História Stronger (What Doesnt Kill You) - O Enterro de Sally

Queridos Pais 

Quando estava quase chagando na casa de Percy, me ocorreu a ideia de que talvez ele não quisesse falar comigo. Mas convenhamos que não foi tudo culpa minha. Se ele tivesse me falado o que estava acontecendo, ou que a mãe dele estava pior do que nunca. Talvez eu tivesse sido mais compreensiva e "amorosa".

Mas eu sei bem que ele não gosta de ser digno de pena, mas sabe eu acho que.... argh. Que raiva de sempre ter várias alternativas, achar não iria adianta nada. Então estacionei de qualquer jeito e corri para a porta de entrada.

-Percy!! - gritei e bati na porta várias vezes 

-Percy, por favor abre a porta (N/A: me lembrou"vc quer brincar na neveee?"kkkkkkk.ok, agora e momento de reconciliaçao) - Percy!! Olha me desculpe por tudo, eu sei que sou uma pouco possessiva, tá muito possessiva. mas se eu estou aqui, do outro lado da porta falando isso tudo pra você, engolindo todo o meu orgulho, é porque eu te amo e quero que você me perdoe. 

Após uns cinco minutos, eu ainda estava, engolindo o choro do outro lado da porta, tendo esperanças que ele abriria a porta e me perdoaria. 

E quando eu já não tinha tantas esperanças, ouvi o tranco da porta se abrir, e lá estava ele. E sim, eu poderia dizer, que ele estava lindo como sempre, e de fato estava, tirando, é claro, os olhos inchados e vermelhos, enquanto lágrimas caiam sem pausa pelo seu rosto. E ele estava com um pijama de frio com as mangas um pouco molhadas, por talvez, tentar cessar o choro.

Eu não sabia o que falar, vê-lo daquele jeito era de partir o coração. Quando eu estava do outro lado da porta achei que conseguiria encarar ele e conversar normalmente, mas não. Sally havia morrido, a mãe dele, a única pessoa na qual ele amava mais do que si mesmo havia ido. E eu, havia o abandonado, mesmo não sabendo do que estava acontecendo, lembro de quando ele falou que a mãe estava em Oswego, Percy tinha ficado triste na hora. 

Eu ainda estava parada na frente dele, vendo-o se afogar em lágrimas. Imaginei que ele fizesse de tudo, gritasse, me empurrasse, esfregaria tudo que eu já sabia na minha cara, mas a única coisa que nunca imaginaria que ele fizesse era me abraçar. E ele fez. Sim, Percy me abraçou, e eu atônita com aquele ato, o abracei de volta.

Percy enterrava o rosto em meus cabelos, e chorava. Ele estava abalado, triste, e esse era o motivo de não estar bravo comigo naquele instante. 

Ainda abraçado a ele, consegui entrar dentro de casa, já que logo começaria a chover, e sentei no sofá, separando Percy de mim. Mas mesmo assim, fiz com que ele deitasse a cabeça em meu colo; comecei a fazer carinho em seus cabelos, enquanto o choro vagarosamente cessava. 

-Podemos fingir que não estamos brigados só até amanhã? - ele perguntou  com a voz rouca 

-Claro Percy. - respondi calam e o deixei descansar sobre meu colo 

-Sabe, eu queria te perguntar uma coisa... - ele disse depois de um longo tempo 

-O que? - questionei e ele se sentou no sofá, bem perto de mim 

-Por que terminou comigo? 

Percy perguntou e eu fiquei sem reação. Por que eu havia terminado com ele...?

Porque ele beijou outra menina, bom na verdade, a garota beijou ele, e bom, o beijo não foi tecnicamente correspondido. E ele também havia falado coisas maravilhosas sobre mim, como, Percy acha que eu sou linda, segundo ele, a garota mais perfeita que ele já havia visto, falou que eu era inteligente, e que meu sorriso era belo, e o quanto minha risada era doce pra ele.

Então eis a questão....! Porque eu havia terminado com ele....?

-Eu não sei porque....- sussurrei e vi ele dando um sorrisinho de lado 

-Você me perdoa? - perguntou 

-Por...?

-Por deixar outra garota me beijar, e por não ser ágil ou inteligente o bastante pra me afastar. - Percy disse, cabisbaixo.

-Só te perdoou se você me perdoar. - falei sorrindo sabendo que já tínhamos feito as pazes

-E porque eu te perdoaria? - perguntou

-Por ter terminado com você por um motivo tão bobo, por saber que você não teve a intenção, e por te abandonar em uma hora tão difícil.... - minha voz falhou - Além disso, porque não me contou...?

-Por que eu não queria te preocupar, te encher com os meus problemas, e eu também nunca achei que isso iria acontecer, sim, ela estava muito mal, mas eu achei que tinha cura, entende... - Percy tentou falar, mas parou quando seus olhos se encheram de lágrimas novamente 

-Me desculpe Percy, será que podemos ficar juntos de novo? Eu prometo que não vou te abandonar! 

-Achei que nunca diria isso... - ele falou com a voz baixa por causa dos soluços na sua garganta, e me beijou.

Um beijo delicado, sem malícia ou erotismo, um beijo apaixonado, mostrando que não conseguiríamos ficar mais tempo separados. Ele me completava, e eu soube disso desde que nos conhecemos. Não era a primeira vez que eu me sentia assim com um beijo de Percy. Todos eles me deixavam sem atenção para o resto do mundo.

Quando nos separamos tive que me controlar para não agarrá-lo, e jogá-lo no sofá. Mas não, eu não iria estragar esse momento, que por mim, estava perfeito até demais. 

-Você vai no velório? - pergunto Percy, triste

-Sim, se você quiser....

-Quero...mas agora, será que podemos dormir? - Percy pediu e olhei pela janela, Já era noite. - Você vai ficar aqui não é? 

-Claro. - respondi

Nós arrastamos os sofás da sala pra um canto, e tiramos a mesa de centro de vista. Colocamos um colchão no meio da sala, e pegamos vários cobertores.

Nos deitamos abraçados no colchão; eu com a cabeça encostada em seu peito e Percy com as mãos em volta da minha cintura, me segurando com força, como se tivesse medo de que eu fugisse. 

Estávamos enrolados em vários cobertores, e haviam travesseiros jogados por várias partes do colchão, mas estávamos tão grudados que não nos importamos de ter que dividir somente um. 

                                                                      ************

-Tempo de nascer. Tempo de morrer. - assim começava o padre que estava falando no velório de Sally - Tempo de luto. Tempo de amar e tempo de odiar...

-Cinza, ás cinza. - não havia quase ninguém. Apenas eu, Percy e Marie - Pó a pó.

Não prestei muita atenção para o que ele falava, apenas ficava olhando para o corpo de Sally que estava no caixão ainda aberto. Eu não sabia, mas morta, ela estava com o rosto melhor, quer dizer, ela estava morta, ou seja, ela estava com a boca costurada e o rosto mais branco que leite.

Mas quando estava viva, ela expressava sempre dor, sofrimento e sei que isso pode soar egoísta mas ela não teria mais que sofrer. E por mais que fosse fazer muita falta, ela estava em um lugar melhor. Não sofreria mais, sem medicamentos todos os dias, sem um milhão de fios ligados nos braços dela.

Pela expressão Percy não estava entendendo minha sugestão. As lágrimas corriam livres pelo seu rosto, e a cada palavra do padre dizia ele apertava minha mão, mais forte. Ela estava até roxa de tanto ser apertada, mas eu não importei muito. Percy precisava de mim, e depois do que  eu havia feito, aguentar ele quebrando minha mão era o mínimo que eu podia fazer.

Não haveria percebido que o padre já havia acabado se Marie não tivesse me dado um tapinha no ombro e um aperto na de Percy com uma mão já que no outro ela estava segurando um lencinho, secando as lágrimas.

Percy soltou minha mão e se abaixou praticamente caindo na frente do caixão da mãe. Ele chorava e pedia desculpas. O vendo assim, eu também deixei algumas lágrimas caírem, me abaixei ao seu lado, peguei as flores que havíamos trago e as coloquei nas mãos de Sally.

Abracei Percy e deixei que o mesmo chorasse ali. 

Nos levantamos e saímos de mãos dadas até o portão. Mas antes de deixarmos o lugar Percy nos parou e me abraçou. Não me surpreendi com o tal ato e o abracei de volta, acariciando seus cabelos cor petróleo, enquanto ele enterrava seu rosto em meus cachos louros. 

-Obrigado por sempre estar comigo... - ele sussurrou em meio ao abraço 

-Eu sempre vou estar com você.. - falei no mesmo tom no seu ouvido

Quando nos separamos demos as mãos novamente e começamos a andar, mas quando chegamos ao outro lado da rua Percy se virou na direção do cemitério e a última coisa que vimos antes dos portões fecharem foi o caixão de Sally fechado e coberto por terra por um funerário. 

                                                                                                              Com amor, Annabeth