito caro parou na frente do restaurante acabou travando um pouco, o conversível era de tirar o fôlego, Mas nada se comparava com os seus ocupantes.
Ele sabia que Apple, tia de sua namorada, era modelo, atriz, cantora e artista no geral, ela era conhecida como uma das mulheres mais bonitas que já haviam nascido nos Estados Unidos, com 2 m e 15 cm de altura, o cabelo tão grande que poderia ser usado como régua porque ela tinha 1,90 de cabelo, a pele tão Branca quanto uma nevasca os olhos negros e completamente desprovidos de qualquer sentimento, olhar para ela era como olhar para uma estátua de mármore perfeita, não existia um fio de cabelo fora do lugar, não haviam rugas no seu rosto a boca continuava tão vermelha quanto a tinta, a voz era doce, firme e encantadora, não existia como descrever Apple, o máximo que conseguia fazer para colocá-la em um único adjetivo era "pecado", Mas esse não era o menor dos seus problemas no momento.
Do outro lado usando uma camiseta polo simples e uma calça jeans, uma franja comprida cobrindo a testa, óculos redondos profundos mostrando que assim como a mãe e o pai Ele tinha uma péssima visão, a versão masculina de Apple descia carregando um livro Sem mostrar muito interesse para as coisas ao redor.
Ele era muito bonito, e parecia muito infeliz de estar ali.
Daisy correu até a tia lhe dando um abraço e então dando um também no primo, ele tinha um sorrisinho encantador.
- Querida quando eu chegar no meu hotel eu ligo pra você, por favor cuide bem de Christopher ok?
- Claro tia.
A sociopata mãe fez um carinho na bochecha da sobrinha e olhou por cima dela vendo Jeremiah assistindo a interação.
- Ele não é tão bonito assim.... Você merece algo muito melhor.
- Eu gosto dele, ele é gentil e me trata bem.
Apple deu um sorriso triste, a barra de exigências de suas sobrinhas aparentemente estava no magma da terra.
- Se é o que você deseja não vou me impor, mas saiba que estou aqui se precisar.
- Obrigada tia.
Apple se virou para Chris e deu um abraço e um beijinho em sua testa para no fim segurar seu rosto com ambas as mãos.
- Se comporte ok?
- Yes mommy.
Apple sorriso e se despediu entrando no carro dirigindo em direção ao Horizonte, Chris fez um biquinho insatisfeito.
- Vamos Kitty? Tem alguém que eu gostaria que você conhecesse.
Daisy esticou a mão como se fosse guiar uma criança para atravessar a rua, o pior na visão de Jeremiah era que o adolescente era complacente com isso, nenhum adolescente que conhecia aceitaria algo assim sem problemas.
Era agora, via o rapaz se aproximar ainda segurando um livro, ele era bem mais alto do que imaginava.
- Kitty esse é meu namorado, Jeremiah.
Chris parou um pouco olhando para o moço com curiosidade, esticou a mão que até a poucos segundos segurava.a de sua prima oferecendo um comprimento.
- Muito prazer eu sou Christopher, minha família me chama de Kitty.
Não ia mentir, achou aquele apelido meio boiola.
Esticou a mão segurando a dele em um aperto firme.
- Jeremiah é um nome judeu.
Piscou duas vezes, não entendendo muito bem a importância disso, mais ele parecia bastante feliz com isso, se fez de tonto, não doía entreter um adolescente.
- Que legal, eu não sabia disso.
Daisy sorriu e fez um carinho na cabeça de Chris como se ele fosse um gato ou cachorro que estava se comportando bem.
- Eu comprei algumas coisas que são kosher pra você, não precisa se preocupar com isso.
- não precisava se incomodar com isso Daisy.
- Você não me incomoda, agora vamos.
Olhava para trás atravéz do retrovisor, Christopher estava com um livro na mão e sorria vez ou outra para a paisagem, estava começando a achar que toda aquela história de assassinato era invenção.
Depois de deixar os primos na casa foi para a sua, assim que abriu a porta viu que precisava fazer uma faxina, latinhas de cerveja espalhadas, pratos com resto de comida para todo lado e roupas sujas em todo o lugar, suspirou cansado, não tinha tempo pra isso! Tinha que trabalhar.
As vantagens de ter força são sempre muito boas aos seus portadores, e não seria diferente com Jeremiah, ele era lenhador então conseguia carregar troncos sozinhos sem dificuldade, acreditava muito fielmente que ninguém ousaria a mexer com ele, nem mesmo os caras pra quem tinha perdido no poker aquela semana.
Já tinha prometido a si mesmo que ia parar, porém toda sexta lá estava ele no bar novamente, nem sabia mais quanto exatamente estava devendo, tinha que descolar uma grana fácil, mas por enquanto se focaria em seu namoro.
Aquele garoto era esquisito.
Chegou na casa da namorada vendo que as irmãs mais novas dela assim como Christopher estavam na sala cada um fazendo algo diferente, o problema era ver Chris lendo de cabeça pra baixo pendurado no sofá.
- o que está fazendo?
- Lendo?
- Assim?
- Tô fazendo meu sangue ir pro cérebro.
Antes de perguntar mais coisas Daisy saiu da cozinha com um papel nas mãos.
- Oi amor, faz um favor pra mim? Passa no mercado e trás essas coisas por favor.
- Claro!
- E leva o Christopher com você.
Ficou um pouco atordoado, olhou para o rapaz já se levantando e guardando o seu livro vindo em sua direção com uma cara de pouquíssimo interesse.
- Kitty, se comporta tá, e pra obedecer o Jeremiah.
- OK!
Era estranho ver um adolescente de 19 anos tão obediente assim, por um segundo acho que realmente tudo que haviam falado de Christopher era mentira, como aquele nerdzinho que parecia um poste de tão alto, poderia ter matado alguém? Ok ele tinha músculos e parecia bem Atlético, mas sua personalidade era contida e Gentil, talvez a família de sua namorada só estivesse lhe pregando uma grande peça, Se esse fosse o caso estava eternamente grato por essa brincadeira.
A viagem até o supermercado demorava um pouco da região em que eles moravam, Christopher não falava dentro do carro, apenas olhava paisagem e vez ou outra arrumava os óculos no rosto, Jeremiah estava desconfortabilissimo, não sabia como se relacionar com o bonitão.
Já dentro do mercado deu uma olhada na lista aparentemente ela queria fazer uma chiken noodle soup, e também havia algumas outras trivialidades na lista.
- bacon de peru? eu nem sabia que isso existia.
- isso provavelmente é para mim.
- o quê?
- É, eu sou judeu, não como porco.
- ah, Agora entendi porque você fez aquele comentário sobre o meu nome.
Jeremiah soltou uma risadinha observando um detalhe engraçado.
- Então você tem um nome cristão e eu tenho o nome judeu... Quem diria não?
- meus pais queriam que o meu nome fosse uma mensagem.
- Como assim rapaz?
- Christopher Morningstar, "aquele que carrega o nome/unção de Cristo, a estrela da manhã" levando em conta que o meu pai é judeu e a minha mãe foi criada em uma seita cristã, eles estavam praticamente declarando que mesmo sem suas origens eles tinham dado a vida a alguém tão poderoso e inteligente quanto Deus e o diabo ao mesmo tempo, praticamente me santificaram, mas eu não sou tão santo quanto os outros acham, Eu só sou na minha.
- Eu já vi alguns trabalhos dos seus pais eles são...
- malucos?
- ..... Não seria bem essa palavra que eu gostaria de ter usado mas já que você está falando.... Eu ia falar que eles eram criativos.
- É pode ser também.... mas não meu pai era louco mesmo, e minha mãe é tão ruim quanto ele.
- e você é maluco que nem eles também?
Christopher colocou a mão no queixo e entortou a cabeça para o lado fazendo o cabelo escorrer um pouquinho na direção, pareceu pensar bastante na sua resposta antes de da-la.
- Acho que sim, depende muito do que você considera ser maluco.
- olhando para você não acho não, Você parece ser bem bonzinho na verdade.
Silêncio.
Christopher encarou bastante o mais velho como se procurasse alguma mentira naquela frase, não encontrou o que achou que encontraria, acabou soltando um risinho que saiu mais cruel e desalmado do que gostaria, Jeremiah parecia ser um homem bom não era necessário manchar ele com a sua loucura e nem com sua crueldade inata, tinha gostado bastante dele.
Jeremiah por sua vez sentiu um arrepio na sua espinha quando ele soltou aquela risadinha, era como se o universo tivesse lhe dito "perigo", era a mesma sensação de ver uma fruta venenosa e ela ser a mais bonita entre todas as outras do jardim, você sabe que se encostar pode acabar sofrendo, mas a beleza dela é tão estonteante que por um segundo você cogita se Não valeria a pena se envenenar só para chegar perto.
- bem acho que pegamos tudo, vamos pro caixa.
Christopher continua sorrindo enquanto seguiam mais velho pelos corredores, já O lenhador parecia sentir algo gelado o obsediando, não era uma sensação desagradável até porque sabia que não estava em perigo, se perguntava se era assim que pessoas que têm animais peçonhentos como pets se sentiam.
A fila estava considerável e Christopher claramente entediado, ele mexia nas revistas que ficavam na parte das baias e vez ou outra olhava para os lados tentando ler ou encontrar alguma coisa que o distraísse, teve uma ideia.
- Jeremiah posso pegar algumas maçãs ? eu pago com o meu dinheiro.
- Claro que pode! Mas que isso? eu pago para você são só maçãs!
- é que você já tá gastando com as coisas da minha prima...
- Ela é minha namorada Isso aqui é o mínimo, vai lá pegar suas maçãs...
Felizes e serelepe assistiu Christopher praticamente pulando de alegria em direção ao Hortifruti, estava tão focado observando ele para não o perder de vista que não percebeu um grupo de homens mal encarados observando três caixas para frente.
- eu vou fazer a torta de maçã que a minha mãe faz! Vou te dar um pedação!
Jeremiah sorriu e com um pouco de esforço fez um carinho na cabeça de Chris, o mais novo sorriu genuinamente.
- Obrigado Christopher, mas eu não sou muito fã de doces então um pedaço normal tá bom.
- A torta da minha mãe é a melhor! você vai mudar de ideia rapidinho.
Continuou com um sorriso no rosto enquanto abria a porta para Chris entrar com as sacolas no carro, quando ia dar a volta para entrar se deparou com 5 homens o encarando.
- não tem dinheiro para pagar sua dívida mas tá aí fazendo compras...
Jeremiah olhou para trás reconhecendo imediatamente que aqueles eram seus "parceiros de poker" não podia considera-los os amigos, eles estavam mais para trombadinhas que sabiam jogar, estava devendo em torno de $5000 dólares juntando a dívida de todos, Eles eram conhecidos na região, como eram amigos de longa data ficavam jogando nas mesas e no final juntavam seus lucros, Jeremiah sabia que tinha que parar jogar, não era viciado, mas já tinha perdido tanto que agora se não ganhasse não teria nem como pagar um daqueles caras.
Mesmo tendo força não conseguiria lutar com outros dois homens com força e dois normais, principalmente tendo Christopher dentro do carro, não queria colocar o adolescente no meio da sua bagunça.
- Ora eu tenho que comer também...
Tentou parecer um pouco despreocupado mas não convenceu muito, já Christopher por sua vez observando a interação nem um pouco feliz.
- podemos não fazer isso aqui? eu tô com um adolescente aqui no carro, primo da minha namorada, ele é um garoto especial, Então gostaria que vocês não assustassem ele.
O uso da palavra "especial" fez parecer que Christopher é um adolescente com algum tipo de deficiência, um dos homens olhou por cima do ombro dele e viu que realmente havia um rapaz bem jovem no banco do passageiro usando óculos grandes, ele era muito alto e também levemente musculoso, a expressão estranha que Christopher estava fazendo, pareceu convencer os cobradores de que o que Jeremiah estava falando era verdade.
- Ok, mas só dessa vez... É bom ter o dinheiro no fim da semana.
Quando os homens se viraram foi possível ouvir o suspiro do mais velho ecoando pelo estacionamento, olhou para cristofer que ainda olhava os homens se afastando através da janela, a expressão dele era indecifrável.
Por alguns minutos dentro do carro O silêncio que os acompanham na ida também estava presente, porém isso durou pouco.
- Quem eram aqueles caras?
- só alguns caloteiros que temos aqui pela região.
Silêncio.
- você tá devendo muito?
Silêncio.
- crianças não deveriam perguntar essas coisas para os adultos.
- não sou criança.
- tem só 19 anos, tem dois anos pela frente ainda para eu pensar em te considerar um adulto.
Christopher fez bico.
- não sou criança eu sou formado na faculdade Estou indo para minha segunda graduação, Tenho até um namorado.
Aquilo pegou Jeremiah de surpresa, olhou de Christopher para estrada novamente um pouco preocupado.
- namorado? Você gosta de homens?
- Eu também gosto de homens, para mim tanto faz se é homem ou mulher, algum problema com isso?
- que? Nenhum... É que você é um rapaz tão bonito, achei que deveria ter várias garotas se jogando em cima de você.
- mas tem é que as garotas da minha idade não me interessam muito.
Jeremiah juntou as sobrancelhas preocupado.
- então quantos anos tem seu namorado exa
tamente?
- 36, ele é o assistente do técnico da minha equipe de baseball.
Jeremiah freiou com tudo no meio da estrada, ainda bem que não tinha ninguém por lá.
- COMO É?
- O que foi?
- Christopher isso tá muito errado! Você é uma criança! Esse homem tá claramente se aproveitando de você.
Consegui sentir a preocupação do mais velho chegando até ele, o olhar de Jeremiah era preocupadíssimo, e também levemente raivoso.
- mas ele disse que gosta de mim.
- ele pode até gostar de você, mas não do jeito que você acha que gosta!
- mas...
- Sem mais! Esse cara é um criminoso você precisa denunciar ele pela sua equipe.
Christopher abaixou a cabeça um pouco pensativo e claramente um pouco triste.
- os meus colegas de time não gostam muito de mim nem do beisebol e nem do futebol americano.
- o que?
- é... O meu time de futebol até trocou as minhas chuteiras por um salto, eu tive que jogar uma partida inteira de salto, bem azar o deles, eu sou modelo então andar e correr de salto para mim é muito fácil, minha mãe e meu pai me ensinaram desde pequeno.
Apertou o volante com tanta força que ele acabou quebrando um pouco, não o suficiente para impedir que o carro continuasse andando, mas ainda tinha quebrado.
- Desgraçados... Você contou para o seu treinador.
- Contei, mas não é como se fosse fazer diferença, ele também não gosta muito de mim.
- você contou para sua mãe pelo menos?
- ela tá sempre muito ocupada com o trabalho, não quero ser mais um problema na agenda dela.
O outro motivo pelo qual Chris também não havia contado essas coisas para sua mãe, era a sua certeza de que se ela descobrisse o que estava acontecendo todas aquelas pessoas acabariam mortas de uma forma ou de outra.
O sangue de Jeremiah ferveu tão quente dentro do seu corpo que se dependesse dele ele pegaria sua simples caminhonete atravessaria o país inteiro para dar uns socos na cara de quem estava fazendo mal para uma criança tão inocente.
- Por que o senhor parece tão bravo?
- Christopher, quando você voltar para Califórnia termina com esse cara, eu tenho certeza que ele não quer seu bem.
Chris piscou duas vezes bem rápido tentando entender aquilo tudo.
- por que?
- esse marmanjo nojento só tá usando você, ele tá se aproveitando de você Christopher!
Chris não ia mentir tinha a ideia de que poderia estar acontecendo aquilo mesmo, ainda assim ele gostava da sensação de ter um namorado, ele queria ser amado por alguém, e sempre gostou de pessoas mais velhas também tinha puxado isso de sua mãe, ainda apreciava preocupação do lenhador direcionada a ele, começou a questionar a natureza do seu relacionamento, Jeremiah era o único que sabia que ele estava namorando, e julgando pela cara do mais velho aparentemente ele estava até correndo perigo, figurativamente falando é claro.
Pelo resto da viagem de carro Jeremiah foi alugando o ouvido de Christopher lidando conselhos e bronca tudo misturado e ao mesmo tempo, ele era um bom homem na sua opinião.
Antes de sair do carro Christopher segurou muito fortemente a camiseta do mais velho.
- Não conta pra minhas primas o que eu falei.
O mais velhos engoliu a saliva embora o certo fosse falar a verdade para Daisy e as outras meninas era correto, porém não queria fazer Christopher se sentir traído, ainda mais levando em conta que ele era o único a saber do relacionamento do Judeu bonitinho, estava em um dilema moral.
- Ok, mas só se você for falar, não precisa ser agora, mas você tem que contar pra algum outro adulto responsável.
Chris não gostou muito da ideia mais acabou concordando.
O jantar foi bem tranquilo e realmente a torta de maçã estava uma delícia.
- Christopher, você disse que joga baseball não é? Tem um campo aqui perto quer ir jogar um pouco?
Os olhos do californiano brilharam em empolgação, finalmente algo pra fazer.
O resto da semana foi bem mais divertido para Chris do que ele antecipou, jogou bastante, caçou crocodilo (Nota: Eles estão na Flórida afinal) foi no shopping com suas primas, e tinha feito um bom amigo em Jeremiah.
- Daisy, você já pensou em ter filhos?
- como é?
A loira bonita parou o sorvete no meio do caminho olhando para o namorado completamente perplexa.
- Eu acho que conviver um pouco com o Christopher me fez perceber que eu quero um filho, acho que me apaixonei por ele
Daisy automaticamente levantou todas as bandeiras vermelhas em sua mente.
- Se você fez alguma coisa com o Kitty...
- Não! O que? Não esse tipo de paixão não! Eu vejo ele como uma criança.
Daisy automaticamente relaxou um pouco.
- O Chris é um bom menino, eu não sei o porquê você falou pra mim que ele era um assassino, essa brincadeira não tem o mínimo de graça, ele não tem maldade naquele corpo.
Daisy ficou em silêncio.
- Você pode não acreditar se quiser... Na verdade seria melhor se pelo menos uma pessoa nesse mundo visse ele desse jeito, embora eu seja muito grata pelo que ele fez, eu ainda gostaria que ele fosse só um adolescente normal....
Algo na forma que Daisy falou aquilo fez o lenhador questionar novamente aquela história, infelizmente para ele logo ele iria entender.
Passear com Christopher era um deleite, ele era educado e bonzinho toda vida, sem contar que era um deleite prós olhos, então quando decidiu levar ele para comprar algumas peças para sua caminhonete não imaginou o que iria encontrar quando saísse daquela loja.
De joelhos no chão fazendo carinho em uma cadelinha sernenta e seus filhotes o primeiro pensamento que teve foi querer que ele lavasse a mão.
- Christopher tira a mão desse cachorro sujo!
O adolescente olhou para trás com um olhar triste e quase inexpressivos.
- Jeremiah, eu acho que vou matar esses cachorros.
Silêncio.
Parecia que todos os sons do mundo haviam desaparecido, como era possível ele falar aquilo sem demonstrar um pingo de remorso, e pior, falar aquilo ainda fazendo carinho nos bichinhos?
- Christopher?
- Eu ainda não decidi como, eu quero que seja rápido....
- o que? Por que você quer matar esses animais? Você tá maluco?
Chris se virou novamente para os cães, a mãezinha estava muito doente e os filhotes estavam magros, ainda sim eles abanavam os rabinhos enquanto Chris lhes faziam carinho.
- Porque eles merecem piedade.
- "Piedade"?
- A morte nem sempre serve como punição, em certos casos a morte pode ser um ato de amor.
Estava completamente perplexo com o que estava ouvindo, viu Christopher pegar um dos filhotes e erguer na altura de seus olhos, por um momento sentiu o estômago embrulhado, conseguia imaginar sem dificuldade Christopher enforcando o filhote.
- Por que eles tem que sofrer tanto? Eles foram abandonados, estão passando fome e doentes? Não seria mais fácil acabar com o sofrimento deles? Não seria o mais humano a se fazer? Mas ao mesmo tempo não foram os humanos que os colocaram nessa situação?
Chris colocou o cachorrinho no chão e fez mais um carinho no filhote.
- Eu acho o ser humano uma criatura tão desprezível, ainda sim, dominam o mundo...- Chris olhou para a família canina mais uma vez - eu odeio a humanidade, são predadores que se devoram sem parar e se consomem, tiram daqueles que não podem se defender, e nojento ser um deles, se dependesse de mim, esse planeta todo já teria explodido, só assim o sofrimento acabaria.
Os cãezinhos subiam nas pernas de Chris pedindo mais carinho, isso pareceu o deixar ainda mais triste.
- Eles não merecem continuar sofrendo.
Jeremiah respirou fundo e se aproximou do adolescente colocando a mão em seu ombro e se ajoelhando também.
Chris esperava que o mais velho estivesse assustado com ele agora, porém o que encontrou foi um olhar gentil, aquilo era novidade.
- Eu posso ligar para alguns amigos que fazem resgates de animais aqui na região, o sangue deles não precisa estar na suas mãos Chris, não é sua responsabilidade concertar o mundo.
Por mais que Jeremiah estivesse horrorizado e se cagando de medo do adolescente ele tinha que agir de forma responsável, aparentemente ele realmente era um assassino.
- Pode mesmo fazer isso?
- Sim! Eu vou pedir o telefone da loja emprestado e fazer algumas ligações, pode ficar com eles enquanto faço isso?
Chris fez um sim entusiasmado com a cabeça, demorou um bom tempo para achar alguém que estivesse disposto a dar um lar temporário aos cãezinhos, mas um casal de idosos solitário ganhou um presente dos filhos aquele dia, Christopher não veria mais esses animais e depois de um tempo nem se lembraria deles, já Jeremiah guardou aquilo pro resto de sua vida.
Como ficaram muito tempo esperando as novos tutores dos cãezinhos acabou escurecendo, o que fez a conversa dentro da caminhonete ficar um pouco macabra.
- Christopher, você já havia matado algum outro animal antes?
- Já sim, alguns... Mas eu era muito novinho na época, não consegui controlar, eu não faço mais esse tipo de coisa.
Silêncio.
Chris olhou de rabo de olho para o mais velho que parecia bastante pensativo.
- O senhor está com medo de mim agora?
- O que? Não! Surpreso e assustado sim, com medo não.
Chris respirou fundo e ficou olhando a paisagem por alguns segundos, o óculos estava um pouco embasado por causa da chegada da noite.
- Está decepcionado comigo?
Jeremiah revirou os olhos, não era porque tinha visto esse lado mais sombrio dele que estaria decepcionado, na verdade acreditava que a convivência que teve com ele acabou o afetando um pouco também.
- Não necessariamente, não imaginava que por trás desse rostinho angelical se escondia um demônio.
- Lúcifer foi a criação mais bela de Deus, o mal nem sempre é feio, na verdade é muito mais fácil alguém se interessar pelo mal se ele for atraente.
Sentiu a mão dele no seu cabelo bagunçado de forma divertida.
- Convencido!
Christopher sorriu genuinamente, era estranho um adulto tratar ele daquele jeito sem querer coisas em troca, ele também tinha poucos amigos para comparar as situações, de qualquer forma estava genuinamente feliz em ter o mais velho como amigo.
Continuaram andando pela estrada conversando e apreciando a noite bonita, estava tudo muito bom até sentirem alguém bater na traseira da caminhonete.
O impacto foi bem forte fazendo ambos irem de encontro ao painel, a cabeçada foi tão forte que um rastro de sangue escorria pelo rosto de Chris e seus óculos tinham quebrado.
- Chris você tá bem?
- Tô sim! Mas o que aconteceu?
A frase terminou de sair da boca do adolescente e o carro começou a descer mais indo em direção a um laguinho que apanhava a estrada, o grande problema era que ali tinha crocodilo, por isso existia uma proteção para as pessoas não fazerem a idiotice de tentar entrar lá, afinal era uma área sobre proteção ambiental.
Sentiram outro impacto empurrando ainda mais a caminhonete pra dentro do lago.
- Chris!
Jeremiah se soltou do sinto e abraçou Christopher o protegendo do impacto, ele não podia deixar o adolescente se machucar.
Estavam a centímetros da água quando finalmente o ataque parou alguém começou a vir em direção as portas, pelo retrovisor deu pra ver que eram os caras para quem Jeremiah estava devendo.
- Merda, eu tinha me esquecido deles.
- Jeremiah quanto você tá devendo? Eu posso pagar.
Antes de poder responder o motor da caminhonete decidiu estourar, o mais velho rapidamente tirou o cinto de Chris o mandando sair do carro, por sorte os homens não viram ele por causa da fumaça.
Jeremiah saiu do carro e quase que imediatamente foi recebido com um soco no estômago.
- Urrrgh!
- Achou que ia fugir não? Achou que não ia pagar?
O homem que também tinha força deu outro soco no estômago de Jeremiah o fazendo se curvar pra frente quase vomitando, porém enquanto estava curvado sentiu uma mão no seu pescoço o enforcando com raiva.
- Agora vai pagar de outra jeito filho da puta!
Dois homens seguraram o lenhador enquanto o quarto pegava uma faca, Jeremiah tentou se libertar porém seu nível de força era menor do que a do homem que o segurava, fechou os olhos ainda lutando e gritando para se soltar, porém sem sucesso.
Sentiu a ponta da faca na sua garganta e o medo foi estarrecedor, engoliu a saliva desejando que aquilo fosse rápido e indolor, esperou o corte mas tudo que sentiu foi um cheiro metálico no ar.
- Que porra é???
Abriu os olhos sendo o cabo de sua pá de jardinagem atravessando o corpo do homem como uma faca, ele olhava para baixo desacreditado enquanto cuspia sangue para no fim cair de joelhos agonizando.
Todos olharam na direção da mata escura e parado a alguns poucos metros do grupo um adolescente com o rosto sujo de sangue encarava a situação com uma calma assustadora, no entanto era possível sentir toda a raiva dele no ar.
- HOW DARE YOU? HOW DARE YOU ATTACK JEREMIAH!!!
- CHRISTOPHER! WHAT ARE YOU DOING?? RUN AWAY! RUN AWAY NOW!!!
(Nota: escrevi essa parte em inglês porque na minha cabeça ficou mais impactante)
Chris ignorou completamente os apelos de Jeremiah e avançou como um raio na direção dos agressores, o que havia socado o lenhador deu um passo pro lado se esquivando da furia de Chris, já o outro que não tinha força não teve a mesma sorte.
Usando seu impulso Chris não pensou duas vezes para aplicar um golpe certeiro no plexo solar do desafortunado o fazendo se curvar sem fôlego, no entanto o homem era mais durão do que parecia, aproveitou a proximidade para agarrar Chris pelas costas, afinal o judeu bonitinho já tinha seus olhos fixados no primeiro que agrediu Jeremiah.
Tentou prender Chris em um mata leão para que outros dois atacassem o adolescente, porém Chris não estava pra brincadeira, usando uma grande quantidade de força para dar uma cabeçada com a parte de trás do crânio fazendo o nariz do homem sangrar, não satisfeito deu outro cabeçada e desse vez o homem desmaiou.
Percebendo o perigo, o outro cobrador com força tentou pegar Chris em um movimento surpresa, pegou a faca do chão, a mesma tinha caído da mão do homem que agora se parecia com um espetinho de churrasco, porém Chris voou pora cima do mais novo ali, porém teve o braço segurado, a faca passou a centímetros do rosto bonito, assim frente a frente ao adolescente ele pode perceber a completa escuridão dos olhos dele, era como olhar o próprio vazio.
Chris segurou ele com força o levantando no ar e o jogando no chão com tanto ódio e força que pode ouviu algum osso dele se quebrando.
- Aaaaaaaaaaaa
O grito do homem irritou Chris, ele se abaixou e pegou a faca que agora estava caída próxima a ele e sem pensar duas vezes enfiou na garganta dele.
O sangue banhou o chão levemente gramado enquanto Chris olhava para os outros dois, ele se virou lentamente e na direção deles, Jeremiah estava no chão todo machucado mas ainda consciente, ver Chris daquele jeito era doloroso, ele queria que pelo menos com ele Chris pudesse ser só um adolescente chato, nem isso pode dar para aquele menino.
- O que tu tá esperando ataca ele?
- Eu... Por que eu??
O questionador nem teve tempo de ter sua resposta, Chris estava já do seu lado quase que como se tivesse se teletransportado, o soco foi tão forte que o fez cair pro lado, ainda com a faca na mão ele a enfiou várias vezes na lateral do corpo dele, o sangue espirrou em Jeremiah que tentava levantar afim de acalmar o adolescente.
Ao perceber a movimentação do lenhador o homem restante segurou Jeremiah na sua frente como refém.
- Mais um passo e eu acabo com ele.
Com as mãos ensanguentadas, um rastro de sangue escorrendo pelo rosto, e um olhar vazio Chris parou no lugar encarando o homem.
- Desculpa Jeremiah...
O lenhador não entendeu muito bem até ver Chris se abaixando e pegando uma pedra considerável e tacando na sua direção então tudo ficou preto.
Acordou com barulhos de sirene e um choro descontrolado, olhou ao redor se vendo dentro de uma ambulância, via fumaça lá longe e conseguia ouvir algumas pessoas conversando.
- Jeremiah você acordou, eu tava com tanto medo!
Viu Christopher se jogando nele completamente molhado e aparentemente mancando.
- Vamos rapaz você não pode ficar encima dele.
Chris foi retirado da ambulância e ele foi direcionado para o hospital, foi tratado e ficou em observação pela madrugada, só teve uma explicação na manhã seguinte.
Sentado na cama do hospital olhando o nada lá estava Jeremiah completamente catatônico tentando entender o que caralhos tinha acontecido.
- Jeremiah!!!
Chris entrou no quarto com a perna enfaixada, ele se jogou no mais velho o abraçando com força.
- Que bom que você acordou.
Os olhos de Jeremiah se fixaram na perna de Chris e a cara dele estava absolutamente confusa.
- Christopher... O que aconteceu?
Um sorrisinho cruel apareceu nos lábios do judeu bonitinho, o apertão aumentou e era possível ver toda a maldade pingando de Chris.
- Você devia me.chamar de Kitty agora... É assim que a minha família me chama afinal.
Viu Chris se sentar na poltrona que tinha ao seu lado com um sorriso que pra quem não o conhecia poderia ser considerado fofissimo, porém para quem conhecia sabia que era um excelente jeito de manipular alguém, se perguntou o porquê dele estar sorrindo daquele jeito, foi aí que a enfermeira entrou no quarto.
Era assustador o quão bom ator Christopher era.
- Olha só quem está aqui!
- olá!
A enfermeira colocou a comida de Jeremiah na mesinha ao lado da cama com um sorriso no rosto.
- Jeremiah você devia estar agradecendo esse rapaz, ele te tirou da água e fez massagem cardíaca em você até a ambulância chegar, ele salvou sua vida.
A cara de incógnita de Jeremiah só não foi maior do que o sorriso de escárnio de Christopher, a enfermeira não notou isso entretanto.
Quando a enfermeira saiu finalmente Jeremiah olhou para Chris com uma expressão bem seria.
- Christopher, o que aconteceu ontem?
Chris entortou a cabeça pro lado e sorriu.
- Você não ouviu? Eu te salvei, mas não do jeito que estão achando.
- Eu sei que você me salvou, mas não foi de um afogamento... O-o que aconteceu com aqueles caras?
Chris ficou em silêncio por alguns segundos.
- Você viu o que aconteceu.
- Sim, mas se realmente eles estão mortos não devia estar acontecendo uma investigação?
- mas está acontecendo! A cidade toda tá sabendo que eles foram atrás de você e bateram na caminhonete empurrando ela pro lago, quando eles tentaram fugir da água foram pegos por crocodilos, e o motorista que estava conduzindo a outra caminhonete morreu carbonizado com a explosão da caminhonete.
Ele falou com tanta convicção que Jeremiah chegou a questionar se ele não tinha alucinado tudo que tinha acontecido na noite anterior, porém aquele olhar e sorrisinho pareciam estar brincando com a sua cara.
- não acha uma história incrível, ninguém sequer desconfiou que é mentira, e não tem corpos para investigar.... Ah! Eu sinto muito sobre sua caminhonete, eu te dou outra, e as ferramentas que estavam nela também, eu tinha que apagar as provas.
Jeremiah ficou em silêncio encarando Christopher por uns bons minutos, conseguia entender Daisy agora, era assustador pensar que uma criatura com Chris existia, mas ainda sim era uma maldade tão pura e genuina e que dava um ar de inocência a Christopher, como culpar ele se aparentemente ele não fazia ideia de que era o próprio anticristo andando sobre a terra, não era religioso, mas não conseguia descrever ele de outra forma.
- Kitty, vem cá...
Chris parou de sorrir e falar para obedecer, esperava um tapa ou uma bronca, porém o que sentiu foi um carinho em seu rosto.
- Que bom que não ficou cicatriz, sua mãe iria ficar uma fera se você tivesse machucado seu rosto, ela já vai ficar brava que você não vai desfilar por um tempo por causa da sua perna.
A guarda de Chris baixou consideravelmente, Jeremiah conseguia entender o porquê da família de Chris sempre o acomodar de alguma forma, uma fera mansa e bem cuidada não irá atacar quem a alimenta, mas Jeremiah não estava fazendo isso só pra se manter seguro.
Um mal tão genuíno que chega a ser puro, a inocência mais macabra banhada em sangue, como poderia ficar bravo com ele? Simplesmente não conseguia.
- Eu também não vou poder jogar basebol por um tempo.
- não posso reclamar disso
Fez um carinho na cabeça dele e pode ver que ele o olhava atentamente.
- Tá doendo?
- Está, mas é suportável...
Silêncio.
- Desculpa.
- Tudo bem, já passou...mas o que aconteceu depois que eu desmaiei?
- Tem certeza de que quer ouvir?
Jeremiah fez sim com a cabeça e Chris soltou um suspiro cansado, ele preferia não ter que contar, mas já que ele está a pedindo...
🐊21h atrás 🐊
Jeremiah caiu desmaiado pro lado levando o agressor principal ao chão, correu até eles e pegou o homem pela gola o até o lago ele tinha um abjetivo muito claro.
- O QUE VOCÊ TA FAZENDO MALDITO ME SOLTA?
Chris ignorou completamente os gritos do homem, ele se debatia e tentava se soltar de todas as formas, porém sem sucesso, conforme iam se aproximando da água reparou os crocodilos parados na margem e alguns na água, derrepente o plano do adolescente ficou muito claro.
- NÃO, ESPERA! POR FAVOR ISSO NÃO! ME SOLTA POR FAVOR! EU JURO QUE EU NÃO VOU FALAR PRA NINGUÉM, POR FAVOR! SOCORRO! SOCORRO!
"I don't understand people, as soon as they feel they have a little more power over others they change and think they are superior, in my eyes everyone is just a bag of meat with a conscience, someone's goodness and evil can be measured by the extremes of the scale, if someone does good to another they are doing harm to someone far away, so at that moment I kill these 5 man will do good to someone... Just as I had the chance to save those puppies today, I also took 5 human lives today... Although for me the puppies have more value"
Chris continuou a arrastar o homem para perto da beirada onde tinha um grande crocodilo parado de boca aberta, não pensou duas vezes e com força lançou o homem direito na boca do grande réptil.
Pra ser honesto aquilo foi aterrorizante de se assistir até para Chris.
As fileiras irregulares de dentes afiados como lâminas perfuraram e dilaceraram a carne do cobrador, o som da mastigação é grotesco e molhado, o som dos ossos estalando, músculos sendo rasgados sem piedade enquanto o homem gritava por socorro, e então silêncio tudo que sobrou foi o cheiro de sangue fresco preenche o ar enquanto ele engolia, Chris ficou ali parado olhando acontecer, os outros crocodilos o encaravam com expectativa e reverência, como se a própria natureza estivesse de acordo seu ritual cruel.
Voltou para o lugar e foi arrastando os corpos jogando na água, via os animais de debatendo e dilacerado a carne oferecida, empurrou a caminhonete pra dentro do lago a assistindo afundar sem dificuldade, foi até a dos a que pertencia aos agressores segurando um galão de gasolina que tinha pego antes dela afundar e então deu duas batidinhas no vidro.
O quinto homem estava dentro do carro tremendo de medo, achou que se ficasse quieto tivesse a chance de fugir, achou errado.
- Eu tô te dando uma escolha, morrer queimando ou morrer com uma facada.
Não obteve resposta, o homem pensou em acelerar e sair fugido porém sentiu o carro indo pra frente sozinho e então bater numa árvore
Chris empurrou a caminhonete com tudo e rapidamente jogou a gasolina por cima, a explosão foi rápida, o homem dentro morreu na hora.
Corpos já descartados era hora do seu plano final.
Foi até o lago e lavou as mãos, voltou e pegou Jeremiah com cuidado estilo princesa, se sentou no chão e pegou uma pedra grande, apoiou a perna nela e a ergueu batendo com tudo.
Mordeu a manga da blusa sentindo uma dor excruciante, seu plano era fazer uma fratura exposta, mas não conseguiu a força repentina provocou um deslocamento traumático do joelho a dor foi instantânea e o membro ficou torcido em um ângulo anormal, o inchaço começou quase imediatamente, estava muito mais do que convincente.
Se arrastou com Jeremiah até o lago vendo os crocodilos ainda brigando pela carne de mais cedo, aproveitou a distração deles e segurando fortemente o lenhador pulou na água tempo suficiente para seu pulmão se encher de água, logo voltou a superfície, conseguia ouvir as sirenes se aproximando.
Os bombeiros desceram desesperados junto com os paramédicos, perto do lago viram um adolescente aos prantos fazendo massagem cardíaca em um homem mais velho, eles haviam sobrevivido um acidente terrível.
🐊Agora🐊
Jeremiah ficou em silêncio ouvindo tudo, quando Chris terminou de falar ele teve uma certeza, Daisy nunca mentiu.
- Está bravo comigo?
- não necessariamente, só um pouquinho preocupado.
- Preocupado?
- Sim, com a sua perna.
Chris parou alguns instantes para analisar a situação.
- É só com a minha perna que está preocupado?
- Claro que com o resto de você também, não precisa se machucar.
Ia retrucar quando a porta abriu revelando uma Daisy com grandes olheiras de tanto chorar, Chris se levantou e saiu deixando o casal sozinho.
Depois de Jeremiah e Daisy conversarem um pouco sobre toda a situação ambos ficaram um pouco mais calmos.
- Desculpa não ter acreditado em você antes, ele é mesmo um psicopata...
- imagino que agora esteja planejando terminar comigo....
- não, pode ficar tranquila em relação a isso, está presa comigo pra sempre.
Daisy riu, mas o namorado continuou.
- Agora eu entendo o porquê vocês cuidam tanto dele, é como ter a arma mais perigosa do mundo, mas ela ser feita de vidro.
Jeremiah terminou de falar e pegou a maçã na sua mesinha, a comida pareceu pouco apetitosa, deu uma mordida na fruta pensativo.
- Como é que se protege um psicopata?
Dois dias depois lá estava Apple com sua cara indecifrável de má vontade, se despediram da família é foram embora.
- A Daisy me contou o que aconteceu, seja mais discreto da próxima vez.
- Sim senhora.
A conversa mudou de tópico rapidamente, no entanto Chris agora tinha um bom amigo, e mais alguém que o entendia.
Hector chegou em casa tranquilo, tirou o paletó e afrouxou essa gravata escutando sua mãe discutindo alguma coisa com alguém.
Se aproximou da porta ouvindo sua mãe falar com alguns luzidios.
- Nós temos que achar essa menina antes do Antônio, ele não pode saber que tem mais uma filha!
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