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História Stupid Wife - Just a litte bit of your heart.


Escrita por: Horse

Notas do Autor


OMG! SURPRESA DUPLA MEUS AMORES YAAAAY

Duas vezes na semana é mais raro que momento camren, né? sahsuahsuha

Enfim, to postando pra comemorar nosso FUCKING TOP 15 NA BILLBOARD YAAAAAH. maior orgulho das nossas meninas e da gente também que batalha por isso, então parabéns para elas e para nós também <3

Eu queria frisar aqui o quão fodidamente feliz eu estou com toda a repercussão incrível que essa fic está tendo, eu sinceramente não esperava mais que alguns leitores e... Mano, vocês são FODAS DEMAIS, eu amo vocês, são os melhores leitores do mundo, vocês são incríveis pra caralho.

Esse aqui é especial para o meu squad do sofrimento, amores, esse aqui é de vocês, eu amo vocês apesar de fazer vocês sofrerem shuahsuah mas a vida é assim mesmo, aceitem u-u

Sobre esse capítulo o que dizer que é O MAIS ESPERADO POR VOCÊS ATÉ AGORA? Eu espero que vocês gostem e principalmente sintam esse capítulo.

Se puderem ouçam a música tema do capítulo, Just A Little Bit Of Your Heart - Ariana

Capítulo 17 - Just a litte bit of your heart.


É sábado de manhã, Lauren veio me acordar para arrumar minha mala já que logo estaríamos embarcando para Miami. Estou ansiosa, confesso, é o lugar onde cresci, sinto falta de lá.

— Pronta?

E por falar em Lauren... Olho para trás e a vejo, uma de suas toucas beanie, o enorme casaco preto, seus lábios pintados de vermelho, separados enquanto ela sorria para mim. Sorrio de volta, pego minha mala e a seguro.

— Sim, podemos ir.

Passos no corredor são ouvidos e logo Louis surge no quarto, por debaixo das pernas de Lauren, ela olha para ele e solta uma gargalhada, o prendendo entre suas pernas.

— Mãe, não. — Ele resmunga e tenta se soltar, posso ver que Lauren não está o prendendo com força, apenas o segurou. — Mommy, me ajuda.

Implora e olha para mim com os olhos brilhando por ajuda, suspiro e solto a mala no chão.

— Solta ele, Laur. — Peço com o máximo de calma possível e em segundos ela o solta, Louis passa por ela e corre em minha direção, agarrando minhas pernas. Me abaixo e o pego no colo. — Pronto, está a salvo.

— Obrigada, mommy.

— Filho, o certo é você dizer obrigado.

Lauren o corrige e o pequeno olha para ela confuso.

— Por quê?

— Porque quem usa obrigada são as mulheres, os homens usam obrigado.

— Ah sim... — Ele ainda parecia meio confuso, olhou para mim e sorriu daquele jeito fofo dele. — Então, obrigado, mommy.

— De nada, filho. — Beijo sua testa e em seguida Louis deita a cabeça em meu ombro, olho para Lauren e a vejo com um enorme sorriso no rosto. — Que foi?

— Uh, nada, nada não. Podemos ir então?

— Sim!

Louis grita animado, o que nos causa uma gargalhada em conjunto. Lauren fica encarregada de descer minha mala já que estou com Louis no colo.

Logo estamos entrando no táxi para irmos ao aeroporto.

Lá vamos nós, Miami.

//

Eu nunca gostei de aviões, por isso dormi durante todo o vôo. Louis parece estar com a bateria no 100%, e também feliz porque vai ver seus avós.

— Aqui está um pouco quente, se quiser tirar o casaco e o cachecol.

Lauren comenta antes de desembarcarmos do avião. Apenas concordo com a cabeça e tiro meu casaco e o cachecol, guardo os dois no bolso frontal da mala e estendo a mão para Lauren, ela sorri parecendo surpresa e logo segura minha mão, depois a de Louis. Saímos os três juntos e em poucos minutos já estávamos dentro do aeroporto, Lauren disse que seu pai já estava ai fora nos esperando.

— Seus pais sabem sobre minha amnésia?

— Agora eles sabem. — Lauren respondeu. — Eu não contei antes porque você sabe, meus pais são ocupados demais.

Sua voz era puro sarcasmo, embora eu pudesse identificar um pouco de mágoa também. Optei por ficar na minha e não falar mais nada, Lauren parecia ter alguns problemas pessoais que envolviam seus pais e eu não me sinto no direito de me meter. Quando chegamos ao lado de fora, Lauren olhou em volta e quando encontrou seu pai, deu um aperto em minha mão para me avisar. Só então fui me dar conta que estávamos de mãos dadas ainda, mas não desfaço o contato, e surpreendentemente um sorriso surge em meus lábios enquanto caminhamos em direção onde Michael Jauregui está.

— Vovô!

Louis exclama assim que chegamos perto o suficiente para ver ele, Mike abre um enorme sorriso ao ver o neto e sem se importar em sujar sua calça social, coloca  joelho no chão e abre os braços. Analiso ele, cabelos cortados, penteados da forma mais alinha possível e grisalho, o terno cinza o deixa com um ar ainda mais sério e ele não está usando barba mais, como eu me lembro que ele usava. Louis agarra o pescoço do avô, que sorri e o abraça de volta.

— Que saudade meu pequeno. — Lauren solta minha mão e avisa que vai pegar as malas no carrinho. Fico ali parada esperando ela voltar, ou ao menos que Mike note minha presença. — Camila Jauregui, que bom revê-la.

Ele estende a mão em minha direção e sorrio para ele antes de apertar a mão estendida.

— Voltei. — Lauren ressurge ao nosso lado, olho para ela que agora está sem o casaco enorme, apenas a touca beanie ainda está  sua cabeça. — Oi, pai.

— Oi, filha.

Lauren estende a mão para o pai, porém ao invés de apertá-la, Mike a segura e puxa Lauren em sua direção, lhe dando um abraço de urso. Os dois ficam nesse abraço, meio de lado já que Louis ainda está no colo de Michael. Depois de um tempo os dois se afastam, Mike olha para Lauren com um enorme sorriso e Lauren olha para o chão, mas vejo um rastro de sorriso em seus lábios.

— Cadê a vovó?

— Vovó Clara está te esperando em casa, ela não vê a hora de te ver, sabia? — Louis se agita todo no colo de Michael, ele abre a porta do carona e coloca o pequeno lá dentro. — Vamos?

— Sim, sim.

Respondo ainda meio perdida, Lauren pega nossas malas e espera que Mike abra o porta-malas para guardá-las. Depois de tudo devidamente guardado, nós entramos no carro. O caminho só não foi feito em total silêncio por causa de Louis, que falava sem parar demonstrando toda sua animação para o final de semana.

Estava quase pegando no sono quando senti o carro parar, Louis já estava menos falante e Lauren continuava quieta, observando as ruas. Espero que Michael estacione o carro e solto meu cinto de segurança.

— Abre a porta, vô.

Louis pede assim que o carro é estacionado no lugar correto, Mike solta uma gargalhada pela animação do pequeno e logo ouço as portas serem destravadas, Louis abre a porta e salta do carro. Sorrio ao observar aquele pingo de gente correr em direção ao casarão enorme.

— Vamos?

Lauren me chama, olho para ela que está sorrindo, dessa vez com menos felicidade. Ou ela estava apenas cansada, pelo menos ela aparenta estar. Apenas aceno com a cabeça e abro a porta, sinto a brisa quente bater em meu rosto e respiro fundo. Pela primeira vez me sinto em casa, confesso que senti falta do clima de Miami. É estranho lembrar de viver aqui e acordar em outra cidade diferente, com ruas diferentes, clima diferente... Tudo diferente, até eu mesma. Ainda é tudo muito confuso, eu quero realmente conseguir lembrar, mas é tão exaustivo e só passaram três semanas. 
 

— Bem vinda de volta.

— Lauren!

Exclamo ao senti-la me segurar pelos ombros e deparar-me com seus olhos verdes tão próxima a mim, ela me alisa com seus dedos e sorri de forma doce. Olho com o canto do olho para suas mãos em mim, Lauren parece perceber e me solta na hora. Lamento por ela ter feito isso, acho que seus toques me passam algum tipo de segurança.

— Sentiu falta daqui?

Pergunta ao dar um passo para trás, aceno com a cabeça e Lauren faz sinal para que fôssemos em direção a entrada da casa de seus pais, prontamente a acompanho.

— Senti, bastante na verdade.

Coloco as mãos nos bolsos de minha calça e encolho os ombros, Lauren está da mesma forma que eu, porém de cabeça erguida e uma postura exemplar. Ela parece tão certinha enquanto eu sou toda desleixada. Nem percebo que estou rindo, Lauren me encara com uma sobrancelha erguida.

— Qual a graça?

— Nada, é só que... — Passo a língua em meus lábios. — Nós somos tão opostas.

— Como assim?

— Olha só como nós estamos. — Aponto para mim e depois para ela, Lauren paralisa no lugar e me olha sem entender. — Você anda toda segura de si, como se estivesse em uma passarela e as pessoas estivessem te admirando, já eu ando toda desengonçada, apenas querendo passar despercebida pelas pessoas.

— Oh... Entendo. — Suspiro e relaxo meus ombros, ergo um pouco a coluna para ficar em pé corretamente. — Acho que isso é normal, sabe? Você ainda se sente como uma adolescente, ainda tem aquele jeitinho retraído, meio calada e extremamente tímida.

— Verdade.

— Então, acho que é normal. — Ficamos em silêncio, eu olho para o chão e chuto algumas pedrinhas soltas jogadas por ali. Ouço Lauren soltar uma risada nasal e olho para ela. — Sabe uma coisa que é engraçada?

— O que?

— Antes, quando ainda estávamos no colégio, você só conseguia ser você mesma comigo. Quer dizer, você era tranquila com as suas amigas, mas quando outra pessoa da escola se aproximava você ficava quieta, mas quando era eu, você apenas agia... Daquela forma.

— Eu era meio grossa.

— Um pouco. — Ela morde seu lábio inferior e coloca as mãos para trás. — Mas eu adorava te ver com raiva, sério. Eu sempre achei extremamente fofo aquela sua cara de saí de perto de mim, estúpida.

Começamos a gargalhar do nada, eu lembrando daqueles tempos antigos e Lauren parecia fazer os mesmo. Estávamos tão envolvidas em nossa bolha particular que nem notamos uma terceira presença, apenas quando ouvimos um pigarrear de garganta.

— Vejo que as coisas aqui fora parecem bem divertidas. — Clara Jauregui, aquela voz era inconfundível. Me viro rapidamente para ela, não parece ter mudado quase nada, apenas a cor de seu cabelo que está mais escura do que me lembro. Seu rosto também não está tão jovem quanto me lembro, apesar de que era raro eu ver ela na escola, bem raro mesmo. — Camila Jauregui.

É impressão minha ou os pais de Lauren gostam de frisar meu sobrenome?

Clara abre os braços, um enorme sorriso em seus lábios. Olho de soslaio para Lauren, que dá de ombros e me olha como se pedisse desculpa por alguma coisa. Dou um passo para frente e abraço Clara.

— Mamãe, não aperta muito ela. — Quase agradeço Lauren por pedir isso já que o aperto de Clara estava começando a ficar desconfortável. Senti uma mão me puxar para trás, era Lauren me afastando de sua mãe. — Ela sentiu muito a sua falta.

Me esclarece e sussurra um desculpa, sorrio para ela apenas para demonstrar que está tudo bem.

— Venham, entrem. — Clara nos dá passagem, aceno com a cabeça para ela e adentro sua casa. — Não vai falar comigo? Onde está a educação que te dei?

Olho por cima do ombro e vejo Lauren com os olhos arregalados e o rosto começando a ficar vermelho enquanto sua mãe a apertava com força. Prendo uma risada, sinto algo colidir em minhas pernas, olho para baixo e vejo o pequenino saltitante que carinhosamente chamo de Lou, ou filho.

— Mommy, vem comigo conhecer o Duke. Vem!

E assim sem mais nem menos saiu me puxando para me apresentar o tal Duke, que por fim descobri ser um enorme cachorro todo peludo.

//

Em um dado momento Lauren se juntou a nós e ficamos os quatro correndo e brincando pelo jardim. Nunca me senti tão feliz quanto naquele momento, quer dizer, agora depois de tudo que aconteceu, esse foi o momento mais feliz que me lembro de ter tido. Só paramos de brincar quando Clara veio nos avisar que o almoço estava pronto.

O almoço estava sendo tranquilo, claro que quem mais falava era Louis, o pequeno gosta de falar. Acho que ele aprendeu a ser assim com Ally.  Tudo ia perfeitamente bem, até que:

— E você, Lauren? Não pensa em voltar pra faculdade, não? Você já fez trinta anos, filha, mas ainda dá tempo de se formar e-

— Mãe, nem comece com isso outra vez. Nós já conversamos milhares e milhares de vezes sobre isso.

Olho para Lauren ao meu lado, ela encara sua mãe de uma forma tão fria que sinto como se esse olhar fosse para mim. Nunca a vi tão séria antes. Clara solta os talheres em seu prato, fazendo com que o barulho ressoe pela sala de jantar. Pego o guardanapo em meu copo e limpo os cantos de minha boca, todos estão em silêncio enquanto Lauren continua a fuzilar a mãe com o olhar.

— Lauren, querida, que tipo de futuro você quer dar ao seu filho? Você precisa ter um bom emprego, um emprego sério, digno.

É possível sentir a tensão presente ali, ao meu lado Lauren parece prestes a explodir ou alguma coisa assim, vejo ela apertar os talheres em suas mãos, os nós de seus dedos já começam a perderem a cor. Ela abaixa a cabeça e estala a língua, quase que sem perceber, coloco uma mão em sua coxa esquerda, ela me olha, sua expressão suavizando ao me ver sorrir para ela. Vejo Lauren engolir seco, como se tivesse engolido toda sua raiva.

— Eu perdi o apetite.

Ela diz e gentilmente retira minha mão dr sua coxa, mas acaricia meus dedos e sorri de volta para mim. Lauren se levanta e antes de sair lança um último olhar para Clara, que olha decepcionada para a filha. Michael está com as mãos erguidas enquanto massageia suas têmporas.

— Nós conversamos sobre isso, Clara, é por isso que Lauren não vem nos visitar como antes.

— Não me julgue por querer que minha filha seja alguém digna e tenha um trabalho decente. — Clara rebate, o nariz em pé e a pose de "estou certa" — Onde já viu trabalhar como fotógrafa, isso é uma afronta a história dessa família.

Sou forçada a prender uma risada ao ouvir isso. Sinceramente minha vontade é de defender Lauren, mas acho melhor ir atrás dela para que ela não faça besteira alguma.

— Eu vou falar com ela, com licença.

Peço e me levanto, Mike sorri para mim e sorrio de volta antes de começar a andar para longe dali. Clara não parece ter mudado nem um pouco o jeito duro dela de ser antigamente, ela não parece nada satisfeita com o que sua filha escolheu para fazer pelo resto de sua vida.

Mas será que ela não vê o quão feliz Lauren é fazendo o que faz?

Ao chegar na sala olho em volta, mas é óbvio que não a encontro já que essa casa mais parece um labirinto. Mas ao ver a porta da frente meio aberta, deduzo que ela saiu por ali. Não a vejo de primeira, porém logo posso ver uma pálida pessoa encostada no carro que Michael foi nos buscar. Suspiro e caminho naquela direção.

— Laur?

Chamo assim que chego perto o suficiente dela, ouço Lauren soltar o ar de seus pulmões e lentamente se ergue, afastando-se do carro. Ela se vira, recosta o quadril no capô do carro e me olha.

— Minha mãe me irrita às vezes com essa história.

— É... Eu percebi. — Lauren solta uma risadinha e cruza os braços, me aproximo um pouco mais dela. — Mais calma?

— Mais ou menos.

Faz uma rápida careta e puxa ar para seus pulmões, mordo meu lábio inferior e vou até ela, paro em sua frente enquanto Lauren me observa sem entender. Com calma descruzo seus braços, pego sua mão e coloco-as em minha cintura, evito olhar em seus olhos, sei que eles estão focados em mim, mas se eu olhar para ela irei perder a coragem. Seguro em seus ombros e encosto meu quadril no seu, logo sinto os braços dela me puxarem contra seu corpo. A colisão inesperada me faz gemer involuntariamente, Lauren suspira fundo e me aperta um pouco mais.

— E agora?

Sussurro em seu ouvido, sinto Lauren cheirar meus cabelos e passar o rosto na curva de meu pescoço.

— Bem melhor. — Um sorriso surge em meus lábios, fecho os olhos e relaxo meu corpo contra o dela. Lauren acaricia minha cintura delicadamente, seu toque é leve, de uma forma que me deixa relaxada. — Quer sair daqui?

— Sair daqui?

— Sim, vem comigo dar uma volta.

Me afasto um pouco dela, Lauren me olha com um brilho de felicidade em seu olhar. Acho que vou até na lua se ela me pedir.

— Onde vamos?

Ela abre um sorriso, mas não foi um sorriso qualquer. Foi um dos seus maiores e mais bonitos sorrisos e foi impossível não sorrir junto mesmo sem eu saber o motivo exato.

— Vamos para o nosso lugar.

Okay... O que isso significa?

//

Lauren pegou um dos carros na garagem, sem dizer nada ou nem ao menos me dar uma dica ela saiu pelas ruas de Miami. Eu preferi não perguntar nada, mas era nítido a animação dela. Ela não parou de batucar os dedos um segundo, e também sempre estava sorrindo e cantarolando.

Era engraçado ver ela assim e não ligar com o passado, Lauren parecia uma adolescente outra vez. Eu não lembro de tê-la visto toda agitada assim com alguma coisa.

— A gente já chegou?

— Acabamos de chegar. — Ela responde, olho para frente e me espanto ao ver os muros altos e o portão de madeira também alto. — Você fez essa mesma expressão quando veio aqui a primeira vez, disse que parecia ser um internato.

— E realmente parece.

Ela ri e concorda com a cabeça, Lauren para o carro em frente ao portão e aperta um botão na coluna lateral.

— Senhorita Jauregui, quanto tempo.

— Senhor Thompson, é, eu andei meio sem tempo de vir aqui.

O portão começou a se abrir, Lauren ligou o carro e logo estávamos em movimento outra vez. Coloco o rosto na janela para olhar em volta, aqui parece uma casa de campo. Não sei.

— Quem mora aqui?

— Ninguém. — Olho para Lauren, ela parece concentrada em dar a volta na fonte no meio da estradinha. — Esse sítio é meu, nosso na verdade, você é casada comigo então...

— Oh...

Solto meio pasma com sua revelação, Lauren estaciona o carro e destrava as portas. Solto meu cinto de segurança e ela faz o mesmo.

— Quer conhecer a casa?

— Sim.

Saímos juntas do carro, Lauren ajeita a gola de sua blusa pólo, mas fica toda errada. Acabo rindo e ela me olha sem entender.

— Que foi?

Olha para baixo, conferindo sua roupa. Nego com a cabeça e vou até ela para ajeitar sua gola.

— Estava toda embolada. – Esclareço.

Lauren balança a cabeça e me agradece. Em silêncio entramos na casa, ao chegarmos na sala posso ver o quão grande aquele lugar é por dentro. A decoração é meio rústica, deixando o lugar com um ar de realeza. Lauren me levou para conhecer os cômodos, tem 4 suítes ali, os cômodos são grandes, a cozinha é enorme, tem uma sala com uma mesa de sinuca e outra de ping pong. Tem uma biblioteca também, com diversos livros, me senti tentada a sentar ali e pegar algum para ler. A casa não era exageradamente grande, apena os cômodos eram grandes demais. Lauren disse que costumávamos ficar ali nos verões, por causa do lago e da piscina.

— Aqui é muito bonito.

Eu elogio enquanto andamos no quintal, Lauren quis mostrar o lago para mim. Olho para ela que está olhando para o chão enquanto andamos.

— Sim, bastante. — Respira fundo, sorrindo. — Eu adoro esse cheiro de natureza.

Lauren parece tão mais relaxada agora, acho que foi uma ótima escolha virmos para cá, eu posso até sentir o quão leve ela está. Chegamos ao lago e Lauren me desafia a quem consegue tacar uma pedra mais longe. Obviamente que ela ganhou, eu sempre fui péssima nessa brincadeira.

— Fica assim não, uma hora você ganha.

— Eu nunca ganho nisso, eu sou uma droga em arremessos de pedras.

Cruzo os braços emburrada, Lauren gargalha e continua nos guiando em meio aquela estreita trilha de terra. Caminhamos lado a lado, o silêncio é tão grande que é possível ouvir barulhos de passarinhos e grilos. Mas está longe de ser ruim, até que é um silêncio confortável.

— Onde estamos indo?

— Lugar nenhum. — Levanto as sobrancelhas confusa e olho para Lauren. — Nós já chegamos.

Sorri tímida e aponta para algum lugar atrás de mim, me viro rapidamente e procuro para onde ela está apontando, até que... Puta merda!

— É aquela casa da foto? A casa da lembrança.

estou parada em frente a mesma casa ma árvore da fotografia que Lauren me deu. Abro a boca surpresa, tudo em volta estava limpo, a grama baixinha e a casa parecia ter sido pintada a pouco tempo já que a tinta ainda aparentava estar nova, sem nenhuma sujeira ou marca aparente.

— Casa da lembrança? Que lembrança?

Fecho a boca e os olhos, suspiro ainda de costas para ela. Eu sabia que deveria ter contado sobre os flashes de memória, mas acabei de esquecendo. Ou só estava com medo de contar.

— Podemos subir?

Decido desviar o assunto, olho para trás a tempo de ver Lauren torcer a boca, ela encolhe os ombros e concorda com a cabeça. Sorrio animada, quero muito ver aquele lugar que parece ser tão especial para nós duas. Com cuidado subo a escada, olho para baixo e vejo Lauren subindo bem atrás de mim, ao chegar no topo, faço força para conseguir ir para cima. Espero que Lauren também suba para poder entrar logo.

— O que foi?

— Nada, só quis te esperar.

Dou de ombros e sorrio sem jeito, Lauren também sorri, depois faz sinal para que eu avance e abra a porta. Respiro fundo e seguro a maçaneta, antes de abrir olho para Lauren, seu olhar me instiga a entrar logo. Giro maçaneta e devagar abro a porta, tudo lá dentro está escuro.

— Deixa que eu... Pronto.

E tudo ficou claro de repente naquela casa na árvore, a primeira coisa que notei foi o colchão no chão, não tinha cama, apenas aquele colchão. Um baú de tamanho médio no canto da parede e por fim, era impossível não ver aquele mural enorme na parede repleto de fotos.

— Aqui é... Maravilhoso.

— É um dos meus lugares favoritos. — Olho para ela, Lauren parece nostálgica olhando em volta. Ela sorri e vai andando em direção ao mural de fotos. — Tem muitas lembranças boas aqui.

— Lauren, eu preciso te contar uma coisa.

Ela rapidamente se vira para mim, o olhar revela curiosidade, mas também um pouco de nervosismo. Respiro fundo, molho meus lábios com a ponta de minha língua, inconscientemente busco por palavras para contar a ela sobre os flashes de memória de uma forma que ela não fique com raiva de mim por ter ocultado isso dela durante esse tempo.

— Aconteceu alguma coisa? Eu fiz algo errado?

— Não, Lauren, não. — Impeço antes que ela comece a se desesperar, Lauren pressiona seus lábios e me olha receosa. — Eu não te contei, na verdade só a Dra. Alba, Ally e Dinah sabem disso... Lauren, eu lembrei de algumas coisas.

— O quê?!

— Assim, não foram coisas mega importantes, só uma lembrança foi realmente importante, mas eu tive meio que flashes de memória e-

— Você se lembrou de alguma coisa? — Ela me interrompe, solto o ar de meus pulmões e faço que sim com a cabeça. — Espera... Oh, meu Deus, Camila! Você lembrou, quer dizer... Puta merda, você, eu-Droga, eu não consigo nem pensar direito. Espera... Você, Jesus...

Lauren gesticula sem parar enquanto resmunga consigo mesma, é adorável ver ela toda atrapalhada, as sobrancelhas juntas, os lábios sendo pressionados algumas vezes e por fim a forma que ela movimenta as mãos, como se isso fosse ajudá-la.

— Lauren! — Grito apenas para interromper o monólogo dela, ela se cala e me olha com os olhos arregalados, posso vê-los começarem a ficarem úmidos. — Respira. — Ela prontamente obedece, buscando o fôlego com força e o soltando em segundos. — Vem aqui.

A chamo e me sento na beirada do colchão, é macio. O cheiro dos lençóis sobe, eles parecem ter sido trocados á pouco tempo, talvez alguém que cuide do sitio deve tê-los trocado. Lauren praticamente corre para sentar ao meu lado, ela me olha como se quisesse dizer ou fazer alguma coisa. Sorrio para ela e me estico um pouco para segurar suas mãos, as dela estão geladas e suando.

— Eu lembrei de poucas coisas, algumas delas foram só conversas e alguns momentos. Mas eu lembrei de uma importante.

— Do nascimento do nosso filho?

— Hm, não, infelizmente. — Sua expressão cai, ela solta um oh  baixo e torce a boca. — Mas eu lembrei de um dia, lembra a foto que você me deu no dia do nosso aniversário de casamento?

— Lembro.

— Eu me lembrei de uns dias antes do nosso casamento, nós estávamos aqui e trocamos alianças.

— Vo-você lembrou? — Concordo com a cabeça, seu rosto volta a se iluminar. — Oh... Espera!

— O que vai fazer?

Pergunto curiosa ao vê-la levantar-se do colchão, Lauren faz um sinal com a mão para que eu espere. Ela vai até o baú que eu vi mais cedo e roda algo em seu cadeado, acho que tem senha. Ela o abre e procura algo lá dentro, Lauren abre um enorme sorriso e retira de lá uma caixa dourada de ferro, também tira um rádio portátil. Franzo o cenho.

— Achei, eu sabia que estavam aqui. — Fecha o baú, deixa o rádio em cima do mesmo e volta para perto de mim com a caixa dourada em suas mãos. — Nós ficamos com medo de perder elas, então guardamos elas aqui á alguns meses só por precaução. — Me aproximo mais dela, Lauren abre a caixa e retira de lá dois anéis, minha boca se abre ao ver os anéis de pérola. — Eu quero te fazer um pedido.

Arregalo meus olhos ao ouvir aquilo, Lauren levanta a cabeça e me olha, seu sorriso morre aos poucos ao ver minha expressão.

— Oh, não é um pedido de casamento não. — Ela diz apressadamente, sorrindo sem jeito depois. Posso jurar que ouvi ela sussurrar um “não ainda” — Dança comigo?

— Esse é o pedido?

— Faz parte dele.

Explica e dá de ombros, sorrio para ela e concordo. Lauren guarda os anéis no bolso e levanta, estende as mãos para me ajudar a levantar também. Ela pede para eu esperar e vai até o rádio portátil. Pacientemente espero que ela escolha uma música, quando ela finalmente escolhe olha para mim e me chama com um dedo.

I don't ever ask you where you've been...

 

Uma voz feminina começou a ressoar por ali, Lauren segura minhas mãos e aproxima seu corpo do meu. Passo meu braço esquerdo por trás de seu pescoço, minha mão direita erguida um pouco no ar, envolvida pela mão dela. Lauren segura em minha cintura e deixo que ela guie nossa dança, ela dá um passo para o lado, e volta para o mesmo lugar. Lentamente ela nos gira, mantemos o contato visual o tempo todo.

 

Just a little bit of your heart

Just a little bit of your heart

Just a little bit is all I'm asking for...

 

Começo a prestar atenção na letra e sinto como se a cada palavra uma faca dilacerasse meu coração aos poucos. É como se ela estivesse conversando comigo através dessa música, e vejo nos olhos delas um brilho como se pedisse que eu a entendesse. Continuamos dançando, mas em um momento ela abaixa a cabeça, me puxa mais contra ela e coloca seu queixo em meu ombro. Inalo com força, sentindo o aroma suave de seus cabelos cheirosos invadirem minhas narinas. Encosto minha cabeça na dela e deixo que ela nos guie ainda. Estou tão distraída que nem notei antes que ela sussurrava as letras da música, sua voz é rouca e às vezes ela se embola, como se tivesse uma bola em sua garganta. Pressiono-a contra mim, tentando confortá-la.

 

Se alguém me dissesse no passado que hoje eu estaria casada com Lauren Jauregui, dançando com ela enquanto tento a confortar, eu com certeza internaria a pessoa no melhor hospital psiquiátrico do mundo.

Embora a realidade seja outra... Essa idéia não é tão absurda quanto seria antes. Na verdade, estou começando a gostar de ser a esposa dela.

— Camz?

— Oi, Laur.

Ela se afasta de mim, noto que a música já parou a algum tempo, mas estava tão envolvida na dança que nem percebi antes. Olho para Lauren, suas bochechas estão um pouco úmidas, rapidamente seco suas lágrimas com meus polegares. Lauren fecha os olhos quando eu acaricio suas bochechas.

— Eu queria te falar tanta coisa, mas eu não consigo e-e eu quero ir com calma. — Abro a boca para dizer algo mas, ela me pede silêncio então me calo. — Você prestou atenção na letra da música?

— Sim.

Respondo, um pouco confusa. Lauren leva as mãos até meu rosto e olha bem em meus olhos, os seus verdes parecem tão intensos que me causam arrepios.

— Um pedaço do seu coração, esse é meu pedido. — Ela engole seco. — Tudo que te peço é uma chance, pra poder reconquistar você, eu quero você, Camila, eu não vou desistir do amor da minha vida outra vez. Eu preciso de você, mas você tem que me dar essa chance, se você permitir, eu vou fazer de tudo para te reconquistar. Minha eterna, Lua.

Sua voz não passa de um sussurro no final, todas as coisas que ela disse estão ecoando em minha mente. Sinto meu corpo pesar a cada baque que suas palavras causam em mim. Os olhos de Lauren me fitam intensamente, esperançosos. Engulo seco, minha boca começa a secar com tamanha intensidade em seu olhar. Tento dizer algo, mas minha fala simplesmente não sai. De repente me vem a voz de Ian na cabeça, de Dinah, Ally, dos meus pais... Todos me aconselhando a dar essa chance a Lauren.  

  — Lauren, eu... Eu.

Me calo, devolvo seu olhar com a mesma intensidade. O silêncio é tão grande que nossas respirações se fundem, como uma orquestra. “Ações, filha, contam muito mais do que palavras, até mesmo as pequenas ações.”, a voz de meu pai ecoa, ele me disse isso quando eu tinha apenas dez anos e eu nunca esqueci. E chegou o momento em que finalmente essa frase faz sentido para mim. Sem querer pensar muito, seguro a nuca de Lauren com as duas mãos, aperto meus dedos em sua carne com tanta força que tenho certeza que ficará uma marca. Minha respiração acelera, não estou raciocinando corretamente e quando nossos lábios enfim se tocam... Sinto como se o chão abaixo de mim sumisse de repente. Lauren solta o ar por suas narinas com força, demonstrando sua surpresa.

Nenhuma palavra é capaz de definir o que estou sentindo no momento.

— Camz?

Lauren chama assim que me afasto, ainda estou entorpecida apenas com um toque de seus lábios nos meus. Abro os olhos e a encaro, Lauren parece perdida, mas seus olhos demonstram uma felicidade incomum.

— Eu te dou meu coração inteiro, se você me prometer que cuidará bem dele.

Os olhos dela voltam a lacrimejar, mas pela primeira vez sei que é de felicidade. Lauren abre um enorme sorriso e antes que eu possa ter alguma reação, ela quem me beija dessa vez. Mesmo que tenha me puxado contra ela repentinamente, o toque é suave. Seus lábios são suaves. Lauren fica parada, sua respiração descompassada ressoa pelo ambiente. Lentamente eu separo meus lábios, dando permissão para que ela avance. Os polegares de Lauren pressionam meu maxilar, e ela movimenta seus lábios, como se estivesse acariciando os meus. Devagar, com todo carinho e calma.

Nosso beijo não envolve língua, apenas lábios, ela suspira algumas vezes enquanto nos beijamos. Tudo é feito com a maior calma possível. Não sei quanto tempo durou, mas ela finaliza o beijo com alguns selinhos, sorrimos uma para a outra enquanto ainda selamos nossos lábios.

— Eu te prometo, eu vou cuidar dele com a minha vida.

Selo nossos lábios outra vez, sinto uma necessidade absurda de sentir a maciez de seus lábios nos meus. É como uma droga.

Eu posso não lembrar do meu primeiro beijo, mas tenho certeza que esse foi o melhor beijo que já recebi na minha vida.


Notas Finais


COMO ESTAMOS?

UHHHHHH TEVE BEIJO CAMREN PORRRA QUEBRA TUDO NESSA CASA DJGYRHEIRH SOCORRO! Ok, respirando aqui, finalmente, huh? Eu acho que aconteceu no momento certo, eu iria colocar o beijo só no próximo, mas ficou tão fofo assim, eu espero de coração que vocês tenham gostado do capítulo e... É.

Até bem breve meus amores, vejo vocês logo logo, e eu amo vocês <3


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