História Stupid Cupid (Wenga) - "Hear the sea"

Eu já estava cansada, e foi por isso que fiz aquilo, e não me arrependo. Apesar de não saber o que fazer agora, não me arrependo de ter ajudado uma amiga, porque é isso que se faz quando alguém precisa da gente.

Quando resolvi ir para casa, percebi que havia um envelope em cima dos meus livros, aquele era o meu convite para a tal festa. Eu havia sido convidada então. Mas, por mais incrível que pudesse parecer, eu não estava muito animada.

Não fiz questão de abrir, já sabia o que havia lá dentro, apenas o encarei e depois me joguei na cama em seguida. Fiquei assim por longas horas, fechei os olhos e acabei adormecendo me esquecendo de tudo que havia planejado fazer antes que a noite caísse.

Quando acordei era madrugada, Suga, como sempre, folgado, já estava ajeitadinho em seu colchão improvisado e dormia como uma pedra. Meu estômago roncou, denunciando minha fome. Eu estava desde o café da manhã sem comer absolutamente nada. Novamente sai de fininho do quarto para não acordar ninguém e encontrei Sooyoung sentada no sofá chorando mais uma vez, porém dessa vez ela tinha uma marca vermelha em seu braço e em seu pescoço, como se alguém tivesse tentado quebrar apenas segurado com muita força. 

Levei a mão a boca com indignação e preocupação.

- O que aconteceu com você? – A garota que ainda não tinha notado minha presença, me olhou triste e assustada, se levantou rapidamente procurando por suas coisas, ela não ia querer me contar o que havia acontecido, mas eu precisava saber. – Sooyoung... olha para mim, o que fizeram com você?

- Eu não quero falar sobre isso...

- Amiga... você não pode suportar isso sozinha. – Eu disse impulsivamente, apesar do calor da emoção, eu sempre acreditei que amizade é para todas as horas, até para momentos como aquele. 

Sooyoung parou por um instante, secou as lágrimas dos olhos e olhou para mim desolada. Sem pensar duas vezes, correu em minha direção e me abraçou. Ela era um pouco mais alta que eu, mas não era isso que me impediria de cuidar da minha Dongsaeng.

- Por favor, me conte o que aconteceu, eu quero ajudar você. – Insisti.

Ela hesitou um pouco antes de começar a falar, mas quando decidiu fazê-lo me contou tudo, desde o momento que saiu da faculdade e foi até a maldita boate. Sooyoung chorava muito e quando se lembrou do modo cruel que havia conseguido aquelas marcas chegou a soluçar.

Não queria que dormisse sozinha, por isso me dispus a lhe fazer companhia, hoje era o dia em que Yeri trabalharia a noite, então sua cama estava vazia. Peguei um cobertor em meu quarto, e fui ao quarto de Irene e Seulgi para ter certeza de que nenhuma das duas estavam em casa – precisava ter certeza de que era seguro deixar Yoongi dormindo no meu quarto sozinho – depois fui para o quarto de Sooyoung.

Passamos o restante da madrugada conversando, ela me contou um pouco sobre sua família e de como ela já havia sofrido para conseguir alimento, roupa e moradia. Sua família era grande, tinha quatro irmãos mais novos e eles dividiam tudo. Há ouvi atentamente e me admirei muito com o que me contava, ela parecia uma heroína tirada dos quadrinhos. Havia muito sofrimento por trás de seu grande sorriso, mas ela estava ali firme e forte, apesar de tudo.

Quando o dia amanheceu, eu fui até a sala pegar minha bolsa, peguei o cheque que Suga havia me dado e voltei para o quarto de Sooyoung, ela havia acabado de acordar também, se sentou na cama um pouco sonolenta e quando me viu abriu um sorriso triste.

Eu hesitei um pouco antes de seguir com aquela ideia absurda, mas eu não sei ser ruim com ninguém, e com certeza me faria falta, mas acho que está fazendo mais falta para ela no momento.

- Soo... eu não quero que me entenda mal, mas gostaria que aceitasse uma coisa. – Digo seria.

- O que? Você parece preocupada...

Estendi as duas mãos para ela segurando o cheque, e Sooyoung me encarou espantada.

- Wendy, o que significa isso? – se levantou surpresa.

- E-eu sei que não é muito, mas por favor aceite... Eu só não posso te ver nessa situação, não quero mais que se machuque, você não merece sofrer desse jeito... por favor, aceite. – Insisti.

Sooyoung não se aguentou, as lágrimas começaram a rolar desesperadamente por suas maçãs me dando um pouco de preocupação. Estava tentando ajudar, mas acho que toquei em um ponto muito sensível de sua vida.

- Obrigada... – sussurrou. 

Pegou o cheque de minhas mãos e sorriu.

- Você não precisava fazer isso...

- É o que a gente faz por um amigo. 

- Wendy eu não sei como agradecer...

- Você ficar bem é o mais importante para mim. – Acho que aquelas não eram as palavras certas, mas foram as que pensei, eu sou péssima com isso.

Enquanto trocamos palavras de sentimento e gratidão, um grito foi ouvido e logo em seguida, um uivo de dor.

Meu Deus! Suga!

Sai do quarto de Sooyoung desesperada, praticamente a deixei falando sozinha, sorte que ela não ligou para isso e me seguiu até a sala também. Ao chegar lá me deparei com uma cena intrigante e engraçada, Suga estava sentado no chão com a mão na cabeça enquanto Irene segurava a vassoura com firmeza e uma pose de guerreira, Seulgi tentava ajudar o garoto, enquanto Yeri se escondia atrás de Irene. 

- O que está acontecendo aqui? – perguntei exasperada.

- Ela me acertou... – ele reclamou.

- O que ele está fazendo aqui? Você esqueceu que é proibido garotos no dormitório, se a senhora Kim descobrir todas nós estamos encrencadas! – Irene me repreendia com uma braveza desconhecida, nunca tinha visto ela tão furiosa.

- E-eu sei que isso é proibido..., mas... ele... bem ele... – quando eu ficava nervosa começava a gaguejar sem parar e Irene sabia disso, eu estava assinando minha sentença.

- Você o trouxe para cá de propósito, Wendy... você é uma pervertida! - Disse Seulgi com uma animação estranha.

- NÃO! Você enlouqueceu? Não é isso!

- Então se explique, o que esse cara tá fazendo aqui? – Irene me encarou.

- Ele...? Eu... Eu meio que chamei ele...

- Pervertida! – Novamente Seulgi quem disse e começou a rir, mas ao perceber que ninguém estava rindo com ela, parou constrangida.

Irene encarou a amiga com desprezo.

- Se explique, Seungwan. – Ordenou com uma verdadeira general, ela causava medo em qualquer pessoa.

- Eu precisava de um par para ir ao casamento da minha irmã...

- Você o convidou? O que tinha nesse convite? Você tinha que fazer aquilo para ele poder ir com você, que golpe baixo. - Irene revirava os olhos entediada ouvindo as perguntas desprezíveis de Seulgi.

- Não! Deixa-me terminar! – reclamei. – Eu pedi ajuda a uma estrela cadente aí ele apareceu dormindo na nossa banheira. – Eu disse como se fosse óbvio e isso acontecesse todos os dias.

- Ele estava na nossa banheira?! E estava pelado? – Seulgi perguntou ao garoto o olhando maliciosamente, Suga a olhou amedrontado.

- Estava...

- Oh My God! Eu perdi isso! – Seulgi encarou o garoto com o dobro de malícia. Como ela pode ser tão pervertida?

- Isso não importa Seulgi, o que importa é que um bêbado entrou pela nossa janela e a Wendy está deixando ele morar na nossa casa, a La Vista não é mais segura.

- Ele não é nenhum bêbado Unnie, é um cupido, acredita em mim. – Digo e vejo todos os cinco pares de olhos pousarem sobre mim de um modo estranho.

Primeiro veio um silêncio absurdo, as meninas estavam curiosas quanto a minha revelação, e até mesmo Suga estava apreensivo, mas como ninguém disse nada, juntei as mãos tentando buscar uma justificativa para toda aquela situação de um modo que eu não parecesse maluca, mas a tentativa foi em vão, principalmente depois de todos, com exceção de Suga caírem na gargalhada.

- Qual é a graça?

- Você é incrível Wendy, nunca imaginei que um dia sua mente imaginaria uma coisa dessas. Você escolheu a profissão errada, deveria ser escritora de fantasia, se sairia super bem. – Caçoou Irene.

- Não estou inventando isso, ele realmente é um cupido. Tem uma flecha e um arco, e asas, mostra para elas, Suga! – O incitei.

- Wendy não... – ele disse apreensivo.

- Mostra para elas, anda! – Ordenei ansiosa, queria esfregar na cara de cada uma que o que eu estava dizendo era a mais pura verdade.

- Se ele não puder mostrar as asas pode me mostrar outra coisa.

- Se liga Seulgi! Suga, o que está esperando...?

Suga se colocou de pé com um sorriso amarelo nos lábios, não entendi o que aquilo queria dizer, apenas o encarei sem entender enquanto ele balança a cabeça negativamente para mim.

- Parece que ele não pode, ou não tem asas nenhuma, é uma pena ver um garoto tão bonito se perder na mentira. – Dessa vez foi Irene quem o provocou.

- Eu não minto! – ele gritou bravo.

- Então mostra a porcaria das asas!

Suga apertou os próprios dedos com raiva e encarou Irene, ela era uma baixinha extremamente esquentada. Ele assumiu a pose de cupido e fez força para que as asas aparecessem, mas apesar da grande expectativa de todos nada aconteceu, ele olhou para si mesmo indignado e continuou tentando, comecei a me preocupar, mas não por Suga não conseguir e sim, porque a cara de deboche de Irene, a cara de susto de Sooyoung e a cara pervertida de Seulgi estavam me dando um pouco de pânico.

Yeri era a única que o encarava atentamente, como se estivesse realmente acreditando em mim.

- Eu não consigo. – disse por fim.

- Não consegue porque não é um cupido. Essas coisas não existem, parem de agir como paranormais! Isso é chato e nós não somos mais crianças!

Todos nós murchamos ao ouvir as repreensões de Irene, principalmente Suga que no momento se sentia mais do que frustrado, arrasado por não conseguir mostrar suas asas.

Me senti mal por ele, mas não disse nada, apenas me encolhi em um canto e escutei Irene falar sem parar. Ela falou por quase meia hora, nos atrasando para a aula.

[...]

Depois de ouvirmos os sermões infinitos de Irene, ela finalmente se calou e arrastou Seulgi para fora da casa, as duas iriam para a aula sem mim. Sooyoung se arrumou rapidamente e passou a me encarar com um jeito estranho, como se suspeitasse de minhas capacidades mentais. Eu serei uma futura psicóloga, li O Corpo Fala cinco vezes e sabia que aquele comportamento era de alguém que estava me julgando e muito.

- Droga! O que foi que eu fiz? – bati na testa irritada.

- Parece que entramos numa fria.

- Elas tinham que chegar tão cedo?

- Wendy? – ouvi a voz da maknae me chamar em um quase sussurro, ela era extremamente tímida, tão tímida que nós quase não a ouvíamos falar. Eu mesma sequer me lembrava do som de sua voz.

Olhei para ela esperando que dissesse algo ofensivo para completar a lista de Irene, mas em vez disso ela sorriu e disse:

- Eu acredito em você. – Sorriu para Suga também e se retirou nos deixando completamente sem reação.

- Parece que não sou a única maluca da casa. – brinquei.

Suga não me pareceu tão animado.

- O que aconteceu com você? Por que não conseguiu mostrar suas asas?

- Eu não sei, eu não sinto a energia delas... foi estranho... acho que talvez esteja enfraquecendo... nunca passei mais de 24 horas na terra, e se eu estiver me contaminando? – perguntou preocupado.

- Do jeito que você fala parece que somos um bando de porcos imundos.

- Não é isso, é que o Olimpo hoje em dia é um lugar diferente. O lugar onde eu moro é puro. Nós fomos criados para sermos puros, eu não conhecia a malícia ou a ira tão bem quanto conheço agora. – Desabafou.

- Eu não fazia ideia de que pudesse ser afetado por essas coisas... me desculpe a culpa é minha.

- Não se culpe por isso Wendy, é o meu trabalho. Eu deveria estar preparado, mas acho que não estou.

- Ninguém está realmente preparado para algo, Suga. A vida está em constante movimento e está sempre nos trazendo mudanças, nós nunca estaremos prontos para elas.

- Você deve ter razão.

- Eu sempre tenho, e é por isso que eu dei o cheque para a Sooyoung. – Tagarelei, esperando por mais broncas.

- VOCÊ O QUÊ!?

- Ela precisava dele! – tentei me justificar, mas é verdade.

- Eu ralei tanto para consegui-lo e você faz isso comigo?

- Não seja má pessoa ela merecia muito ele, eu só quis ajudar!

- Eu não vou conseguir outro tão fácil assim, ele me adiantou quase três semanas e eu só trabalhei um dia para pagar o adiantamento!

- Eu posso te ajudar se deixar!

- Você sabe cozinhar por acaso?

- Você está falando com a chefe do La Vista! - Respondo afetada.

- Essa eu quero ver... - diz me desafiando.

- Se prepare para pagar a língua, Suguinha....

Continua...