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História Suayeon Soulmates - Na Colina Pt. II


Escrita por: MathWhelin

Notas do Autor


Devo salientar que está sendo difícil escolher títulos recentemente. Como eu estou focando em mais de um ponto na narrativa por capítulo, eu tenho de escolher um deles para criar um capítulo, e muitas vezes fico pensando depois que deveria ter escolhido outro. Mas é assim mesmo, o que importa na verdade é o capítulo em si, então, espero que curtam! ^^

Capítulo 54 - Na Colina Pt. II


[ Yuqi ]

 

Eu estou frustrada com a unnie, até mesmo irritada. Passamos meses sem nos falarmos e mesmo pensando todos os dias no que ela me disse antes de eu partir, querendo esgana-la com as próprias mãos – claro que é só modo de falar – e apesar que com isso eu já imaginava que as chances de nós nos evitarmos fosse grande, eu realmente fiquei chocada e sentida quando ela deu as costas para fugir de mim.

E agora, por causa dela, estou aqui atacando o pote de sorvete da Moon e da Solar. Tenho sorte de ter visto quando a Moon abrira o freezer e eu perguntei se poderia pegar um pote para extravasar a ansiedade e tristeza. E eu a agradeci várias vezes por ela ter me dado sem se importar muito com isso.

Com o sorvete em mãos, eu subi a escada para o segundo andar e caminhei pelo corredor em direção ao mesmo quarto onde Solar estava se arrumando. Para minha sorte, ela estava destrancada e eu adentrei. Sei que é errado invadir dessa maneira, mas eu só quero ter um pouco de paz comigo mesma nesse momento.

E esse lugar se mostrou muito bom nisso. Apesar de ainda ouvir a música tocando no andar de baixo, não chega a incomodar-me, o que já é bem positivo.

Fico observando as nuvens se fecharem acima, perdida em meus próprios pensamentos, tentando encontrar uma forma de resolver esse problema que tenho com a unnie.

Ao abaixar meus olhos para o lado externo pela janela, vejo a própria Minnie surgir, saindo da casa principal, a passos lentos, olhando para o chão, não dando muita atenção para o que está em sua volta.

Me perco a observando, e eu demorei para perceber que estava sorrindo enquanto a via. Não adianta, ela está me afetando demais.

Então, pelo canto dos olhos, reparo um movimento de um grupo de garotos -  três delas, para ser mais sincera – estavam de gracinha um com o outro, até que os vejo brincando de pedra, papel e tesoura. Não sei dizer se foi o que venceu ou perdeu, mas um dos garotos, aquele com o cabelo ralo e com o corpo definido entre os três, se afasta dos seus companheiros e caminha em direção a Minnie.

Mas isso só pode ser palhaçada.

Me levanto da poltrona e me aproximo da janela, vendo que o garoto se aproximara de Minnie e chamara sua atenção. O que mais me deixou irritada por ver ela sorrindo para ele, se envolvendo na conversa.

O que ela pensa estar fazendo? Por que não repreende quando ele a toca nos braços? Por que continua rindo do que ele fala? Está dando pinta para esse garoto? Não vai me dizer que quer se entregar a ele, vai?

Respiro fundo e me controlo. Vamos lá Yuqi, não comece a criar paranoia. Para que todo esse ciúme possessivo? Se a Minnie quer conversar com aquele garoto, quem sou para reclamar disso? Na verdade, para ela, minha opinião é o que menos importa. Pelo modo como fugiu de mim quando me viu, fico magoada por ela ter permitido a aproximação de alguém desconhecido. Eu espero realmente que seja um desconhecido. Ou será que não?

Ah, eu não sei mais!

Largo o pote de lado pela metade e volto minha atenção para o quarto. Me aproximo do espelho e da cadeira onde Solar estava sentada quando Shuhua e eu a vimos hoje mais cedo. Relembro de nossa conversa, sobre casamento e quando declarei que gostaria um dia de casar também...

E eu ainda quero isso. Eu não deveria desistir, deveria?

Volto para a janela e arregalo os olhos quando vejo Minnie e o tal garoto se afastarem ainda mais da casa. E fiquei temerosa quando vi aquele garoto acenar para os amigos como se tivesse acabado de ganhar um troféu muito importante.

Ah, mas eu não vou permitir isso, de maneira alguma.

Abandono o quarto às pressas, percorro o corredor o mais rápido que posso e desço a escada em meu tempo recorde. Infelizmente escorreguei no último degrau e cai feio no chão, e a dor que senti no meu dedo indicador da mão esquerda me fez ver que eu acabei o deslocando.

Aperto os dentes, deixo de lado essa dor terrível e saio às pressas pela sala, ignorando as pessoas que vieram até mim preocupadas comigo. Deixo a casa principal e sigo rumo ao local por onde Minnie e aquele cara seguiram.

No meio do caminho vejo os dois comparsas do garoto e furiosa, sigo pelo meio dos dois e me choco com ele, derrubando-os, ignorando seus xingamentos.

Eu apenas me foco em continuar em frente, sem pestanejar.

Eu só paro quando vejo os dois próximos a uma das árvores, com Minnie encostada no tronco e o garoto bem próximo a ela.

Não!

Não vou permitir que algo a mais aconteça.

— Minnie!...

 

[ Dami ]

 

Passa o tempo e essas mulheres continuam agindo como adolescentes inconsequentes que não fazem noção de que já são adultas e beirando os trinta anos. Ao menos, Jiu está chegando nessa faixa, falta bem pouco. Eu não deveria estar falando assim, já que apesar de eu ser calma e falar pouco na maioria das vezes, quando decido participar da bagunça, eu não fico atrás de nenhuma delas em loucura e ações sem sentido. O fato é que elas estarem tão bêbadas dessa forma e dando um show a parte nesse salão me impede de pensar em uma maneira de chegar até elas.

Nem para essas mulheres terem um pouco de noção e me ajudarem, não é mesmo? Como se elas soubessem que você está aqui, Yoobin, não acha mesmo que elas possuem bola de cristal, certo? Você sumiu por um ano e mal falou com elas, na verdade, nem sequer quis trocar ideias, e agora que está arrependida e deseja estar com elas novamente, sabe que sua hora já passou.

Talvez eu não mereça estar mais com elas.

Respiro fundo e dou meia volta, deixando o salão e seguindo para a área externa. Já parabenizei Moon e Solar, já entreguei meu presente a elas e já conversamos por um tempo, não há mais motivos para eu estar aqui.

Caminho a passos lentos em direção ao lago, parando quando estou a cerca de três metros dele. Já anoiteceu e o pouco que se dá para ver da água calma é devido às luzes espalhadas estrategicamente pelo terreno. Na borda ainda se pode ver algo do lago, mas o seu centro e o outro lado encontram-se em um breu intenso.

A noite está fria, para não dizer congelante, e eu esqueci a droga de meu casaco em casa.

Maldita hora em que eu saí às pressas porque dormi demais.

Pego meu celular e verifico as horas. São exatas oito horas da noite. Acredito que já esteja bom e eu possa ir embora. Talvez eu possa procurar um filme para ver e se Yeeun estiver em casa, talvez poderia me fazer companhia.

Viro-me para ir embora e grito assustada quando vejo ela parada ali, perto de mim, me encarando enigmática.

Como diabos Yoohyeon aparecera tão repentinamente e eu não a ouvi chegar? Aprendeu curso para ser ninja por acaso?

— Não faz isso Yoo, está querendo me matar do coração? — Pergunto, recuperando-me do susto e observando-a.

Ela parece não querer esboçar reação e eu não consigo decifrar o seu olhar. Tenho medo do que ela possa estar sentindo e o que fará em seguida.

O seu silêncio me deixa incomodada e sem saber o que fazer, então coço minha nuca pensando em algo a mais para falar.

Depois de imaginar que não teria mais como falar com alguma das meninas, Yoohyeon aparecera de repente para quebrar os meus pensamentos.

— Você ainda me chama de Yoo... — Yoohyeon diz finalmente, me poupando de falar qualquer coisa que fosse gerado pela minha mente em confusão.

Entretanto, ela falara em tom tão estranho, fazendo-me querer que ela tivesse continuado em silêncio.

Pelo visto, esse tempo todo longe dela sem dar notícias deve tê-la magoado bastante, e eu não posso culpar qualquer reação que ela venha ter comigo.

— Desculpe, Yoohyeon unnie. — Digo, desanimada, abaixando a cabeça.

— Eu prefiro que você me chame de Yoo. — Ela fala e eu volto a encara-la.

E Yoohyeon continua séria e enigmática. Vê-la assim está me afetando bastante e eu não sei mais o que fazer.

— Tudo bem. — É só o que digo, desviando o olhar.

— Estava pensando em ir embora sem falar conosco? — Ela pergunta. — Depois de um ano sem entrar em contato, estava pensando em fazer isso de novo?

— Bem, eu... — Tentei argumentar, mas ela não permitiu.

— Por que você é tão idiota, Dami? — Ela pergunta enfurecida, me assustando por finalmente alguma emoção ter sido demonstrada por ela.

— O que você... — Mais uma vez ela me corta.

— Até quando vai ficar bancando a estúpida comigo? — A cada palavra que ela soltava, sua raiva crescia ainda mais, fazendo-a me empurrar com força diversas vezes, não me permitindo nem esquivar ou revidar. — Desde quando a nossa amizade deixou de ser importante para você? Desde quando eu perdi a minha melhor amiga? Desde quando você deixou de me amar? Desde quando o que sinto por você não importa mais?

— Ei, já chega! — Me enfureço com suas perguntas e a seguro com força pelos braços, no instante em que já sentia meus pés molhando-se na beira do lago. — Você está se equivocando com essas suposições. Eu sempre presei pela nossa amizade, eu nunca deixei de te amar e estive pensando constantemente no que você poderia estar sentindo por mim. O fato de eu pensar em ir embora sem falar com vocês é porque não me sinto mais digna de estar ao lado de vocês.

— Você é uma completa idiota! — Yoohyeon praticamente grita e me empurra com tanta força que eu perco o equilíbrio e caio de corpo inteiro no lago.

Me debato embaixo d’água e consigo abrir os olhos. Me surpreendo ao ver Yoohyeon mergulhando também e ficamos assim, frente a frente, por alguns segundos, prendendo o fôlego, mas nossos olhares conectados, e eu não sei explicar, mas foi nesse momento que eu pude sentir a dor de Yoohyeon.

Através da água, ou através dos olhares, ou simplesmente por estarmos frente a frente mais uma vez após tanto tempo, eu estou sentindo-a em mim.

Quando sinto meus pulmões implorando por oxigênio, é quando volto a realidade. Avanço na direção de Yoohyeon, a abraço com tudo de mim e tido a gente de dentro da água.

Paro na beira do lago percebendo que Yoohyeon se remexe em meus braços, mas não parece querer sair, está apenas inquieta. E mesmo sem olhar, e sabendo que estamos ensopadas, eu sei que ela está chorando, e eu também sei que lágrimas descem pelos olhos.

Só esse abraço, esse toque entre nós duas, não havia mais necessidade de eu dizer algo a ela. Assim como a senti, ela também me sentiu. Eu sei disso. Mas gostaria de poder dizer algo, algumas palavras só para frisar o que ela já percebera.

— Eu sinto muito por ter sumido Yoo. — Falo, a apertando ainda mais em meu corpo. — Pode me repreender, me bater, me xingar, até mesmo pode dizer que não quer falar comigo por um tempo, mas eu peço que não escolha desistir de mim. Eu errei e gostaria de ter o seu perdão. Para mim, é só o que está importando.

— Eu ainda estou muito fula contigo, Dami. — Ela diz e eu aceno com a cabeça, olhando para qualquer ponto no vazio, sem focar em nada específico. — Só que isso não vai me fazer ir para longe de você, não de novo, não quando eu finalmente te tenho comigo novamente.

É então que sinto Yoohyeon me abraçar de volta e senti-la tocar minhas costas com delicadeza, apesar de estar tremendo, me deixa ainda mais emotiva.

— O que vocês duas pensam que estão fazendo? — Ouço alguém perguntar e desfaço o abraço, notando que Jiu está parada a poucos metros de nós, nos encarando com raiva.

— Nos refrescando? — Yoohyeon fala em tom de brincadeira, mas isso não foi a melhor opção a ser escolhida.

— Nesse tempo frio, a noite, sem contar que você bebeu mais do que o normal... — Jiu aponta o dedo para Yoohyeon, que se recolhe com a repreendão da nossa unnie. — Estão querendo morrer? Estão querendo me fazer perder mais alguém importante?

Não sei se isso é recorrente da bebida, mas Jiu está tão emotiva quanto nós e ela já começa a chorar, largando de qualquer forma a taça que segurava sem se importar com o objeto estilhaçando no chão e acredito que nem pensou no fato de que terá de pedir desculpas depois para as verdadeiras donas dessa taça.

— Nós só... — Yoohyeon tenta dizer, mas nitidamente ela não sabe nem o que falar.

— Estávamos tentando nos entender. — Digo no lugar, atraindo os olhos de Jiu para mim. — Acabou indo para o lado emocional, como costuma ser quando se trata de Yoo e eu, então peço desculpas por ter preocupado você, unnie.

— Vocês se acertaram? — Ouço Jiu perguntar.

Eu não sei bem a resposta, então olho para Yoohyeon. Ela me encara de volta por um tempo até sorrir fracamente, respondendo por mim:

— Sim, ainda precisamos acertar alguns pontos importantes, mas acredito que nós duas ficaremos juntas até mesmo depois da morte.

Eu acabo rindo de suas palavras e sinto um frio imenso percorrer o meu corpo. É só então que percebo estar tremendo, devido ao corpo molhado do lago nessa noite bem fria. E Yoohyeon não está tão diferente de mim nesse ponto.

— Então que tal prometermos estar juntas, todas nós, até depois da morte, e irmos nos esquentar? — É Gahyeon quem diz, se aproximando de nós e sorrindo belamente ao me ver. — Olá unnie, há quanto tempo!

— Bastante. — Digo, e poderia dizer algo a mais, se não fosse por Jiu que jogara um de seus braços por cima de meus ombros e o outro pelo de Yoohyeon.

— Vamos procurar uma forma de secar vocês, novas roupas e sentarmos juntas, preciso entender o que houve entre vocês duas e temos de chegar a um acordo sobre o que será de todas nós daqui para frente, estamos entendidas?

Apesar da intenção de Jiu ser rígida e bancar a mais velha entre nós, pelo fato de ainda estar com a voz chorosa e ter bebido bastante minutos antes, isso só soou como uma criança entristecida que quer evitar mais conflitos entre as pessoas que ela mais ama.

E na verdade, uma conversa entre nós era o que eu realmente estava querendo.

— Posso entrar nesse abraço grupal também? — Gahyeon pergunta, um tanto pidona.

— É só vir. — Digo e ela se joga do meu outro lado, passando um de seus braços pela minha cintura.

Após tanto tempo, finalmente vou poder me retratar com elas e pedir perdão. Espero poder retomar a nossa amizade, e mesmo que isso leve tempo, farei o que for possível para que isso aconteça.

Nesse momento da minha vida, estar com minhas amigas que são muito importantes para mim é tudo o que mais quero.

 

[ Siyeon ]

 

Após alguns minutos de caminhada por uma estradinha simples, até alcançar um belo canteiro de flores. Paro para observa-lo um pouco e eu me sinto tranquila com esse lugar. Viro-me e caminho até a beirada do monte, só que devido a estar muito escuro, não tem como admirar a vista de lago por completo.

Sinto um arrepio percorrer por minha coluna e me arrepia por completa. Viro-me de repente e tive a sensação de que alguém me observava pela janela da cabana. Aproximo-me da mesma, mas está escuro demais lá dentro e realmente não parece haver alguém... a não ser que esteja escondido.

Mas por qual razão estaria escondido aqui dentro? Não deveria ser parte da propriedade da Moon e da Sol?

— Está pensando em entrar? — Assusto-me com a pergunta repentina e me viro, vendo que há um rapaz encostada próximo à porta da cabana.

— Quem é você? — Pergunto amedrontada, dando alguns passos para trás.

— Não precisa ter medo, Siyeon. — Ele diz, sorrindo. — Não vou te fazer mal. Não está me reconhecendo?

Franzo os cenhos no escuro e verifico melhor o seu rosto, até enfim reconhece-lo.

— Ah sim, o rapaz que estava com a Dongie naquele restaurante. Como é o mesmo nome?

Ele ri de mim, balançando a cabeça de um lado para o outro.

— É Rayner. — Ele fala simplesmente.

— Sim, Rayner. Mas, o que está fazendo aqui?

— Eu poderia fazer a mesma pergunta, não acha? — Ele zomba. — Eu estava apenas caminhando por aí, me afastando um pouco da confusão da festa que está na casa principal, acredito que seja o mesmo com você.

— Sim, você está certo...

— Quer conhecer a cabana por dentro? — Ele me pergunta e eu não esperava por isso.

— E você teria essa autonomia, por acaso? — Questiono e percebo que nem com isso ele perde o seu humor.

Esse cara tem algo muito enigmático nele ao qual não consigo distinguir.

— A porta está aberta. — Ele diz, segurando na maçaneta e abrindo um pouco. — Eu fiz o teste antes e já dei uma olhadinha aí dentro, mas juro que não roubei nada, você pode me investigar se quiser.

É estranho dizer isso, mas não consigo sentir que ele está mentindo ou querendo fazer algum mal. Ele possui uma aura tão forte que me deixa até mesmo presa, íntima, próxima... são sentimentos que eu não consigo ter uma explicação pelo fato de não nos conhecermos.

— E então? — Ele volta a perguntar. — Quer conhecer o interior também? Aproveita que posso te fazer companhia.

— Você é bem ousado, não é mesmo? — Falo, me aproximando dele e empurrando o resto da porta, decidindo entrar. Caso Moon e Sol não goste dessa minha invasão, eu me retrato com elas mais tarde. — Por acaso está dando em cima de mim?

— Não daria em cima de você Siyeon. — Ele diz com uma sinceridade que me deixa surpresa. — Seu coração já pertence a alguém e isso é bem nítido. Nem se eu tentasse eu viraria alguma opção.

— Você está muito certo nesse ponto.

Tento enxergar algo dentro da cabana, mas o escuro do lugar me impossibilita de assimilar qualquer coisa. Então Rayner toca no interruptor e acende a luz e me vejo diante de uma sala.

Sala simples, mas aconchegante. E novamente tenho a sensação de ter estado nesse lugar, apesar de que, repriso, isso não parece fazer sentido algum.

Dou alguns passos para o centro, tocando no sofá e notando que as almofadas estão desalinhadas. Alguém esteve por aqui recentemente.

— Não me diga que você entrou aqui e ainda teve a cara de pau de se aproveitar do sofá. — Digo, olhando para Rayner que ergue as mãos para cima.

— Juro que não toquei em nada dessa cabana, quando cheguei já estava assim.

— Se você diz.

Caminho mais um pouco pela sala, chegando até a janela que tive a impressão mais cedo de ter visto alguém. Realmente daqui tem uma excelente vista para onde eu me encontrava.

E eu não consigo me livrar da sensação de que esse lugar é nostálgico para mim. Começo a ter vislumbres de momentos que vivi aqui, principalmente ao lado da Sua.

Sinceramente, está na hora de deixar essa descrença de lado e começar a pensar além disso. Com os sonhos que já tive, e depois de ter acontecido, está mais do que na hora de eu aceitar essas sensações como memórias de vidas passadas... ou futuras. Eu sei que é insano pensar assim, mas a minha vida já se tornou uma insanidade completa, que coisas naturais e normais não explicam mais os acontecimentos.

Ouço um forte barulho vindo do corredor e me viro assustada. Noto que Rayner ainda está ali comigo na sala, então não poderia ser ele quem fez o barulho.

Ele me encara e dá de ombros, então eu sigo em direção ao corredor. Antes de chegar, ouço sons de passos e uma porta ao fundo batendo.

Tem alguém realmente aqui.

Meu peito aperta e um sentimento esquisito se apodera de mim.

Algo como... saudade? Eu não sei explicar bem.

Sem pensar duas vezes, começo a correr pelo corredor em direção á porta, ignorando os chamados de Rayner. Abro a porta com tudo e noto que o cômodo – um quarto, sendo mais específica – está vazio, mas noto que há uma janela aberta. Vou até a janela e olho para fora, percebendo um movimento de alguém por entre as árvores, seguindo em direção para descer do morro.

— Realmente tinha alguém aqui. — Falo, virando-me para deixar o quarto e retornar à sala.

— Eu sei disso. — Rayner fala e eu o encaro atônito.

— O que disse? — Perguntei só por perguntar, pois minha mente ainda precisa de um tempo para processar o que ouviu.

— Eu estava acobertando essa pessoa enquanto conversava com você. — Ele diz com sinceridade, me deixando ainda mais embasbacada. — Desculpe não ter dito, mas essa pessoa me pediu para não falar dela para você, então eu apenas fiz o que me pedira.

— Isso está muito estranho. — É o que digo, soltando o ar pelo nariz de forma engraçada. — Tudo que está acontecendo hoje é muito estranho e eu já não estou entendendo mais nada.

— Quer realmente entender o que está acontecendo? — Rayner pergunta, me obrigando a encara-lo.

— É o que mais quero no momento. — Respondo.

— Eu posso te ajudar. — Ele diz, o que me faz franzir os cenhos.

— E como você pode me ajudar? — Decido saber.

Para minha surpresa, em um instante, Rayner some do centro da sala onde se encontrava e no segundo seguinte, eu o sinto tocar em meus ombros, às minhas costas.

Eu salto assustada e me afasto dele, até tocar com a bunda nas costas do sofá.

— O que... quem é você? Ou o que é você? — Pergunto amedrontada.

— Eu já disse isso antes, e volto a dizer, não precisa ter medo de mim. — Ele fala, permanecendo no mesmo lugar onde surgira às minhas costas. — Infelizmente não posso contar sobre mim, é uma regra que devo seguir, apenas saiba que estou acima de tudo que você pode imaginar. — Vejo-o apontar para baixo em meu corpo, mais especificamente para um de meus bolsos, antes de dizer: — Meu número está na sua lista de contatos, quando realmente quiser saber de tudo que está acontecendo... e aconteceu há um ano. — Ele dá ênfase nisso. — É só me ligar.

E dito isso, ele desaparece novamente, num piscar de olhos.

Eu ainda fico paralisada por alguns instantes, depois procuro por ele por todos os cômodos da cabana, mas ele realmente não está mais aqui. Então me lembro do que me disse e pego meu celular do bolso para onde ele apontara. Adentro na lista de contatos e procuro pelo seu nome... e realmente encontro um número novo salvo como “Rayner”.

Como ele consegue fazer essas coisas? Quem ele realmente é?

E o que ele quis dizer com saber de tudo que está acontecendo agora? E há um ano? Será que ele está se referindo á época que eu perdi a Bora?

São muitas perguntas que obviamente não tenho respostas.

Olhando para seu nome nos contatos, me vejo ansiando querer saber o que ele sabe. Não sei se é uma armadilha ou ele está falando sério, mas vou precisar averiguar isso melhor.

Vou pensar bem essa noite e amanhã tomarei minha decisão. No momento, está sendo a decisão mais importante de minha vida.


Notas Finais


Dessa vez só tenho mais o capítulo 4 modifica. Esses dias não tive muito tempo e cabeça para trabalhar neles, mas ainda não desisti, e vou mudar tudo que eu achar necessário.


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