História Stupid liar - School days

...minha cabeça estava latejando, e meus pés não conseguiam dar passadas firmes ou sequer regulares. Sai do quarto cambaleando um pouco, no fundo eu estava feliz por ter conseguido me levantar depois de 5 tentativas falhas de me erguer. Encontrei as meninas dormindo na sala, cada uma jogada em um canto diferente. Fiquei aliviada por não estar sozinha ali. Parei pra pensar um pouco e não conseguia me lembrar de absolutamente nada que tinha acontecido depois do homem misterioso ter me salvado. Me perguntei por um tempo sobre o que diabos eu deveria ter tomado pra estar naquele estado. Olhei pela varanda da sala e vi a neve caindo...igual como "naquela" noite... A estação estava quase no fim então deveria estar bem perto de começar a se ver sol de manhã envez de nuvens e mais nuvens. Eu gostava daquele frio, daquele breve sensação de solidão mesmo não estando só...os flocos que caiam devagar me faziam lembrar daquilo, me lembravam que eu tinha medo, mas que mesmo um pequeno floco solitário que cai sozinho se amontoa a vários outros e no final todos viram apenas neve. Quer dizer, eles não eram neve, eram água, aquele era um estágio passageiro e eu queria acreditar que aquela dor que eu sentia também fosse um estágio passageiro. -ri um pouco daquele filosofia estranha que eu acreditava, mesmo que fosse baseada apenas na neve e na forma como ela ia caindo, me fazendo lembrar da minha própria decadência- acordei as meninas uma por uma e conforme eu ia dando tapas em uma e ela soltava aquele bafo matinal na minha cara eu tinha mais medo ainda de acordar a próxima e sentir o tipo de gás tóxico que ela iria soltar na minha cara. Demorou meia hora até elas finalmente terem entendido que nós estávamos muito atrasadas mesmo. Jisoo era muito neurótica com sujeira então ela tinha uma farda pra cada dia da semana, assim ela não se preocupava em lavar ou repetir roupa suja durante os dias de aula. Ela emprestou uma pra cada uma de nós e embora contra minha vontade, acabei ficando com a farda mais antiga dela. Aquele treco era muito apertado. A saia tinha até um caimento bom mas era mais curta do que deveria ser e a blusa e o blazer estavam em um bom estado embora eu tivesse a nítida certeza que no final do dia eu estaria com a cintura mais definida do que se eu tivesse passado 5 meses usando uma cinta modeladora. No primeiro dia de aula,felizmente, os alunos podiam chegar alguns minutos mais tarde já que sempre faziam uma cerimônia de boas vindas no ginásio, então o pessoal da escola demorava um pouco pra conseguir por tudo em ordem. A Rosé conseguiu convencer a mãe dela a dar uma carona pra gente e acabou que nós não estávamos tão ferradas assim. Jisoo emprestou também umas mochilas pra gente então guardamos nossas coisas e fomos esperar na entrada da casa. 

Me -  Salvas pelo carro da sua mãe Rossie

Rosé - Vocês realmente tão achando que vai ser fácil assim? Ela com certeza vai perguntar o que aconteceu ontem e eu não tô afim de dizer que a filha dela vestiu uma roupa de cowboy que não sabemos de onde surgiu e então começou a dançar loucamente com uns turistas brasileiros que não paravam de gritar " faz um quadradinho" ou então " o cara do hotel ainda disse que as coreanas são bem na delas. Sabe de nada inocente".

Me - Gente agora que eu parei pra pensar eu esqueci de perguntar pra vocês o que aconteceu ontem. Eu não lembro de n-a-d-a

~Elas se olharam e começaram a rir como se eu tivesse dito uma piada ou coisa assim~

Quando eu ia tentar explicar que era sério a nossa carona tinha acabado de chegar. Inventamos uma história aleatória pra mãe da Rosé, ela pareceu ter se convencido, mas confesso que a história ficou tão ridícula que pra mãe dela ter acreditado então ela deveria ter bebido mais que a gente na noite passada. Não demorou mais do que 10 minutos para chegarmos no colégio. Fomos direto para nossa sala para guardar as mochilas e corremos pra chegar no ginásio a tempo de pegar um lugar legal. Infelizmente pegamos uns lugares mais ao fundo. A parte boa era que podíamos conversar sem nenhum monitor notar a gente. Não que fosse certo, mas já estávamos no último ano e confesso que não tinha nada de muito interessante em prestar atenção mais uma vez naquela chatice. A diretora deu início com as típicas boas vindas. Notei vários rostos novos. Todos ou pelo menos a grande maioria ali eram só um bando de filhinhos de papai. Era meio patético e até irritante,mas em cada 10 alunos ali 9 eram um bando de falsos esperando uma generosa mesada só para gastarem com coisas idiotas. Me distanciei um pouco dos meus pensamentos quando senti meu celular tremer. Tirei ele do bolso discretamente e vi uma mensagem, advinha só de quem? O homem mais cuzão do universo. 

    ~~~ * mensagens on *~~~

Taetae 👽 - Também tá achando uma baita chatice? Kkkk pergunta boba, óbvio que tá!

Jennie 🍰 - Senhores e senhores aplausos para o senhor Kim Taehyung, parece que ele resolveu tomar vergonha na cara e vir falar comigo! Aplausos para esse ser que não posso chamar de "homem"!

Taetae 👽- Captei a mensagem. Tudo bem, eu sei que merecia essa. Tá afim de dar uma voltinha?

Jennie 🍰 - E por que você acha que eu tô afim de dar uma voltinha? Não é assim que funciona! Eu quero treta isso sim!

Taetae 👽 - Você desfaça muito bem as suas emoções. A questão é que eu te conheço bem o suficiente pra saber que você tá louca pra meter o pé daqui sabia.

Jennie 🍰 - Afinal onde é que você tá? Não tô te vendo.

Taetae 👽 - Tentou olhar para cima?

Jennie 🍰 - ... era para eu ter olhado pra cima ou foi alguma metáfora estranha?

Taetae 👽 - Kkkk esquece. Se quiser, vou estar entre o pecado e a salvação. Boa sorte pra desvendar essa....grandona... 

     ~~~ * mensagem off * ~~~

Ri baixinho. Tae gostava de fazer charadas, chegava a ser algo meio surpreendente descobrir que ele gostava desse tipo de joguinho. Olhei para cima por curiosidade e o vi saindo pela porta do observatório do ginásio. Como a escola sempre participava ou sediava vários jogos,no observatório ficavam alguns aparelhos de som onde o pessoal narrava os jogos. Era um salinha pequena na parte superior do ginásio. Me levantei discretamente e sai por uma porta lateral. Dei uma volta gigante pra voltar pra parte interna do colégio. Ri ao me lembrar do que ele havia falado, "grandona", ele as vezes me chamava assim por que eu dizia não gostar de quando ele me chamava de "pequena" já que era algo muito comum. Li novamente a mensagem enquanto andava pelos corredores vazios. Pensei brevemente nas palavras dele e lembrei que eu sempre o chamava de esfomeado depois de sair da cantina, era incrível como ele comia e não engordava. Ele dizia que aquele era o pecado dele : a gula. Uma doce perdição.. Mas aí depois ele dizia que havia uma salvação, uma forma de se redimir pelo terrível pecado, e então apontava para a sala de ginástica que ficava logo do lado da cantina, ele dizia que passaria o dia na esteira até conseguir queimar todas as calorias embora ele nunca tenha nem entrado naquela sala, muito menos feito algum exercício que não tivesse sido ordenado pelo professor de educação fisica. Aquela tinha sido boa, quase que salvei a mensagem pra poder mandar aquela mesma coisa pra uma das meninas e então sair com a fama da espertona manjadora da arte da charada. E lá estava ele, encostado com um sorriso irônico na porta de um armário qualquer. A roupa estava impecável, o cabelo levemente bagunçado e a gravata desastrosamente mal amarrada, escondida atrás do blazer não totalmente abotoado. Me aproximei e arrumei a gravata rindo com um leve olhar de deboche por saber que o espertinho não sabia amarra-la. Terminei de abotoar a roupa com uma pequena resistência da parte dele. Me afastei um pouco e esperei que ele desse início a nossa civilizada conversa. 

Tae : Então resolveu vir em. Sabia que não recusaria um convite tão tentador

Me : Embora me irrite um pouco saber que você tinha certeza de que eu viria tô curiosa pra saber porquê me chamou aqui.

Tae : Bom eu não tava afim de ficar lá e também você é a única pessoa corajosa o suficiente pra preferir levar uma bronca por estar aqui do que ficar mais um minuto escutando a voz irritante da Senhora diretora.

Me : Eu sei que você tava afim de deixar isso no ar, mas eu sei que você não me chamou aqui apenas por falta de opção. E quanto aos seus amiguinhos?

Tae : Eu acho que prefiro a companhia de doce e delicada dama do que ficar aturando eles fazendo barulho 

Me : Quanto cavalheirismo! Só que parece que eu vou ter que te ensinar qual  de nós é "delicado". - falei levantando as mangas como se estivesse prestes a dar início a um combate -

Tae : Bom como eu sei que obviamente perderia para você e suas técnicas arrasadoras eu proponho uma forma mais diplomática de resolver nossos problemas...

Me : Que bom por que eu odiaria desfigurar esse rostinho jovem cheio de esperança e sonhos 

Sinceramente, eu gostava de ser sarcástica com ele. As vezes um sarcasmo malicioso outras vezes um mais leve e divertido. Gostava da presença dele e de como eu sentia que não precisa da companhia de mais ninguém além da dele, e mesmo assim odiava esse controle que ele tinha sobre mim. Era quase como me autotorturar. Pra mim ele era como um abacaxi, era minha fruta preferida embora fosse a única que eu tivesse alergia. Eu simplesmente amava aquilo que me machucava e eu não podia evitar ou sequer mudar aquilo. Começamos a andar pela escola enquanto um silêncio cruel se formava entre nós. A expressão dele foi mudando até finalmente se tornar um espécie de evolução de qualquer conhecimento que eu tivesse sobre a expressão seria. Chegava a dar medo.

Tae : Jennie eu não aguento mais, sobre noite passada, olha eu posso explicar...

Me : Pera pera pera, como assim " noite passada"? Tae o que aconteceu ontem? Como você sabe? Você estava no bar?

Tae : Você não...você não lembra de nada?

Me : Eu por acaso tô com cara de quem sabe de alguma coisa? Tae as meninas não me contaram o que aconteceu e eu tô muito confusa. Você conhece o homem misterioso?

Me : Que homem misterioso? Jennie você não tá falando coisa com coisa. Vamos, aqui não é seguro. 

Me : Que história é essa de aqui não é seguro? Da pra me explicar de uma vez o que tá acontecendo? 

Ele não me respondeu e me puxou por vários corredores enquanto olhava para todas os lados aparentemente desconfiado de algo. Eu estava a ponto de prender ele com uma corda numa cadeira e tortura-lo até que me contasse o que diabos estava acontecendo, mas eu mantive a calma e o segui  calada torcendo que aquela não fosse só mais uma das troladas dele....

"Por que não está respondendo? Eu estou falando baixo demais? Por favor não preciso de mais mentiras felizes nem que seja para você me dizer apenas uma verdade dolorosa. Por favor preciso disso, não me obrigue a sentir ainda mais medo" 

Continua...