História Struggle Within - Haha... No.

-Você sabe qual é o motivo dessa viagem, Alana?-Lars perguntou

-Não...-disse mentindo para agradá-lo.

-Vamos gravar um novo álbum!-Kirk disse animado.

-Porra, Kirk! Você não é capaz de não me atropelar uma vez na vida?-Lars disse com uma falsa irritação.

-Desculpe.-ele disse fazendo beicinho.

-E me mostrar o material novo que é bom nada, né?!-ri imitando Lars.-É incrível como vocês esquecem que eu gosto de metal tanto quanto vocês!

-Nossa... É verdade... A gente te mostra assim que chegar no estúdio, eu só não te mostro agora porque estamos no avião.-James disse gentil.

-Tudo bem, eu tava brincando com vocês... Em partes...-sorri.

-Lana, você tá muito virada no Jack estripador...-Kirk disse com um sorriso travesso.

-Ué, por que?-perguntei confusa.

-Porque você tá falando tudo em partes!-ele disse e começou a rir.

Nós apenas o fitamos sérios, Cliff chegou a dar um tapa na testa e balançar a cabeça negativamente, Lars revirou os olhos, eu suspirei:

-É sério isso, Kirk?

-Porra, essa foi de doer, Kirk -Lars reclamou.

-Não foi dessa vez, cara.-Cliff disse o consolando.

-Já acabou, Kirk?-James disse curto e grosso, direto e indelicado, como sempre.

-Já...-ele disse emburrado, depois de ter realmente achado que aquela piada era boa.

-Kirk, não me leve a mal, mas essa piada foi meio de tiozão.-disse tentando ajeitar a situação.

-Só meio?-James disse e eu o fuzilei com o olhar.

Passamos o resto da viajem fazendo piadinhas e cochilando de vez em quando. Quando chegamos, James fez como o prometido e me mostrou um pouco do material novo:

-Tem essa aqui...-ele disse mostrando um poderosíssimo riff.

-Uau... Você já sabe do nome?-perguntei.

-Vai ser Master Of Puppets.-ele sorriu.

-Nome forte como o riff...-comentei.-e a letra?

-Eu ainda to trabalhando nela, olha-ele disse me entregando seu caderno.

"End of passion play, crumbling away
             I'm your source of self-destruction
             Veins that pump with fear, sucking darkest clear
              Leading on your death's construction

Taste me you will see
              More is all you need
              You're dedicated to
              How I'm killing you"

-E agora eu não sei como terminar.-ele disse sério.

-Posso de ajudar?-ofereci.

-Pode.-ele assentiu me entregando a caneta.

"Come crawling faster,

Obey your master.

Your life burns faster,

Obey your master,

Master.

Master of puppets I'm pulling your strings,

Twisting your mind,

Smashing your dreams.

Blinded by me,

You can't see a thing.

Just call my name cause I hear your scream."

-Veja se gosta.-disse mostrando a ele.

-Uau! Deixa eu ver como dá pra continuar...-James disse analisando a letra.

"Master, master.

Just call my name cause I hear your scream.

Master, master.

Needlework the way,

Never you betray.

Life of death becoming clearer.

Pain monopoly,

Ritual misery.

Chop your breakfast on a mirror."

-Eu acho que dá pra repetir uma parte do começo.-mostrei e ele o fez.

Algum tempo depois terminamos.

-Obrigado, amor.-ele agradeceu com um selinho.

Depois de passarmos algumas horas trabalhando no álbum, chegou a hora de jantarmos e irmos para o hotel.

Estava na cama com o James, que já dormia tranquilamente ao meu lado me abraçando. Ao cair no sono, tive um sonho que era mais uma espécie de lembrança da minha infância.

Sonho on:

-Alanaaa?-minha mãe chamou.-Cadê você?

Eu segurava para não rir ou melhor, tentava, porém sem sucesso.

-Ah, você tá aí, sua ruivinha danadinha!-ela riu.-O monstro das cócegas vai te pegar!-minha mãe disse me puxando e fazendo cócegas.

-AAAH! NÃO! HAHAHA! PARA MAMÃE! HAHAHA!-eu gargalhei como louca.

-Eu te amo, minha garotinha.-ela me abraçou e pude sentir seu perfume, o conforto de seu abraço e a maciez de seus cabelos ainda tão ruivos quanto os meus.

-Eu também, mamãe.-disse escondendo meu rosto em seus cabelos.-Papai!-exclamei ao ver que meu pai estava na porta do meu quarto.

-Oi, pequena.-ele me abraçou.

Ainda podia ver seus cabelos naquele belo tom de loiro areia, que com o tempo deu lugar ao prateado, seu rosto não muito diferente, mas ainda assim menos maltratado pelo tempo, seus olhos azuis, que eu com certeza herdara dele e sua barba por fazer, ainda rala talvez por ele ter acabado de voltar de sua viajem, eu presumo.

-Sabia que vamos viajar?-ele anunciou.

-Pra onde, papai?-perguntei animada.

-Pra Dinamarca, vamos visitar a Lone e o Torben.-ele sorriu.

-Sr. E Sra. Ulrich! Lars!-comemorei.

-Sim, você vai brincar com o Lars!-meu pai riu ao ver meu entusiasmo.

-Vamos amanhã, peça pra sua mãe te ajudar a fazer a mala!-ele aconselhou.

Então a lembrança mudou e eu me vi no quintal da belíssima mansão em que Lars cresceu, coberto pela neve.

-Você não me pega!-Lars caçoou.

Então eu fiz uma bola de neve com minhas pequenas mãos e joguei nele, acertando sua testa em cheio.

-Peguei! Agora vamos fazer um boneco de neve!-me vangloriei.

-Ah não, vamos de novo, essa não valeu!-ele resmungou.

-Valeu sim! Larsy, você prometeu que se eu te acertasse com uma bola de neve a gente ia fazer um boneco de neve!-protestei quase começando a chorar.

-Tá bom, não chora, vamos fazer um boneco!-ele se rendeu.

-Mesmo?-disse trocando o choro por um sorriso.

-Sim.-ele disse estendendo sua mão.

Eu peguei a mão dele e fomos fazer nosso boneco, seguimos brincando alegremente por mais um tempo.

Lars era tão pequeno quanto eu, mesmo sendo dois anos mais velho do que eu. Acho que tínhamos cinco e sete anos.

Então mais uma vez a lembrança mudou.

-Lars! Que saudade!-disse o abraçando com força, muito tempo depois da lembrança anterior, agora eu devia ter uns 14 anos e ele 16.

-Nem me fale! Você quer ver meus álbuns novos?-ele sorriu.

-Claro, vamos nessa.-sorri.

Ele colocou um disco do Deep Purple no toca-discos.

-Uau, isso é muito bom!-disse surpresa me chacoalhando ao ritmo da música.

-Eu ainda vou ter uma banda de sucesso!-ele disse determinado, como sempre.

-Se você diz, eu acredito... E torço por você!-disse sincera.

-Obrigado. Como andam as coisas na sua casa? Sabe, com seus pais e tudo mais.-ele perguntou.

-Ah, é aquilo que eu já te falei, minha mãe tá meio estranha desde que o Tommy saiu de casa.-suspirei.

Tommy é meu irmão mais velho, um garoto alto e loiro como o meu pai, considerado o melhor filho de todos, o favorito. Tommy era muito irritante e brigávamos muito quando crianças, tínhamos cerca de quatro anos de diferença.

-Calma, Lana. Ela só tá mexida pelo seu irmão, ela já volta ao normal...-Lars tentou me tranquilizar.

-Bem, você é filho único, além de não ter experiência com irmãos, não sabe como é ter um irmão que é o filho predileto e ainda por cima ser a ovelha negra da família.-disse com desdém.

-Não diga isso, eles te amam, eu sei disso!-ele ralhou.

-No fundo, pode ser que seja mesmo...-suspirei.

A lembrança mudou para uma bem recente.

-E o que eu tenho com isso, mãe?!-perguntei indignada.

-Alana Marie Collins! Ele é seu irmão!-minha mãe ralhou.

-Quem dirigiu bêbado foi ele, por que logo EU vou ter que desistir do que eu quero?!-protestei

-Porque é isso que uma família faz!-ela disse com falso moralismo.

-Ou melhor, porque vocês acham que é o que EU tenho que fazer! Já reparou como sou sempre eu quem me fodo por merda que ele fez?! Já reparou que você e o meu pai jogam a culpa em mim pelo que ELE fez?!-rebati.

-ALANA!-ela levantou a voz.

-Tá vendo só? Já tá passando a mão na cabeça dele! Isso é porque você e o meu pai preferem a ele, ele é o favorito, sempre foi!-disse fria.-O Tommy tá no hospital agora, todo quebrado porque foi idiota e dirigiu bêbado, você sabe muito bem que ele pode ser preso por isso, ele podia ter matado alguém, por sorte a pista tava vazia!

-NÃO FALE ASSIM DO SEU IRMÃO!-ela disse perdendo a cabeça e me dando um tapa no rosto que me levou ao chão.

-EU FALO, PORQUE AFINAL DE CONTAS EU TENHO MORAL PRA FALAR, NÃO FUI EU QUE FIQUEI A UM PASSO DE SER UMA ASSASSINA!-disse finalmente perdendo a cabeça.-MAS VOCÊS NUNCA VÃO RECONHECER QUE EU NUNCA FIZ NADA DE ERRADO ENQUANTO ELE FAZIA O TEMPO TODO E VOCÊS SEMPRE DEFENDERAM ELE E ACHAVAM QUE TUDO O QUE ELE FAZIA ERA ÓTIMO!

Saí marchando em direção ao meu quarto.

-ALANA, NÃO VIRE AS COSTAS PRA MIM ENQUANTO EU FALO COM VOCÊ!-minha mãe gritou.

-Essa conversa acabou.-disse fechando a porta e trancando.

Ainda em prantos, eu peguei um papel e escrevi um bilhete:

"Fui embora para seguir meu sonho e lutar pelo que eu acredito, já que isso não vai ser entregue de bandeja a mim. Ainda não tenho certeza de onde vou ficar, mas eu sei que vai ser muito melhor e muito, muito longe daqui. Não me procurem, não me liguem. Saibam que eu faço isso com grande pesar, mas vocês não me deixaram outra alternativa.

Com muito pesar e mínima possibilidade de voltar para casa, de sua... Filha, Alana."

Enfiei toda a roupa e pertences importantes na mala. Quando chegou a noite, eu já havia comprado minha passagem. E me despedi com enorme tristeza de minha amada casa, onde eu cresci desde que eu nasci. Suspirei ao passar pela sala de estar, senti aperto no coração ao atravessar a biblioteca e chorei ao passar minha mão no meu amado piano, que eu tocara por todos esses anos.

-Eu sinceramente espero que nos encontremos algum dia...-disse como se ele fosse me ouvir.

Quando eu finalmente cheguei ao jardim, tirei do pescoço a corrente que havia ganho de minha mãe aos seis anos de idade e a enterrei logo ao lado da árvore que eu gostava de escalar nessa mesma idade. Me virei para minha casa, dei o último adeus e fui embora, talvez para sempre.

Sonho Off.

James's P.O.V.

Eu acabei acordando de volta pouco depois de dormir e fiquei observando Alana enquanto dormia. Primeiro ela tinha expressões doces e serenas, mas depois começou a ficar inquieta e grunhir. Eu fico pensando no que ela devia estar sonhando.